“TAP vai fechar” se plano não for aprovado e país perderá centralidade, diz Pedro Nuno Santos

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2021

“Se a TAP não tiver o plano de reestruturação aprovado vai fechar e Portugal perderá centralidade no negócio da aviação”, avisa o ministro das Infraestruturas e Habitação.

O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, disse esta terça-feira que Portugal “perderá centralidade no negócio da aviação” caso o plano de restruturação da TAP não seja aprovado por Bruxelas, algo que levará ao encerramento da companhia, assegurou.

Voltando a manifestar confiança de que o plano esteja aprovado até ao final do ano, o governante alertou que “se a TAP não tiver o plano de reestruturação aprovado vai fechar e Portugal perderá centralidade no negócio da aviação”.

Segundo Pedro Nuno Santos, que falou à margem da apresentação do caderno de encargos para as 117 novas automotoras da CP, em Matosinhos, sem a TAP, o ‘hub’ (centro de conexão de voos) de Portugal passará a ser em Madrid.

Estamos a falar na única companhia área a operar em Portugal que tem um ‘hub’, que faz viagens intercontinentais entre o Brasil, EUA, África e Portugal e distribui para o resto da Europa”, salientou.

Pedro Nuno Santos realçou que o investimento na TAP “é muito importante”, recordando que “não há mais nenhuma companhia aérea” que preste o serviço que a transportadora faz, mas reconhecendo que ainda não conseguiu “que a maioria do povo português entenda” este facto.

Por isso, destacou, se a transportadora fechar os passageiros que viajem dos EUA, África e Brasil “deixarão de parar em Portugal e passarão a parar em Espanha e França”, sendo que, garantiu, com isso poderão ser perdidos milhões de passageiros e muitos empregos.

O Governo entregou à Comissão Europeia, há um ano, o plano de reestruturação da TAP, mas apesar de terem sido já implementadas medidas como a redução de trabalhadores, a companhia aérea ainda espera uma resposta de Bruxelas.

Após a Comissão Europeia ter aprovado, em 10 de junho de 2020, o apoio estatal de até 1.200 milhões de euros à TAP, a companhia teve seis meses para apresentar um plano de reestruturação que convença Bruxelas de que a empresa tem viabilidade futura.

Em agosto, a Comissão Europeia admitiu recear que o auxílio de 3.200 milhões à reestruturação da TAP viole as regras de concorrência, uma queixa que tem sido repetida por outras companhias aéreas, como a Ryanair.

Bruxelas disse ainda duvidar que o apoio de 3.200 milhões garanta de vez a viabilidade da companhia, apesar de reconhecer a importância de o Estado português salvar a transportadora aérea.

De acordo com o relatório que acompanhava a proposta de Orçamento do Estado para 2022, o Governo previa injetar 1.988 milhões de euros na TAP este ano e em 2022.

(Atualizado com mais informação às 18h54)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Talento português tem de fazer mais contas e continuar formação depois do canudo

Carlos Oliveira realça que formação ao longo da vida "pode pôr o país em crescimento", enquanto Sofia Tenreiro lembra que jovens não se formam em tecnologia devido ao medo da matemática.

Não há dúvidas que Portugal tem talento, mas é imperativo que as pessoas apostem na educação ao longo da vida e que as empresas assumam que têm um papel fundamental nesse caminho. Apesar do talento, a matemática ainda continua a ser um bicho-de-sete-cabeças e existe a necessidade de combater este estigma e estimular os mais novos a interessar-se por este tipo de disciplinas.

Sofia Tenreiro, investidora e administradora da American Chamber of Commerce Portugal, alerta que “um dos grandes motivos pelos quais os jovens não ingressarem nas tecnologias, é o medo da matemática” e que existe um “grande gap entre usar a indústria e contribuir para a indústria”, realça na 4.ª edição da conferência Fábrica 2030, organizada pelo ECO no Palácio da Bolsa, no Porto.

Na ótica da ex-administradora da Cisco Portugal e da Galp, os mais novos “adoram utilizar as tecnologias”, mas não querem contribuir para a mesma devido à aversão à matemática. Sofia Tenreiro realça que Portugal tem que “perceber como convencer os jovens e colocar-lhe esta paixão antes de eles terem uma opinião formada e o medo pela matemática ser suficientemente grande para já nem questionarem se faz sentido”.

De forma a estruturar o pensamento e a incutir a linguagem de programação desde tenra idade, Sofia Tenreiro é a favor de ensinar código às crianças a partir dos cinco ou seis anos. “Ao mesmo tempo que as crianças começam a ler era importante começarem a ter noções básicas de código, de uma forma muito simples”, afirma.

Educação ao longo da vida é fundamental para o crescimento do país

Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves, acredita, por outro lado, que a “educação e a formação é aquilo que pode pôr o país em crescimento e desenvolvimento”.

“Acreditamos muito que só com pessoas mais qualificadas e competências ajustadas às necessidades do mercado de trabalho é que país poderá crescer”, destaca o ex-secretário do Estado do Empreendedorismo.

O presidente executivo da Fundação José Neves lamenta que apenas uma em cada dez pessoas tenha feito formação no último ano. E quem quer ganhar mais competências são os portugueses mais qualificados. “Temos uma enorme responsabilidade de requalificar as pessoas que já estão no mercado de trabalho”, destaca Carlos Oliveira.

