Novo Banco recupera 25% dos 60 milhões de ex-projeto imobiliário do GES em Gaia

Novo Banco continua a recuperar dinheiro do Invesfundo III. Já recebeu 25% dos 58 milhões de euros que reclama do Invesfundo III, um fundo imobiliário do GES que tinha um projeto imobiliário em Gaia.

O Invesfundo III é um fundo imobiliário do antigo Grupo Espírito Santo (GES) que chegou a ter um megaprojeto imobiliário de 60 milhões de euros em Gaia. O empreendimento nunca chegou a sair do papel e a sociedade entrou em insolvência no ano passado, deixando o Novo Banco a reclamar uma dívida de quase 58 milhões. A instituição financeira está a recuperar aos poucos essa dívida e está prestes a receber cerca de um quarto do dinheiro que reclama ao fundo.

Depois de já ter recebido 11,1 milhões de euros, o Novo Banco prepara-se agora para ter um novo encaixe: 3,5 milhões de euros, de acordo com a proposta de rateio parcial do administrador de insolvência daquele fundo imobiliário, Bruno Costa Pereira.

O Invesfundo III foi criado em 2006 pelo GES, tendo em vista o desenvolvimento de um empreendimento em Gaia, o Douro Atlantic Garden, que era promovido pela Espírito Santo Property e financiado a 100% pelo BES.

Porém, depois de anunciado em 2013, o projeto não veio a concretizar-se e a Invesfundo III, já depois do colapso do universo Espírito Santo em 2014, deixou um rasto de dívidas, sobretudo no Novo Banco.

Após a declaração de insolvência em junho do ano passado, o Bruno Costa Pereira começou a alienar os imóveis detidos pelo fundo. Esses negócios já permitiram liquidar 14,6 milhões de euros, quase 25% do montante que o banco diz ser credor. Foram feitos reembolsos em março, junho, agosto e agora mais um, em setembro.

Desta forma, dos 58 milhões de euros que reclamava há um ano, o banco já só tem de reaver cerca de 43 milhões, segundo as contas do administrador de insolvência.

Além do Novo Banco, foram também reconhecidos como credores do Invesfundo III a Autoridade Tributária e a Gesfimo, com dívidas de cerca de 200 mil euros. O administrador de insolvência assegura que o pagamento ao Novo Banco não compromete a posição dos outros credores, nem põe em causa o pagamento das custas da massa insolvente.

Futuros negócios renderão mais de 20 milhões

No requerimento apresentado ao tribunal, o administrador de insolvência fez uma atualização do processo de venda dos ativos imobiliários do fundo.

Até ao momento, os negócios já fechados permitiram encaixar 12,5 milhões de euros. Já aceitou outras propostas para a venda de 12 verbas, faltando ainda a escritura de compra-venda, sendo que já recebeu três milhões de euros referentes a sinais e conta receber mais 12,7 milhões até final do ano por conta destas vendas.

Há ainda quatro verbas que não receberam qualquer oferta e que se encontra avaliadas em 8,4 milhões de euros.

Neste cenário, Bruno Costa Pereira admite “entradas futuras expectáveis” superiores a 21 milhões de euros no âmbito da liquidação em curso.

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Tornar englobamento no IRS obrigatório ameaçaria capitalização das empresas

O englobamento obrigatório de todos os tipos de rendimentos no IRS é uma das matérias que estão a ser discutidas, na preparação do Orçamento do Estado para 2022.

O Governo está a negociar com a esquerda o englobamento obrigatório dos diversos tipos de rendimento no IRS, no âmbito do Orçamento do Estado para 2022. Esta não é a primeira vez que a medida é colocada em cima da mesa — aliás, consta até do programa do Executivo de António Costa –, mas nunca chegou a sair da gaveta. Os fiscalistas ouvidos pelo ECO avisam agora que, a concretizar-se, estará em causa um agravamento dos impostos, que poderá trazer efeitos muito negativos à economia, como a descapitalização das empresas e o desincentivo ao mercado de arrendamento.

No programa com que o PS concorreu às eleições legislativas de 2019, estava clara a vontade de “caminhar no sentido do englobamento dos diversos tipos de rendimento em sede de IRS”. Mais tarde, essa medida viria a constar também do programa do Governo. E esta é também uma das grandes bandeiras do PCP, para a área fiscal.

Assim, na discussão na especialidade dos Orçamentos do Estado para 2020 e 2021, por exemplo, estiveram em cima da mesa propostas comunistas neste sentido, mas os socialistas ajudaram a chumbá-las. Agora, segundo o ECO apurou, o assunto voltou a ser trazido para a ribalta, no âmbito das negociações à esquerda do Orçamento para 2022. Os fiscalistas ouvidos pelo ECO deixam, contudo, críticas a essa medida e avisam que será sinónimo de um agravamento fiscal.

Atualmente, o englobamento no IRS é opcional para três categorias de rendimentos: E (rendimentos capitais, como juros de depósitos ou dividendos), F (rendimentos prediais) e G (incrementos patrimoniais). Nestes casos, o contribuinte pode optar por não somar estes valores aos seus rendimentos, por exemplo, do trabalho dependente e, em vez disso, sujeitá-los a uma taxa liberatória fixa de 28%.

Ora, como o IRS é progressivo, juntar estes valores aos demais poderia significar uma subida de escalão e, consequentemente, da taxa a aplicar, sendo que essa taxa de 28% é mais baixa do que aquela prevista (a taxa normal) para cinco dos sete escalões, pelo que é tendencialmente mais vantajoso optar por não englobar os referidos tipos de rendimentos.

