Leão concentra poder do Orçamento e não delega na secretária de Estado

Há mais de um ano que Cláudia Joaquim é secretária de Estado do Orçamento, mas o ministro das Finanças ainda não lhe delegou as competências. Os outros três secretários de Estado já as receberam.

João Leão deixou de ser secretário de Estado do Orçamento em junho do ano passado, subindo a ministro de Estado e das Finanças. Porém, até ao momento ainda não delegou as funções na nova secretária de Estado do Orçamento, Cláudia Joaquim, ao contrário do que fez para os outros três secretários de Estado e do que é normal acontecer, tal como Mário Centeno, ex-ministro das Finanças, lhe delegou as competências do Orçamento no início desta legislatura. Formalmente, Leão concentra em si esse poder, ainda que na prática seja Cláudia Joaquim a assinar.

Recuemos ao início da atual legislatura. Mário Centeno ainda era ministro das Finanças e em fevereiro de 2020 publicava um despacho em que delegava em João Leão as competências de secretário de Estado do Orçamento. Poucos meses depois, Centeno sairia para governador do Banco de Portugal e Leão subia a ministro, tomando posse em junho. Só seis meses depois é que começou a delegar competências nos seus secretários de Estados: o primeiro foi a dos Assuntos Fiscais em janeiro de 2021, seguindo-se o das Finanças em fevereiro e o do Tesouro em abril.

Estes três despachos tinham efeitos retroativos a 15 de junho de 2020, dia em que tomaram posse, “ficando por esta forma ratificados todos os atos que, no âmbito das competências ora delegadas, tenham sido praticados” pelos respetivos secretários de Estado. Porém, há uma secretária de Estado que continua há mais de um ano sem essa proteção legal: Cláudia Joaquim, que foi substituir Leão na pasta do Orçamento.

A ausência de um despacho de delegação de competências não só sinaliza a concentração de poder sobre o orçamento em Leão, mas também poderá ter implicações jurídicas. De acordo com José Luís Moreira da Silva, sócio da SRS Advogados e especialista em direito administrativo, “enquanto não houver delegação, o ministro é o único competente para emitir atos”, ou seja, Leão tem todo o poder formal sobre o Orçamento, e “todo o ato que a secretária de Estado pratique é ilegal enquanto não for ressalvada pela delegação”. Porém, “muitas vezes a delegação é feita com eficácia retroativa e ratifica os atos já praticados”, como aconteceu no caso dos outros secretários de Estado.

Contudo, há ainda uma questão que se coloca, apesar de não ser comum: José Luís Moreira da Silva explica que, segundo o Código de Processo nos Tribunais Administrativos, pode haver a impugnação dos atos inválidos assinados pela secretária de Estado — por exemplo, uma empresa afetada por determinada portaria ou despacho –, e que o Ministério Público tem um ano para desencadear o processo, apesar de tal raramente acontecer. Como está há mais de um ano sem as competências, Cláudia Joaquim corre este risco, ainda que depressa pudesse ser resolvido com a publicação urgente do despacho da delegação por parte de João Leão em Diário da República.

O ECO questionou o Ministério das Finanças sobre o atraso na publicação do despacho de delegação de competências da secretária de Estado do Orçamento, mas não foi possível obter uma resposta até à publicação deste artigo.

Oposição acusa Leão de não se ter libertado do fato de secretário do Orçamento

O Regime da Organização e Funcionamento do XXII Governo Constitucional, o segundo Governo de António Costa, define que os secretários de Estado “não dispõem de competência própria, exceto no que se refere aos respetivos gabinetes”, exercendo apenas as competências nas matérias que lhe sejam delegadas pelo primeiro-ministro ou, como é comum, pelo ministro respetivo.

Para que haja essa delegação de poderes é preciso um ato, neste caso um despacho, segundo o Código do Procedimento Administrativo: “Mediante um ato de delegação de poderes, os órgãos competentes para decidir em determinada matéria podem sempre permitir que o seu imediato inferior hierárquico, adjunto ou substituto pratiquem atos de administração ordinária nessa matéria”, lê-se na lei.

Entre as competências normalmente delegadas a um secretário de Estado do Orçamento está o poder sobre a Direção-Geral do Orçamento, a Unidade de Implementação da Lei de Enquadramento Orçamental ou a ADSE, entre outras entidades, assim como a capacidade de “decisão de contratar e a autorização da despesa inerente” a contratos públicos.

A falta deste despacho é um dos indícios de que João Leão ainda mantém mão firme na execução orçamental, mantendo as competências formais do Orçamento dentro do seu poder, ainda que os despachos, portarias e outros atos legislativos sejam assinados pela secretária de Estado. Há vários exemplos no Diário da República de autorizações de despesa assinados por Cláudia Joaquim.

Num perfil publicado em agosto pelo Jornal de Negócios, Leão era descrito como “o ministro do Orçamento”, “mantendo excessivamente o foco nas questões orçamentais” quando o seu cargo atual é mais lato. O artigo relatava ainda que “fecha-se horas sem fim com Cláudia Joaquim”, com quem terá uma boa relação, “a rever números e estratégias”.

