Fed mais agressivo pressiona Wall Street

  • ECO
  • 17 Novembro 2022

As bolsas europeias encerraram a sessão em baixa, incluindo Lisboa. Wall Street também registou perdas, depois dos comentários mais agressivos dos membros da Fed.

As bolsas europeias encerraram a sessão em baixa e Lisboa não foi exceção, recuando mais de 1% e onde apenas a EDP Renováveis escapou (por pouco) às perdas. O PSI caiu 1,02% para 5.738,45 pontos, pressionada em grande medida pela queda de 3,24% do BCP.

Do outro lado do Atlântico, as bolsas dos EUA também registaram perdas, depois dos comentários conservadores dos responsáveis da Reserva Federal e dos dados positivos do mercado de trabalho, que deixam antever mais subidas agressivas dos juros. O presidente da Fed de St. Louis, James Bullard, disse esta quinta-feira que mesmo sob uma análise de política monetária “generosa”, o banco central precisa de continuar a subir as taxas de juro, tendo em conta que o aperto até agora “teve apenas efeitos limitados na inflação observada”.

Estas declarações acabaram por dar um forte impulso ao dólar.

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Saiba onde é mais difícil (e mais fácil) comprar casa

Comprar casa com recurso ao crédito bancário está cada vez mais caro e mais difícil, particularmente no Algarve, onde a taxa de esforço dos algarvios é quase o dobro da média nacional.

O mercado imobiliário continua a fervilhar. Só este ano, o preço mediano das vendas por metro quadrado dos alojamentos familiares subiram 10% nos primeiros seis meses do ano (últimos dados conhecidos). Isto depois de em 2021 os preços terem escalado 14% e no ano anterior aumentado mais 7%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

No mesmo sentido tem caminhado a prestação da casa, como resultado da subida galopante das taxas de juro desde janeiro. No espaço de um ano, um crédito à habitação a 30 anos indexado à Euribor a 12 meses com um spread de 1,1% passou de 304 euros para 465 euros por cada 100 mil euros de financiamento. Trata-se de um aumento de 53%.

E num passo bem mais moderado têm seguido os rendimentos das famílias que, de acordo com dados do INE compilados pelo ECO, cresceram, em média, 3,4% por ano entre 2020 e setembro deste ano.

O esforço financeiro das famílias para comprar casa recorrendo ao crédito habitação aumentou de uma forma avassaladora nos últimos dois anos.

O efeito imediato do comportamento de todas estas variáveis é refletido numa maior dificuldade na compra de casa por parte das famílias portuguesas. Porém, a “ginástica financeira” criada pelo aumento extraordinário do preço das casas e da prestação do crédito à habitação não tem o mesmo grau de esforço em todo o país. Há municípios que não só têm sentido mais a pressão dos preços do imobiliário como também os rendimentos das famílias continuam a ser dos mais baixos do país.

É o caso do Algarve. Além de entre 2019 e 2020 os preços das casas na região terem subido a um ritmo de 13% ao ano (o mesmo que o registado na área metropolitana de Lisboa e um ponto percentual acima do verificado a nível nacional), também hoje o rendimento bruto anual médio das famílias é ainda pouco superior a 16 mil euros, cerca de 15% abaixo da média do país.

Taxa de esforço do crédito à habitação dispara

Se em 2020 a taxa de esforço média de um crédito à habitação a 30 anos indexado à Euribor a 12 meses e um spread de 1,1% pelo montante equivalente a 80% do valor médio de um imóvel de 100 metros quadrados era de 18%, hoje é de 32%.

Fonte: ECO e INE. Valores em percentagem. A taxa de esforço tem em conta um crédito à habitação a 30 anos indexado à Euribor a 12 meses e um spread de 1,1% pelo montante equivalente a 80% do valor médio de um imóvel de 100 metros quadrados na região, e o rendimento bruto do agregado familiar.

Crescem as dificuldades em comprar casa no Algarve

Para os residentes no Algarve que hoje estejam à procura de casa na região, a compra de um imóvel é um desafio herculano. Se não vejamos. De acordo com dados do INE, o preço mediano das vendas por metro quadrado dos alojamentos familiares no Algarve no primeiro semestre é de 2.298 euros. Isto faz com que um imóvel no Algarve de 100 metros quadrados custe, em média, 230 mil euros.

Assumindo que uma família tem 20% para dar como entrada do imóvel (cerca de 46 mil euros) e recorre a um crédito à habitação a 30 anos indexado à Euribor a 12 meses com um spread de 1,1%, terá de encaixar no seu orçamento uma prestação de 856 euros.

Face aos rendimentos brutos médios dos algarvios, isso traduz-se numa taxa de esforço de 59%, nove pontos percentuais acima da taxa de esforço máxima (50%) recomendada pelo Banco de Portugal para os bancos concederem crédito à habitação e bem acima dos 32% verificados a nível nacional. Destaque para os municípios de Loulé, Albufeira e Aljezur onde o peso da prestação da casa supera em 70% o rendimento bruto do agregado familiar.

Entre os municípios mais populosos do país, Viseu é onde é mais fácil comprar casa, apresentando uma taxa de esforço nos novos contratos de crédito à habitação de 19%.

Isto significa que, nas condições atuais do mercado, os algarvios têm de ter pelo menos 76 mil euros, cerca de um terço do valor médio de um imóvel na região, para alcançarem uma taxa de esforço de 50% e assim conseguirem contratualizar um crédito à habitação com uma instituição bancária – e isto se não tiverem qualquer outro crédito.

Todavia, tendo em conta a fasquia de uma taxa de esforço de 36% que o Governo definiu recentemente como ponto central para os bancos procederem a uma revisão dos créditos à habitação, os algarvios que pretendam comprar uma casa na sua região recorrendo ao crédito bancário têm de avançar com capitais próprios de quase 120 mil euros, cerca de 51% do valor do imóvel, para terem uma taxa de esforço abaixo do ponto de fricção. Há dois anos, precisavam de ter disponíveis apenas 18 mil euros para darem como entrada da nova casa, cerca de 10% do preço do imóvel.

Pressão aperta na zona da grande Lisboa

A subida acentuada dos preços dos imóveis e o encarecimento do crédito à habitação, que não tem sido acompanho pelo aumento dos rendimentos das famílias, deixa a adivinhar uma travagem a fundo na concessão de crédito para a compra de casa no próximo ano. É isso que os próprios bancos já estão a antecipar que venha a acontecer no último trimestre deste ano. E esse alerta não é só dado pelos números do Algarve.

Entre os 25 municípios com mais de 100 mil habitantes (que não inclui nenhum concelho algarvio), dois apresentam taxas de esforço acima dos 50%, considerando a aquisição de um imóvel com 100 metros quadrados com uma entrada de 20% do seu valor e o remanescente por via da contratualização de um crédito à habitação a 30 anos indexado à Euribor a 12 meses com spread de 1,1%.

As lanternas vermelhas são os municípios de Lisboa e Cascais, que apresentam atualmente taxas de esforço de 56% e 55%, respetivamente. Há dois anos, considerando as condições de mercado da altura (preços da habitação, taxa de juro e rendimento das famílias), essa taxa era de 34% em Lisboa e 31% em Cascais.

A área metropolitana de Lisboa, a par do Algarve, é das regiões onde a pressão sobre a concessão de novos créditos à habitação é maior. Entre os dez municípios com as mais elevadas taxas de esforço, oito são da área metropolitana de Lisboa (incluindo a capital). Mas na região norte a realidade também não é diferente.

