SURE apoia 21,6% dos trabalhadores portugueses. Portugal ainda não gastou tudo o que recebeu

Um relatório da Comissão Europeia de balanço do SURE revela que Portugal é um dos três países que ainda não gastou tudo o que recebeu.

Portugal ainda não gastou na totalidade os três mil milhões de euros de empréstimo da União Europeia que recebeu no início de dezembro. Segundo um relatório da Comissão Europeia de balanço do SURE, mecanismo de apoio ao emprego, Portugal é um dos três países onde os gastos ficaram aquém do dinheiro recebido até ao momento. Ainda assim, 21,6% dos trabalhadores portugueses beneficiaram ou estão a beneficiar deste apoio europeu.

A Comissão Europeia divulgou esta segunda-feira um relatório de balanço do SURE, uma das principais medidas criadas no âmbito da resposta europeia à crise pandémica. O objetivo deste instrumento é emprestar dinheiro aos Estados-membros a juros muito baixos para estes implementarem medidas de proteção do emprego e para alguns gastos com saúde, como por exemplo o lay-off simplificado em Portugal.

Um ano depois, o SURE terá apoiado entre 25 a 30 milhões de pessoas, beneficiou entre 1,5 a 2,5 milhões de empresas e poupou cerca de 5,8 mil milhões de euros aos Estados-membros em juros. No caso de Portugal, a poupança estimada, até ao momento, é de 242 milhões de euros, relativamente ao montante já recebido. O empréstimo de três mil milhões de euros, ao qual se deve juntar mais 2,9 mil milhões de euros durante este ano e o próximo, tem uma maturidade média de 14,6 anos.

Fonte: Comissão Europeia. “Excesso” de despesa pública face ao valor do empréstimo do SURE.

Quase todos os Estados-membros já gastaram o valor que receberam, até excedendo, mas há exceções: é o caso de Portugal, Itália e da Roménia, os três países que ainda têm fundos do SURE por gastar. Contudo, a Comissão Europeia diz que estes países garantiram que iam usar o montante recebido, ajustando medidas ou prolongando a duração dos apoios elegíveis ao abrigo do SURE.

Portugal tem usado este empréstimo principalmente para as medidas de apoio ao emprego, beneficiando 21,6% dos trabalhadores portugueses (dos quais 3,5% correspondem a trabalhadores independentes). Além do lay-off simplificado e do apoio à retoma progressiva, o Governo português está a usar o SURE para pagar os apoios aos pais que têm crianças na escola (quando esta fechou) e para financiar as ajudas para as empresas que estão a dar formação de curto prazo aos trabalhadores quando a economia está “fechada”.

Fonte: Comissão Europeia. Número de trabalhadores abrangidos pelo SURE.

Mas os fundos também estão a servir para financiar medidas relacionadas com a saúde. Aliás, cerca de 20% dos três mil milhões de euros (600 milhões de euros) financiaram custos relacionados com equipamento de proteção individual (EPI), o pagamento de baixas ou quarentenas relacionadas com a Covid-19 e outros custos com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente o “prémio” dado no final de 2020 aos profissionais de saúde.

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Portugal conta com nova tranche “reforçada” do SURE por causa do segundo confinamento

Governo vai receber, este ano, uma segunda tranche "reforçada" do mecanismo de apoio ao emprego criado por Bruxelas. Finanças justificam "cheque" mais avultado com o segundo confinamento.

O segundo confinamento em que Portugal mergulhou a meio de janeiro levou ao regresso do lay-off simplificado e a uma maior adesão aos apoios públicos. Perante estes custos acrescidos que não estavam previstos, Portugal vai receber uma verba “reforçada” do SURE, o mecanismo de apoio ao emprego da Comissão Europeia, uma vez que está a gastar mais do que previa, revela o Ministério das Finanças ao ECO.

Portugal deverá já em 2021 receber uma verba reforçada devido à execução das medidas acima do esperado inicialmente (devido ao confinamento prolongado no primeiro trimestre deste ano)“, responde o gabinete de João Leão às questões colocadas pelo ECO, após um relatório da Comissão Europeia de balanço do SURE ter revelado que Portugal é um dos três países que ainda não gastou todo o dinheiro que recebeu de empréstimos da União Europeia.

O Estado português conta receber os restantes 2,9 mil milhões de euros do SURE este ano e no próximo ano, após os três mil milhões de euros que recebeu no início de dezembro. Da resposta do Ministério das Finanças interpreta-se que estava prevista uma determinada verba para 2021, mas o segundo confinamento levou a um reforço desta para acautelar os custos acrescidos.

No mês de janeiro, o Estado gastou cerca de 20 milhões de euros com o lay-off simplificado e 45 milhões de euros com o apoio à retoma progressiva, mas é expectável que estes números subam significativamente em fevereiro e março, período em que a economia continuou bastante condicionada pela pandemia. O custo dessas duas medidas em fevereiro, de acordo com o anunciado pelo Governo, já era de 135 milhões de euros, ao qual se junta a despesa fiscal com a isenção da TSU do empregador.

O ministro das Finanças já admitiu em algumas ocasiões que quando construiu o Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021) não contava ter um segundo confinamento, ainda por cima mais prolongado do que o do ano passado. Apesar de contar com várias folgas nas verbas centralizadas no Terreiro do Paço, a opção de Leão passa por aproveitar também as ajudas europeias, recorrendo mais ao SURE face ao previsto anteriormente. No Ministério das Finanças calculava-se que o custo do confinamento podia ir aos 600 milhões de euros por cada mês.

Portugal é dos que mais recebe do SURE em percentagem do PIB

Questionado sobre o porquê de Portugal ainda não ter gasto toda a verba do SURE que recebeu em dezembro, o gabinete de João Leão responde que “é importante referir que Portugal foi o país da UE que teve acesso a maior verba alocada pelo Programa SURE em percentagem do PIB“.