A oposição também critica esta característica do sucessor de Centeno. Joaquim Miranda Sarmento, presidente do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD e “ministro-sombra” das Finanças, tem criticado Leão por ser o “ministro do Orçamento e das cativações”. “O ministro das Finanças ainda não se libertou do seu fato de secretário de Estado do Orçamento. É um fato mal medido“, disse em entrevista à Antena 1/Negócios.

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Menos de 1% dos fundos de investimento estão alinhados com Acordo de Paris

  • Lusa
  • 27 Outubro 2021

Somente 158 fundos dos 16.500 analisados, um terço da indústria global de fundos abertos ao público, revelaram aderir aos objetivos do Acordo de Paris. Representam apenas 0,5% dos ativos investidos.

Apenas 158 fundos de investimento no mundo, que representam 0,5% dos ativos investidos, estão em linha com o objetivo do Acordo de Paris para controlar as alterações climáticas, revelou um estudo publicado esta quarta-feira pela Carbon Disclosure Project (CDP).

Enquanto o acordo internacional, assinado em 2015, visa limitar o aquecimento global “bem abaixo de dois graus [celsius]”, somente 158 fundos dos 16.500 analisados, um terço da indústria global de fundos abertos ao público, revelaram aderir ao objetivo, segundo a CDP, organização internacional sem fins lucrativos.

Para chegar às conclusões do estudo, a CDP, organização especializada na divulgação de dados sobre o impacte ambiental de empresas e cidades​,​​​​​​ contou as emissões das empresas incluídas nos fundos.

As previsões são comparadas com o que precisaria ser feito para cumprir a meta do acordo de Paris, segundo a abordagem baseada na iniciativa Science Based Targets (SBTi).

Os 158 fundos representam apenas 0,5% dos 27 biliões de dólares (23,3 biliões de dólares) investidos. Mais de oito mil fundos, que representam 62% dos ativos, têm investimentos que propiciam um aumento das temperaturas de mais de 2,75 graus.

“Devemos reduzir a distância entre o sonho”, os objetivos declarados, “e a realidade e começar a trabalhar: os dados estão aí” e podem orientar os investidores institucionais, disse o diretor para os mercados de capitais da CDP Europa, Laurent Babikian.

Os fundos de investimento “dependem da economia real. Atualmente, apenas uma em cada 10 empresas cotadas está alinhada com 1,5 graus. Os investidores precisam aumentar significativamente a pressão sobre as empresas”, indicou Laurent Babikian.

Levando em consideração as emissões indiretas, mais de 60% dos ativos estudados levam a um aumento da temperatura de mais de três graus.

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Alphabet e Microsoft com resultados confortáveis, mas Twitter desilude

  • Lusa
  • 27 Outubro 2021

A dona da Google e a Microsoft apresentaram na terça-feira à noite resultados satisfatórios aos olhos dos investidores. Mas os do Twitter desiludiram: perdeu 537 milhões de dólares no trimestre.

A Alphabet (holding da Google), a Microsoft e o Twitter apresentaram resultados na terça-feira à noite, depois da sessão bolsista em Wall Street, com a última a destoar das outras, ao divulgar pesadas perdas.

A Alphabet apresentou um volume de negócios de 65 mil milhões de dólares (56 mil milhões de euros), 41% acima do homólogo, e um lucro de 18,9 mil milhões de dólares, bem acima das expectativas dos investidores. O número um mundial da publicidade online, que está a ser objeto de numerosos inquéritos e processos por suspeitas de práticas anticoncorrenciais, continua a aumentar as suas receitas, tanto graças ao YouTube como ao seu motor de busca.

Pelo contrário, o Twitter perdeu 537 milhões de dólares no terceiro trimestre, o que está ligado a um acordo amigável com acionistas que se consideravam lesados, mas registou uma subida do seu volume de negócios ligado a publicidade, ao contrário do ocorrido em outras empresas do setor.

A rede social tinha anunciado no final de setembro o pagamento de 809,5 milhões de dólares para resolver um contencioso, sobre a sua comunicação desde 2015, considerada enganadora por vários acionistas, que originou um processo judicial. Mas o volume de negócios do Twitter correspondeu às expectativas dos investidores, ao atingir os 1,28 mil milhões de dólares, com as receitas publicitárias em alta de 41% homólogos e 8,5% em série.

Por fim, a Microsoft beneficiou da expansão do seu negócio na cloud para aumentar os seus lucros trimestrais em 24% homólogos, para 17,2 mil milhões de dólares, batendo as expectativas em Wall Street.

Os lucros da Microsoft beneficiaram com pandemia, na medida em que esta fez aumentar acentuadamente a procura pelos seus programas informáticos e serviços na cloud para o trabalho e estudo à distância. O volume de negócios da Microsoft subiu no passado trimestre 22%, para os 45,3 mil milhões de dólares.