No Porto, a taxa de esforço para a aquisição de um imóvel nas mesmas condições é hoje de 42%, 18 pontos percentuais acima do verificado em 2020. E é em Vila Nova de Gaia e em Gondomar onde a taxa de esforço mais aumentou em termos relativos nos últimos dois anos: em Vila Nova de Gaia passou de 18% para 35% e em Gondomar de 19% para 35%.

No outro extremo, entre os municípios onde é mais fácil comprar casa está Viseu, com uma taxa de esforço nos novos contratos de crédito à habitação a situar-se nos 19%. Destaque ainda para Leiria, Santa Maria da Feira, Braga e Leiria, com a prestação da casa a situar-se abaixo dos 25% do rendimento bruto do agregado familiar.

É ainda de salientar que em termos médios, a taxa de esforço nos 25 municípios com mais de 100 mil habitantes aumentou em 1,8 vezes no espaço de dois anos, passando de 20% para 36%. É um crescimento extremamente acelerado. Basta ver que entre 2020 e 2021 a taxa de esforço para a aquisição de um imóvel nestes municípios teve um ligeiro aumento de apenas 1,75 pontos percentuais.

Onde é mais fácil comprar casa

Viseu e Leiria são as cidades que oferecem maiores facilidades para comprar casa. Nessas cidades, a prestação da casa pesa 19% e 25%, respetivamente, do rendimento bruto do agregado familiar. Entre os 25 municípios mais populosos, esse rácio ascende, em termos médios, a 36%.

Fonte: ECO e INE. Valores em euros. A prestação do crédito à habitação pressupõe como exemplo um contrato a 30 anos indexado à Euribor a 12 meses e um spread de 1,1% pelo montante equivalente a 80% do valor médio de um imóvel de 100 metros quadrados no município.

Para ter crédito é preciso entrar com mais capital

Há dois anos, nenhum município entre os 25 mais populosos apresentava uma taxa de esforço acima dos 36%. Hoje, quase metade está nessa condição. Isto significa que passou a ser extremamente complicado um residente num destes municípios contratualizar um crédito à habitação para comprar casa na sua cidade. E para o conseguir tem de avançar com muito capitais próprios como entrada do imóvel.

Em Lisboa, por exemplo, se em 2020 necessitava de despender 58 mil euros, cerca de 17% do valor do imóvel que pretendia adquirir, para manter uma taxa de esforço abaixo de 36%, hoje necessita de 185 mil euros, cerca de 49% do valor do imóvel para não ultrapassar essa fasquia.

O mesmo sucede em Cascais. Atualmente, um cascalense que pretenda contrair um crédito à habitação para comprar uma casa no seu concelho terá de avançar com cerca de 163 mil euros de capitais próprios, o equivalente a 48% do valor do imóvel, para que a sua taxa de esforço fique abaixo dos 36%. Há dois anos necessitava de aplicar 47 mil euros das suas poupanças para atingir o mesmo objetivo.

Entre os 11 municípios que hoje apresentam uma taxa de esforço acima dos 36% na contratualização de novos créditos à habitação, o custo médio para baixarem essa fasquia é de 89 mil euros, o equivalente a 35% do preço do imóvel que pretendem comprar.

Estes números revelam que o esforço financeiro das famílias para comprar casa recorrendo ao crédito habitação aumentou de uma forma avassaladora nos últimos dois anos. Não apenas na prestação, por conta da subida das taxas de juro, mas também ao nível do investimento inicial, como resultado da subida do preço dos imóveis.

Preço a pagar para ter casa nova

As famílias que hoje procurem comprar casa com recurso ao crédito bancário nestes 11 municípios terão de despender entre 46 mil euros (Sintra) e 184 mil euros (Lisboa) de capitais próprios para baixarem a sua taxa de esforço para um nível inferior a 36%. Há dois anos, apenas quem comprasse casa em Lisboa, Cascais e Odivelas estava nesta condição.

Fonte: ECO e INE. O montante do capital de entrada tem em conta um crédito à habitação a 30 anos indexado à Euribor a 12 meses e um spread de 1,1% do valor médio de um imóvel de 100 metros quadrados no município.

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5 coisas que vão marcar o dia

Serão conhecidos dados sobre a produção industrial em Portugal, bem como os dados definitivos da inflação na Zona Euro em outubro. Ministro das Finanças do Reino Unido apresenta plano orçamental.

O INE vai dar a conhecer dados sobre a produção industrial em outubro, enquanto o Eurostat vai divulgar os dados definitivos da inflação na Zona Euro. Esta quinta-feira, o Banco de Portugal publica os indicadores coincidentes de outubro. A marcar o dia está ainda a apresentação do Plano Ferroviário Nacional. Lá fora, o Reino Unido apresenta o seu Orçamento.

Como evoluem os preços da produção industrial?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga dados sobre os preços da produção industrial referentes a outubro. Em setembro, o índice de preços na produção industrial subiu 19,6%, face a igual mês do ano passado. Contudo, na variação em cadeia, isto é, entre agosto e setembro, verificou-se uma redução de duas décimas.

Banco de Portugal diz como vai a economia

O Banco de Portugal (BdP) divulga esta quinta-feira os indicadores coincidentes para a atividade económica e o consumo privado relativos a outubro. Em setembro, ambos os indicadores voltaram a recuar. Nesse mês, a taxa de variação homóloga do indicador para a atividade económica foi de 6,2%, o que contrasta com os 6,1% registados em setembro de 2021 e com os 6,5% de agosto. Já a variação homóloga do indicador para o consumo privado diminuiu de 2,9% em agosto para 2,3% em setembro (tinha sido de 7,6% em setembro de 2021).

Plano Ferroviário Nacional é apresentado

Esta quinta-feira é apresentado o Plano Ferroviário Nacional (PFN), que entra hoje em consulta pública, isto é, um ano depois do prazo inicialmente previsto, e irá ser submetido a aprovação no Parlamento em meados de 2023. Um dos objetivos deste plano é que comboio volte a estar presente em todas as capitais de distrito.

Inflação atinge máximos na Zona Euro?

O Eurostat divulga os dados finais da taxa de inflação na Zona Euro em outubro. Na estimativa rápida, o gabinete de estatística europeu indicou que a taxa de inflação homóloga na Zona Euro terá acelerado para 10,7% em outubro, uma subida de 0,8 pontos percentuais face aos 9,9% registados no mês anterior. Serão ainda conhecidos dados sobre a produção na construção referentes a setembro.

Ministro das Finanças do Reino Unido apresenta Orçamento

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o ministro das Finanças, Jeremy Hunt, apresentam a estratégia económica e orçamental do executivo, acompanhada de previsões oficiais de crescimento e dívida. Numa altura em que a inflação no Reino Unido subiu para 11,1% em outubro, ou seja, o valor mais alto desde 1981, é esperado um aumento de impostos e cortes na despesa para tentar controlar a subida dos preços.

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+M

Portugueses tencionam gastar 326 euros nesta Black Friday, em linha com 2021

Tecnologia, moda/acessórios e eletrodomésticos lideram as intenções de compra na Black Friday. Marketing enganador, ausência de necessidade e questões financeiras são as maiores barreiras.

A grande maioria dos portugueses quer aproveitar os descontos da Black Friday para fazer compras e metade destes pretende fazê-lo tanto nas lojas físicas como online. Os produtos de tecnologia são os mais procurados, com os portugueses a tencionarem gastar, em média, 326 euros este ano.