“Relativamente ao montante já recebido (3 mil milhões no nosso caso), Portugal foi igualmente um dos países que recebeu uma verba mais alta em percentagem do PIB“, acrescenta o Ministério das Finanças, desvalorizando o facto de ser um dos três países que ainda não gastou a totalidade da verba.

Ao todo, Portugal irá receber 5,9 mil milhões de euros, o que corresponde a quase 3% do PIB, sob a forma de empréstimos da Comissão Europeia a juros muito baixos, o que gera uma poupança estimada em 242 milhões de euros, comparado com o que Portugal pagaria se fosse financiar-se aos mercados financeiros. A maturidade média da dívida que o país fica perante a UE é de 14,6 anos.

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António Oliveira: “Os concorrentes de 1980 já não existem, alguma coisa teremos feito de bom e melhor”

  • ECO
  • 23 Março 2021

António Oliveira, 67 anos, engenheiro mecânico e presidente da OLI – Sanitários, é um dos cinco finalistas do prémio EY Entrepreneur of the Year.

Poucos meses após o nascimento de António Oliveira, o seu pai, também António, e o tio, Saul, fundavam, em Aveiro, a Oliveira & Irmão. Até à década de 80 do século passado, a empresa dedicava-se ao comércio de produtos sanitários. Com António Oliveira filho, entrou na indústria, mudou o nome para OLI e conquistou outros países. O gestor é um dos cinco finalistas do prémio EY Entrepreneur of the Year.

Apenas ligeiramente mais velho do que a empresa que lidera, a primeira recordação que António Oliveira guarda da Oliveira & Irmão é também uma das suas primeiras recordações de vida – acompanhar o pai pelas suas instalações. “Gostava muito de andar por aqui, depois das escola e do liceu. Nas férias o meu pai tinha o hábito de convidar-nos para virmos trabalhar, não que agradasse muito”, ri-se. Trabalhar aqui era questão de tempo.

O facto de ter estado sempre na empresa, exceto nos anos da universidade, e ter crescido aqui, sempre me levou a pensar que a minha vida profissional seria feita aqui”, conta ao ECO. “Acabei o curso no dia 31 de janeiro de 1978 e a 1 de fevereiro estava oficialmente a trabalhar na empresa”.

Dois anos depois de ter começado, a Oliveira & Irmão fez a primeira transformação importante da sua história. “Era uma empresa comercial, comprava e vendia. Em 1980 começámos a dar os primeiros passos na indústria”. Terá sido o impulsionador da mudança? António Oliveira prefere pôr as coisas de outra maneira: “Sem a minha vinda para a empresa, essa mudança não teria acontecido”. E os conhecimentos a formação que trouxe da universidade foram bastante importantes, considera. “Havia mais condições para dar esse passo como quando chegou a nova geração foram dados passos que antes não teriam sido dados”, considera. Por exemplo, a internacionalização.

Um dos passos dados nesse caminho foi mudar o nome da Oliveira & Irmão para Oli – Sistemas Sanitários S.A. “A partir do momento em que estamos no mercado internacional em que 80% é faturação internacional, queríamos dar um enfoque internacional à Oli e achámos que faria sentido ter uma designação mais facilmente pronunciável e de mais fácil memorização”.

O primeiro de todos os países onde tentar a sua sorte foi Itália, que hoje continua a ser um dos mais importante destinos da produção da Oli, apenas atrás da Alemanha e seguidos de perto de França e do mercado escandinavo (Suécia e Finlândia).

“São 30 anos de trabalhos e pequenos passos”, diz ao ECO. “Com pequenas vendas em Itália e depois em França”, conta, e acrescenta. “Foram os clientes é que fizeram o trabalho da promoção dos nossos produtos desde 1993, que foi quando a exportação começou a ter alguma expressão. No princípio, as coisas faziam-se muito por simpatia. Foram os clientes que trouxeram outros, também com trabalho, bons produtos, qualidade, competitividade e compromisso.”

No capítulo da inovação, a OLI está associada criação do autoclismo de dupla descarga, “hoje standard na Europa”. “Fomos desafiados por uma empresa cerâmica francesa a fazê-lo e foi uma aventura. Não correu bem à primeira, à segunda correu menos mal e passado pouco tempo estávamos a vender”. Alguns anos depois, esta tornou-se a prática comum e, aceita António Oliveira, “temos alguma responsabilidade nisso”. “Fomos pioneiros nisso e foi de facto um momento importante na vida económica da empresa”.

Continua a ser na Europa que a empresa, com uma faturação na ordem dos 60 milhões de euros em 2020, concentra a maioria da sua atividade. Além de uma filial na Itália, têm uma na Rússia, “onde temos produção para fornecer o mercado russo e alguns mercados”, refere António Oliveira. A partir de Esgueira, em Aveiro, desenvolvem os sistemas sanitários e colaboram com designers e arquitetos, como os dois prémios Pritzker portugueses. Souto Mouro concebeu em 2001 a placa de comando de autoclismo SM15, com as dimensões do típico azulejo português (15x15cm), Álvaro Siza criou em 2014 Trump, inspirada no jazz.

Por esta altura, o filho do gestor, que também se chama António, também trabalha na empresa. A OLI mantém-se uma empresa familiar, mas 50% do capital é italiano e o conselho de administração reflete-o. Três administradores são da família Oliveira, que detém a administração executiva, e dois representam Itália. A composição deste conselho serve, segundo António Oliveira, “também para manter um equilibro”. “Ajuda a que a governação seja feita por parâmetros de profissionalismo e não apenas de dinastia ou de família”, diz.