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5 coisas que vão marcar o dia

O Parlamento vota esta quarta-feira a proposta de Orçamento do Estado para 2022 na generalidade. A marcar o dia está ainda a apresentação dos resultados do BCP e da Jerónimo Martins.

A Assembleia da República vota esta quarta-feira a proposta de Orçamento do Estado para 2022 na generalidade. No plano económico, serão conhecidos os dados relativos à avaliação bancária das casas, bem como dos empréstimos e depósitos bancários. A apresentação de contas trimestrais na bolsa nacional continua, sendo que hoje é a vez de BCP e Jerónimo Martins prestarem contas ao mercado.

Orçamento do Estado para 2022 vai a votos na generalidade

Os partidos com assento parlamentar votam esta quarta-feira a proposta do Orçamento de Estado para 2022 (OE2022) na generalidade. O documento está na iminência de ser chumbado, dado que o documento deverá contar apenas com os votos a favor do PS, abstenção do PAN e das deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira e votos contra do PSD, CDS, PCP, PEV e Bloco de Esquerda. A confirmar-se, o Presidente da República já avisou que vai dissolver de imediato Assembleia da República e convocar eleições antecipadas.

Como evoluiu a avaliação bancária em setembro?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai mostrar esta terça-feira como evoluiu a avaliação que os bancos fizeram das casas no mês de setembro. Em agosto, este indicador estabilizou nos 1.221 euros por metro quadrado, após 10 meses consecutivos de subidas. Trata-se do valor mais elevado de sempre.

Banco de Portugal divulga dados sobre empréstimos e depósitos

O Banco de Portugal (BdP) dá a conhecer os dados sobre a evolução dos empréstimos e depósitos bancários relativos setembro. Os depósitos bancários das famílias encolherem em agosto, fixando-se em 169,2 mil milhões de euros, pondo fim a um ciclo de praticamente um ano de subidas consecutivas dos saldos das contas.

BCP apresenta contas ao mercado

A apresentação de contas trimestrais na bolsa nacional continua. Esta quarta-feira é a vez do Banco Comercial Português (BCP) apresentar os resultados referentes ao terceiro trimestre deste ano. No primeiro semestre, o banco liderado por Miguel Maya viu os lucros encolherem mais de 80% para 12,3 milhões de euros, com os resultados a serem penalizados com o reforço das provisões para os riscos legais como o caso dos empréstimos em francos suíços na Polónia e com os custos de reestruturação.

Jerónimo Martins divulga resultados financeiros

Esta quarta-feira é também dia de conhecer as contas da Jerónimo Martins referentes ao terceiro trimestre. A dona do Pingo Doce encerrou o primeiro semestre de 2021 com lucros de 186 milhões de euros, o que representa um aumento de 78,9% face ao semestre homólogo.

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Facebook baniu anúncios da Web Summit com denunciante da rede

Facebook garante não ter banido anúncios com Frances Haugen. Denunciadora revelou documentos internos que provam, diz, que a rede mente sobre a eficácia dos seus esforços para combater o ódio.

O Facebook baniu anúncios da Web Summit com a denunciante da rede social Frances Haugen, revelou Paddy Cosgrave, cofundador da cimeira tecnológica, em entrevista ao ECO. Porta-voz da rede social nega que a rede social tenha banido os anúncios. Frances Haugen dá o arranque, a 1 de novembro, da edição deste ano da cimeira, em Lisboa. Cerca de 40 mil participantes são esperados este ano no Parque das Nações durante os quatro dias da Web Summit.

“Não podemos publicitar a presença da Frances Haugen [denunciante do Facebook] na Web Summit. O Facebook baniu todos os anúncios que tenham uma referência à Frances Haugen, por ser considerado conteúdo político. Podemos fazê-lo noutras plataformas, mas não no Facebook ou no Instagram”, adiantou Paddy Cosgrave em entrevista ao ECO.

Ao ECO, porta-voz do Facebook nega que a rede social tenha banido os anúncios. “Permitimos anúncios com referências à Frances Haugen e há anúncios ativos na nossa biblioteca de anúncios, incluindo anúncios da Web Summit, que o provam”, diz em reação à notícia. “Estamos a investigar as preocupações levantadas, mas alegações que rejeitamos anúncios da WS contendo referências à Frances Haugen não são verdade”, reforça.

A denunciante da rede social criada por Mark Zuckerberg é uma das figuras que vão dar o arranque à cimeira tecnológica — a que se junta a cofundadora do movimento Black Lives Matter — e traz ao palco da cimeira no Altice Arena o seu testemunho. Antiga funcionária da rede social, Frances Haugen revelou publicamente documentos internos que, diz, provam que o Facebook está a mentir sobre a eficácia dos seus esforços para combater o ódio, violência e informação falsa na rede social.

O ano de 2021 é o mais desafiante para as grandes tecnológicas e acho que é o início de uma década desafiante. O que é bom para a inovação e para as empresas mais pequenas.