Nas propostas que deu a conhecer nos anos anteriores, o PCP defendia, por exemplo, que os contribuintes com rendimentos acima de 100 mil euros anuais deveriam estar sujeitos ao englobamento obrigatório dos rendimentos prediais e de capital. Para este ano, ainda não se sabe o que está, em concreto em cima da mesa, mas, como está desenhado o modelo tributário, deverá significar mais impostos para certos contribuintes.

“O englobamento total de todas as categorias de rendimentos, tendo em conta as escandalosas taxas normais de IRS e os miseráveis escalões a que estamos sujeitos, mais não significaria do que um aumento da carga tributária direta para quem ainda vai tendo alguma propensão para a poupança“, sublinha João Espanha, advogado da Espanha e Associados, em declarações ao ECO. O especialista em fiscalidade explica que é, sobretudo, nos rendimentos capitais “que a pancada se fará sentir” e atira que o alargamento do englobamento “é, em geral, antissistémico” — isto é, vai contra “alguns dos pilares do tributo” –, além de estar desalinhado com as mais recentes tendências. “Só se justifica como moeda de troca para manter o poder. O partido do Governo trocará um forte desincentivo à poupança por mais um Orçamento do Estado patchwork“, acrescenta.

Sobre o lado político desta medida, João Espanha diz ainda que negociar o englobamento dos diversos tipos de rendimentos no IRS “no regateio do OE é uma péssima ideia”. “Parece-me totalmente tonto pretender um IRS super progressivo e, de outra banda, sofrermos a carga de uma miríade de tributos indiretos regressivos, que pesam mais a quem ganha menos”, frisa ainda o fiscalista.

Também Nuno Cunha Barnabé, sócio da Abreu Advogados, critica a possibilidade de o englobamento no IRS se tornar obrigatório para os chamados rendimentos passivos. “É uma alteração profunda à estrutura atual do IRS”, começa por salientar, em conversa com o ECO o especialista, que lembra que, na reforma do IRS de 2015, o englobamento também foi ponderado, mas acabou descartado face a uma série de argumentos “que se mantêm válidos“.

Nuno Cunha Barnabé sublinha que estão em causa rendimentos “muito flexíveis”, pelo que qualquer alteração significativa à tributação — como a implicada na medida em questão — levaria os investidores a “ajustarem os seus comportamentos“. Resultado? As empresas portuguesas poderiam ficar ainda mais descapitalizadas e, no mercado de arrendamento, esta medida poderia ser mesmo um desincentivo.

A propósito, João Caiado Guerreiro, da Associação Portuguesa de Proprietários (APPROP), enfatiza que “ao aumentar a pressão fiscal” vai cair o investimento “em casas novas, na reabilitação e, claro, aumentar as rendas”. Isto quando hoje “mais de metade da renda” já vai para o Estado, através de impostos. “Quando um inquilino paga a uma renda de mercado de 1.000 euros em Lisboa, três meses são para pagar os 28% da taxa liberatória de IRS“, detalha Diana Ralha, da Associação Lisbonense de Proprietários, que diz ver com “enorme apreensão” a possibilidade de o englobamento se tornar obrigatório para os diversos tipos de rendimentos.

“O englobamento obrigatório afetaria, diretamente, todos os investidores que apostaram nos últimos anos no mercado do arrendamento e potenciará a fuga ao fisco, sendo expectável que um maior número de contratos de arrendamento fique por registar para que se evite a aplicação de taxas mais elevadas do que a de 28% e poderá mesmo provocar um aumento do valor das rendas, já de si altas, especialmente em Lisboa e Porto, pois, sendo a carga fiscal superior, é expectável que os senhorios aumentem as rendas para suportar esse encargo“, antecipa, nesse sentido, Rogério Fernandes Ferreira, da RFF Advogados.

O já mencionado advogado da Abreu frisa, por outro lado, que, entre os demais países europeus, a tendência não é o englobamento, mas a alteração da taxa ou até a criação de vários escalões nessa taxa. Optar por um caminho diferente poderia levar, acrescenta o mesmo, a um “desvio do investimento“, particularmente grave num momento em que as empresas e a economia nacional ainda não recuperaram do impacto da crise pandémica. “A solução tem de ser muito bem calibrada e cirúrgica“, defende, por isso, Barnabé, que atira que, caso contrário, nem é “evidente” que este englobamento tenha “potencial de receita fiscal significativa”.

Inês Pereira de Melo, advogada da Carlos Pinto de Abreu & Associados, junta-se aos críticos: “O englobamento obrigatório para todos os tipos de rendimentos é uma medida irresponsável, uma brutalidade, um absurdo total, uma inusitada violência fiscal. Pior, é uma medida cega, destrutiva e violadora dos princípios da razoabilidade e da equidade“. Em declarações ao ECO, a advogada defende que tal medida “impeliria as pessoas à fuga, à inércia ou à desistência”, desincentivando a poupança e o investimento. “As famílias e, sobretudo, a classe média veriam chegar o sistema fiscal a um ponto verdadeiramente confiscatório“, diz.