Perante um mundo em constante evolução, Carlos Oliveira não tem dúvidas que a “educação e as qualificações ao longo da vida são fundamentais”. “Educação existe para ajudar o país a crescer e a desenvolver-se. Devemos promover a aprendizagem ao longo da vida”, conclui o antigo secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Caso EDP. Pinho arrisca arresto de contas bancárias ou caução

Ex-ministro da Economia estava apenas com TIR. O despacho de marcação de interrogatório - feito a 6 de dezembro - fala em alteração de medida de coação e ainda na aplicação de uma caução ao casal.

O DCIAP pediu o registo predial da mulher de Manuel Pinho e ainda informações relativas ao registo civil dos três filhos do ex-ministro da Economia socialista, no âmbito processo EDP, há cerca de uma semana.

Na altura do despacho de promoção do interrogatório judicial do casal Pinho, marcado para esta terça-feira, o DCIAP assumia que iria ser proposta a alteração da medida de coação aplicada a Manuel Pinho (Termo de Identidade e Residência) e à mulher, segundo o documento a que o ECO teve acesso. Bem como o pedido de uma garantia patrimonial. Ou seja: uma caução a pagar ou o arresto de contas bancárias.

No despacho, o DCIAP admite que o objetivo deste interrogatório — realizado esta terça-feira ao casal Pinho — passa pela promoção de “novas medidas de coação e medidas de garantia patrimonial a ambos”, diz o documento. Para isso, já foram identificadas várias contas bancárias em nome de ambos os arguidos. O mesmo despacho admite que a medida de coação terá de ser conhecida logo após ambos os interrogatórios. O MP promoverá a seguir e a decisão fica nas mãos de Carlos Alexandre, o juiz de instrução que está com o caso.

Manuel Pinho foi constituído arguido no âmbito do caso EDP no verão de 2017, por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, num processo relacionado com dinheiros provenientes do Grupo Espírito Santo. No processo EDP/CMEC, o Ministério Público imputa aos antigos administradores António Mexia e Manso Neto, em coautoria, quatro crimes de corrupção ativa e um crime de participação económica em negócio.

Alexandra Pinho é suspeita de branqueamento de capitais e está a ser ouvida esta terça-feira da parte da tarde, depois de não ter comparecido no interrogatório de manhã. Ambos vivem em Alicante. Manuel Pinho acabou detido, esta manhã de terça, depois de ter comparecido perante o Juiz de instrução.

O caso está relacionado com os Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) no qual Mexia e Manso Neto são suspeitos de corrupção e participação económica em negócio para a manutenção do contrato das rendas excessivas, no qual, segundo o Ministério Público, terão corrompido o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-secretário de Estado da Energia Artur Trindade.

O processo tem ainda como arguidos o administrador da REN e antigo consultor de Manuel Pinho João Conceição, Artur Trindade, ex-secretário de Estado da Energia de um Governo PSD, Pedro Furtado, responsável de regulação na empresa gestora das redes energéticas, e o antigo presidente do BES, Ricardo Salgado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Caso EDP. Estas são as suspeitas que recaem sobre Manuel Pinho

Manuel Pinho foi detido esta terça-feira no âmbito do caso EDP. Desde barragens à Universidade de Columbia, vários são os pontos em que recaem as suspeitas sobre o ex-ministro da Economia.

Esta terça-feira, Manuel Pinho, ex-ministro da Economia, foi detido, após quatro anos de ter sido constituído arguido, no âmbito do caso dos CMEC. A detenção acontece após o ex-ministro socialista ter estado no interrogatório judicial, no DCIAP.

O ECO sabe que o Ministério Público (MP) irá pedir a promoção de uma medida de coação mais gravosa – neste momento Manuel Pinho está apenas com o Termo de Identidade e Residência.

Carlos Alexandre, juiz de instrução encarregue do processo, poderá aceitar essa medida de coação mais gravosa pelo facto do ex-ministro e a sua mulher não terem residência atual em Portugal, mas sim em Alicante. O MP acredita que existe perigo de fuga. A mulher de Manuel Pinho, Alexandra Pinho foi também ouvida por Carlos Alexandre.

Vários são os pontos em que recaem as suspeitas sobre Manuel Pinho. Relembre aqui todos os indícios que estão em “cima da mesa”.

Favorecimento do BES

Foi em julho de 2017 que Manuel Pinho foi constituído arguido no âmbito do caso EDP por suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais, num processo relacionado com dinheiros provenientes do Grupo Espírito Santo.

Na altura o ex-ministro da economia do governo de José Sócrates garantiu que não foi favorecido pela empresa e solicitou ainda que a investigação fosse levada até “às últimas consequências”, declarando-se disponível para prestar os esclarecimentos necessários.

O caso está relacionado com os Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) no qual Mexia e Manso Neto são suspeitos de corrupção e participação económica em negócio para a manutenção do contrato das rendas excessivas, no qual, segundo o Ministério Público, terão corrompido o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-secretário de Estado da Energia Artur Trindade.

Os CMEC são uma compensação relativa à cessação antecipada dos Contratos de Aquisição de Energia (CAE), que aconteceu na sequência da transposição de legislação europeia no final de 2004.