Paddy Cosgrave

O caso colocou a rede social sob forte escrutínio público, tendo os mais recentes números indicado que tem vindo a perder utilizadores nos EUA. Será que a era dourada das redes sociais pode estar a acabar? “Fazer previsões em tecnologia é muito perigoso. Quem podia prever que a Tesla seria mais valiosa do que todos os outros construtores automóveis cotados em bolsa, somados? É impossível prever o futuro”, diz Paddy Casgrove.

“É um momento interessante. É bom ter o Facebook, Apple, Google, Microsoft, Amazon, todas no evento (Web Summit). E poder ter estas conversas difíceis“, comenta o fundador da cimeira tecnológica. “Muitos eventos não falam de impostos, de monopólios, de privacidade de dados. Nós conseguimos fazer essas conversas. O ano de 2021 é o mais desafiante para as grandes tecnológicas e acho que é o início de uma década desafiante. O que é bom para a inovação e para as empresas mais pequenas.”

(notícia atualizada às 15h31 com declarações do Facebook)

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Rio defende que Costa se devia demitir para acelerar processo de eleições

  • Lusa
  • 26 Outubro 2021

"Não vejo como é que possa não haver eleições antecipadas e como é que o primeiro-ministro não se demite, na medida em que ajudava o país a acelerar um processo que tem de ser rápido", diz Rio.

O presidente do PSD defendeu, esta terça-feira, que o primeiro-ministro se devia demitir, em caso de chumbo do Orçamento do Estado, para permitir acelerar o processo eleitoral e “não deixar o país dependurado”.

Em declarações aos jornalistas, no parlamento, Rui Rio foi questionado se vê alguma alternativa a eleições antecipadas a confirmar-se a rejeição do Orçamento. “A instabilidade está criada a partir do momento em que a maioria parlamentar que se formou chegou ao fim, não vejo como é que possa não haver eleições antecipadas e como é que o primeiro-ministro não se demite, na medida em que ajudava o país a acelerar um processo que tem de ser rápido”, defendeu.

Rio atirou ainda: “Como é que é possível o primeiro-ministro dizer que não se demite?”. “Um ano com duodécimos?”, questionou o mesmo. “O país não pode ficar aqui dependurado até não sei quantos de janeiro, fevereiro ou março, nós temos de pôr o interesse nacional em primeiro lugar. Eu coloco sempre, não tenham dúvidas”, afirmou, dizendo que tal lhe causa “problemas” dentro do PSD. Para Rio, a partir do momento em que o Orçamento não passe – “ou passe com pesca à linha” – “mais vale clarificar e o mais rapidamente possível”.

No debate parlamentar do Orçamento, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu esta terça-feira que o seu dever e o do Governo é “não virar as costas” ao país num momento difícil, garantindo que não se irá demitir, em resposta precisamente a uma pergunta de Rui Rio. O primeiro-ministro reconheceu ao Parlamento competência para aprovar ou não o documento e ao Presidente da República “toda a legitimidade” para decidir sobre “a dissolução ou não” da Assembleia da República.

Mas o Governo também tem o dever de interpretar qual é o seu dever perante o nosso país e os portugueses. E sobre isso não tenho a menor dúvida: o dever do Governo, o meu dever, não é virar as costas num momento de dificuldades, é enfrentar as dificuldades e por isso eu não me demito”, assegurou.

O debate do Orçamento do Estado para 2022 na Assembleia da República na generalidade começou esta terça-feira e termina na quarta-feira, com a votação da proposta do Governo. Com os votos contra anunciados por PCP, BE e PEV, que se juntam aos dos partidos à direita, PSD, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal, somando 117 no total, o Orçamento será chumbado na generalidade – um cenário que o Presidente da República avisou que conduzirá à dissolução do parlamento e a eleições antecipadas.

A proposta do Governo conta apenas com os votos a favor dos 108 deputados do PS e cinco abstenções, do PAN e das deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira.

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Facebook pressiona mas Wall Street atinge máximos

Wall Street fechou a segunda sessão da semana em "terreno positivo", apesar da quebra do Facebook.

Os mercados norte-americanos terminaram a sessão desta terça-feira acima da linha de água. O S&P 500 e o Dow Jones tocaram em máximos, enquanto o Nasdaq foi pressionado pela quebra registada pelo Facebook.

O índice de referência em Wall Street, o S&P 500, fechou o dia a subir 0,17% para 4.574,13 pontos. Também no verde, o industrial Dow Jones terminou as negociações a somar 0,04% para 35.754,18 pontos e o Nasdaq avançou 0,06% para 15.235,72 pontos.

Na sessão desta terça-feira, o Facebook esteve em destaque. Os títulos desta cotada caíram 3,92% para 315,81 dólares, depois de a empresa de Mark Zuckerberg ter avisado que as alterações à política de privacidade da Apple estão a prejudicar os seus negócios.

