Pela primeira vez, há mais mulheres do que homens na Web Summit

Pela primeira vez desde que a Web Summit nasceu em 2009, o número de mulheres a participar no evento superou o número de homens. A organização revela que esta edição, que decorre até dia 4, conta com 42.751 participantes de 128 países, dos quais 50,5% são do sexo feminino.

O número total de participantes é, ainda assim, inferior ao registado na última edição presencial, em 2019, que contou com 70.469 attendees. Mas, este ano, e depois de uma edição virtual, fez-se história naquela que é uma das maiores feiras tecnológicas do mundo. “Pela primeira vez na história de dez anos do evento, há mais mulheres do que homens presentes”, refere a organização, em comunicado enviado esta terça-feira.

A percentagem de mulheres tem vindo a aumentar desde 2016, altura em que a Web Summit lançou a iniciativa Women in Tech [mulheres na tecnologia], com o peso do público feminino a subir de 46,3% em 2019 para 45,8% em 2020. Este ano, está nos 50,5%.

Em entrevista ao ECO, no âmbito desta edição, o fundador da Web Summit notou que desde a criação do Women in Tech, a organização “trabalhou muito para aumentar a participação de mulheres [no evento] e também no palco”. “É preciso trazer estudantes de universidades portuguesas, sobretudo mulheres, e mostrar-lhes que esta indústria está cheia de pessoas iguais a elas”, disse Paddy Cosgrave, acrescentando que “é preciso começar aos 18 e 19 anos ou mesmo mais cedo, senão nunca se vai atacar o problema na essência”.

A verdade é que os dados falam por si. De acordo com o Eurostat, os homens representavam em 2020 83% das 2,7 milhões de pessoas na União Europeia empregadas no setor das TIC. Em Portugal, os números são igualmente distantes: 81% são homens e apenas 19% mulheres. Mais alarmante ainda é que a trajetória não tem mostrado uma evolução positiva. A desigualdade é ainda mais acentuada do que há quase dez anos.

70 unicórnios, o número mais alto de sempre

Os mesmos dados da Web Summit dão ainda outros números sobre esta edição. Por exemplo, durante os quatro dias de evento haverá 1.333 palestras, num total de 748 oradores. O destaque deste ano é Frances Haugen, a denunciante do Facebook (agora Meta), que pediu ontem a renúncia de Mark Zuckerberg. Esta terça-feira, marcaram presença no evento dois outros colaboradores da empresa, que saíram em defesa da empresa.

Ao todo vão marcar presença na Web Summit 1.519 startups — que fazem do evento o “maior encontro de empreendedores do mundo” este ano — e 872 investidores. Na noite de segunda-feira, as startups mais solicitadas pelos investidores foram: Finoa, GuestReady, Contentes.com, Payaut e EcoTree.

Os dados adiantam ainda que 70 unicórnios vão subir ao palco, o número mais alto até ao momento. Na noite de abertura do Web Summit, já se contavam 500 mil pedidos de conexão através da app oficial do evento.

Uma novidade este ano foram o Food Summit/Food Festival, em que reconhecidos chefs com uma e duas estrelas Michelin cozinham para os participantes VIP da Web Summit. Ainda no que toca à comida, esta edição conta com mais de 50 food trucks no local do evento, estimando-se que sejam servidas mais de 200 mil cafés e consumidas cerca de 152 toneladas de alimentos.