O processo tem ainda como arguidos o administrador da REN e antigo consultor de Manuel Pinho João Conceição, Artur Trindade, ex-secretário de Estado da Energia de um Governo PSD, e Pedro Furtado, responsável de regulação na empresa gestora das redes energéticas.

Em causa estão benefícios de mais de 1,2 mil milhões de euros alegadamente concedidos por Manuel Pinho à EDP, entre outubro de 2006 e junho de 2012. Os pagamentos teriam alegadamente como destino uma nova sociedade ‘offshore’ de Manuel Pinho – chamada “Tartaruga Foundation”, com sede no Panamá – e seriam feitos pela Espírito Santo Enterprises – empresa que também é uma ‘offshore’, nas Ilhas Virgens Britânicas, e que ficou conhecida como o Saco Azul do Grupo Espírito Santo (GES).

Segundo a tese defendida pelo Ministério Público, o grupo GES/BES teria interesse em decisões favoráveis à elétrica porque na altura era acionista da EDP, com pouco mais de 2%.

No período em que Manuel Pinho foi ministro da Economia — entre março de 2005 a julho de 2009 — a ES Enterprises transferiu um total de cerca de 508 mil euros por via de uma transferência mensal de valor exatamente igual (de 14.963,94 euros).

Do Governo para a universidade

Manuel Pinho foi ministro da Economia do Governo de José Sócrates entre 2005 e 2009 e após a sua demissão do Executivo o economista foi dar aulas para a Universidade de Columbia nos Estados Unidos, num curso sobre energias renováveis patrocinado pela EDP.

O Ministério Público investiga também se existe qualquer ligação entre este convite e as condições que a EDP conseguiu em 2007 nos CMEC (Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual) e a extensão da concessão de 27 barragens, sem um concurso público.

A EDP pagou ao Estado 704 milhões de euros por esta extensão, valor em linha com as avaliações do CaixaBI e do Crédit Suisse. Mas o valor acordado está a ser investigado pelo Ministério Público, pois fica abaixo dos 1.600 milhões de euros apurados por um outro estudo realizado pela REN.

Barragem do Baixo Sabor

Outro dos pontos que incide o caso EDP é sobre a adjudicação da barragem do Baixo Sabor, perto de Torre de Moncorvo. Os procuradores responsáveis pelo caso suspeitam que uma adjunta de Manuel Pinho terá recebido de representantes da construtora Odebrecht uma mala com dinheiro vivo no próprio Ministério da Economia.

Em causa está uma entrega de 190 mil euros em dinheiro vivo no dia 1 de fevereiro de 2008, o que é desmentido pela adjunta, existindo ainda a suspeita de mais 505 mil euros entregues numa segunda reunião, a 9 de abril.

No documento, do Tribunal Central de Instrução Criminal, assinado pelo juiz Carlos Alexandre e onde o magistrado cita o Ministério Público, os arguidos Manuel Pinho, ex-ministro da Economia, António Mexia e João Manso Neto, alegadamente concertaram posições durante um almoço para a adjudicação da obra a este consórcio.

Foi já feita uma auditoria, encomendada pela EDP à EY, ao processo de adjudicação da barragem do Baixo Sabor à Odebrecht, que encontrou irregularidades graves, nomeadamente relativas às regras.

As alegadas luvas terão um valor total de 4,7 milhões de euros pagos entre 2008 e 2015, sendo que poderão ter sido usadas duas sociedades offshore dominadas pela Odebrecht para fazer circular os fundos. As suspeitas dos procuradores de corrupção na adjudicação por parte da EDP daquela barragem surgiram após o envio do Ministério Público Federal brasileiro para Portugal de uma certidão da parte da contabilidade paralela da holding da Odebrecht, em agosto de 2020.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Santander admite ligeira subida do custo de financiamento para as empresas

Administrador diz que “há algum espaço para as Euribor poderem subir”, mas afasta “impacto significativo” nas empresas. Consultora da EY defende que consolidação na banca é "necessária e importante".

Miguel Belo de Carvalho, administrador executivo do Santander Portugal, vê “alguma negação em torno do tema da inflação, que é um dos principais riscos” atuais e que os bancos centrais estão a gerir com “muitíssimo cuidado”, mas considera que “há muitas variáveis que estão a ir no mesmo sentido e há um risco claro de haver uma necessidade de alteração da política de taxa de juro”.

E os custos de financiamento vão subir no próximo ano? “A Euribor está ainda em terreno negativo. Grande parte do próprio financiamento às empresas tem um floor no zero. Haverá aqui algum espaço para as Euribor poderem subir, mas sem um impacto significativo no custo financeiro das empresas. Mas estou convencido que as subidas serão residuais, pelo menos num horizonte de um a dois anos”, respondeu.

Haverá uma estabilização dos spreads em níveis que são aceitáveis, tendo em conta as condições de liquidez e de capital disponível também para financiar a economia.

Miguel Belo de Carvalho

Administrador executivo do Santander Portugal

Relativizando esse possível agravamento ligeiro das condições do crédito às empresas pela existência de “muita liquidez e capital disponível” no mercado, Miguel Belo de Carvalho perspetivou ainda que “haverá uma estabilização dos spreads em níveis que são aceitáveis, tendo em conta as condições de liquidez e de capital disponível também para financiar a economia”.

