Outfit de Leiria deixa cair proposta pela Dielmar
Na véspera de terminar o prazo para a entrega de propostas ao gestor de insolvência, a empresa de vestuário que tinha sugerido pagar 295 mil euros e salvar 215 empregos confirma ao ECO a desistência.
A leiriense Outfit21, que era uma das duas mais fortes interessadas na compra da marca e dos ativos industriais da Dielmar, acaba de abandonar a corrida pela histórica empresa de vestuário de Alcains, que pediu a insolvência no verão e a 10 de novembro fechou portas com o voto dos credores.
“Não vamos entregar proposta. Decidimos que nesta fase não havia suficiente garantia de obtermos um projeto que fosse financeiramente viável, tendo em consideração várias questões da conjuntura”, adiantou ao ECO o gerente da empresa, Vítor Madeira Fernandes.
A desistência é confirmada a menos de 24 horas de terminar o prazo fixado pelo administrador de insolvência para a entrega de propostas por carta fechada – 21 de dezembro às 17:00 -, acompanhadas de uma caução correspondente a 20% do preço de aquisição. João Gonçalves, que decidiu relançar o processo através de negociação particular, fixou um valor mínimo de 384 mil euros.
Não vamos entregar proposta. Decidimos que nesta fase não havia suficiente garantia de obtermos um projeto que fosse financeiramente viável.
A 11 de novembro, já depois de a assembleia de credores ter votado por unanimidade o encerramento definitivo da fábrica, a Outfit21 avançou com uma proposta de 295 mil euros para a aquisição dos bens propriedade da massa insolvente a liquidar, a pagar de uma só vez, prometendo ainda contratar até 215 ex-trabalhadores da Dielmar para integrar o novo projeto industrial.
O que mudou, então, no último mês e meio? “O que mudou foi o tempo. Passou o timing. Havia um timing perfeito para fazer isto, que era ainda este ano. Assim, as coisas iam prolongar-se por demasiado tempo. (…) Vamo-nos concentrar principalmente no desenvolvimento e na consolidação da nossa operação aqui em Leiria”, respondeu Vítor Madeira Fernandes, que chegou a apresentar como parceiro o grupo brasileiro Via Veneto, que tem 250 lojas de roupa no Brasil e era um cliente de longa data da fábrica portuguesa de confeções.
Proposta da Valérius tinha prazo de 30 dias
O grupo Valérius foi outro dos interessados em ficar com a marca, as máquinas e os inventários da Dielmar, além de assegurar 200 postos de trabalho. Concretizada na sequência de um pedido de última hora feito pelo Ministério da Economia, a proposta do grupo liderado por José Manuel Vilas Boas Ferreira – comendador minhoto especialista na reestruturação de empresas – ascendia a 250 mil euros.
Na assembleia de credores, realizada a 10 de novembro, o diretor de operações da Valérius, Nuno Marques, salvaguardou que aquela era “uma proposta válida por 30 dias”, estando assim prejudicada. O ECO contactou os responsáveis da empresa de Barcelos para saber se iriam retomar ou alargar a validade dessa proposta, mas ainda não obteve resposta.
Fruto de vários apoios públicos concedidos nos últimos anos, o Estado detinha cerca de 30% do capital da empresa de confeções fundada em 1965, que até ao final de julho era liderada por Ana Paula Rafael. Logo após a apresentação da empresa à insolvência, a 2 de agosto, com uma dívida total de quase 17 milhões de euros a 355 credores, Siza Vieira avisou que “o dinheiro público não serve para salvar empresários” e reconheceu, que “se calhar” o Estado não [iria] recuperar o montante que tinha concedido à empresa.
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