Além disso, citado pela Reuters, Ken Polcaria, da Kace Capital Advisors, explica: “O Facebook enfrenta outras questões. Os resultados trimestrais não foram excelentes“. O especialista frisa ainda que a polémica em torno dos fracos esforços do Facebook para evitar os efeitos prejudiciais das suas redes sociais na saúde mental dos utilizadores, apesar de estar consciente deles, contribuiu, igualmente, para o desempenho negativo desta sexta-feira.

Na tecnologia, mas do outro lado da linha de água, as ações da Amazon avançaram 1,68% para 3.376,07 dólares e as da Apple subiram 0,46% para 149,32 dólares. No verde, ficou também a General Electric, cujos títulos valorizaram 1,99% para 107,44 dólares, com os investidores à espera dos resultados trimestrais desta cotada.

A contribuir para o sentimento positivo desta terça-feira estiveram, além disso, os dados que mostraram que a confiança dos consumidores recuperou em outubro. Tal cenário poderá, contudo, levar os investidores a temerem uma retirada mais rápida dos estímulos por parte da Reserva Federal dos Estados Unidos. O próximo anúncio nesse sentido do banco central norte-americano deverá acontecer na próxima semana, a 3 de novembro.

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Marcelo pediu a Ferro que o informasse da situação no Parlamento

  • Lusa
  • 26 Outubro 2021

Enquanto decorria o debate sobe OE2022 em plenário, Ferro Rodrigues ouvia os líderes das bancadas parlamentares sobre a atual conjuntura política e o cenário de dissolução do parlamento.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta terça-feira ter pedido ao presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, para ir acompanhando e informando-o da situação no parlamento, face a um eventual chumbo do Orçamento.

Enquanto decorria o primeiro dia de debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2022, o presidente da Assembleia da República recebeu os líderes parlamentares. Segundo disseram PAN e PEV à saída destas reuniões, os temas abordados foram a atual conjuntura política e o cenário de dissolução do parlamento.

Em declarações aos jornalistas na Associação Nacional de Farmácias, em Lisboa, questionado sobre estas reuniões, Marcelo Rebelo de Sousa declarou: “O senhor presidente da Assembleia, quando eu lhe disse que gostava muito que ele fosse acompanhando o que se passava na Assembleia, como é natural, para me ir narrando o que se passava, entendeu que a melhor maneira de o fazer, na sua posição que é acima dos partidos e grupos parlamentares, era ir ouvindo todos“.

Segundo o Presidente da República, Ferro Rodrigues quis ouvir os líderes parlamentares “para não dar a sua opinião pessoal – não era a opinião pessoal do cidadão, era a opinião do presidente da Assembleia da República”.

“E comunicou-me, e eu achei muitíssimo bem, que achava que devia ir ouvindo os líderes parlamentares, para poder ir definindo a posição como presidente da Assembleia da República – tal como o senhor primeiro-ministro define, quando comunica a posição do Governo, a posição do Governo como um todo. São órgãos colegiais, não são órgãos unipessoais, portanto, quem preside tem de retratar em cada momento aquilo que é a diversidade de opiniões”, acrescentou.

O debate do Orçamento do Estado para 2022 na Assembleia da República na generalidade começou esta terça-feira e termina na quarta-feira, com a votação da proposta do Governo.

Com os votos contra anunciados por PCP, BE e PEV, que se juntam aos dos partidos à direita, PSD, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal, somando 117 no total, o Orçamento será chumbado na generalidade – um cenário que o Presidente da República avisou que conduzirá à dissolução do parlamento e a eleições antecipadas.

A proposta do Governo conta apenas com os votos a favor dos 108 deputados do PS e cinco abstenções, do PAN e das deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira.

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Rio tem garantias de que deputados do PSD Madeira votam contra OE2022

  • Lusa
  • 26 Outubro 2021

"A Madeira não está à venda, tem dignidade”, disse Rui Rio, acrescentando que tem "garantias" do presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque.

O presidente do PSD disse esta terça-feira ter garantias de que os deputados do PSD Madeira votarão contra o Orçamento do Estado para 2022, de forma “perfeitamente solidária” com a decisão tomada pela direção nacional.

Rui Rio foi questionado pelos jornalistas sobre afirmações do presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, de que estaria disponível para conversar com o executivo nacional, numa altura em que o Orçamento tem chumbo anunciado para quarta-feira.

“As palavras que interpreto são as que eu próprio ouvi dele, a posição está tomada e está solidária, a Madeira não está à venda, tem dignidade”, afirmou.

Questionado se tem garantia de que não vão existir votos diferentes por parte dos três deputados do PSD Madeira em relação ao voto contra decidido pela direção nacional, Rio respondeu afirmativamente. “Foi essa a garantia que me foi dada. Mas nem quero pôr as coisas nesses termos, nada mudou, estamos todos solidários”, disse.

Aos jornalistas, Rio disse ter conhecimento de que corria “o boato” de que os deputados do PSD Madeira poderiam quebrar a disciplina de voto, o que não seria inédito.