Também as advogadas Marta Gaudêncio e Maria Norton dos Reis, da Pares Advogados, não veem com “bons olhos” a possibilidade de o englobamento se tornar obrigatório para todos os tipos de rendimentos. “Perder-se-ia a previsibilidade de conhecimento sobre a tributação que o legislador, até ao momento, entendeu conferir a certos tipos de rendimento – que, de resto, vigora em vários países”, salientam e garantem que não têm dúvidas de que esta medida desincentivaria o investimento. “Quanto aos rendimentos de capitais, tornar-se-á cada vez menos interessante realizar investimentos financeiros, o que seguramente não irá estimular a poupança e poderá ter consequências ao nível dos mercados de capitais e do investimento realizado nas empresas. É preciso não esquecer que são as empresas que criam emprego, sendo necessário dar-lhes condições para o fazerem”, afirmam, em declarações ao ECO.

A propósito, Samuel Fernandes de Almeida, da Vieira de Almeida, admite que tornar o englobamento obrigatório “poderá ser um desincentivo [ao investimento], quando Portugal já é o 33º do ranking da competitividade fiscal no seio da OCDE, que conta com 40 membros”, mas sublinha que o problema é mais amplo do que isso: “O problema está no modelo económico e fiscal proposto e imposto aos portugueses“, diz ao ECO.

Já Fernando Castro Silva, sócio da Garrigues, sublinha que o incentivo ao investimento “pode também ser dado pelo achatamento da curva da tributação“, Isto uma vez que, “com o efetivo alargamento da base tributável através do englobamento”, será possível reduzir gradualmente as taxas de tributação sem afetar os níveis de arrecadação essenciais ao financiamento do Estado, salienta o especialista.

As negociações sobre o Orçamento do Estado para 2022 vão continuar a decorrer, sendo que o Governo tem de apresentar no Parlamento a sua proposta de OE até 11 de outubro. Para a área fiscal, está também previsto o desdobramento dos escalões do IRS, além do prolongamento do IRS Jovem e do reforço das deduções fixas por dependente. O ministro das Finanças já garantiu que 2022 não será um ano de austeridade.

(Notícia atualizada às 10h25 com mais informação)

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Proprietários avisam que englobamento obrigatório no IRS vai aumentar rendas e tirar casas do mercado

Governo está a ponderar tornar o englobamento de rendimentos no IRS obrigatório. Proprietários dizem que isso "mais do duplica" a carga fiscal e trará consequências para os inquilinos.

Se até aqui os proprietários podiam optar por tributar os rendimentos de capitais, prediais (rendas) e as mais-valias de forma separada dos rendimentos de trabalho, a partir do próximo ano isso poderá deixar de ser uma opção. O ECO sabe que o Governo está a negociar com a esquerda, no âmbito do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), o englobamento obrigatório de rendimentos no IRS, o que poderá trazer um agravamento fiscal para muitos proprietários. Ao ECO, as associações representativas do setor alertam para isso mesmo, o aumento da carga fiscal, e para as consequências para inquilinos: subida das rendas para compensar o aumento do imposto e a retirada de casas do mercado de arrendamento.

Atualmente, os rendimentos de capitais, prediais e as mais-valias podem ser tributados de forma separada (normalmente a uma taxa liberatória de 28%), mas também podem ser englobados juntamente com os rendimentos de trabalho (aqui, aplicam-se as taxas de IRS que variam dos 14,5% aos 48%, sem contar com o adicional do IRS). Os contribuintes escolhem o que for mais vantajoso, consoante os rendimentos que tenham.

Na discussão dos Orçamentos do Estado para 2020 e 2021, o PCP propôs acabar com estas alternativas e tornar obrigatório o englobamento dos rendimentos, mas o PS chumbou as propostas nos dois anos. Contudo, o ECO sabe que o tema voltou a estar em cima da mesa nas negociações do OE2022, embora se desconheçam os detalhes da proposta.

Em declarações ao ECO, o presidente da Associação Nacional de Proprietários (ANP) diz que esta proposta tem por trás dois interesses. “Do lado do Governo é aumentar a receita fiscal (haverá uma quebra muito grande de rendimentos prediais), enquanto do lado dos partidos de esquerda — que são os compagnons de route –, o interesse único é a extinção dos pequenos proprietários“, diz António Frias Marques.

E porque, diz, “nunca se fazem as coisas só por fazer”, o responsável questiona-se quanto à lei criada em 2019, que previa uma taxa de apenas 10% para os proprietários que assinassem contratos de arrendamento por mais de 20 anos. “Vão dar um pontapé na lei recente? É uma incógnita”, nota, ressalvando não saber o que acontecerá se esta proposta vier efetivamente a ser aprovada.

“Mais de metade da renda vai para o Estado sob forma de impostos”

Por outro lado, o presidente da Associação Portuguesa de Proprietários (APPROP) antecipa duas consequências futuras. Notando que é “relativamente fácil ultrapassar esses 28%”, uma vez que “os escalões [de IRS] em Portugal são baixíssimos“, João Caiado Guerreiro não tem dúvidas que “ao aumentar a pressão fiscal, vai-se reduzir o investimento em casas novas e na reabilitação e, claro, vai-se aumentar as rendas”.

Além disso, o responsável, que é também advogado, acredita que “haverá, certamente, proprietários a desistir do mercado de arrendamento”, dado que “podem preferir vender ou manter as casas vazias até encontrarem um preço que lhes interesse”.