Os dados fazem parte do estudo Black Friday 2022, elaborado pela NetSonda para a Worten, e partilhado com o +M/ECO, que pretende analisar a notoriedade e impacto da campanha, os touchpoints e os hábitos de compra dos portugueses.

Fonte: Netsonda/Worten

De acordo com o estudo, 98% dos inquiridos sabe o que é a Black Friday, descrita por 89% da amostra como “compras com desconto/baixos preços em várias lojas”. Para 6% dos inquiridos, contudo, Black Friday é sinónimo de “preços enganadores”. Esta é também a percentagem de pessoas que associa a Black Friday a antecipação das compras de Natal e também de pessoas que afirmam de forma espontânea que é “sexta-feira negra”, a última do mês de novembro.

85% dos inquiridos têm interesse em ações promocionais como a Black Friday, sendo esta associada, para 68% dos inquiridos, a compras para o próprio. Antecipar as compras de Natal e poder comprar online com promoções são outras das vantagens mais referidas pelos inquiridos.

Fonte: Netsonda/Worten

Quanto à experiência e expectativas de compra, 60% dos inquiridos afirmam ter comprado na Black Friday no último ano. Tecnologia, moda/acessórios e eletrodomésticos foram as categorias mais compradas em 2021, com a segunda a ganhar terreno (+3 pp) e a tecnologia a cair 8 pp em relação ao ano anterior.

Nas previsões de compras para este ano, 66% dos inquiridos afirmam que “eventualmente” vão comprar, 22% respondem que “de certeza” que vão comprar e 12% garantem não fazer compras na Black Friday. Entre os inquiridos que pretendem fazer compras nesta época, 24% tencionam fazê-lo online e 14% em loja e 51% em ambos os canais.

Compra futura: produtos que os consumidores tencionam comprar

Fonte: Netsonda/Worten

A tecnologia lidera, com 51% as intenções de compra. Seguem-se moda/acessórios (47%), eletrodomésticos (36%) e perfumes/cosméticos (27%). Na quinta posição, com 26%, surgem os livros. As compras para o próprio destacam-se nas intenções para este ano, com 86%. As compras para o companheiro/a estão na segunda posição, embora com uma quebra de 6 pp em relaçao a 2021. Filhos e família alargada surgem nas duas posições seguintes.

Evolução das intenções de despesa na Black Friday

Fonte: Netsonda/Worten

Quanto à previsão de gastos, 41% tencionam gastar menos, 30% dizem que vão gastar mais e 28% tencionam gastar a mesma quantia do que em 2021. Em média, na resposta espontânea, a expectativa de gastos está nos 326 euros, menos um euro do que no ano passado.

Marketing enganador para o cliente (26%), ausência de necessidade (24%) e questões financeiras (18%) são as maiores barreiras à adesão a compras na Black Friday, que é vista por 49% dos inquiridos como geradora de oportunidades e bons preços (36%). Em sentido contrário, consumismo (40%) e preços fraudulentos (24%) também são atributos associados a esta iniciativa.

Barreiras à adesão à Black Friday

Fonte: Netsonda/Worten

As campanhas mais recordadas sobre a Black Friday são as das Worten, que na soma do top of mind e de outras referências espontâneas totaliza 81%. Na segunda posição surge a Fnac (com 45%) e na terceira a Rádio Popular (com 30%). A loja de roupa mais recordada é a Zara (com 12%) e a Amazon surge na sétima posição (6%).

Recordação de lojas com campanhas Black Friday

Fonte: Netsonda/Worten

Televisão, internet, redes sociais e rádios são, por esta ordem, os principais pontos de contacto com as campanhas que comunicam a Black Friday, com a televisão, com 81%, a assumir protagonismo tanto em homens como em mulheres e em todos os escalões etários analisados. Em contrapartida, a televisão é apenas o quinto com mais influência na adesão à campanha, com 70%. Amigos e familiares, internet e redes sociais, com respetivamente 86%, 81% e 77%, lideram em termos de influência dos touctpoints, mostra o estudo.

Principais pontos de contacto

Fonte: Netsonda/Worten

Para este estudo foram realizadas, entre os dias 15 e 21 de setembro, mil entrevistas online. A amostra é representativa da população portuguesa entre os 18 e os 54 anos e a margem de erro é de cerca de 3%.

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Tribunal de Contas critica resposta do Governo à crise económica da Covid

  • Lusa
  • 17 Novembro 2022

Avaliação do Tribunal de Contas às medidas do Governo de resposta à crise económica por causa da pandemia é negativa. Falta "rigor", "transparência" e escrutínio.

O Governo não determinou “com rigor” as necessidades decorrentes do impacto económico da pandemia, faltando informação sobre as medidas extraordinárias tomadas e “transparência” e “escrutínio” públicos quanto à sua eficácia, concluiu o Tribunal de Contas (TdC), numa auditoria que avaliou a resposta pública e os seus resultados na recuperação da economia. As conclusões são particularmente negativas, e visam diretamente o anterior ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, depois do exame da eficácia das 24 medidas identificadas pelo Ministério da Economia e da Transição Digital (METD) para o efeito.

Notando que a recessão de 7,6% do Produto Interno Bruto (PIB), em termos reais, em 2020 foi “mais acentuada do que na média dos países da área do euro (6,6%) e mais expressiva do que a prevista no Orçamento Suplementar (6,9%) em junho de 2020”, o Tribunal de Contas nota que, contudo, só foi “gasto com as medidas de reação à pandemia menos de 10% (98 milhões de euros) da despesa orçamental do Programa Orçamental Economia (1.006 milhões de euros)”.

No relatório, divulgado esta quinta-feira, o TdC considera ainda que “a informação prestada sobre as medidas extraordinárias não foi completa, nem suficiente, não tendo promovido a responsabilização, a transparência e o escrutínio públicos quanto à eficácia dessas medidas em atingir os seus objetivos e assegurar a recuperação do impacto adverso da pandemia na economia”.

A estrutura existente não se revelou adequada para monitorizar e controlar eficazmente (de forma ativa e tempestiva) as medidas, identificando e quantificando a situação inicial (anterior à pandemia), o impacto adverso da pandemia, a reação a esse impacto adverso e a recuperação desse impacto através da correspondência, para cada medida tomada, entre objetivo pretendido (expresso pela meta a atingir) e resultado obtido”, sustenta.

Segundo o TdC, “foram reportados à auditoria 11.008 milhões de euros gastos com nove das 24 medidas de reação ao impacto adverso da pandemia na economia, até 31/12/2021”, dos quais “9.091 milhões de euros com responsabilidades contingentes (crédito atribuído pelo sistema financeiro, com garantia pública), 1.409 milhões de euros de despesa, 200 milhões de euros de receita diferida, 185 milhões de euros de empréstimos, 104 milhões de euros de despesa antecipada e 20 milhões de euros com locação”.

Em resposta ao Tribunal de Contas, o Ministério da Economia alegou que, “na definição de políticas públicas durante a pandemia, o processo de tomada de decisão tem ocorrido em circunstâncias de elevada incerteza, complexidade e de rápida mudança”.

Ora, considera o Tribunal, “além da insuficiente execução financeira das medidas (84% do previsto), só sete tiveram meta definida e só uma a atingiu, 15 não apresentaram resultados e não foi demonstrada a eficácia das medidas em alcançar os seus objetivos, nem em recuperar a situação inicial (15 por falta de execução, nove porque os seus indicadores não mediam o cumprimento dos seus objetivos e 23 por não ter sido reportada situação inicial)”.