As informações que tenho é que os deputados da Madeira estão perfeitamente solidários com decisão unânime da Comissão Política Nacional. A própria Comissão Política Regional decidiu o voto contra um Orçamento que é muito mau para o país e também para a Madeira”, afirmou.

O presidente do PSD louvou, até, a “solidariedade entre o que é a autonomia dos deputados do PSD da Madeira e dos Açores e a estratégia nacional”.

O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, manifestou esta terça-feira disponibilidade para conversar com o Governo central sobre o Orçamento do Estado para 2022 “se for para defender os interesses” da região.

“Se for para defender os interesses da Madeira, podemos conversar, mas até agora ninguém quis conversar comigo”, afirmou o chefe do executivo insular, quando questionado pelos jornalistas à margem da inauguração de um edifício no Porto do Funchal.

De manhã, o presidente do Governo da Madeira, de coligação PSD-CDS-PP, considerou ser preferível ter uma crise política “do que um orçamento que leve o país à ruína”, insistindo que “não há nenhum drama” se o documento for chumbado.

Não há nenhum drama. É melhor [o orçamento] funcionar por duodécimos do que termos uma situação estapafúrdia de entrarmos numa crise política ou numa situação de irrealismo que leve depois a uma intervenção externa”, disse Miguel Albuquerque, questionado pelos jornalistas à margem da apresentação da segunda edição do Orçamento Participativo regional.

O líder do executivo da Madeira considerou que as reivindicações dos “extremistas do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda”, que anunciaram voto contra o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), levariam à “ruína total do país e a um novo resgate”.

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Preços comerciais do seguro aumentaram 15% no mercado global no 3º trimestre

  • ECO Seguros
  • 26 Outubro 2021

Depois de 16 trimestres consecutivos de progressão, a moderação na tendência de subida dos preços comerciais sugere que os aumentos terão atingido o pico no último trimestre de 2020.

 

António Morna, diretor de Placement da Marsh Portugal: “A pressão das taxas do seguro cibernético deve continuar”.

Os preços comerciais de seguros no mercado global aumentaram 15% no terceiro trimestre (3ºT) de 2021, mantendo a variação relativa registada no trimestre anterior. “Embora seja o 16º trimestre consecutivo de aumento de taxas no mercado global de seguros, a taxa de crescimento continua a ser moderada em muitos ramos e em muitas geografias” sugerindo que “o aumento atingiu o seu pico no quarto trimestre de 2020, com 22%,” refere a Marsh no “Global Insurance Market Index” divulgado pela companhia líder mundial em consultoria de risco e corretagem de seguros.

Os aumentos foram moderados entre todas as geografias, “devido aos aumentos geralmente mais lentos nos seguros de danos materiais e responsabilidade civil de administradores & diretores (D&O)”.

António Morna, diretor de Placement da Marsh Portugal, afirma: “Enquanto o cenário de risco e de seguros mantém-se desafiante, esperamos que se mantenha a moderação em mais ramos. No entanto, a pressão das taxas do seguro cibernético deve continuar. Desenvolver soluções para os nossos clientes neste segmento mantém-se como prioridade elevada para a Marsh.”

Entre outras conclusões, o relatório destaca:

  • Os prémios globais do seguro de danos materiais subiram em média 9%, abaixo do aumento de 12% no segundo trimestre de 2021. Enquanto que os prémios de responsabilidades aumentaram em média 6%, igual aos outros trimestres.
  • Os prémios nas linhas financeiras e profissionais tiveram novamente a maior taxa de aumento nas principais categorias de linhas de seguros, com 32%, em comparação com 34% no trimestre anterior.
  • Os preços dos seguros cibernéticos continuam a divergir da tendência de moderação. Nos EUA os preços aumentaram 96%, comparando com 56% no segundo trimestre, e no Reino Unido subiu 73%, comparando com 35% no segundo trimestre, impulsionados pelo aumento da frequência e severidade de sinistros de ransomware.

O Reino Unido, com aumento do preço composto de 27% (contra 28% no 2ºT 2021) e a região do Pacífico com um aumento de 17% (contra 23% no 2º trimestre) continuaram a impulsionar a taxa composta global. A taxa de aumento foi de 10% na Europa Continental (contra 13%), na Ásia foi de 6% (igual ao trimestre anterior), 2% na América Latina e Caraíbas (contra 4%).

A única exceção à descida aconteceu nos EUA onde as taxas aumentaram 14% (contra 12% no trimestre anterior), devido aos aumentos substanciais no seguro cibernético e um aumento moderado nas taxas de danos materiais e responsabilidades.

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No fim da geringonça, Costa divorciou-se do Bloco e do PCP com críticas mútuas

Com o anúncio do voto contra, o confronto entre PS e PCP no Parlamento atingiu o pico desde a criação da geringonça. O divórcio ainda não foi oficializado, mas as palavras duras já estão ditas.