Ser uma empresa familiar tem “vantagem” e “desvantagem”, nota o gestor. “A moeda tem duas faces”. E, no seu caso, considera as mais-valias superam as contrariedades. “Naturalmente tem de haver regras na governance. Tem de haver garantia de que as pessoas têm condições de estar à frente da empresa”, defende.

Em 2020, com a pandemia, os números do primeiro semestre recuaram. “Não recorremos ao lay off, mas chegámos ao final do primeiro semestre atrás dos valores de 2019. No segundo semestre, recuperámos a faturação e chegámos aos mesmos valores [do ano anterior, 2019]. Houve perda em França, Itália e Espanha, mas houve crescimento na Europa central e de leste, o que compensou a perda da Europa do sul. Complicado foi, mas acabamos por no final do ano fizemos os mesmos números de 2019.”

Tudo somado, diz, “o que trouxemos foi melhor qualidade do que havia no mercado, produtos mais atuais, um serviço melhor e muito trabalho. Na altura, não estávamos sozinhos, mas os concorrentes da altura já não existem, alguma coisa teremos feito de bom e melhor e, para já, a empresa está de boa saúde”, avalia o finalista do prémio Entrepreneur of the Year. “Continuamos a trabalhar para mais conforto, redução do consumo de água – hoje o mercado está muito sensível e valoriza estas soluções.”

Para este ano, “o que temos previsto é um crescimento de 10% em relação ao ano passado, mais mercados, novos clientes e mais produtos”.

“Ser finalista é uma honra para mim”

Finalista do prémio EY Entrepreneur of the Year, António Oliveira diz que não contava estar neste lote. “Estou agradavelmente surpreendido. Só o facto de ser finalista é uma honra para mim, para a família e para a empresa”.

Considerado o mais antigo prémio de empreendedorismo a nível global, a entrega do galardão começou nos EUA em 1986. Seguiram-se edições regionais e nacionais nos mercados onde a EY opera. Atualmente é organizado em 145 cidades e mais de 60 países. Anualmente, 10 mil candidaturas são analisadas.Entre os vencedores estão gestores Michael Dell (Dell Computers), Jeff Bezos (Amazon), Jeff Weiner (LinkedIn) ou Serguei Brin/Larry Page (Google). Gui Laliberté, fundador do Cirque du Soleil, é um dos vencedores do troféu global.

Entregue a cada dois anos, em Portugal esta será a 8.ª edição do prémio. Entre os finalistas do júri liderado António Gomes Mota estão, além de António Oliveira (OLI), António Carlos Rodrigues (Casais), Carlos Mendes Gonçalves (Mendes Gonçalves), Guy Villax (Hovione) e Rupert Symington (Symington).

O vencedor, que representará Portugal no EY World Entrepreneur of the Year, será conhecido em abril e junta-se a Belmiro Azevedo (Sonae), Carlos Moreira da Silva (BA) e António Amorim (Corticeira Amorim), distinguidos em anos anteriores.

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Matos Fernandes responde a críticas de Rio sobre venda de barragens da EDP: “É mentira”

Matos Fernandes defende que os serviços Ministério do Ambiente apenas avaliaram o negócio da venda de barragens do ponto de vista técnico. Apontou que Fisco deve estar a olhar para caso.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática respondeu às críticas do líder do PSD sobre o papel do Ministério na atual polémica em torno da venda do negócio das barragens da EDP na bacia do Douro ao consórcio liderado pela Engie apontando que “é mentira”. Matos Fernandes argumentou que os serviços do Ministério apenas tiveram que avaliar questões do ponto de vista técnico.

Rui Rio escreveu no Twitter que o ministro do Ambiente estava a “mostrar-se descaradamente como advogado de defesa da EDP”, questionando também porque “defende tanto o estratagema da EDP para não pagar impostos”. Matos Fernandes sublinhou que o ministro do Ambiente e os seus serviços foram envolvidos no processo para “avaliar, do ponto de vista técnico”, uma “passagem, uma cessão do contrato de concessão que existia”, em entrevista na RTP 2.

Por um lado, da “idoneidade do comprador, sendo exigido ao novo concessionário exatamente os mesmos elementos e condições”, explicou. Por outro lado, do ponto de vista da “gestão de recursos hídricos, numa zona onde existem muitas barragens, e era fundamental garantir equilíbrio da gestão de caudais de barragens”. Para além disso, em algumas das barragens, foi necessário garantir que era possível o cumprimento das declarações de impacte ambiental, apontou.

“Foi esse o papel da Agência Portuguesa do Ambiente, que cumpriu bem papel e que, depois de 11 meses de trabalho, entendeu que contrato podia ser celebrado, celebrando-se novo contrato de concessão”, concluiu.

Quanto às acusações de que a elétrica deveria ter pago imposto de selo neste negócio, Matos Fernandes disse ter “a certeza que a Autoridade Tributária estará a olhar para este negócio”. “Tendo havido ou não fuga a impostos, só AT pudera julgar e julgá-lo-á no seu tempo”, disse. O ministro respondeu também às críticas do líder do PSD de que estaria a “pressionar a AT“, apontando que não quer “acreditar que AT seja pressionável, nem pelo doutor Rui Rio”. “Não me passa pela cabeça que esteja a querer politizar o Fisco”, reiterou.

Matos Fernandos sublinhou ainda que o que se recorda do tempo do PSD no Governo “foi de ter criado uma lista VIP de contribuintes”, referindo-se à lista dos grandes contribuintes, que diz ser “uma forma de discriminar contribuintes uns dos outros”.

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Garantir Cultura para entidades não empresariais disponível em 30 de março

  • Lusa
  • 22 Março 2021

O limite máximo de financiamento do Programa Garantir Cultura é de 10 mil euros para pessoas singulares, 20 mil euros para grupos informais e 40 mil euros para pessoas coletivas.

O Governo publicou esta segunda-feira o aviso relativo aos apoios do programa Garantir Cultura para entidades artísticas singulares e coletivas sem atividade comercial, num montante de 12 milhões de euros, que entra em vigor em 30 de março.