Em contraditório, na resposta às conclusões do Tribunal de Contas, o Ministério da Economia alegou que, “na definição de políticas públicas durante a pandemia, o processo de tomada de decisão tem ocorrido em circunstâncias de elevada incerteza, complexidade e de rápida mudança”.

Embora reconheça estas dificuldades, o TdC defende que cabe ao Governo “reduzir os riscos materializados por incompletude e insuficiência da informação reportada, insuficiência do grau de execução e ineficácia das medidas em alcançar os seus objetivos, bem como os demais riscos significativos identificados, nos quais já consta o relativo ao impacto adverso da duração e da extensão do conflito militar na Ucrânia”. Entre estes outros “riscos significativos” identificados pela auditoria está também “a dimensão das responsabilidades contingentes assumidas como reação à pandemia”.

Tribunal de Contas faz recomendações ao Governo

“Por agravar a vulnerabilidade das finanças públicas”, o TdC considera que “importa divulgar integralmente” estes dados, de forma a “apreciar devidamente a posição financeira do Estado face ao aumento expressivo das responsabilidades pela concessão de garantias públicas, visando a liquidez e a atividade das empresas”. É que, insiste, “não obstante este aumento constituir um risco orçamental a divulgar adequada e designadamente na CGE [Conta Geral do Estado], a CGE não avalia o risco destas responsabilidades serem exigíveis no futuro”.

Face às insuficiências apuradas, o TdC recomenda ao Governo que promova “a articulação das medidas tomadas como reação ao impacto adverso da pandemia (e a outros impactos adversos extraordinários) na economia com a prossecução do interesse público”.

O objetivo, refere o Tribunal de Contas, é garantir que “as necessidades decorrentes de cada impacto adverso sejam determinadas com rigor”, “essas necessidades sejam refletidas nessas medidas e nos seus objetivos (expressos por metas)”, “o financiamento e a vigência das medidas sejam suficientes para atingirem os seus objetivos” e “as medidas integrem o respetivo programa orçamental (incluindo o seu custo extraorçamental)”.

Pretende-se ainda que “a informação reportada sobre as medidas seja integral, fiável e consistente”, “a execução das medidas seja tempestiva e objeto de monitorização e controlo adequados” e “as medidas sejam adequadas e eficazes para atingir os seus objetivos (expressos nas metas)”.

O Tribunal de Contas também recomenda o Governo disponha de “uma estrutura adequada para monitorizar e controlar eficazmente (de forma ativa e tempestiva) as medidas tomadas” e que “identifique e quantifique, para cada medida, a situação inicial (anterior a cada impacto), o impacto adverso da pandemia, a reação a esse impacto adverso e a recuperação desse impacto”.

Por sua vez, às entidades gestoras das medidas – IAPMEI-Agência para a Competitividade e Inovação, AGPOCI (Autoridade de Gestão do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização), TF (Turismo Fundos), TP (Turismo de Portugal) e BPF (Banco Português de Fomento) – o Tribunal de Contas recomenda que concebam e implementem “um modelo de avaliação da eficácia das medidas que disponibilize um conjunto de informações relevantes sobre cada medida”.

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Hagatong tem salário superior a 300 mil euros no Banco de Fomento

O Ministério da Economia recusa-se a revelar oficialmente os salários da chairwoman e da CEO do Banco de Fomento, uma instituição financeira do Estado, e contraria as regras seguidas pela CGD.

A ‘chairwoman’ do Banco Português de Fomento, Celeste Hagatong, vai ter um salário bruto anual superior a 300 mil euros, enquanto a presidente executiva, Ana Carvalho, terá um salário da ordem dos 280 mil euros (ilíquidos), valores que são cerca de três vezes o salário da gestora que liderou o banco até à semana passada, apurou o ECO junto de duas fontes que conhecem estes números. O Ministério da Economia continua a esconder os salários das duas gestoras, quando o outro banco público, a CGD, revela os salários dos membros do conselho de administração de forma individual.

Celeste Hagatong e Ana Carvalho, oriundas da Cosec, foram nomeadas em assembleia geral há algumas semanas, para substituir Beatriz Freitas, mas ainda não tinham iniciado funções, porque esperavam pelo fit and proper do Banco de Portugal, o que veio a suceder no dia 4 de novembro. As duas gestoras já estão desde o início desta semana a liderar o banco, mas o Governo insiste em não revelar os respetivos salários. Questionado pelo ECO, limitou-se a responder que “as remunerações em causa foram determinadas com base nas práticas de mercado, comparando com grupos de entidades equiparáveis, também reguladas pelo Banco de Portugal“. Mas sem dar quaisquer referências concretas ou indicadores que permitam conhecer os critérios usados.

Em 2021, por comparação, o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, auferiu um salário anual fixo de 423 mil euros brutos. Um valor superior ao do chairman do banco, Farinha Morais, como aliás sucede em todos os outros bancos do sistema. Ou seja, a política salarial do Banco de Fomento tem esta originalidade: A presidente não executiva tem um salário superior ao da presidente executiva.

A política salarial do Banco de Fomento, recorde-se, foi um temas sensíveis nos últimos meses no processo de substituição de Beatriz Freitas. O Governo acabou por fazer uma alteração à lei, no conselho de ministros de 15 de junho, para permitir a contratação de gestores com salários competitivos em relação aos outros bancos. “As remunerações dos membros do órgão de administração do BPF são fixadas pela respetiva assembleia geral, nos termos previstos no RGICSF, tendo em conta, designadamente, a natureza e finalidade do BPF”, pode ler-se no decreto-lei publicado em Diário da República. E, por isso, é o banco que “define as políticas e práticas de remuneração”.

As originalidades da política de remuneração do Banco de Fomento não terminam aqui. O Ministério da Economia recusa-se também a revelar se os salários dos outros gestores do Banco de Fomento foram atualizados, mas, até ao momento, cada um dos gestores manteve o salário de origem, o que determinava uma política de remuneração diferenciada entre gestores da mesma comissão executiva.

O ministro da Economia anunciou em junho a substituição de Beatriz Freitas por Celeste Hagatong e Ana Carvalho, mas o processo de transição arrastou-se, primeiro com a análise da comissão interna do próprio banco que avaliou as gestores, e depois no processo de avaliação do Banco de Portugal. Há dias, no Parlamento, António Costa Silva afirmou que estava em curso a transição de pastas. O ministro acrescentou, depois, que o perfil da nova equipa de liderança do Banco de Fomento está “mais ligado às empresas”.

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Costa contra Costa, os dias de confronto

'O Governador' está a agitar os bastidores da política e a economia. Um livro do jornalista Luís Rosa sobre uma década de Carlos Costa que desenterra o passado que poucos querem ver recuperado.

O livro ‘O Governador’ do jornalista Luís Rosa sobre a década de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal está a criar um sismo político no país. Primeiro foi a acusação a António Costa sobre as pressões que terá feito para proteger Isabel dos Santos no BIC, depois o caso Banif e pelo meio histórias da troika que envolvem Durão Barroso e Vítor Constâncio, a falência do BES e o confronto com Mário Centeno no Banco de Portugal. São muitas histórias dentro de um livro, com personagens principais, secundárias e atores de terceira, mas com a força para abalar os bastidores da política, da economia e da alta finança.