“A proposta não faz sentido, porque não traz benefícios nenhuns” para os proprietários, afirma João Caiado Guerreiro, detalhando que “as casas já são brutalmente tributadas”, desde o IMI, ao IMT, ao IVA, às diferentes taxas aplicadas pelas câmaras, etc. “Hoje em dia, mais de metade da renda vai para o Estado sob forma de impostos. Se calhar só 30% ou 40% da renda é que é líquida”, afirma.

Diana Ralha, diretora da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), diz ao ECO que “não existe estabilidade legislativa nem fiscal” e que Portugal vive um “maremoto de legislação”. “Estamos numa situação em que quando um inquilino paga uma renda de mercado de 1.000 euros em Lisboa, três meses são para pagar 28% de taxa liberatória de IRS ao Estado“, nota.

Assim, a responsável nota que “só proprietários com rendas congeladas e miseráveis é que optam” pelo englobamento dos rendimentos. “Não é preciso ser rico para o Estado levar 40% dos rendimentos”, afirma, antecipando que, com a aprovação desta medida, “os proprietários vão mais do que duplicar a fatura fiscal que têm, que neste momento é absurda”.

Benefícios para rendas acessíveis? “Proprietários não cedem a chantagens”

Embora os detalhes da proposta não sejam conhecidos, o Governo tem aprovado várias medidas no sentido de incentivar os proprietários a praticarem rendas acessíveis em troca de benefícios fiscais. Desde logo com a criação do Programa de Arrendamento Acessível (PAA), lançado em julho de 2019, que prevê a disponibilização de casas de privados a preços abaixo do valor de mercado. Contudo, nestes dois anos, o falhanço é notório quando comparado o número de candidaturas de arrendatários e o escasso número de candidaturas de proprietários.

“O Governo tem atualmente um programa de renda acessível que falhou todos os seus objetivos por uma única razão: a falta de confiança que os proprietários têm no Estado“, diz Diana Ralha, sublinhando que esta proposta “é mais gasolina na fogueira”.

Entre os benefícios fiscais oferecidos aos proprietários que entrem no mercado de arrendamento acessível estão, por exemplo, isenções de IMI. “Em matéria de rendimentos prediais, isentamos a tributação para quem coloque os imóveis em regime de arrendamento acessível ou faça contratos sem precariedade“, disse o primeiro-ministro, durante o debate do Programa do Governo, em 2019. “Para quem não o faz — e tem direito a não o fazer — é provável que o englobamento venha a traduzir-se num agravamento de impostos”, admitiu.

Mas a diretora da ALP afirma: “Nenhum proprietário, a não ser que seja por chantagem, irá aceitar isto. Os proprietários não cedem a chantagens”. Diana Ralha afirma que é “necessário começar a pensar na habitação de outra forma e perceber que o congelamento das rendas é errado e que cabe ao Estado subsidiar os inquilinos”. “Isto é mais uma machadada na confiança dos proprietários”, afirma.

Com tudo isto, a responsável acredita que irá resultar na “extinção da profissão de senhorio”, algo que “o Governo está a fazer muito rapidamente”. E, relembrando que “os senhorios são pessoas e não escritórios de advogados”, afirma que o mercado poderá ficar “completamente entregue a fundos internacionais e proprietários sem rosto” e que, nessa altura, as consequências serão bem piores.

Como afirma João Caiado Guerreiro, presidente da APPROP, a ser aprovada, esta medida “é má para os proprietários e reflexamente má para os inquilinos”. “No fundo, é mais um aumento dos custos da habitação”, afirma.

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IL critica englobamento obrigatório de rendimentos em IRS

  • ECO
  • 21 Setembro 2021

A Iniciativa Liberal acusa António Costa de querer fazer um aumento de impostos com o englobamento obrigatório de rendimentos prediais e outros em sede de IRS.

A Iniciativa Liberal é contra “qualquer medida” de englobamento de rendimentos prediais ou outros em sede de IRS. O partido liderado por João Cotrim Figueiredo refere, em comunicado, que a notícia avançada pelo ECO sobre um eventual acordo do PS com os parceiros de esquerda sobre o englobamento obrigatório de rendimentos representará um “agravamento fiscal”. “Depois de ter afirmado que iria baixar impostos, eis António Costa a deixar claro que a sua solução é a inversa e, em negociação com outros partidos de esquerda, se prepara para um agravamento fiscal”.

A Iniciativa Liberal lembra precisamente a entrevista do deputado único ao ECO no passado dia 30 de novembro. João Cotrim Figueiredo afirmou, então, que a descida de impostos prometida com o desdobramento de escalões de IRS “pode ser acompanhada pelo englobamento obrigatório”. Neste quadro, “não é certo que todos os contribuintes fiquem a ganhar com as mudanças que se perspetivam no Orçamento do Estado para 2022 (OE2022)” .

Para os liberais, “a intenção de tornar obrigatório o englobamento revela uma profunda hipocrisia do PS e dos partidos à esquerda que lhe dão suporte. Na verdade, enquanto manifestam, mais uma vez com finalidade meramente eleitoralista e propagandística, uma grande preocupação com os problemas da habitação durante a campanha das autárquicas, estão ao mesmo tempo a preparar um golpe de misericórdia no mercado de arrendamento que prejudicará milhares e milhares de portugueses que procuram soluções de habitação”.

A Iniciativa Liberal considera que o agravamento da tributação sobre os rendimentos prediais “levará alguns proprietários a aumentar o valor pedido pelas rendas e muitos outros a perder interesse em investir para arrendar. A consequência óbvia será a rarefação da oferta e dificuldades agravadas para todos os que procuram casa para arrendar (…) enquanto os seus candidatos autárquicos prometem, durante a campanha eleitoral, soluções mirabolantes e impossíveis de concretizar”.