De acordo com o aviso, que surge mais de dois meses depois do anúncio dos apoios e um mês depois da publicação da portaria de regulamentação dos apoios à Cultura no contexto da resposta à pandemia de covid-19, o programa destina-se a estruturas coletivas que realizem atividades não comerciais, constituídas antes de 01 de janeiro de 2020, a pessoas singulares, “incluindo empresários em nome individual em regime simplificado”, e a grupos informais.

No dia 12 de março, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, já havia especificado que, dos 42 milhões de euros anunciados em janeiro no âmbito do programa Garantir Cultura – apoio que acresce aos outros apoios setoriais –, 12 milhões de euros, cuja regulamentação foi esta segunda-feira divulgada, destinam-se a entidades artísticas não empresariais, que terão como limite máximo de financiamento 10 mil euros para pessoas singulares, 20 mil euros para grupos informais e 40 mil euros para pessoas coletivas.

Os restantes 30 milhões destinam-se “única e exclusivamente” para o setor empresarial, sendo os limites máximos de financiamento fixados em 50 mil euros para as microempresas, 75 mil euros para pequenas empresas e 100 mil euros para as médias empresas.

Segundo o aviso publicado, os apoios serão “atribuídos por ordem de apresentação dos pedidos, até ao limite da dotação orçamental do programa”, que deverá ser divulgada na página do ministério.

Os candidatos devem apresentar uma memória descritiva do projeto em causa, uma previsão orçamental e síntese das atividades a desenvolver.

“No prazo máximo de 40 dias úteis contados desde a data da regular submissão do requerimento, o [Fundo de Fomento Cultural] e o beneficiário celebram protocolo”, pode ler-se no texto do aviso.

Também esta segunda-feira foram divulgados os regulamentos para as linhas de apoio a livrarias e a editoras, tendo as livrarias um prazo – a partir de hoje – até 09 de abril e as editoras até 23 de abril para se candidatarem.

No que se refere aos apoios previstos para as editoras e livrarias, a ministra anunciou, em 12 de março, um reforço de 600 mil euros, para um total de 1,2 milhões de euros.

O setor do livro beneficia de um programa de aquisição de livros a pequenas e médias livrarias para distribuição pelas bibliotecas da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas e da criação de uma linha de apoio à edição.

Igualmente, em Diário da República, foi aberto um novo concurso para o Programa de Apoio a Museus, da Rede Portuguesa de Museus – ProMuseus 2021, no valor de um milhão de euros, no quadro da crise pandémica.

Os apoios visam “a mitigação dos impactos da crise pandémica, estimulando a retoma gradual das atividades culturais, em plena conformidade com o plano de desconfinamento recentemente anunciado pelo Governo”, como recorda o Ministério da Cultura.

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11 perguntas e respostas sobre testes rápidos à Covid-19 que pode fazer em casa

Os autotestes de despiste da Covid-19 vão ser vendidos nas farmácias e em locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica. Para que servem, como funcionam e quanto custam? Leia aqui.

Os portugueses vão passar a poder comprar testes rápidos para deteção de casos de infeção por Covid-19 em farmácias e outros locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica. Se até agora estes testes só podiam ser realizados por um profissional de saúde, o Governo permitiu agora que cada indivíduo possa realizar um autoteste, cumprindo determinados requisitos.

Uma semana depois de o Governo ter autorizado a venda de testes rápidos em farmácias e parafarmácias, o Infarmed, em conjunto com a Direção-Geral da Saúde e com o Instituto Dr. Ricardo Jorge, divulgaram os critérios a seguir para a comercialização destes testes. Mas, afinal, para que servem estes testes? Quem os pode comprar? E como devo interpretar o resultado destes testes, bem como comunicá-lo às autoridades de saúde?

O ECO preparou um guia de 11 perguntas e respostas sobre o tema.

1. Para que servem os autotestes?

Os testes rápidos de antigénio são utilizados para diagnosticar eventuais casos de infeção por Covid-19 e são especialmente dirigidos a doentes com suspeita de infeção e em caso de contacto com doentes positivos, bem como, “para fins de rastreio em populações vulneráveis, nas unidades de saúde e em contextos comunitários e ocupacionais, em pessoas sem evidência ou suspeita de infeção”, explica a circular conjunta das autoridades de saúde.

2. Como é um autoteste? É igual ao teste PCR?

Ao contrário dos testes PCR que detetam o material genético do vírus (o chamado RNA) a partir de uma amostra de fluido, os testes rápidos de antigénio detetam certas proteínas do vírus a partir de uma amostra de fluido. No caso dos autotestes permitidos em Portugal, a colheita é feita através de um zaragatoa mais pequena do que no caso dos PCR e cuja recolha é extraída das fossas nasais, ou seja, um método menos invasivo que os PCR, em que a zaragatoa é introduzida até à nasofaringe. Estes autotestes permitem resultados entre 10 a 30 minutos.

3. Qual o grau de fiabilidade destes autotestes?

Estes testes devem apresentar pelo menos uma sensibilidade igual ou superior a 80% e uma especificidade igual ou superior a 97%, sendo o método de comparação a considerar para o efeito são os testes PCR em amostras nasofaríngeas ou orofaríngeas, considerados pela DGS como o método de referência nos casos de deteção da infeção por Covid-19.

4. Que requisitos gerais devem cumprir os autotestes?

Estes testes devem ser concebidos por forma a garantir que sejam de fácil utilização pela população em geral, “em todas as fases de manipulação”, incluindo no processo de colheita. A ideia é reduzir ao máximo os riscos para os utilizadores, quer no processo de colheita, quer na interpretação dos resultados.