Desde o dia em que foi pré-publicado o capítulo sobre o caso das pressões de António Costa, sucederam-se reações, quase todas contra o antigo governador, desde logo do primeiro-ministro e do PS. Várias personalidades surgiram na defesa de António Costa, nomeadamente Centeno e até António Lobo Xavier, advogado e administrador não executivo do BPI, mas há também críticas, como do lado de Luís Marques Mendes, que apresentou o livro e sugeriu que o Ministério Público deveria investigar a resolução do Banif.

Lançamento do livro “O Governador” do jornalista Luís Rosa, com prefácio da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 15 de novembro de 2022. O livro conta “os bastidores da intervenção da troika e da queda do BES e do Banif, bem como as guerras do antigo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, com Sócrates, Salgado, Centeno e António Costa”. MIGUELA. LOPES/LUSAMIGUELA. LOPES/LUSA

 

Tudo começou com a pré-publicação de um capítulo do livro “O Governador”, da autoria do jornalista Luís Rosa, no Observador, a 10 de novembro. Nele, citava-se um episódio que remonta a abril de 2016, quando o governador informou Isabel dos Santos, a maior acionista do BIC à data, e Fernando Telles, sócio da filha mais velha do ex-presidente de Angola, que tinham de se afastar do Conselho de Administração do banco, no qual tinham uma participação de 20%. Uma decisão que tinha por objetivo fazer passar aos mercados a certeza de que aquela instituição bancária em nada estava relacionada com os problemas a que estava exposto o BIC Angola.

Isabel dos Santos não aceitou a ideia. Começou por dizer que não havia nada na legislação portuguesa que a impedisse de ser administradora do BIC. E, perante a determinação de Carlos Costa, recorreu, diz o livro, ao primeiro-ministro português, que terá defendido a posição da filha do ex-presidente de Angola. O primeiro-ministro terá dito ao então governador que “não se pode tratar mal a filha do Presidente de um país amigo de Portugal”, acusa Carlos Costa.

Perante estas acusações, António Costa não tardou a reagir e, à entrada para a reunião da Comissão Política do PS, considerou as declarações do ex-governador do Banco de Portugal “ofensivas” da sua honra, bom nome e consideração. O primeiro-ministro avançou ainda que contactou Carlos Costa e que, uma vez que este “não se retratou” nem “pediu desculpas”, constituiu como advogado “Manuel Magalhães e Silva, que adotará os procedimentos adequados contra o doutor Carlos Costa” em sede judicial.

O primeiro-ministro decidiu, assim, processar o ex-governador, sendo que o advogado referido vai “adotar os procedimentos legais adequados contra o Dr. Carlos Costa, tendo em conta as declarações proferidas que são ofensivas do seu bom nome, honra e consideração”, revelou fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro ao ECO.

Ao mesmo tempo, na reunião extraordinária do Conselho Nacional do PSD, também surgiram reações da oposição. António Leitão Amaro considerou que as acusações do livro seriam uma “situação demasiado grave” para o país. “O primeiro-ministro tem de responder se e porque interferiu junto a uma instituição independente para manter intocável Isabel dos Santos”, disse o vice-presidente do partido.

Ainda nesse dia a antiga candidata presidencial Ana Gomes comentou o caso no Twitter, apontando que não estava surpreendida. “Recordo que, em outubro de 2019, porque acusei publicamente Isabel dos Santos de usar Eurobic como lavandaria, com cumplicidade nacional, ela me pôs um processo cível. Que perdeu, por decisão judicial 3 dias antes do #LuandaLeaks”, escreveu.

Centeno pede “respeito pelas instituições”

No dia seguinte, chegaram declarações de Mário Centeno, atual governador do BdP. O antigo ministro das Finanças de Costa deixou uma crítica a Carlos Carlos, ainda que de forma indireta, apelando ao “respeito pelas instituições”.

“Não reduzimos a pobreza e desigualdade em democracia se não respeitarmos as instituições, quer quando as servimos, quer quando as deixarmos de servir. (…) Permitam-me que deixe aqui hoje este apelo, um apelo de respeito pelas instituições”, disse Mário Centeno, citado pela TSF. Questionado depois pelos jornalistas, o ex-ministro das Finanças disse que tinha sido “muito claro” no que tinha dito em palco.

Lobo Xavier defende Costa e Francisco Assis cancela apresentação

No domingo, o caso foi abordado no programa “O Princípio da Incerteza”, da CNN. Aí, António Lobo Xavier, antigo deputado do CDS e atual Conselheiro de Estado, veio em defesa de António Costa, admitindo que não sabe se a pressão existiu, mas reiterando que “o problema é que essa conversa, tal como é relatada no livro, não bate certo com uma série de atos que o primeiro-ministro António Costa praticou no sentido totalmente oposto”.

Recordou ainda uma situação que testemunhou, quando o primeiro-ministro “interveio ativamente para desbloquear a situação acionista no BPI em desfavor claro de Isabel dos Santos e contra os interesses de Isabel dos Santos”. “Não tem lógica que tenha feito pressão sobre o antigo governador do BdP a favor dos interesses de Isabel dos Santos, ele que tinha sido lutador nos limites para lá do que poderia esperar contra os direitos de Isabel dos Santos”, argumentou o centrista.

Não tem lógica que tenha feito pressão sobre o antigo governador do BdP a favor dos interesses de Isabel dos Santos, ele que tinha sido lutador nos limites para lá do que poderia esperar contra os direitos de Isabel dos Santos

António Lobo Xavier

O livro, que ainda não tinha saído, já tinha assim provocado bastantes tomadas de posição. Mas antes da apresentação chegaria ainda mais uma: Francisco Assis ia apresentar o livro (em conjunto com Luís Marques Mendes) mas acabou por cancelar a presença no evento, para que não fosse considerada um ato de “hostilidade” para com António Costa.

O SMS de Costa e o lançamento do livro

Chegou finalmente o dia da apresentação do livro, que ocorreu na Fundação Gulbenkian. Na manhã dessa terça-feira surgiram mais notícias: António Costa terá enviado um SMS ao antigo governador onde desmente que tenha dito que não se podia “tratar mal” a filha do Presidente de um “país amigo”, mas que considerava “inoportuno” o afastamento do BIC.

Neste dia chegaram também reações do sócio da angolana Isabel dos Santos, Fernando Telles, que disse que há informação “falsa” sobre si no livro e ameaçou recorrer a todos “os meios” para repor a verdade. Fernando Telles defendeu que “a narrativa de Carlos Costa, no seu livro, de que não foi [ele, empresário] nomeado em 2016 é falsa e, ou se retrata, ou reserva-se no direito de repor a verdade e o seu bom nome por todos os meios que entenda adequado”.

Finalmente na apresentação, foi dada a explicação da ausência de Francisco Assis, através uma mensagem lida no próprio evento. “Não foi uma decisão agradável, mas foi a que se impôs à minha consciência. Tenho uma longa relação do ponto de vista político com o Dr. António Costa e entendi que era meu dever abster-me de participar num ato em que a minha presença seria inevitavelmente interpretada como uma manifestação de hostilidade pessoal com ele”, justificou o presidente do Conselho Económico e Social (CES).

Já Marques Mendes avançou com a participação, onde defendeu que a revelação mais grave do livro se prende com a resolução do Banif no final de 2015 e que o Ministério Público devia abrir um processo de investigação criminal.

