Novobanco vende carteira de malparado Orion com desconto de 70%

O Novobanco anunciou esta quinta-feira a venda do projeto Orion, uma carteira de crédito malparado composta por mais de 12 mil empréstimos, a um consórcio de fundos geridos pela britânica West Invest e pela LX Partners (LXP), sediada no Luxemburgo.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a instituição financeira liderada por António Ramalho informa que este portefólio, que em setembro de 2021 tinha um valor nominal (outstanding balance) de 231,3 milhões de euros, foi vendido por um total de 64,7 milhões de euros. Isto é, com um desconto de 70% em relação ao valor bruto.

O Novobanco sublinha que a concretização desta transação “deverá ter um impacto marginal positivo na posição de capital e na demonstração de resultados de 2021″, até porque esta carteira já estava provisionada.

“Estes contratos representam uma redução de 168,1 milhões de euros no montante de crédito não produtivo (NPL) e representam mais um marco relevante, permitindo ao banco executar a sua estratégia de convergência para a média da UE”, salienta o banco controlado pela americana Lone Star, que esta quinta-feira recebeu 112 milhões do Fundo de Resolução.

Baixar até aos 5% com “famosos”

Além do Orion, o banco prepara-se para vender também uma carteira de crédito malparado de cerca de duas dezenas de grandes devedores ao fundo Deva. O chamado “Projeto Harvey”, que colocou no mercado no verão, incluía (na versão inicial) dívidas de clientes conhecidos do grande público, como a construtora Lena (180 milhões de euros) e a Urbanos de Alfredo Casimiro (nove milhões de euros).

Estas vendas de carteiras de NPL inserem-se na estratégia de redução do rácio de malparado para níveis abaixo de 5% nos próximos anos. Este indicador atingiu os 7,3% em setembro — chegou a ter 33% de rácio de NPL. Depois de anos de prejuízos milionários, a instituição teve lucros de 159 milhões de euros até setembro, com António Ramalho a destacar o “virar de página” rumo a uma rota de crescimento e resultados positivos.

Além do Novobanco, outras instituições também estão no mercado a vender carteiras de créditos em situação de incumprimento. O Banco Montepio colocou à venda o “Projeto Gerês”, no valor de 265 milhões e a Caixa Geral de Depósitos (CGD) acabou de vender o “Projeto Mercury”, no valor de 130 milhões, ao fundo CRC.

De acordo com um relatório da Prime Yield, os bancos nacionais vão vender 3,5 mil milhões de euros em crédito malparado em 2021, o triplo do valor vendido no ano passado, mas ainda abaixo dos níveis registados antes da pandemia.