Nesse sentido, além da disponibilização do material necessário para a colheita, os fabricantes devem garantir que estes testes vêm acompanhados de uma bula, coma informação detalhada “de como proceder para uma segura e correta colheita de amostra e em quantidade adequada, de forma a não comprometer o resultado do teste, nem colocar em risco o utilizador”, lê-se na circular.

5. Onde se podem comprar os autotestes?

Estes testes dispensam receita médica e podem ser disponibilizados nas unidades de saúde, nas farmácias, bem como em todos os locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica autorizados, isto é, por exemplo nas parafarmácias ou nos espaços de bem-estar dos super e hipermercados. Não obstante, nos locais de venda “deverão existir profissionais habilitados a prestar informações/esclarecimentos relativos aos testes em questão”, sublinha a circular.

De sublinhar que ao ECO, Pingo Doce, Wells e Auchan confirmaram que vão passar a vender estes testes nos seus espaços de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica. A portaria do Ministério da Saúde abre ainda a porta à venda noutros locais, mas a efetivar-se o Governo terá de definir estes espaços através de um despacho.

6. Quanto custa cada autoteste?

Até ao momento, o Governo não definiu qualquer limite ao preço destes autotestes, pelo que os locais de venda serão “livres” de definir o custo. Além disso, não está prevista qualquer comparticipação do Estado.

7. Quem pode comprar estes autotestes?

Estes autotestes são realizados de forma voluntária e apenas podem ser vendidos a cidadãos com idade igual ou superior a 18 anos.

8. E pode fazer-se o autoteste no local onde o comprei?

Não. A realização destes testes rápidos, incluindo a colheita, não pode ser realizada nos locais de venda dos autotestes.

9. É obrigatório comunicar o resultado do teste?

Apesar de a circular do Infarmed, DGS e INSA não ser explícita quanto à obrigatoriedade de comunicação dos resultados dos testes, o documento salienta que os resultados dos testes “devem ser reportados às autoridades de saúde nacionais”, dado que o objetivo é reforçar a monitorização da doença no país, bem como quebrar as cadeias de transmissão. Assim, esta comunicação aplica-se quer o resultado seja positivo, negativo ou inconclusivo.

10. Fez o autoteste e deu negativo. É preciso fazer outro teste?

Mesmo que o resultado do teste seja negativo, as autoridades de saúde sublinham que os resultados “deverão ser comunicados em formulário eletrónico a disponibilizar oportunamente”, salientando que “a notificação destes resultados é igualmente importante para monitorização da atividade nacional de testagem”.

Além disso, as autoridades notam que uma das limitações a considerar para “qualquer teste rápido é a possibilidade de ocorrência de um resultado falso negativo ou falso positivo”. Assim, um resultado negativo não elimina a possibilidade de infeção por Covid-19, pelo que se tiver sintomas e tiver teste negativo poderá ser aconselhável realizar outro teste. Além disso, independentemente do resultado devem continuar a ser mantidas todas as medidas de prevenção e controlo da doença estabelecidas pelo Governo.

11. O que fazer se o resultado do teste for positivo ou inconclusivo?

Segundo as autoridades de saúde, “os indivíduos sintomáticos ou contactos com caso confirmado” devem contactar a linha de Saúde 24 (808 24 24 24) independentemente do resultado do teste.

Já para quem não tenha tido sintomas ou contactado com o caso confirmado, mas após a realização do autoteste apresente um resultado positivo ou inconclusivo deve comunicar o respetivo resultado “por contacto telefónico ao Centro de Contacto SNS24 (808 24 24 24) ou através do preenchimento de formulário eletrónico a ser criado oportunamente para o efeito na página web covid19.min-saude.pt”, revela a circular. Por outro lado, em alguns “contextos específicos, a comunicação desse resultado pode ser efetuada, alternativamente, ao médico assistente ou de saúde ocupacional/medicina do trabalho”.

De sublinhar que nos casos de resultados positivos, o reporte “deve ser acompanhado sempre que possível de informação relativa à identificação comercial do autoteste (marca), fabricante e código identificativo do lote do teste utilizado”. lê-se.

Além disso, após reportar um resultado positivo ou inconclusivo, será emitida a “prescrição para teste confirmatório com teste de amplificação de ácido nucleico (RT-PCR), caso não tenha havido para o utente/indivíduo em questão uma notificação laboratorial de teste com resultado positivo nos últimos 90 dias”. Além disso, a linha de saúde SNS24 deve transmitir ao utente indicações sobre o isolamento, bem como passar uma Declaração Provisória de Isolamento Profilático até ser conhecido o resultado do teste PCR.

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Autárquicas: Marcelo realça que compete ao Governo marcar a data e ao parlamento alterar a lei

  • Lusa
  • 22 Março 2021

Marcelo Rebelo de Sousa não comentou o calendário e modelo de realização das eleições autárquicas deste ano. Governo admitiu possibilidade de ter eleições em dois fins de semana.

O Presidente da República escusou-se esta segunda-feira a tomar posição sobre o calendário e modelo de realização das eleições autárquicas deste ano, realçando que compete ao Governo marcar a data e ao parlamento eventualmente alterar a lei eleitoral.

Em resposta a questões dos jornalistas, durante uma visita a uma escola básica em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “o Presidente da República não tem qualquer competência sobre a matéria” e defendeu que “não deve pôr-se a fazer cenários, a formular opiniões ou juízos sobre matéria que é da competência de outro órgão constitucional”.

“Quem é competente para alterar a lei eleitoral é a Assembleia da República. No quadro da lei eleitoral, quem é competente para marcar a data é o Governo”, realçou. Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que o Presidente da República tem a competência de marcar “a data das mais diferentes eleições, menos uma, que são as eleições autárquicas”.