Como o ECO revelou, na discussão na especialidade dos orçamentos do Estado para 2020 e 2021, os socialistas chumbaram as propostas do PCP no sentido de tornar o englobamento obrigatório, mas o assunto foi ressuscitado nas negociações que estão agora a decorrer com a esquerda para o Orçamento de 2022.

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Evergrande e Fed assustam Wall Street. Nasdaq cai 2%

Bolsas americanas tiveram uma segunda-feira para esquecer. Problemas com a Evergrande assustaram os investidores, que estão de olhos postos na Fed. Aviação em alta com alívio nas regras dos voos.

Wall Street arrancou a semana com perdas de 2%, num dia em que os mercados mundiais tremeram por causa dos problemas financeiros da gigante do imobiliário chinês Evergrande.

Por outro lado, os investidores também adotaram uma abordagem mais cautelosa à espera da reunião de política monetária da Reserva Federal norte-americana, que decorre esta terça e quarta-feira. Os analistas acreditam que o banco central vai deixar pistas sobre uma redução dos estímulos, mas só fará um anúncio na reunião de novembro ou dezembro.

Neste contexto, o S&P 500 caiu 1,70% para 4.357,64 pontos. O industrial Dow Jones cedeu 1,78% e o tecnológico Nasdaq perdeu 2,19%.

As ações da Microsoft, Alphabet (dona do Google), Amazon, Apple e Facebook deslizaram entre 1% e 3%, e registaram as maiores quedas em Nova Iorque.

Por outro lado, o setor da aviação escapou ao sentimento negativo, isto depois das notícias de que as autoridades americanas se preparam para aliviar as restrições nos voos internacionais. A Delta Air Lines e a American Airlines subiram 1,72% e 3%, respetivamente.

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Charles Michel denuncia “falta de lealdade” dos EUA na crise dos submarinos

  • Lusa
  • 20 Setembro 2021

A União Europeia pede a Washington um “esclarecimento” para “tentar compreender melhor quais são as intenções” do anúncio de uma parceria estratégica entre EUA, Reino Unido e Austrália.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, denunciou esta segunda-feira a “falta de lealdade” e de “transparência” dos Estados Unidos na crise dos submarinos, que opõem este país à França.

“Os princípios elementares entre aliados são a transparência e a confiança. Seguem juntos. E aqui, o que vemos? Uma clara falta de transparência, de lealdade”, disse Michel aos jornalistas em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral da ONU, que começa terça-feira.

Nesse sentido, acrescentou, a União Europeia (UE) pede a Washington um “esclarecimento” para “tentar compreender melhor quais são as intenções” do anúncio de uma parceria estratégica entre os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália, uma vez que “é incompreensível”.

O anúncio, a 15 deste mês, de um pacto de segurança concluído pelos norte-americanos com a Austrália e o Reino Unido gerou indignação, pois foi à revelia da França, que perdeu no processo um enorme contrato de submarinos encomendados por Camberra.

Os europeus acordaram com a sensação de terem sido ignorados pelo Presidente norte-americano, o democrata Joe Biden, tal como acontecia nos dias do seu antecessor republicano Donald Trump.

Sob a liderança do ex-presidente dos Estados Unidos, “estava claro, pelo menos, no tom, na substância, na linguagem, que a UE não era um parceiro, um aliado essencial”, observou Michel, para quem esta situação exige “mais uma vez” o reforço da capacidade de ação e defesa europeia.

“Temos de desenvolver a nossa capacidade de atuação, não contra os nossos aliados, mas sim porque, se formos mais fortes e robustos, então as nossas alianças também serão mais fortes”, sublinhou o responsável europeu.

Se a China é a prioridade número um dos Estados Unidos, então estes devem escolher “fortalecer a relação transatlântica” e não “enfraquecê-la”, acrescentou.

As palavras de Michel surgem no mesmo sentido das proferidas pela presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, que classificou esta segunda-feira como “inaceitável” o tratamento dado a França, vincando que a UE quer “saber o porquê”.

“Um dos nossos Estados-membros foi tratado de uma forma que não é aceitável. […] Nós queremos saber o que se passou e porquê”, vincou, em entrevista ao canal noticioso norte-americano CNN.

Em Nova Iorque para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas, a líder do executivo comunitário reagia, nesta entrevista, às implicações do pacto AUKUS, que levou ao fim de um grande negócio de armas entre a França e a Austrália.

O pacto AUKUS (iniciais em inglês dos três países anglo-saxónicos) tem como objetivo reforçar a cooperação trilateral em tecnologias avançadas de defesa, como a Inteligência Artificial, sistemas submarinos e vigilância em longa distância.

Uma primeira consequência foi o cancelamento, pela Austrália, de um contrato com a França para o fornecimento de submarinos convencionais e a intenção de desenvolver submarinos nucleares em coordenação com os seus novos aliados, o que já originou protestos e críticas de Paris.

A França tinha um contrato para a entrega à Austrália de 12 submarinos com propulsão convencional no valor de 56 mil milhões de euros, que foi cancelado por Camberra, que comprou posteriormente os submergíveis aos Estados Unidos.

Paris expressou novamente a sua insatisfação com os três países signatários do pacto AUKUS depois de, na sexta-feira, o Presidente de França, Emmanuel Macron, ter decidido chamar os embaixadores em Washington e Camberra para consultas.