Miguel Belo de Carvalho, administrador executivo do Santander Portugal, na conferência Fábrica 2030, no Porto.Ricardo Castelo / ECO

O gestor do Santander Portugal interveio esta terça-feira durante a 4.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO no Palácio da Bolsa, no Porto, onde considerou que, face à crise financeira iniciada em 2008, quando a pandemia surgiu, as empresas nacionais estavam “financeiramente mais saudáveis, capitalizadas e com mais capacidade de resiliência”. E desvalorizou o impacto das moratórias de crédito – “os sinais são positivos e não revelam grande preocupação” -, embora o banco tenha de “continuar vigilante”.

Falando numa “fase histórica da economia” em que “nunca houve tanto capital disponível”, associada a um ciclo longo de taxas de juro coladas ao zero, o administrador do Santander diz que isso “potenciou enormemente a diversificação e a migração do capital para muitos setores de atividade” em Portugal. Não só o imobiliário, mas também noutros com “negócios saudáveis e capacidade para crescer no futuro”, descrevendo “uma procura muito grande por investimento em ativos reais e em empresas que geram rendimento e EBIDTA de 15%, 20%, 25%”.

Rita Costa, responsável de Consulting Financial Services da EY, na conferência Fábrica 2030, no PortoRicardo Castelo / ECO

Rita Costa, responsável pelos serviços de consultoria financeira da EY, avisou na mesma conferência que “a circulação do capital também deve ter inovação”. Lembrou alguns projetos que têm atraído bancos estrangeiros para Portugal, como os franceses BNP Paribas ou a Natixis, mas notou que “ao mesmo tempo parece que não temos capacidade de dar o retorno na mesma proporção” e falta uma “estratégia alinhada para pôr este capital a funcionar e a render mais”.

Consolidação na banca não só é importante como é necessária. O nosso espaço financeiro é demasiado pequeno para a quantidade de bancos que temos

Rita Costa

Responsável pelos serviços de consultoria financeira da EY

Já sobre a importância de haver também uma maior consolidação no setor da banca em Portugal, a consultora da EY mostrou não ter qualquer dúvida. “Não só é importante como é necessário. O nosso espaço financeiro é demasiado pequeno para a quantidade de bancos que temos. Incluindo os grandes? Os pequenos e os médios bancos, tirando algumas exceções, na nossa perspetiva, não vão ter condições de competitividade para continuarem sozinhos”, finalizou Rita Costa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Galp e Northvolt vão importar lítio do Canadá, Brasil e Austrália para refinar em Portugal

O responsáveis da Galp e da Northvolt confirmaram que a Savannah não será o único fornecedor da refinaria. "Talvez tenhamos de importar. Temos de olhar para outras soluções além do lítio português".

Que a portuguesa Galp e a sueca Northvolt querem construir uma refinaria de lítio em Portugal e, para isso, criaram a joint venture Aurora, isso já é dado certo. No entanto, duas grandes questões continuam por responder: de onde virá o lítio para refinar e onde ficará afinal localizada a fábrica?

Quanto à origem do metal raro, tudo indicava até agora que a sua proveniência fosse da mina do Barroso, em Boticas, onde a britânica Savannah está a desenvolver o seu projeto mineiro, que compreende uma mina e uma lavaria. Mas ao que parece, não será bem assim. Será sobretudo importado e de países onde já há clusters de lítio, como Canadá, Brasil e Austrália.

“É prematuro dizer quanto do lítio que virá para a refinaria será português ou não. Temos uma palete de escolhas, de diferentes fontes e vamos optar consoante uma série de fatores”, disse Paolo Cerruti, co-fundador e COO da Northvolt aos jornalistas após a apresentação da joint venture Aurora.

“A Galp tem um memorando de entendimento com a Savannah, que expirou, mas continuamos em conversações, mas certamente este não será o nosso único fornecedor de lítio e além disso a mina do Barroso não é grande o suficiente para abastecer esta fábrica. Teremos de ter outros fornecedores”, frisou.

E acrescentou ainda: “E do ponto de vista do negócio mas não podemos pôr todos os ovos no mesmo cesto, há que diversificar as nossas fontes de lítio”.

Questionado sobre quando é que a Savannah (a grande ausente na sala) vai começar a extrair o primeiro lítio do solo português, Andy Brown, CEO da Galp, respondeu:Não tenho ideia. Talvez tenhamos de importar. Temos de olhar para outras soluções além do lítio português. Continuamos a trabalhar com a Savannah, o projeto deles está a avançar, com um calendário diferente, estão a espera das aprovações. Vamos olhar para outras fontes de espodumena para começar a operar em 2026″.

Sobre o financiamento do projeto — cerca 700 milhões de euros — diz Andy Brown que será dividido 50/50 mas a decisão final só deverá ser tomada em meados de 2023, quando todas as peças do puzzle estiverem no lugar: fornecedores de lítio, refinaria e compradores.