Durante a visita à Escola Básica Parque Silva Porto, em Benfica, o chefe de Estado foi também interrogado sobre o processo de venda da concessão de barragens situadas na bacia hidrográfica do Douro pela EDP à Engie, mas recusou igualmente emitir opinião sobre este assunto.

“Neste momento há duas entidades que estão a investigar a matéria: a Autoridade Tributária, para dizer se, sim ou não, é devido o imposto de selo, e o Ministério Público, para dizer se, sim ou não, há alguma matéria para além dessa ou relacionada com essa que seja do foro criminal”, apontou. Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “até haver a pronúncia dessas entidades, tudo o mais, tudo o que seja opinião de quem quer que queira pronunciar-se sobre a matéria é prematuro”.

Na sexta-feira, em entrevista à agência Lusa, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, admitiu a possibilidade de as eleições autárquicas se realizarem em dois fins de semana devido à pandemia de covid-19. Eduardo Cabrita disse que nas eleições autárquicas “não é possível o voto em mobilidade porque isso implicaria ter tantos boletins de voto disponíveis quantas as três mil freguesias que existem no país e, portanto, seria uma operação logística impossível”.

No entanto, o ministro adiantou que existe “abertura para ponderar modelos”, sendo “a distribuição do voto entre dois fins de semana perfeitamente possível”, mas ressalvou que as leis eleitorais são matéria de “reserva absoluta” da Assembleia da República.

No sábado, numa intervenção fechada à comunicação social em reunião da Comissão Nacional do PS, o secretário-geral dos socialistas e primeiro-ministro manifestou-se contra a possibilidade de as eleições autárquicas se realizarem em dois fins de semana por causa da covid-19, considerando não faz sentido.

Segundo fontes socialistas, António Costo declarou que essa proposta “não faz sentido e é até perigosa” e argumentou que os dois atos eleitorais já realizados em situação de pandemia – as eleições regionais dos Açores e presidenciais – decorreram com plenas condições de segurança.

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Ganhos das tecnológicas levam Wall Street para o verde

O índice de referência do setor tecnológico, Nasdaq, avançou mais de 1% numa sessão marcada pelos ganhos das tecnológicas.

Wall Street fechou a primeira sessão da semana em alta, com os ganhos das tecnológicas a impulsionar o desempenho. Os investidores apostaram nestas cotadas, o que levou a uma valorização de mais de 1% no Nasdaq, índice de referência do setor tecnológico. A Tesla puxou também pelo desempenho.

As tecnológicas recuperam depois de terem registado quedas fortes. “As ações de tecnologia estão bastante abatidas e não é chocante vê-las a recuperar um pouco das quedas”, apontou Jake Wujastyk, analista-chefe e membro fundador da TrendSpider, citado pela Reuters.

O industrial Dow Jones subiu 0,31%, para os 32.730,35 pontos, enquanto o financeiro S&P 500 ganhou 0,70%, para os 3.940,56 pontos. Já o tecnológico ​​Nasdaq avançou 1,23%, para os 13.377,54 pontos.

Nas tecnológicas, algumas das gigantes registaram ganhos superiores a 2%. É o caso da Microsoft, que avançou 2,45% para os 235,99 dólares, da Apple, que subiu 2,83% para os 123,39 dólares, e da plataforma de streaming Netflix, cujos títulos somaram 2,13% para os 523,11 dólares.

Nota também para a Tesla, que avançou 2,31% para os 670,00 dólares, depois da Ark Invest ter fixado um novo preço alvo para as ações da elétrica liderada por Elon Musk. Vê o preço dos títulos mais do que quadruplicar até 2025.

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APPII manifesta “preocupação” com iniciativas do BE e Verdes sobre vistos ‘gold’

  • Lusa
  • 22 Março 2021

A APPII referiu, em comunicado de imprensa, que, a “serem concretizadas, estas iniciativas afastarão por certo o investimento estrangeiro do nosso país".

A Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) manifestou esta segunda-feira “preocupação” com as iniciativas dos partidos Bloco de Esquerda (BE) e os Verdes para acabar com os Vistos ‘gold’, de acordo com um comunicado.

Na mesma nota, a organização disse “manifestar publicamente a sua preocupação com as iniciativas recentes dos Partidos Bloco de Esquerda e os Verdes relacionadas com o decreto-lei de alteração do Programa de Residência para investimento, a denominada lei dos ‘vistos gold’, que o Governo publicou recentemente em Diário da República, concretamente a 12 de fevereiro deste ano”.

No dia 10 de março, o BE disse que ia pedir a apreciação parlamentar do decreto-lei do Governo que altera os Vistos ‘gold’, considerando que este diploma tem recuos sem mudar “quase nada”, e insiste na necessidade de revogar definitivamente este regime.

Por sua vez, o Partido Ecologista Os Verdes que é, há anos, contra os “vistos gold” em Portugal decidiu apresentar um projeto de lei nesse sentido na Assembleia da República, anunciou no dia 21 de março.

De acordo com a APPI, a “instabilidade legislativa e fiscal afasta investidores e prejudica a reputação de Portugal”, destacando que a “serem concretizadas, estas iniciativas afastarão por certo o investimento estrangeiro do nosso país. A APPII exige por isso que o Parlamento mantenha em vigor a alternativa legislativa aprovada em 2019 e legislada recentemente em 2021, permitindo assim a manutenção do investimento estrangeiro, gerando ganhos e empregos para iniciar o processo de retoma económica tão necessária”.

A associação garantiu ainda que “desde 2012, o Programa de Residência para Investimento captou 5,7 mil milhões de euros de investimento, permitindo que os investidores estrangeiros anualmente tenham vindo a investir na fileira da construção e do imobiliário outros 5,0 mil milhões de euros. Em 2019, este programa foi ainda capaz de atrair 700 milhões de euros. De 2020 até agora atraiu 647 milhões de euros”.