Se a maioria que se formou em 2015 se considerar esgotada, é para mim uma enorme frustração pessoal porque acreditei desde o princípio que esta maioria tinha um enorme potencial“. Foi assim que António Costa reconheceu o provável fim da geringonça com o chumbo da proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) no primeiro dia do debate orçamental. A votação acontece esta quarta-feira, mas os ataques já foram disparados: se no ano passado o PS focou-se no Bloco, que votou contra o OE2021, este ano teve de atirar também ao PCP. Em resposta, a esquerda acusou o Governo de não cumprir com o que promete, por ser incoerente com o passado e por estar preso à troika.

O primeiro tiro foi dado pelo primeiro-ministro na abertura do debate do OE2022. Depois de ter elencado os vários “avanços” do Orçamento negociados com a esquerda, António Costa foi claro ao dizer que não pode viabilizar o Orçamento “a qualquer preço” e assinalou os pontos em que diverge do PCP e do Bloco. Ao comunista Jerónimo de Sousa que falou de “passe de mágica” quando anunciou o voto contra: “Pedem-nos um passe de mágica, mas não há passe de mágica que nos permita ultrapassar o sentido de responsabilidade, equilíbrio e defesa do interesse nacional“, disse Costa.

Mas o primeiro-ministro concretizou com duas medidas que, aparentemente, inviabilizaram o acordo. Em primeiro lugar, o fator de sustentabilidade: “Acabar com o fator de sustentabilidade para todas as reformas antecipadas significa destruir a garantia de um sistema de segurança social público”. Em segundo lugar, o salário mínimo: “Um aumento, em 2022, de 28%, ou mesmo de 20%, uma nova versão, no salário mínimo nacional é colocar em risco a recuperação e subsistência de milhares de micro, pequenas e médias empresas”. Ao mesmo tempo, apelou aos deputados para viabilizarem o OE na generalidade para se negociar mais na fase de especialidade.

Bloco acusa Governo de “ignorar”, “chantagear” e lançar “ultimatos”. Costa riposta que BE não se aproximou

A resposta à esquerda manteve o tom dos últimos dias, desde que Bloco e PCP anunciaram o voto contra. Catarina Martins, coordenadora do Bloco, começou por dizer que estava orgulhosa do caminho feito durante a geringonça na legislatura anterior, mas recordou o início da rotura da geringonça em 2019: “O Bloco propôs um acordo de legislatura e o PS recusou”, disse, acusando o Governo, que “sabe bem que é minoritário”, de “substituir a negociação pelo ultimato”. A bloquista atacou Costa por apostar na “chantagem da crise política” e por ser incoerente face ao passado do PS no que toca à lei laboral e às pensões.

Na intervenção do Bloco foi visível a desconfiança com que vê a atuação do Governo: “Não vale agitar 500 boas intenções futuras“, disse Catarina Martins, acusando Costa de fazer “muitos anúncios, mas poucas soluções“, nomeadamente na crise dos preços dos combustíveis. Quanto à negociação do Orçamento, “o Governo ignorou-nos“, queixou-se a líder bloquista, atirando a Costa para “não pedir ao Bloco para fingir que não vê” os problemas que existem no país, em específico no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Sobre mudar a lei laboral, “se não for agora, a meio da legislatura, quando será?”, questiona, remetendo para o PS a responsabilidade de não ter um Orçamento aprovado e dizendo que “ir para eleições é a escolha errada“.

Em resposta, o primeiro-ministro acusou o Bloco de não ceder em nenhuma matéria em negociação com o Governo: “O Bloco de Esquerda não deu nenhum passo em direção ao Governo“, disse António Costa, acusando diversas vezes ao longo do debate os bloquistas de votarem contra o Orçamento por serem contra as alterações à lei laboral que serão discutidas mais tarde no Parlamento.

Mais à frente no debate, Mariana Mortágua garantia que “este Orçamento não traduz uma negociação à esquerda” e propôs-se a “desmontar os supostos avanços”, em resposta a ataques do PS — “Onde é que está a boa vontade do Bloco de Esquerda para se aproximar das posições do Governo?”, disse Luís Testa, deputado do PS, à deputada bloquista. Esta ripostou dando o exemplo da dedicação plena do SNS, que “não existe”, uma vez que “o que há é mais pagamento por mais horas dos médicos no público”, que continuam a poder trabalhar no privado.

PCP acusa PS de recusar soluções para os problemas do país. Costa diz que “ninguém compreende” voto contra

Na sua intervenção, Jerónimo de Sousa elencou uma longa lista de medidas recusadas pelo Governo PS e não mostrou nenhum sinal de recuo face ao anúncio de voto contra. “Tudo isso foram questões que ao longo dos últimos meses levamos à discussão com o Governo (…) o ponto a que chegamos hoje é conhecido: recusando a resposta global que propusemos, o Governo considerou apenas isoladamente propostas do PCP“, afirmou o secretário-geral do PCP.

