“Fim das moratórias já não é o tema”. BPI admite impacto da escassez de matérias-primas e mão-de-obra nas empresas
O CEO do BPI revelou que a adesão à linha Retomar é "insignificante". Banco vai manter 70 milhões de imparidades não alocadas por causa da crise global das matérias-primas e cadeias de distribuição.
Para o BPI, o fim das moratórias deixou de ser “o tema”, com o banco a prestar agora maior atenção e a olhar com maior prudência para os impactos que as empresas poderão sentir com a atual crise de escassez de matérias-primas que tem levado ao aumento dos preços e com a falta de trabalhadores em alguns setores.
“Temos aqui um tempo — nos próximos meses e se calhar no próximo ano — que levará até haver este ajuste relativamente ao tema das matérias-primas, em relação a alguns custos de transporte. Também há dificuldades na transferência de mão-de-obra de uns setores para outros setores. Não estamos a sentir empresas com dificuldades ainda por causa desta situação. Admitimos que algumas vão ter dificuldades por causa disso, terá de ter impactos, com toda a certeza”, afirmou o CEO do banco, João Pedro Oliveira e Costa, na apresentação dos resultados dos primeiros nove meses do ano.
“Estamos a acompanhar de perto as empresas mais afetadas. Até à data, não há uma situação de alarme”, assegurou o gestor bancário.
Segundo adiantou, a incerteza neste momento reside mesmo na duração que levará até a situação ser normalizada. “Prevendo-se que isto dure mais tempo, será normal que impacte as empresas em Portugal”, disse, explicando que, por essa razão, o banco decidiu manter as imparidades não alocadas de 70 milhões de euros para possíveis situações de maior aperto. “Se pensamos reverter as imparidades? Dificilmente, vamos continuar com uma almofada significativa”, sublinhou João Pedro Oliveira e Costa.
Por outro lado, assegurou que o fim das moratórias não está a causar problemas ao BPI, que tem 97,5% do crédito que estava abrangido por esta medida em situação regular.
O CEO do banco adiantou que as reestruturações dos créditos em moratória atingem valores “muito baixos, de algumas dezenas de milhões de euros”.
“Tem decorrido muito bem o diálogo com as empresas, já estavam nalguns casos classificadas nos stages corretos e as imparidades constituídas. Por isso, mantivémos obviamente apoio na manutenção da sua viabilidade e a mesma coisa nos particulares”, explicou.
Sobre a linha Retomar, lançada há um mês pelo Banco Português de Fomento e visa dar garantias parciais a créditos de empresas que forem reestruturados, João Pedro Oliveira e Costa recusou-se a alongar nos comentários: “Foi o que foi possível fazer”. Ainda assim, revelou que a “adesão é baixíssima, muito baixa, com valores insignificantes”.
O BPI registou lucros de 242 milhões de euros entre janeiro e setembro, uma subida de 180% em relação ao mesmo período do ano passado, beneficiando dos dividendos e reservas de 100 milhões de euros distribuídos pelo banco angolano BFA.
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