A associação garantiu ainda que Bruxelas não quer o fim deste regime, garantindo que “as ações e os processos que foram instaurados o ano passado contra Chipre, Malta e Bulgária diziam respeito a programas de concessão de cidadania, não tendo nada que ver o Programa ARI português, que apenas concede Autorizações de Residência (para investimento) temporárias por cinco anos, mediante comprovativo de manutenção do investimento realizado”.

Por fim, a entidade rejeita o perigo de branqueamento de capitais garantindo que “é uma possibilidade latente em muitas outras atividades do nosso sistema económico. Importa que o Estado e os organismos de supervisão cumpram a sua missão e evitem estas situações. Acresce ainda que a legislação em vigor obriga promotores imobiliários, bancos, mediadores, notários, advogados a denunciar e evitar esta ameaça”.

De acordo com a APPII, “este tipo de ações vem lesar as expectativas criadas junto dos investidores internacionais respeitantes aos investimentos que fazem em Portugal”.

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Austrália: Seguros declaram catástrofe face às piores cheias em 60 anos

  • ECO Seguros
  • 22 Março 2021

O Conselho australiano de seguros considera que é ainda precoce estimar a amplitude de danos segurados, mas as seguradoras já acumulam milhares de reclamações de sinistro.

As cheias resultantes de chuvas torrenciais que fustigaram a região onde se localiza a cidade de Sydney, na Austrália, originaram milhares de reclamações de seguros, justificando declaração de catástrofe em vastas zonas de New South Wales (NSW), anunciou o Insurance Counsil of Australia (ICA), Conselho de Seguros.

Face à situação de catástrofe na Nova Gales do Sul, as seguradoras darão prioridade ao tratamento das participações de sinistro apresentadas por tomadores de seguros afetados pelas intempéries, por forma a acelerar assistência direta aos donos de propriedades afetadas pelas inundações, assegura o ICA adiantando que as companhias de seguros mobilizaram equipas de resposta a desastres e peritos para assistirem aos reclamantes.

A situação a sudeste de Queensland também preocupa as autoridades e será objeto de avaliação para decidir se a declaração de catástrofe deve ser estendida àquela região do nordeste do país, adiantou a entidade facilitando números de telefone de emergência e recomendações aos habitantes das zonas sinsitradas.

Citado num comunicado da organização australiana de seguros, Andrew Hall, CEO do ICA, afirmou que ainda é cedo para compreender a amplitude dos estragos causados nas propriedades das zonas afetadas e estimar o custo dos danos segurados, mas as companhias de seguros acumularam mais de 5000 participações de sinistro nos últimos dias.

Desde o início das chuvas torrenciais, perto de 20 mil pessoas foram deslocadas das áreas de residência e as populações têm sido aconselhadas a seguir as orientações dos serviços de emergência, enquanto diversas zonas afetadas pelas chuvas dos últimos dias continuam inacessíveis.

De acordo com a agência Reuters, duas das três maiores seguradoras australianas avançaram números sobre a evolução das reclamações recebidas. A Suncorp já recebeu 1300 reclamações e perspetiva um incremento de participações nos próximos dias. Por seu lado, até domingo, o Insurance Australia Group contabilizou mais de 2100 participações, na maioria relacionadas com danos em propriedades.

As previsões meteorológicas apontam para a continuação das chuvas esta semana.

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Mediadores espanhóis vão ter barómetro de preços por ramos de seguro

  • ECO Seguros
  • 22 Março 2021

O primeiro relatório Prisma centra-se no ramo Automóvel e motociclos e nos seguros Multirriscos habitação e empresas. O projeto pretende divulgar dados trimestrais sobre os prémios.

A E2K Brokernet, rede profissional que reúne mais de 200 corretores de seguros em Espanha, estreou um novo projeto (Prisma) dedicado a publicações regulares, elaboradas com base em análise e big data e objetivo assumido de melhorar a informação disponibilizada aos profissionais que operam na distribuição de coberturas.

O primeiro relatório, designado Asegurómetro, apresenta uma retrospetiva de preços de seguros e respetivo comportamento em 2020. De acordo com os resultados apresentados, com referência ao 4º trimestre de 2020, o prémio do seguro Habitação foi o único a registar subida face a 2019 (+0,86%), um incremento absoluto de dois euros, para um prémio médio de 237 euros.

Já o valor do prémio no seguro automóvel, calculado em 369 euros, desceu 2,91%, ou 11 euros menos em comparação com o que os automobilistas pagaram em 2019. Nos motociclos, o prémio médio do seguro recuou 2,13%, para 166 euros, um declínio de quatro euros face ao valor de 2019.

Por fim, o multirrisco contratado por clientes de seguro com atividade empresarial (comércios) registou decréscimo de 1,2%, ou menos seis euros face a 2019, com o prémio médio a situar-se nos 477 euros.

O Prisma tem a intenção de fornecer com regularidade uma análise trimestral de prémios de seguro, noticiou o portal Aseguranza adiantando que a segunda edição do relatório abordará o contexto de pandemia e os fatores da Covid-19 que mais afetaram os corretores, enquanto canal de distribuição de seguros.

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Allianz e AXA investem na Stripe, tornada fintech mais valiosa do mundo

  • ECO Seguros
  • 22 Março 2021

Os fundos angariados em ronda de série H vão servir para duplicar a capacidade da sua base, em Dublin, e responder à procura crescente por parte de grandes empresas na Europa.

A Stripe, fintech fundada em 2010 pelos irmãos Patrick e John Collison, concluiu ronda de financiamento (série H), captando 600 milhões de dólares (cerca de 500 milhões de euros), em condições que lhe conferem uma valorização de 95 mil milhões de dólares (80 mil milhões de euros), a mais elevada alguma vez alcançada por uma tecnológica de Sillicon Valley e ainda não cotada em bolsa.