“Também vamos recorrer a project finance, para conseguir os contratos com os fornecedores dos materiais e o offtake também é uma parte importante. Este projeto terá de competir com outros que se localizam na China, terá de ser competitivo, e por isso nos candidatámos ao Plano de Recuperação e Resiliência. O PRR representa cerca de 15% do investimento no projeto. Acreditamos que o incentivo do PRR para apoiar este negócio para o lançar, para criar o apoio para a cadeia de valor das baterias de lítio será importante. Para que possamos competir com produtores low cost de outra parte do mundo, como a China”, disse Andy Brown. E nessa candidatura a Savannah integra o consórcio sendo chamada a investir 123,72 milhões de euros.

Na estimativa a longo prazo que as duas empresas fizeram a partir da refinaria de lítio em Portugal “pode crescer até um investimento de dez mil milhões de euros e 90 mil empregos num novo valley de produção de baterias de lítio na Europa”.

A outra grande questão em aberto é a da localização da refinaria. A Galp já indicou Sines na candidatura ao PRR e é o que faz mais sentido se o lítio chegar a Portugal do outro lado do Atlântico, via cargueiro. No entanto, ambas as empresas garantem que o local não está fechado.

“É verdade que os cargueiros andam a fuel e poluem, mas ainda é a forma mais eficiente de transportar carga no mundo. O que queremos é que aqui, a nível local a refinaria seja o mais sustentável, que use energia renovável, ao contrário de outras que ainda usam carvão. Produzir baterias de lítio consome muita energia, tem de ser limpa é de ser limpa”, explicou Cerruti.

Sobre a localização, diz que está sob avaliação: “Temos muitas localizações que estamos a ver, sobretudo no norte. No projeto que entregamos no PRR tivemos de pôr uma localização específica, porque era obrigatório. Colocámos Sines porque era um local sério e credível. Agora estamos numa fase de engenharia, depois segue-se a avaliação do local e a fase de impacto ambiental. Quanto tivermos tudo reunido, o que deve demorar 18 a 20 meses, aí teremos a decisão final. Mas será em Portugal.

Fundada há cinco anos para competir com a americana Tesla, a Northvolt já recebeu financiamento de mais de seis mil milhões de dólares e está neste momento a construir três fábricas de baterias de lítio na Europa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Tem a certeza que sabe tudo o que deve depositar no ecoponto amarelo?

  • Conteúdo Patrocinado
  • 14 Dezembro 2021

As embalagens de plástico podem ser recicladas sujas? Os pacotes de leite pertencem mesmo ao ecoponto amarelo? E as embalagens de cremes e outros produtos de higiene? Tire as suas dúvidas.

A rotina da reciclagem já entrou em inúmeros lares portugueses. Noutros, esse hábito ainda está por adquirir. De uma forma ou de outra, há obstáculos que surgem no caminho entre a casa e o ecoponto mais próximo. Seja o espaço na cozinha que por vezes é curto para os contentores, ou as dúvidas que surgem mesmo na hora da separação.

A verdade é que todos os anos são colocadas mais embalagens recicláveis no lixo indiferenciado do que nos ecopontos. Isso significa que toneladas de embalagens de vidro, plástico e papel poderiam ganhar uma nova vida e evitar a utilização de matérias-primas virgens para produzir novos produtos. É preciso olhar para o nosso lixo e saber separá-lo, porque quanto mais pura for a carga de um ecoponto, mais eficazes seremos todos na reciclagem.

Tudo o que é de plástico pode ir para o ecoponto amarelo? A resposta é: não. Vamos então recordar as principais regras de separação dos resíduos a depositar no ecoponto amarelo, para que não haja confusão na hora de escolher o contentor de casa. Mas antes, dois importantes pressupostos:

  1. Não é necessário lavar as embalagens de plástico.
    “Está sujo, é melhor deitar no lixo indiferenciado”. Errado. Mesmo estando sujas, as embalagens de plástico podem ser depositadas no ecoponto amarelo. Basta escorrer para eliminar o máximo de resíduos.
  2. Sempre que possível, espalme as embalagens.
    Este passo vai-lhe permitir otimizar muito espaço no contentor de casa.

Ecoponto amarelo: o que colocar

  • Garrafas e garrafões de água, de óleo alimentar, de sumos e refrigerantes
  • Embalagens de iogurtes
  • Latas de bebidas
  • Pacotes de manteiga e margarina
  • Pacotes de arroz, massa e similares
  • Embalagens de produtos de higiene e beleza
  • Sacos, caixas e invólucros de plástico
  • Esferovite
  • Latas de spray de desodorizante e de lacas vazias
  • Latas de conservas vazias
  • Folhas de alumínio
  • Tampas de metal e caricas
  • Pacotes de leite, sumo, vinho, natas, molho de tomate, bechamel

Ecoponto amarelo: o que NÃO colocar

  • Copos, loiças partidas
  • Canetas
  • Guarda-chuvas
  • Alguidares

De Casa para o Ecoponto

A Câmara Municipal de Cascais lançou uma campanha de incentivo à separação, com o apoio da Sociedade Ponto Verde. Intitulada “De Casa para o Ecoponto”, o objetivo é ajudar os munícipes a adotar comportamentos ambientalmente mais sustentáveis, sobretudo no que toca à separação de resíduos, sua colocação no ecoponto e posterior reciclagem.