Uma medida sem precedentes que as autoridades francesas justificaram com o que consideraram uma “traição” dos três países aliados tradicionais e uma grave quebra de confiança.

O assunto será discutido pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE numa reunião à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, encontro que será presidido pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

Na passada quinta-feira, Josep Borrell lamentou que a UE “não tenha sido informada e não esteja a par do que este acordo significa”, mas rejeitou “dramatizar” a situação.

“Lamentamos não ter sido informados e não termos feito parte destas conversações, mas o tempo há de chegar e, por isso, não vamos dramatizar e não vamos pôr em questão a nossa relação com os Estados Unidos, que tem vindo a melhorar bastante com a nova administração [norte-americana]”, adiantou o Alto Representante da UE para a Política Externa, falando em conferência de imprensa na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas.

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EDP Renováveis assegura contrato a 15 anos para projeto eólico no Canadá

É o terceiro parque eólico da EDP Renováveis no Canadá: Sharp Hills, localizado na província de Alberta, vai gerar energia suficiente para abastecer 164 mil famílias por ano.

A EDP Renováveis EDPR 1,65% reforçou o seu negócio no Canadá, depois de ter assegurado um Contrato de Aquisição de Energia (CAE) a 15 anos com a TransCanada Energy para a venda da energia verde produzida pelo parque eólico de Sharp Hills, localizado na província de Alberta.

Em comunicado enviado ao mercado, a empresa de energias renováveis adianta que o parque eólico de 297 MW deverá entrar em operação em 2023, reforçando a capacidade no país para 0,4 GW – entrou no mercado canadiano em 2010, e conta já com três parques.

Segundo a EDP Renováveis, Sharp Hills irá trazer “claros benefícios económicos às comunidades locais e à província de Alberta, sob a forma de pagamentos aos proprietários da região e receitas de impostos”. A elétrica portuguesa fala em 300 novos postos de trabalho durante a fase de construção do parque e entre 15 a 20 empregos permanentes ao longo da vida do projeto, isto além “de contribuir para o desenvolvimento das empresas nas proximidades”.

O parque irá também gerar energia suficiente para abastecer anualmente o equivalente a mais de 164 mil habitações médias de Alberta e poupará aproximadamente 2 mil milhões de litros de água por ano, bem como irá evitar emissões anuais estimadas de 700 mil toneladas de CO2, diz a EDP Renováveis no comunicado.

Sharp Hills é o terceiro parque eólico da EDP Renováveis no país, juntando-se ao parque de South Branch, com 30 MW, e ao parque da Filial de Nation Rise, com 100 MW, ambos operacionais e situados em Ontário.

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Açores pagam 1% por 435 milhões a 15 anos

  • ECO
  • 20 Setembro 2021

Apesar da turbulência nos mercados por causa da Evergrande, a Região dos Açores emitiu 435 milhões de euros em dívida a 15 anos. Operação contou com uma taxa de juro de cerca de 1%.

O governo dos Açores foi esta segunda-feira ao mercado financiar-se em 435 milhões de euros através da emissão de obrigações a 15 anos. Vai pagar um juro superior a 1% por estes títulos com maturidade em setembro de 2036.

A operação contou com um prémio de 52 pontos base acima da taxa de juro das obrigações portugueses no mesmo prazo, de acordo com o site de informação financeira IFR. A taxa da dívida portuguesa a 15 anos negociava em torno dos 0,56% esta segunda-feira.

A procura dos investidores superou os 580 milhões de euros, segundo a mesma fonte.

A emissão decorreu num dia de forte turbulência nos mercados por causa dos receios em torno do default do gigante do imobiliário chinês Evergrande. As bolsas europeias encerraram com perdas de 2% esta segunda-feira.

Por outro lado, foi a primeira emissão de uma entidade portuguesa depois de a agência Moody’s ter subido o rating da República de Portugal em um nível, de Baa3 para Baa2, deixando o outlook estável.

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Marina de Vilamoura distinguida com prémio de melhor marina do mundo em 2021

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Setembro 2021

Desde que aderiu ao Gold Award Scheme, programa promovido pela The Yacht Harbour Association, é a quinta vez que a marina de Vilamoura é distinguida com o prémio de melhor marina internacional do ano.

A marina de Vilamoura é a melhor marina internacional de 2021. A distinção foi atribuída pela The Yacht Harbour Association (THYA), apoiada pela British Marine Federation, e resultou dos votos dos proprietários de embarcações, abrangendo centenas de marinas espalhadas pelo mundo inteiro com o nível máximo de “5 âncoras”.

Em comunicado, a responsável máxima da marina de Vilamoura e administradora da Vilamoura World, Isolete Correia, sublinha que este prémio reflete “a grande qualidade das infraestruturas” que a marina coloca à disposição dos visitantes, “não só para as embarcações e seus ocupantes, mas também pelo conjunto de serviços que é colocado à disposição ao nível da manutenção”.

Isolete Correia destaca também a “vocação desportiva” da marina de Vilamoura, um “centro de treino de alta competição” que atrai velejadores de todo o mundo e que, em 2021, organizou até regatas internacionais e de qualificação para os Jogos Olímpicos.

Só este ano, a marina da região algarvia, a primeira infraestrutura do género a nascer em Portugal, recebeu embarcações de 29 países. Iniciou atividade em 1974 e é agora um lugar de referência no panorama nacional da náutica de recreio, sendo a maior do país, com 825 postos de amarração, um estaleiro totalmente equipado e um centro de treino de vela de alta competição.