A operação financeira teve como primary investors a Allianz X e a AXA, além do Estado irlandês – que aplicou 50 milhões através de fundos geridos por uma agência do Tesouro – e as sociedades (ou venture capital) Baillie Gifford, Fidelity Management e a Sequoia Capital, que investe na Stripe desde a germinação (fase seed).

Com a valorização (95 mil milhões de dólares) alcançada após a ronda de levantamento de capital, mais do que a duplicar de valor em apenas um ano, a empresa criadora de infraestruturas para negócios digitais (uma plataforma onde assentam diversas outras aplicações para gestão de pagamentos, fluxos de tesouraria e proteção contra fraudes), a irlandesa é catapultada para a posição de fintech norte-americana mais valiosa de sempre (antes de cotar em bolsa) e o segundo maior unicórnio do planeta, precedido apenas pela ByteDance, gigante de crescimento imparável no mercado de recursos digitais para a educação (EdTech), na China.

Em comunicado, a Stripe refere que os fundos recolhidos nesta ronda de financiamento serão aplicados na Europa e na duplicação da dimensão da sede da empresa, em Dublin, para responder à crescente procura de serviços por parte de “peso-pesados” em toda a Europa e, avançar na segunda década de existência da companhia, expandindo a nível global nos pagamentos e diversificar a extensa lista de produtos (APIs e integração de aplicações) desenvolvidos pela fintech que cresce a simplificar quase tudo no ecossistema das transações eletrónicas, desde movimentos por cartões bancários, processamento e aceitação de pagamentos, gestão de fluxos de tesouraria, gestão antifraude e até ajuda à estruturação e registo de negócio de outras startups digitais nos EUA.

Dos 42 países onde a Stripe desenvolve atividade, 31 localizam-se na Europa, e muitas das empresas europeias e marketplaces de mais rápido crescimento a nível global usam soluções da Stripe, explica a tecnológica nomeando os exemplos Deliveroo (Reino Unido), Doctolib e ManoMano (França), Glofox (Irlanda), Klarna (Suécia), N26 (Alemanha). Recentemente, Axel Springer, Jaguar Land Rover, Maersk e Metro optaram pelas plataformas da Stripe para integrarem aplicações de pagamento eletrónico, crescerem através de receitas geradas no e-commerce.

“Quer seja no segmento fintech, na mobilidade, no retalho ou ao nível SaaS (Software as a Service), a oportunidade de crescimento na economia digital europeia é imensa”, afirmou John Collison, co-fundador e presidente da empresa que, até agora, não tem obrigação de apresentar contas ao mercado.

Allianz X assume interesse de longo prazo na Stripe

A carteira de clientes da Stripe inclui atualmente mais de 50 empresas líderes nas respetivas categorias económicas, cada uma com mais de 1000 milhões de dólares de faturação anual, na generalidade a processarem pagamentos e transações através das infraestruturas digitais criadas com base nos códigos desenvolvidos pela tecnológica irlandesa.

A Allianz X, unidade do grupo segurador alemão dedicada a investimentos na área digital em cujo portefolio se inclui o banco digital N26, justifica a participação na ronda financiamento com o objetivo de apoiar a estratégia e a operação europeia da Stripe “no longo prazo.”

A inovação que a Stripe trouxe à economia online durante a última década é espantosa. Adotando uma abordagem tech-first e ao tornar o processamento de pagamentos mais acessível, a Stripe abriu o caminho para modelos de negócio inteiramente novos”, referiu Nazim Cetin, CEO da Allianz X, citado num comunicado.

Embora os negócios através da internet cresçam mais depressa do que o resto da economia, só 3% do comércio global é feito online. Tal é o potencial de crescimento da economia digital, refere informação no site da Stripe. A pandemia e um universo de multinacionais e de pequenas empresas a procurarem adaptar-se e ganhar escala no comércio eletrónico impulsionaram a aceleração da Stripe, cujo ritmo de crescimento pode ser comparável ao de outros gigantes como a Amazon ou a Shopify.

Segundo o Financial Times, desde o início da pandemia, 200 mil empresas europeias subscreveram os serviços fornecidos pela plataforma. Na condição pré IPO (antes de abrir capital ao mercado), a Stripe vale mais do que valiam a Uber e a Facebook antes dos respetivos IPO (oferta pública inicial ou dispersão de capital em bolsa).

O trajeto da Stripe reproduz o talento e o percurso de sucesso dos Collison. Em 2005, quando tinha 16 anos, Patrick venceu um concurso de jovens cientistas na Irlanda e, daí seguiu-se a experiência em universidades norte-americanas. Dez anos depois de ser criada pelos irmãos Patrick (CEO) e John (Presidente), beneficiando do apoio da aceleradora Y Combinator, da primeira sede social, em São Francisco (EUA) e visibilidade em Sillicon Valley, a Stripe é, hoje, também um caso de reputação que se estende a mais de 100 países.

Já este ano, visando orientar a escalada internacional (por acréscimo, no último ano, de 15 novos mercados na Europa, Ásia e América Latina), a fintech anunciou a contratação de Christa Davies para o conselho de administração da Stripe. A executiva de origem australiana esteve 12 anos na Aon Plc, onde exerceu como vice-presidente executiva e CFO. Antes da Aon, Christa passou pela Microsoft, chefiando a administração financeira da divisão de Platform and Services, a mais lucrativa da companhia de Redmond (EUA).

Outro reforço de peso na Stripe é Mark Carney que, em fevereiro, foi anunciado como novo elemento do board da tecnológica. Carney foi governador dos bancos centrais do Canadá e de Inglaterra. Com larga experiência acumulada no sistema financeiro internacional e na área de governance, Mark Carney constitui referência internacional em finanças sustentáveis e, após deixar o Banco de Inglaterra, foi nomeado representante especial das Nações Unidas para as questões do Clima.

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