Para isso, irá distribuir de forma gratuita um total de 10.500 conjuntos de sacos de separação de resíduos domésticos, envoltos num estojo de cartão com informações sobre como separar corretamente o lixo, em vários mercados do concelho. A campanha estará na Feira de Tires a 18 de dezembro, de manhã.

Pode ainda testar os seus conhecimentos respondendo ao quiz através deste QRCode:

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

EDP Renováveis penaliza Lisboa. Galp trava maior queda

Bolsa nacional encerrou em terreno negativo, penalizada pelos títulos da EDP Renováveis, que caíram 4%. Galp Energia impediu descida mais acentuada do índice.

A bolsa nacional encerrou a perder quase 1% com a maioria das cotadas em queda. A pesar no desempenho do índice estiveram as ações da EDP Renováveis, que caíram mais de 4%, mas também as da EDP e do BCP. No lado oposto, a Galp Energia impediu uma descida mais acentuada do índice. Lisboa acompanhou, assim, as perdas do resto da Europa.

O PSI-20 fechou a perder 0,81% para 5.443,95 pontos, com 13 cotadas em terreno negativo, cinco no verde e uma inalterada. O destaque desta sessão foi a EDP Renováveis, que caiu 4,04% para 20,9 pontos, juntamente com a GreenVolt que desvalorizou 2,54% para 6,15 euros. Ainda no setor energético, a EDP recuou 0,32% para 4,724 euros.

Também a penalizar o índice esteve o BCP, que caiu 0,14% para 0,1382 euros, assim como a Altri que recuou 1,05% para 5,17 euros. A Jerónimo Martins deslizou 1,46% para 20,23 euros.

No lado oposto, a Galp Energia subiu 1,95% para 8,352 euros, impedindo o PSI-20 de desvalorizar ainda mais. Nas subidas, destaque ainda para a Nos que subiu 0,87% para 3,48 euros e Navigator que cresceu 0,37% para 3,27 euros. Os CTT avançaram 0,12% para 4,255 euros.

Lisboa acompanhou, assim, as perdas que se registaram no resto da Europa, no dia em que o Stoxx-600 caiu 0,84% para 469,56 pontos. O mesmo aconteceu com os restantes índices europeus, como o francês CAC-40 que caiu 0,69%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

ECO do dinheiro. Que despesas do teletrabalho tem a empresa de pagar?

  • ECO
  • 14 Dezembro 2021

As regras sobre o pagamento das despesas adicionais dos colaboradores são consideradas pouco claras e estão a dar dores de cabeça aos departamentos de recursos humanos. E muito trabalho aos advogados.

https://videos.sapo.pt/qM0F9kPqVnzMbd3QhQGh

O teletrabalho passou a ser recomendado desde que o país regressou ao estado de calamidade, a 1 de dezembro, devido ao aumento de casos da covid-19. Na semana de 2 a 9 e janeiro será mesmo obrigatório.

Nessa altura, já estará em vigor a nova legislação que obriga as empresas a compensarem os colaboradores pelas despesas adicionais decorrentes do trabalho em casa.

Que despesas são essas? A legislação diz que são a aquisição ou uso dos equipamentos e sistemas informáticos, como computadores ou software,

e telemáticos, como dispositivos para a ligação à Internet, que sejam necessários à realização do trabalho. A regra é aplicável também aos custos de manutenção.

A empresa tem ainda de pagar os acréscimos de custos de energia e da rede instalada no local de trabalho, em condições de serviço compatível com as necessidades de comunicação de serviço.

Ou seja, se a sua fatura de eletricidade subir ou tiver de aumentar a velocidade do acesso à internet.

Para poder ser ressarcido destes custos, o colaborador tem de apresentar as faturas de janeiro e as do mesmo mês do ano anterior, pois o que a empresa vai pagar é o encargo extra provocado pela situação de teletrabalho.

A compensação tem de ser paga imediatamente após a realização das despesas pelo trabalhador.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Vacinação de crianças com 27 mil pedidos de agendamento

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2021

Até às 13h30 desta terça-feira, já tinham sido agendados 27 mil pedido de vacinação de crianças para os dias 18 e 19 de dezembro.

A vacinação contra a covid-19 de crianças com 10 e 11 anos, que vai decorrer nos dias 18 e 19 de dezembro, reunia, até às 13:30 desta terça-feira, 27 mil pedidos de agendamento, segundo informação oficial.

A opção de vacinar as crianças de 10 e 11 anos está disponível desde o final do dia de segunda-feira, no Portal de Agendamento Online, que permite pedir o agendamento da vacinação para o local e a data mais convenientes.

De acordo com o comunicado conjunto de Governo, Serviço Nacional de Saúde, Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e Direção-Geral da Saúde divulgado esta terça-feira, o Portal de Agendamento Online passou também a possibilitar “o pedido de agendamento para a dose de reforço contra a covid-19 dos cidadãos com 50 ou mais anos que foram vacinados com uma dose da vacina Janssen”.

O portal mantém ainda a possibilidade de agendar a dose de reforço contra a covid-19 para os cidadãos com 65 ou mais anos e a modalidade “Casa Aberta” continua disponível para a vacinação contra a covid-19 ou contra a gripe de utentes com idade igual ou superior a 70 anos.