No caso específico do salário mínimo, o líder comunista usou o caso de outros países para argumentar que Portugal tem de o aumentar mais. “Quando era preciso o Governo tomar uma decisão decidida para os trabalhadores, o Governo preferiu recusar tal opção”, disse Jerónimo de Sousa, concluindo que “não é com as opções que o Governo fez e faz que se consegue tirar o país da situação difícil em que se encontra“. Ficava assim consumada a rotura entre o PS e o PCP, após no ano passado essa relação se ter fortalecido num momento em que o Bloco votou contra.

Em resposta, António Costa, num tom mais combativo do que o habitual nas respostas ao PCP, disse que “ninguém compreende” o voto contra do PCP face a “ganhos efetivos” na negociação do OE. Em específico sobre o salário mínimo, o primeiro-ministro questiona o realismo da proposta dos comunistas para subi-lo para 850 euros: “Tem a certeza que as micro, pequenas e médias empresas podem neste ano sofrer um choque salarial desta natureza?

Mais à frente no debate, os deputados socialistas voltavam a dirigir-se ao PCP para pressionar o partido. “Os portugueses não compreendem como é que este Orçamento tem o voto contra do PCP, do Bloco e do PEV”, começou por dizer João Paulo Correia. Mas foi Ascenso Simões quem fez o apelo mais direto: “Mais duro de ouvir é a intervenção de Jerónimo de Sousa. O PCP, um partido institucional, sabe que a não aprovação deste Orçamento é o regresso a outras formas de Governo que serão danosas para os trabalhadores”. E finalizou: “Avante, camaradas! Devem estar à altura das circunstâncias“, disse aos deputados do PCP, referindo que ainda é possível continuar a negociar.

A opção feita pelo Governo foi a de selecionar algumas dessas soluções e reduzindo o seu impacto pela forma desarticulada como as isolou“, ripostou, mais tarde, o deputado do PCP, Duarte Alves, elevando o tom de ataque aos socialistas e argumentando que “se houvesse vontade política a resposta poderia ser dada”. Em resposta, Porfírio Silva, também deputado do PS, foi mais longe na crítica ao recordar as palavras recentes de João Oliveira, líder parlamentar do PCP, de que não se devia misturar as negociações do Orçamento com a legislação laboral.

Esta quarta-feira prossegue o debate do Orçamento do Estado para (OE 2022) na generalidade, com a votação a ocorrer no final da discussão. Salvo alguma reviravolta com negociações de última hora, a proposta do Governo será chumbada com os votos contra do PSD, Bloco, PCP, CDS, PEV, Iniciativa Liberal e Chega, os votos favoráveis do PS e a abstenção do PAN e das duas deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues. O Presidente da República já anunciou que, caso tal aconteça, avança com o processo para marcar eleições antecipadas, sendo que o Governo pretende manter-se em funções e até admite governar em duodécimos.

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Porto de Sines cresce 16,9% nos segmentos de carga até final de setembro

  • Lusa
  • 26 Outubro 2021

O porto alentejano é "líder nacional em volume de carga, responsável por mais de 50% do total movimentado no país”.

O Porto de Sines (Setúbal) cresceu 16,9% em todos os segmentos de carga nos primeiros nove meses deste ano, face a período homólogo de 2020, com uma movimentação total de 35,9 milhões de toneladas, foi esta terça-feira revelado.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) revela que este registo permite ao porto alentejano “consolidar a posição de líder nacional em volume de carga, responsável por mais de 50% do total movimentado no país”.

Na que respeita à carga contentorizada, o Porto de Sines “registou 1,38 milhões de TEU [contentores de 20 pés] acumulados de janeiro a setembro”, ou seja, “mais 18,5%” do que em igual período do ano passado, realça.

De acordo com a APS, o segmento de Carga Geral (onde se inclui a carga contentorizada) “representa já 46,7% do total da carga movimentada no porto, tendo evidenciado um aumento de 14,9% face ao mesmo período” de 2020, “para um total acumulado de 16,8 milhões de toneladas”.

Também o segmento de Granéis Líquidos, no qual se incluem o crude, os refinados, os produtos petroquímicos e o gás natural liquefeito, registou um crescimento de 21,1% face ao período homólogo anterior, com um movimento acumulado de 18,8 milhões de toneladas, acrescenta.

Este segmento representa atualmente 52,5% do total da carga movimentada no Porto de Sines, tendo nas importações o petróleo bruto e o gás natural como principais influenciadores e, nas exportações, os produtos refinados”, destaca.

Para a infraestrutura portuária, a obra de ampliação do Terminal de Contentores de Sines, em curso, e o recente lançamento, pela PSA Sines, do concurso para a expansão da área de parqueamento de contentores, no valor de 12,85 milhões de euros, “aumentará a capacidade operacional, reforçando a produtividade daquele terminal”.

No comunicado, a APS sublinha ainda que a entrada em funcionamento da Janela Única Logística (JUL), aplicada à carga contentorizada, no final do último trimestre, e do novo sistema de gestão interno da PSA Sines “irá aportar consideráveis benefícios aos utilizadores do porto”.

Vão permitir “uma maior integração de toda a cadeia logística e irá contribuir para uma maior eficiência e competitividade do Porto de Sines”, conclui.

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