“Espero bem que o Ministério Público possa ler os capítulos do livro que têm a ver com o Banif, e se ler não pode deixar de abrir uma investigação criminal. É um caso típico de abuso de poder e favorecimento de uma sociedade. Por muito menos, já vi o Ministério Público abrir inquéritos e constituir arguidos”, reiterou.

O primeiro-ministro enviou-me uma mensagem escrita em que reconhece que me contactou para transmitir a inoportunidade do afastamento de Isabel dos Santos.

Carlos Costa

Já Carlos Costa, na apresentação, não só confirmou que recebeu um telefonema de António Costa em abril de 2016, pedindo para não afastar a angolana Isabel dos Santos do Banco BIC, porque “não se pode tratar mal a filha de um Presidente de um país amigo”, como também acusou o primeiro-ministro, que disse que o vai processar, de “tentativa de intromissão do poder político junto do Banco de Portugal”.

Falou também sobre a mensagem que diz ter recebido: “Esta semana, no mesmo dia em que anunciava um processo judicial, o primeiro-ministro enviou-me uma mensagem escrita em que reconhece que me contactou para transmitir a inoportunidade do afastamento de Isabel dos Santos. Ou seja, é o próprio primeiro-ministro a confirmar uma tentativa de intromissão do poder político junto do Banco de Portugal”.

Caso não está esquecido. Centeno e Carlos César voltam ao ataque

Depois da apresentação do livro, o caso ainda não “morreu”, longe disso. Por um lado, Centeno voltou a criticar Carlos Costa, mas de novo sem se dirigir diretamente ao antecessor. O governador do Banco de Portugal criticou esta quarta-feira o “velho hábito” de quem gosta de “reescrever a história com os dados censurados”, numa farpa implícita a Carlos Costa.

Já Carlos César decidiu também pronunciar-se, mas de forma bastante direta. Numa publicação no Facebook, criticou o ex-governador do Banco de Portugal por ser “desrespeitoso”, reiterando que “há despeito a mais e sentido de Estado a menos”. Além disso, defendeu António Costa, apontando que “não há, nem houve, como todas as pessoas de bem reconhecerão, qualquer espécie de cumplicidade ou sequer permissividade do primeiro-ministro ou do PS face à então acionista do BIC”.

Não há, nem houve, como todas as pessoas de bem reconhecerão, qualquer espécie de cumplicidade ou sequer permissividade do primeiro-ministro ou do PS face à então acionista do BIC

Carlos César

O antigo líder parlamentar do PS salientou “o cuidado que devia ser usado, face à definição de prioridades, naquele momento, no âmbito da melhor solução dos dossiês bancários”, apontando que a sugestão desses cuidados, “se ocorreu, não seria, como é óbvio, nunca considerada como uma intromissão ou uma pressão ilegítima, mas, quando muito, a comunicação de uma perspetiva do governo nos assuntos em causa”.

Apoiou-se também nas declarações de outras figuras apontando que “as razões, aliás, desses cuidados, já foram nestes dias reconhecidas publicamente e contextualizadas por consultores e analistas politicamente insuspeitos e creditados, de que destaco Lobo Xavier e Nogueira Leite”. Carlos César sublinhou que “foi o Governo de António Costa que aprovou um Decreto-lei que permitiu ao BPI libertar-se de Isabel dos Santos”.

Sobre o Banif, o socialista salientou que “o que se sabe é que Portugal tinha assumido o compromisso de descontinuar a atividade do banco no continente até maio de 2015, permitindo à União Europeia que se mantivesse em atividade nas regiões autónomas e nas comunidades portuguesas no exterior”. “Como é sabido, esse compromisso não foi honrado pelo Governo de Passos Coelho e pelo governador Carlos Costa“, atirou.

Banqueiros fogem do passado

Durante a manhã desta quarta-feira, realizou-se uma conferência da banca do futuro, mas o que fica é sobretudo sobre a fuga ao passado. Na conferência do Jornal de Negócios que contou com dois visados no livro ‘O Governador’, os presidentes do BPI e do Santander, respetivamente Oliveira e Costa e Pedro Castro e Almeida, garantiram que não vão ler o livro do jornalista Luís Rosa. “Não estou a ver nenhuma consequência útil para ninguém, não vou perder um segundo com o tema”, comentou o CEO do BPI, enquanto o presidente do Santander, caustico, afirmou que não tem de “ajustar contas” com ninguém. “Não sou político, o que está aqui é uma questão política”, disse o gestor.

Já Miguel Maya, presidente do BCP, banco que tem a Sonangol como acionista de referência, preferiu outra abordagem: “A questão não é se há pressões. É se somos independentes para resistir às pressões. É normal haver opiniões diferentes. Se entendem como pressão ou não, não é o meu problema. Eu sou dono das minhas palavras, silêncios e atuações”, referiu o CEO do BCP, que disse que vai ler a parte do livro que diz respeito ao banco que lidera.

Marcelo Rebelo de Sousa ‘desconversa’

Entretanto, o Presidente da República, que apenas tinha dito que não tinha lido o livro, acabou por tocar no assunto esta quarta-feira à tarde, dizendo que estavam todos (primeiro-ministro, Governo e governador do BdP) de acordo sobre o que era necessário fazer para desbloquear a situação do BPI, que era o que o BCE também defendia. “Acho que em nenhum momento da parte de todos os que intervieram, do lado oficial, em nenhum momento algum dos intervenientes jamais pensou que uma solução fosse, se a Sra. engenheira persistisse em não aceitar acordo, deixar de aplicar a lei que lhe era desfavorável”, reiterou. Mas não falou sobre o caso referido no livro, o do BIC.

Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, destacou ainda que a situação “complicou” e teve custos nas relações com Angola, nomeadamente até ao final do mandato de José Eduardo dos Santos.

António Costa volta a defender-se: “Cada página é um conjunto de mentiras”

Ainda esta quarta-feira, o primeiro-ministro voltou a defender-se, acusando Carlos Costa de mentiras. “Cada página é um conjunto de mentiras, meias verdades e deturpações”, começou por apontar António Costa, reiterando que “Carlos Costa entendeu que devia montar uma operação política de ataque” ao seu caráter.

“Estou há anos suficientes na política para não admitir quem quer que seja que minta a meu respeito, dos meus atos e intenções”, defende o primeiro-ministro, que acrescenta que a “história esclarecerá tudo” e que confia na justiça, já que “hoje temos meios próprios para esclarecer a verdade nos tribunais”.

António Costa diz ainda que “há factos que são públicos e notórios e facto é que sistema financeiro hoje felizmente não tem nada a ver com o que era em novembro de 2015”. O primeiro-ministro diz-se também orgulhoso do trabalho que desenvolveu, nomeadamente com ministros das Finanças e “com quem se dispor a trabalhar para que o sistema financeiro se pudesse recuperar de forma sólida”. “É com essa tranquilidade quanto ao que fiz na minha vida política que não preciso de andar a fazer polémicas e deixarei para lugar próprio a defensa do meu bem nome”, conclui.

Partidos pedem esclarecimentos

Os partidos também têm comentado o caso, nomeadamente a pedir esclarecimentos. Enquanto o Chega defende a necessidade de investigar o caso, nomeadamente com uma comissão parlamentar de inquérito, o PCP diz ser necessário esclarecer as “eventuais pressões”. Já a Iniciativa Liberal critica o caso, apesar de não ser surpreendente.

Do lado do Bloco de Esquerda ainda poucas reações surgiram. Já o PAN afirma que “evidente que é grave” se as afirmações de Carlos Costa se verificarem e comprovarem.