Além disso, a zona envolvente da marina de Vilamoura é ocupada por uma área comercial com cerca de 100 espaços de restauração, esplanadas e lojas que recebem, anualmente, cerca de quatro milhões de visitas.

A marina de Vilamoura aderiu, em 2008, ao Gold Award Scheme, programa promovido pela The Yacht Harbour Association, que atribui às marinas entre duas a cinco âncoras, em função do nível de serviços e qualidade das infraestruturas. Logo nesse ano, foi atribuída a classificação máxima de “5 âncoras” douradas à marina de Vilamoura.

Já entre 2015 e 2017, a marina de Vilamoura foi eleita, entre todas as marinas classificadas com “5 âncoras”, a melhor marina internacional do ano (categoria que contempla todas as marinas fora do Reino Unido). Por ser galardoada em três anos consecutivos, em 2017 foi distinguida com o prémio “International Marina of Distinction 2015-2017”. Em 2019, voltou a ver-lhe atribuído o prémio de melhor marina internacional do ano.

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ADSE recua e volta a comparticipar atos prescritos pelo SNS

O Conselho Diretivo da ADSE decidiu suspender a norma das novas tabelas e assim vota a ser aceite o financiamento dos atos prescritos pelo SNS ou SRS (Madeira).

A Associação Nacional de Beneficiários da ADSE (Associação 30 de Julho) revelou esta segunda-feira que a ADSE recuou, perante uma reclamação da entidade, e vai voltar a comparticipar atos prescritos pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Na sequência da reclamação e das propostas apresentadas pela Associação 30 de Julho, o Conselho Diretivo da ADSE decidiu suspender a aplicação da Regra n.º 9, b), das novas tabelas da ADSE, com a consequente aceitação do financiamento dos atos prescritos pelo SNS ou SRS [Madeira]”, adiantou a entidade, num comunicado divulgado esta segunda-feira.

“Este é um importante resultado da iniciativa tomada pela Associação 30 de Julho, associação nacional de beneficiários da ADSE, que continua a exigir uma clara informação dos beneficiários e a defender a revogação desta regra”, lê-se na mesma nota.

Segundo uma comunicação da ADSE aos prestadores, a que o ECO teve acesso, uma grande parte das requisições do SNS em causa têm origem nos cuidados primários e referem-se a meios complementares de diagnóstico e terapêutica. A ADSE decidiu por isso pedir à Ministra da Saúde a alteração desta situação, para ser dada opção ao cidadão de realizar os exames através da rede de convencionados do SNS, ou através da rede da ADSE.

Agora, a regra relativa ao financiamento dos atos está suspensa, até indicação contrária, para não prejudicar os beneficiários e dar tempo de adaptação ao SNS. Já as requisições do SNS para outras situações, como cuidados respiratórios domiciliários, já não são aceites para financiamento pela ADSE desde 1 de setembro de 2021.

Na sexta-feira, a associação de beneficiários tinha lamentado a ausência de comparticipação de atos prescritos pelo SNS na nova tabela de preços e regras. Nessa altura, num comunicado, a organização indicou que os beneficiários da ADSE, tomaram conhecimento da nova “Tabela de Preços e Regras do Regime Convencionado e IPSS” no passado dia 1 de setembro, data em que entraram também vigor.

A Associação 30 de Julho estranha e lamenta que a ADSE não tenha promovido a auscultação dos beneficiários a que, no seu entender, está obrigada por força dos princípios da participação e da transparência previstos, respetivamente, no Código do Procedimento Administrativo e no Estatuto do Pessoal Dirigente da Administração Pública, e espera que, de futuro, a ADSE atue em conformidade com estes dois princípios”, referiu.

A associação referiu também que a tabela é um documento “extenso e complexo cuja análise seria facilitada se a ADSE facultasse um quadro comparativo das duas tabelas que permitisse verificar quantos e quais os atos que sofreram alteração, em que montante e qual a sua repercussão nos copagamentos a cargo dos beneficiários”.

A Associação solicitou, assim, ao Conselho Diretivo da ADSE “a reapreciação da alínea b) da Regra n.º 9 (Regras Gerais) que dispõe: “9 – A ADSE não financia b) Atos prescritos por entidades do SNS e do SRS, os quais são da responsabilidade financeira respetiva”.

No documento, a direção da associação demonstrou-se “muito preocupada com as potenciais consequências negativas desta regra”, cuja aplicação impede os beneficiários de serem comparticipados pela ADSE quando os atos (análises, exames, etc.) tiverem sido prescritos por entidades do SNS.

(Notícia atualizada com mais informações dia 21 de setembro às 10h20)

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LIC: seguradora indiana avaliada em mais de 100 mil milhões

  • ECO Seguros
  • 20 Setembro 2021

A LIC opera uma carteira com 250 milhões de clientes. As autoridades indianas vão acelerar privatização de até 10% do capital da mais antiga seguradora de Vida no país.

O governo indiano está a ultimar o lançamento da privatização de uma parcela do capital social da Life Insurance Corporation (LIC), a mais antiga do ramo no país e um dos 20 maiores grupos seguradores do mundo. O governo liderado pelo primeiro-ministro Narendra Modi pretende acelerar a colocação, aproveitando a receita deste, e de outros desinvestimentos, para suprir, até março de 2022, parte das necessidades do plano orçamental.