De acordo com o calendário apresentado pelo Governo para a vacinação de crianças, de 6 a 9 de janeiro serão vacinadas as que têm entre 9 e 7 anos, ficando reservados os dias 15 e 16 para vacinar o grupo dos 6 e 7 anos, enquanto a 22 e 23 serão vacinadas as de 5 anos.

Entre 5 de fevereiro e 13 de março serão administradas as segundas doses, altura em que ficará o esquema vacinal completo para esta faixa etária, que o Governo calcula em mais de 600 mil crianças.

As crianças com comorbilidades têm prioridade, independentemente da idade, desde que tenham prescrição médica, bastando dirigir-se aos centros para receberem a vacina contra o SARS-CoV-2.

A decisão de vacinar a faixa etária dos cinco aos 11 anos continua a dividir as opiniões médicas e científicas, incluindo em Portugal.

A generalidade dos países tem optado por não vacinar as crianças antes dos doze anos, mas, à medida que o número de infeções aumenta e sobretudo depois de ter sido detetada a variante Ómicron, tem crescido o número dos Estados que estão a alargar os planos de vacinação a esta faixa etária.

Em Portugal, a decisão de vacinar foi comunicada pela Direção-Geral da Saúde no dia 7, depois de ouvida a Comissão Técnica de Vacinação e ponderadas as questões de natureza logística com o núcleo de coordenação de apoio ao Ministério da Saúde, nomeadamente a disponibilidade de vacinas da Pfizer, na versão pediátrica.

Na segunda-feira, chegaram a Portugal cerca de 300 mil doses de vacinas pediátricas contra a doença covid-19.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“É muito normal” que a unidade de processamento do lítio esteja em Portugal, diz ministro

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2021

Matos Fernandes disse que este investimento vem confirmar que “o Governo não tem nenhum projeto de fomento mineiro”, mas de bom aproveitamento dos recursos naturais e minerais, como o lítio

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, defendeu esta terça-feira ser “muito normal” que uma unidade de processamento de lítio se localize em Portugal, classificando este projeto como “inovador”.

“É muito normal que uma unidade de processamento de lítio se localize em Portugal. É verdadeiramente um projeto inovador”, afirmou o governante, na sessão de apresentação da parceria da Galp com a Northvolt para a conversão de lítio.

A Galp e a sueca Northvolt preveem investir 700 milhões de euros e criar 1.500 empregos diretos e indiretos na fábrica de conversão de lítio que vão desenvolver em parceria, foi anunciado.

Esta petrolífera anunciou um projeto industrial na cadeia de valor de baterias de lítio para veículos elétricos em Portugal, em parceria com a sueca Northvolt, que tem uma fábrica em construção na Suécia.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática vincou que este é verdadeiramente um projeto inovador”, sublinhando a importância da Galp e da Northvolt, a quem deu as boas-vindas a Portugal.

Matos Fernandes disse que este investimento vem confirmar que “o Governo não tem nenhum projeto de fomento mineiro”, mas de bom aproveitamento dos recursos naturais e minerais, sendo o lítio “um dos melhores exemplos”.

Apesar de não adiantar mais detalhes, Matos Fernandes notou que, nos próximos anos, vão ser aplicados entre 17.000 e 18.000 milhões de euros na área da energia, vincando que os investimentos em sustentabilidade são os que melhores garantias dão em termos de crescimento económico.

“Os que dizem que a sustentabilidade pode comprometer o bem-estar económico das famílias cometem um erro crasso. Contribui para a melhoria da qualidade de vida, para a redução das emissões […] e, da mesma forma, assegura os investimentos necessários para a criação de riqueza, mas também para a criação de emprego qualificado”, acrescentou.

O titular da pasta do Ambiente referiu ainda ser “evidente” que o seu ministério criou as políticas e agendas necessárias para que este investimento pudesse acontecer em Portugal.

“Entendemo-lo com toda a naturalidade. Entendemos também que o nosso Ministério criou as agendas certas para definir as metas e os processos a que queremos chegar”, reiterou.

Em resposta aos jornalistas, Matos Fernandes disse que “parece fazer mais sentido” que esta unidade seja localizada a Norte, acrescentando que, “quanto mais no interior do país, melhor”.

O governante sublinhou também que foi elaborada uma avaliação ambiental estratégica, a partir da qual serão escolhidos os locais, tendo sido já excluídos os que se encontravam em parques naturais ou na rede natura.

“Não haverá uma exploração sem avaliação ambiental”, concluiu.

Denominada Aurora e com uma participação de 50/50 da Galp e dos suecos da Northvolt, a ‘joint venture’ está atualmente “a realizar estudos técnicos e económicos e a analisar várias localizações possíveis para a unidade” em Portugal.

Está também “a explorar as opções adequadas de financiamento no âmbito da transição energética, de modo a reforçar o desenvolvimento do projeto”.

O objetivo é desenvolver a “maior e mais sustentável fábrica de conversão de lítio da Europa, […] com uma capacidade de produção anual de até 35.000 toneladas de hidróxido de lítio”, lê-se num comunicado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Conheça a advogada sul-africana June Stacey Marks que defende Rendeiro

June Stacey Marks é a advogada sul-africana que está a assegurar a defesa do fugitivo português, João Rendeiro, no processo de extradição para Portugal e para cumprir pena.