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Cerca de 38 mil assistentes operacionais terão aumento de 104 euros em janeiro

  • Lusa
  • 16 Novembro 2022

“Cerca de 38 mil” assistentes operacionais com mais de 30 anos de serviço vão subir um nível em janeiro de 2023, ou seja, cerca de 52 euros, além da subida associada à atualização salarial.

Cerca de 38 mil assistentes operacionais da administração pública com mais de 30 anos de serviço vão ter um aumento de 104 euros em janeiro de 2023, disse esta quarta-feira o líder da Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap).

O número foi avançado por José Abraão aos jornalistas, à saída de mais uma reunião com a secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, no Ministério da Presidência, em Lisboa, sobre valorização de carreiras. A proposta apresentada esta quarta pelo Governo tem alterações relacionadas com a valorização da carreira de assistente operacional, disse o secretário-geral da Fesap, uma informação já avançada antes também pela Frente Comum, que foi recebida momentos antes pelo executivo.

José Abraão indicou que “cerca de 38 mil” assistentes operacionais com mais de 30 anos de serviço vão subir um nível remuneratório em janeiro de 2023, ou seja, cerca de 52 euros, além da subida associada à atualização salarial, perfazendo assim um aumento global de, pelo menos, 104 euros. Em janeiro de 2024, os mesmos trabalhadores subirão então mais um nível (mais cerca de 52 euros).

Anteriormente, o Governo propunha logo em janeiro de 2023 uma subida de dois níveis além do aumento salarial (um total de 156 euros) a assistentes operacionais com mais de 35 anos de serviço, medida que iria abranger “só 19 mil” trabalhadores, explicou Abraão.

Ainda segundo a nova proposta os assistentes operacionais que tiverem entre 24 e 30 anos de serviço em 31 de dezembro de 2024 sobem uma posição remuneratória em 2025 e os que em dezembro de 2025 tiverem entre 15 e 24 anos de serviço aumentam uma posição salarial em janeiro de 2026.

O líder sindical disse ainda que na próxima semana haverá novas reuniões com o Governo sobre as carreiras especiais de grau complexidade 2 e 3 para e definir prioridades para as carreiras que faltam rever.

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Proteção de Dados multa Câmara de Setúbal em 170.000 euros

  • Lusa
  • 16 Novembro 2022

“É a primeira vez que a CNPD aplica uma coima por a organização [Câmara Municipal de Setúbal] não ter designado um encarregado de proteção de dados", indica a entidade.

A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) aplicou uma coima de 170.000 euros e duas repreensões à Câmara de Setúbal, devido a “violações no tratamento de dados” de refugiados ucranianos, foi anunciado esta quarta-feira.

É a primeira vez que a CNPD aplica uma coima por a organização (Câmara Municipal de Setúbal) não ter designado um encarregado de proteção de dados (EPD), em conformidade com o n.º 1 do artigo 37.º do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD)”, revela a CNPD na página oficial na internet.

A CNPD salienta que na coima única de 170 mil euros se inclui a “violação do princípio da integridade e confidencialidade dos dados e a violação da obrigação de designar um EPD”. A deliberação da CNPD inclui ainda duas repreensões ao município sadino, devido à “violação do dever de facultar informações ao titular aquando da recolha de dados e à violação do princípio da limitação da conservação dos dados”.

Esta quarta-feira, a Câmara Municipal de Setúbal foi também alvo de novas buscas da Polícia Judiciária, no âmbito da investigação do DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) da Comarca de Setúbal ao acolhimento de refugiados ucranianos. Fonte da Polícia Judiciária confirmou à agência Lusa, que se tratou de uma operação de busca em que “foi recolhida prova documental”.

No passado mês de maio, a Polícia Judiciária já tinha efetuado uma operação de busca, à Linha de Apoio a Refugiados da na Câmara de Setúbal e à Associação dos Emigrantes de Leste (Edinstvo), no âmbito da investigação a cargo do DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) da Comarca de Setúbal.

A investigação judicial teve início na sequência da polémica em torno da receção do município sadino a refugiados ucranianos por dois cidadãos russos, alegadamente, com ligações ao Kremlin, denunciada pelo jornal Expresso. O semanário Expresso noticiou em 29 de abril que ucranianos foram recebidos na Câmara de Setúbal por russos simpatizantes do regime de Vladimir Putin, que fotocopiaram documentos dos refugiados da guerra iniciada em 24 de fevereiro com a invasão militar russa da Ucrânia.

Segundo o jornal, pelo menos 160 refugiados ucranianos terão sido recebidos pelo russo Igor Khashin, membro da Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo) e antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e pela mulher, Yulia Kashina, funcionária do município sadino.

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Medina prevê “desaceleração significativa” do PIB em 2023

Ministro das Finanças crê que Portugal escapa à contração na reta final do ano e cresce acima do previsto (6,7%), criando “base sólida" para 2023. Medina aposta em travar disparo no crédito malparado.

Fernando Medina acredita que a economia portuguesa vai conseguir escapar a um cenário de contração no último trimestre deste ano – “seria mais positivo do que muitos analistas pensam” –, contribuindo para que o crescimento do PIB supere a estimativa inscrita na proposta de Orçamento do Estado para 2023.

Em entrevista à Reuters, o ministro das Finanças referiu que “mesmo que o crescimento [em cadeia] seja zero no quarto trimestre, vamos ter uma taxa de crescimento de 6,7% em 2022, uma das mais elevadas da Europa”. Repete a estimativa arriscada no início deste mês, na conferência Portugal Capital Markets Forum 2022, já depois de saber que a economia progrediu 0,4% nos três meses de verão.

Para Fernando Medina, este crescimento, aliado à reduzida taxa de desemprego, cria “uma base sólida para a entrada em 2023”, com o Executivo socialista a prever um abrandamento para 1,3%. “É uma desaceleração significativa. Mas é crescimento. Portanto, após um ano muito forte, vamos continuar a crescer”, salientou o governante.

Nesta entrevista em que volta a apontar a redução da dívida pública como a “prioridade chave” – em 10 pontos percentuais para 115% do PIB este ano e para 110% em 2023 –, Medina diz ainda esperar que, apesar do forte aumento das taxas de juro, Portugal evite um disparo no incumprimento por parte das famílias com a ajuda do decreto-lei que permite a renegociação do crédito à habitação sem penalizações.

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MAI anuncia construção de centenas de alojamentos para polícias na região de Lisboa

  • Lusa
  • 16 Novembro 2022

A Amadora foi a primeira autarquia a ceder terrenos para blocos habitacionais destinados a polícias recém-formados.

O ministro da Administração Interna anunciou esta quarta-feira que algumas centenas de alojamentos destinados a polícias recém-formados vão ser construídos na região de Lisboa, sendo a Amadora a primeira autarquia a ceder terrenos para blocos habitacionais.

Na cerimónia do dia do Comando Metropolitano de Lisboa da Polícia de Segurança Pública (Cometlis), que decorreu na Amadora, José Luís Carneiro afirmou que, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, o Ministério da Administração Interna (MAI) está a trabalhar na execução dos cerca de 40 milhões de euros destinados a alojamento para os polícias e militares recém-formados, bem como para os seus agregados familiares, através dos serviços sociais da GNR e da PSP.