Com o IPO (Initial Public Offering), uma operação que supõe a venda de entre cinco a 10% do capital do grupo, o encaixe previsto poderá situar-se entre 400 mil milhões a um bilião de rupias indianas (cerca de 11,5 mil milhões de euros, no limite superior do intervalo estimado por fontes da agência Bloomberg).

O encaixe estimado para o IPO, considerado um dos maiores de sempre na Índia, inclui a possibilidade de participação de investimento direto estrangeiro com vista a elevar o preço do leilão, aponta para avaliação do grupo segurador estatal num intervalo situado entre 8 biliões e 10 biliões de rupias indianas, valorizando a companhia (na sua totalidade) num equivalente a cerca de 104 mil milhões de euros. Estes valores são preliminares e o preço fixado para o IPO poderá ser outro, uma vez que depende também dos habituais processos de due diligence.

Um ranking da A.M. Best, principal agência de rating no setor, baseado em valor de prémios emitidos (relativo a 2017), colocou a gigante indiana como 17ª entre as maiores do mundo nos seguros.

A Life Insurance Corporation (LIC) gere uma carteira com cerca de 250 milhões de clientes. Fundada em setembro de 1956, logo após nacionalização de dezenas de empresas que restavam de século e meio de atividade seguradora sob influência do império britânico, a LIC é considerada companhia Vida mais antiga na Índia.

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Maior risco para os clientes faz bancos voltarem a liderar vendas de seguros Vida

  • ECO Seguros
  • 20 Setembro 2021

O que voltou a entusiasmar seguradoras e bancos foi o lançamento de produtos com menores exigências de capital e que passam maior risco para os segurados.

Refletindo a pujança evidenciada este ano no ramo Vida, os bancos aproveitaram a disponibilidade dos clientes para apostarem na possibilidade de obterem algum rendimento e voltaram a ultrapassar o peso dos canais concorrentes na atividade de distribuição de seguros.

Segundo fontes do mercado, a diferença está no lançamento e relançamento de produtos Vida ligados a fundos (unitlinked) e está ligado a menores exigências de capitais por parte dos seguradores. No tipo de produtos Vida unit linked que, agora, as seguradoras estimulam, o risco de capital apenas existe para elas nos finais dos contratos. Ou seja, se existir um resgate antecipado durante o período de vigência de produto, o valor a devolver aos segurados será calculado tendo em conta o valor do ativo que lhe está subjacente. O capital só será garantido no final da vigência do contrato.

Esta é uma mudança em relação aos contratos tradicionais que, se já não garantiam rendimento, pelo menos garantiam capital ao longo de toda a sua vigência, mesmo em caso de resgate antecipado. Agora só garantem no fim. “Espero que os bancos estejam a informar bem os clientes sobre estas novas regras”, comentou um segurador.

Assim, o canal bancário representou 51% do total de seguros colocados no mercado até agosto de 2021, deixando aos outros canais da intermediação os restantes 49% da produção total (Vida e Não Vida). Assumindo liderança por margem mínima (1 p.p.), o canal bancário representava 41% no acumulado até agosto do ano passado, contra 59% da mediação (restantes canais), indicam números da Associação Portuguesa de Seguradores (APS).

A alteração no panorama da distribuição reflete disparo na produção/vendas de seguros de Vida. Com este ramo a representar 55% da estrutura total da produção este ano, acima dos 42% até agosto de 2020, mas menos do que os 58% de peso relativo em igual período de 2019, os bancos foram canal privilegiado para intermediar o incremento de 76% na produção emitida (seguro direto) do ramo Vida, distribuindo 80% do total Vida comercializado nos primeiros oito meses de 2021, um pouco menos face aos 83% em igual mês de 2019.

em Não Vida, a repartição por canal ficou inalterada face a 2020, cabendo 16% aos bancos e 84% aos restantes (mediação e corretagem). Os bancos, com 55% do total dos seguros distribuídos em agosto de 2019, já representava 16% da distribuição Não Vida.

Os números do organismo associativo mostram que o peso relativo dos bancos na atividade de distribuição de produtos de Não Vida se mantém inalterado há, pelo menos, 3 anos.

Fonte: APS. Tratamento por ECOseguros.

Em 2020, a perda da liderança do canal bancário pode ser explicada por quebra de 45% (em termos reais) na produção emitida de seguro direto do ramo Vida face ao acumulado em 2019.

Nos primeiros oito meses de 2021, a produção do setor Vida cresceu perto de 75%, um movimento provocado por variação de 113% na produção de produtos de capitalização, entre os quais se conta a aplicação de aforro em unidades de conta (unit linked).

Beneficiando do impulso no negócio Vida, as maiores seguradoras reforçaram negócios e quota respetiva. Além dos ganhos evidenciados Fidelidade e Ageas, grupos líderes do ramo, o efeito da subida do ramo Vida levou a alterações significativas na ordenação das maiores seguradoras até julho.

De acordo com o ranking ECO Seguros (até julho), a BPI Vida & Pensões (grupo VidaCaixa), que se tornou 4ª maior do país, era 8ª há um ano, duplicando as vendas em sete meses para perto de 500 milhões de euros. A GamaLife, em primeiro ano de pleno funcionamento também duplicou vendas e é agora a 8ª maior do país vinda de 10ª. Por seu lado, a Real Vida saltou do 18º para o 13º lugar, aumentando as vendas 90% no mesmo período.

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