No passado dia 11 de dezembro, sábado, João Rendeiro foi apanhado em Durban, na África do Sul, após ter estado fugido à justiça portuguesa durante cerca de três meses. A advogada sul-africana June Stacey Marks é quem está a assegurar a defesa do fugitivo português no processo de extradição para Portugal e para cumprir pena.

Desde o pedido de fiança para não ficar detido à transferência de prisão, a advogada tem “jogado todas as cartas” para defender o seu cliente que foi condenado a cinco anos e oito meses de prisão efetiva por falsidade informática e falsificação de documento, decisão que transitou em julgado a 17 de setembro.

A advogada June Stacey Marks disse à SIC Notícias que não teve tempo para ler todo o processo e para reunir-se com o ex-banqueiro. Para já, a defesa pediu a atribuição de uma fiança, para que Rendeiro possa sair em liberdade. A sul-africana já deu algumas entrevistas aos canais televisivos portugueses – em pouco mais de 24 horas – e reuniu-se com Rendeiro na segunda-feira de tarde, antes de o ex-banqueiro ser ouvido pelo tribunal pela primeira vez desde que foi detido num hotel em Durban no sábado.

“Ele está bem”, disse a advogada. “Mas tenho ainda de ler o processo”, disse. A defesa pede a libertação de Rendeiro sob fiança. E já conseguiu adiar por duas vezes a decisão das medidas de coação que estavam marcadas para segunda de manhã e só serão decididas na quarta-feira. E disse: “o foco não está na extradição, acho que estão com o foco errado“.

Mas quem é June Stacey Markes? A advogada sul-africana frequentou o bacharelato em Direito Comercial, na Universidade de África do Sul, especializando-se em Psicologia e Gestão de Negócios.

Residente em Joanesburgo, esteve a trabalhar no escritório Brink Cohen Le Roux Inc, entre 2000 e 2002, no Allan Levin and Associates, entre 2002 e 2003, e, desde 2005, no seu próprio escritório, o June Stacey Marks Attorneys.

“A nossa prática nasceu para ser inovadora e servir melhor os nossos clientes, afastando-nos das normas estabelecidas que têm impedido os escritórios de advocacia de se adaptarem a um futuro em mudança. Precisávamos ser inovadores e nos esforçarmos constantemente para ser melhores“, lê-se na sua página de LinkedIn.

Entre as especialidades do escritório de June Stacey Marks estão liquidações, investigações criminais, insolvências, crimes de colarinho branco, contratos e extradições.

Pelas mãos da advogada já passaram alguns casos mediáticos, como o de Phumudzo Makhado e J. Arthur Brow. Neste último, relacionado com fraude financeira, a sul-africana defendeu o empresário acusado de ter desviado mais de 77 milhões de euros dos fundo geridos pela sua empresa, a Fidentia.

Neste caso, June Stacey Markes acabou por sair uma vez não recebeu o pagamento dos seus serviços. A advogada foi mais longe e chegou a admitir que foi ameaçada por uma pessoa próxima do seu cliente.

Captura de Rendeiro

João Rendeiro foi detido no sábado, dia 11 de dezembro, em África do Sul, depois de anunciar ao mundo no dia 28 de setembro que estava fora de Portugal e que não regressaria para cumprir pena de prisão. Após a detenção, espera-se que João Rendeiro seja ouvido em tribunal, perante o juiz de instrução criminal sul-africano. Daí sairá a decisão face à medida de coação e ainda será dito pelo próprio Rendeiro se pretende opor-se à extradição ou não.

Portugal não tem, em concreto, um acordo de extradição com a África do Sul, mas assinou uma convenção europeia de extradição que o país africano também assinou e que permite uma cooperação direta que, em termos práticos, facilita em muito a extradição de qualquer cidadão entre os países assinantes.

Em entrevista à CNN Portugal no passado dia 22, Rendeiro escusou-se a revelar a sua localização, mas a sua mulher, entretanto constituída arguida e em prisão domiciliária, já tinha dito à justiça que Rendeiro estava na África do Sul, pista que, à data, foi publicamente desvalorizada. Rendeiro afirmou-se injustiçado e comparou a sua situação com a de Ricardo Salgado, que disse ser “protegido pelo sistema”. “Como nunca paguei nada a ninguém e não tenho segredos de Estado, sou um poderoso fraco”.

João Rendeiro foi condenado em três processos autónomos em tribunal. Se somarmos todas as sentenças, o ex-presidente do BPP foi condenado a 18 anos. Tem duas dessas decisões em recurso e outra já transitada em julgado.

A mais recente condenação foi de três anos e seis meses de prisão efetiva por burla qualificada. A decisão foi conhecida no dia 28 de setembro e diz respeito a um processo em que o embaixador Júlio Mascarenhas exigia que João Rendeiro e os outros dois ex-administradores do BPP, Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital, fossem condenados a pagar-lhe uma indemnização de mais de 377 mil euros. Esta sentença ainda está em recurso.

As autoridades portuguesas já tinham emitido dois mandados de detenção, europeu e internacional, para o antigo presidente do BPP, para que o ex-banqueiro cumpra a medida de coação de prisão preventiva.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa. O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, assim outro um processo relacionado com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancárias.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.