“Só na Área Metropolitana de Lisboa, com o apoio de diversas câmaras municipais, iremos promover a construção e reabilitação de vários espaços habitacionais, que irão garantir alojamento aos agentes que iniciam em Lisboa a sua missão”, precisou o ministro, avançando que, na Amadora, vão ser “a breve prazo” iniciados os procedimentos para a execução de três blocos habitacionais dos serviços sociais da PSP, em terrenos cedidos pela autarquia, que permitirão aos polícias em início de carreira “ter um alojamento digno”.

José Luís Carneiro revelou que estão também em curso diversos processos para construção, aquisição ou reabilitação de edifícios para alojamento nos concelhos de Oeiras, Odivelas, Loures e Lisboa. No final da cerimónia e em declarações aos jornalistas, o ministro deu conta que a Amadora foi “a primeira câmara que avançou com a decisão por unanimidade de ceder ao MAI terrenos que permitirão a construção de três blocos habitacionais”.

“Temos um esforço equivalente em curso noutros municípios, quer para a construção de habitação nova, quer para a reutilização de equipamentos existentes. Amadora, Oeiras, Odivelas, Loures e Lisboa são os municípios mais avançados. Estamos a falar de algumas centenas de alojamentos. O processo ainda não está fechado”, disse.

O ministro estimou que “até ao primeiro trimestre” de 2023 terá “respostas concretas para os novos polícias que são colocados na área metropolitana de Lisboa”. O governante explicou que há diferentes soluções, designadamente a “cedência de terrenos e construção de blocos habitacionais”, o aproveitamento de equipamentos já existentes também cedidos pelas autarquias e requalificados por parte dos serviços sociais da PSP e um processo de aquisição de edificado com condições de alojamento”.

Quando acabam o curso de agentes, a maioria dos novos polícias é colocada no comando de Lisboa e, como muitos deles não são desta região, uma das dificuldades que se têm colocado, ao longo dos anos, é a falta de alojamento.

Na cerimónia de aniversário do Cometlis, o ministro anunciou ainda a realização de um projeto-piloto que está a ser desenvolvido na Amadora e que tem “um caráter particularmente inovador com um “sistema de analítica” que permite mecanismos de alarme e “uma gestão mais eficiente da videovigilância, dado que o sistema irá alertar o operador de imagem para situações que possam configurar perigo para pessoas e bens”.

Segundo o governante, este projeto-piloto consiste na aplicação de inteligência artificial ao sistema de videovigilância, permitindo “estabelecer sistema de alerta que são determinados pela PSP”.

“Esses sistemas de alerta acionam mecanismos e dão condições à PSP para preposicionar ou utilizar de forma mais eficiente os meios na prevenção da criminalidade”, disse, indicando ainda que vão ser iniciados os trabalhos para a terceira fase da implementação da videovigilância no concelho da Amadora.

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Porto discute aumento de 0,50 euros no bilhete de bordo da STCP

  • Lusa
  • 16 Novembro 2022

A medida é "justificada com o aumento de custos da empresa" com o gás natural, que é utilizado por 80% da frota de autocarros.

O executivo da Câmara do Porto discute segunda-feira aumentar em 0,50 euros o preço do bilhete de bordo nos autocarros da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto, no decorrer do aumento de custos com o gás natural.

Numa publicação na sua página oficial, a Câmara do Porto adianta que a proposta, assinada pelo presidente da autarquia, Rui Moreira, vai ser discutida na próxima reunião privada do executivo, agendada para 21 de novembro.

Em discussão vai estar o aumento de 0,50 euros no preço do bilhete de bordo dos autocarros da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), medida “justificada com o aumento de custos da empresa” com o gás natural, que é utilizado por 80% da frota de autocarros.

Este aumento enquadra-se também “na promoção da autossustentabilidade económico-financeira do serviço público de transporte de passageiros explorado pela STCP”, refere a autarquia, citando o documento.

Na proposta, Rui Moreira salienta que “os custos energéticos da STCP sofreram aumentos muito consideráveis”, dando nota de que, entre janeiro e outubro, o preço médio do metro cúbico de gás natural foi de 1,55 euros, enquanto em 2021, o preço médio do metro cúbico rondava os 0,61 euros, “o que traduz um aumento na ordem dos 250%”.

Destacando que 80% das 420 viaturas da frota da STCP operam a gás natural, o autarca independente afirma que o aumento do custo com a aquisição de gás natural “representa um aumento de cerca de 20% na estrutura de custos da empresa, por comparação com o ano de 2021, e de 24%, por comparação com o ano de 2020”.

O aumento “constitui uma variação anormal de um dos fatores principais de produção do serviço que é prestado pela empresa, o que aconselha a autorização de um aumento extraordinário na tarifa ocasional exclusiva STCP, o Bilhete de Bordo, como medida de promoção da autossustentabilidade económico-financeira do serviço público de transporte de passageiros explorado pela STCP”, adianta Rui Moreira.

Caso a proposta venha a ser aprovada na segunda-feira, a partir de 01 de janeiro de 2023, o bilhete de bordo sofrerá um “aumento extraordinário de 24%”, passando a custar 2,50 euros. “O título monomodal da STCP não sofre qualquer alteração desde 2019, mantendo-se desde essa data com um preço de venda ao público de 2,00 euros”, refere Rui Moreira, acrescentando que o “bilhete de bordo da STCP tem sempre tarifário ocasional Andante alternativo, a preço inferior (títulos Z2 e Z3) ou similar (caso dos títulos Z4 e também dos Z5, se incluirmos o preço do base), pelo que este aumento extraordinário pode ser anulado no cliente, desde que este opte pela compra antecipada”.

De acordo com o autarca, o objetivo é também “desincentivar a venda a bordo, para maior eficiência no serviço prestado”. “A simplificação de trocos na venda a bordo também assume relevo nos tempos de paragem do autocarro durante as viagens para a respetiva venda, com consequente impacto na velocidade comercial das linhas. Este aspeto por si só justifica a necessidade de ser garantido sempre um valor que desejavelmente assuma quebras aos 0,50 euros”, acrescenta.

Já nos títulos de Assinatura Rede Geral STCP será aplicada a taxa de atualização tarifária de 6,11%, definida pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes. Estas assinaturas são “utilizadas pelos trabalhadores e antigos trabalhadores da STCP, e sem custo para os próprios, nos termos dos Acordos de Empresa em vigor, dados os valores mais vantajosos que assumem as assinaturas Andante com o apoio do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) para os clientes”, realça Rui Moreira.

O preço destes títulos passará para 51,50 euros, mantendo-se, no entanto, o preço de venda ao público nos 48,55 euros com a aplicação das medidas excecionais de apoio às famílias para mitigar os efeitos da inflação. De acordo com a proposta, os aumentos foram aprovados “por unanimidade” na 11.ª reunião da Unidade Técnica de Coordenação da STCP, que se realizou no dia 4 de novembro.

O presidente da Câmara do Porto defendeu, na reunião do executivo de 7 de novembro, a necessidade de serem concedidos apoios para as operadoras de transporte público que usam gás natural, adiantando que o aumento dos custos obrigou ao reforço de verbas para a STCP.

Até agora, ainda não conhecemos a forma de indemnização aos operadores“, disse, lembrando que o Governo “definiu regras claras para as indústrias que fazem uma utilização intensiva de gás natural”. Dizendo não saber se essas medidas se vão aplicar aos operadores de transportes públicos, Rui Moreira afirmou que se a STCP voltar a ter custos com o gás natural como teve nos meses de agosto e setembro “terá uma dificuldade enorme”.

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