Estágios pagos e fiscalização externa são a nova realidade da Ordem dos Advogados

Estágios de um ano com remuneração obrigatória, bem como um órgão externo para avaliar a classe e sociedades multidisciplinares fazem parte da alteração do regulamento das ordens profissionais.

Muito se criticou, muito se falou, alguma coisa mudou. O projeto de lei relativo às ordens profissionais, que altera questões como as condições de acesso a algumas profissões como a de advogado, contabilista ou médico, introduz estágios profissionais remunerados e contempla uma entidade externa para fiscalizar os profissionais, acabou mesmo a ser aprovado pelo Parlamento, a 22 de dezembro. As alterações ao regulamento das ordens profissionais geraram polémica até ao fim, com PSD e PCP a insistirem nas críticas ao texto em declarações de voto orais no final das votações.

Este diploma surge na sequência de inúmeros alertas da Comissão Europeia e da OCDE relativamente ao facto de em Portugal existirem demasiadas restrições no acesso às atividades profissionais, prejudiciais à nossa atividade económica. Alertas que se intensificaram com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que trouxe de novo a questão da desregulamentação das ordens profissionais, incluindo a sua fiscalização por entidades exteriores, também em matéria disciplinar, e o fim do acesso reservado da atividade a profissionais inscritos nas mesmas, como médicos, advogados, engenheiros, economistas, psicólogos, contabilistas, nutricionistas ou arquitetos. Portugal comprometeu-se junto de Bruxelas que a lei relativa às profissões regulamentadas entraria em vigor até ao quarto trimestre deste ano. É um dos marcos que Portugal tem de cumprir para ter acesso ao terceiro cheque do PRR de 2,4 mil milhões de euros.

Segundo dados do Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP), existem atualmente em Portugal 20 ordens profissionais, tendo as duas últimas sido criadas em 2019, a Ordem dos Fisioterapeutas e a Ordem das Assistentes Sociais. Estas ordens regulam a atividade de mais de 430 mil profissionais.

No Memorando de Entendimento da troika — assinado a 17 de maio de 2011 — já constavam medidas destinadas a rever e reduzir o número de profissões reguladas e liberalizar o acesso e o exercício de profissões reguladas. Medidas que contemplavam a eliminação das restrições ao uso de comunicação comercial (publicidade) em profissões reguladas, a revisão e redução do número de profissões reguladas e, em especial, eliminação das reservas de atividades em profissões reguladas que deixaram de se justificar, a adoção de medidas destinadas a liberalizar o acesso e o exercício de profissões reguladas desempenhadas por profissionais qualificados e estabelecidos na União Europeia.

Exigiam também a melhoria do funcionamento do setor das profissões reguladas (tais como técnicos oficiais de contas, advogados, notários) levando a cabo uma análise aprofundada dos requisitos que afetam o exercício da atividade e eliminando os que não fossem justificados ou proporcionais.

Como funcionam os estágios na Ordem dos Advogados?

A Ordem dos Advogados conta com cerca de 35 mil advogados inscritos e é uma das associações públicas profissionais mais antiga (criada em 1927). Estas alterações foram, aliás, denominador comum nos discursos dos sete candidatos a bastonário para as eleições para o cargo que, a 15 de dezembro, elegeram Fernanda de Almeida Pinheiro como líder da classe.

Uma atividade em que os estágios não são remunerados, apesar de a Ordem dos Advogados, só em receitas de estágios com o pagamento da taxa de inscrição, estima receber em 2023 mais de dois milhões de euros (2.153.961 euros) – mais 154 mil euros do que recebeu este ano.

Um estagiário tem de pagar, só no ato da inscrição, 700 euros. A que acrescem mais 300 euros a pagar até cindo dias antes do termo da primeira fase do estágio e ainda mais 500 euros, a pagar até 30 dias antes da data designada para a realização da prova escrita e da de agregação (que dita o final do estágio). Ou seja: do início ao fim do estágio, no espaço de ano e meio, um jovem licenciado tem de pagar dois mil euros. Além da inscrição, o estagiário ainda tem de pagar 15 euros por mês, de quotas à OA.

O que pode mudar, em concreto, para os advogados?

  • Extinção do Conselho Superior da Ordem dos Advogados como órgão jurisdicional e como instância de recurso disciplinar que fiscaliza a disciplina dos advogados;
  • Alteração da composição dos Conselhos de Deontologia que passariam a ser integrados também por não advogados;
  • Pretende-se substituir o Conselho Superior da OA por um órgão de supervisão integrado maioritariamente por não advogados, com poderes em matéria disciplinar e em matéria de regulação do exercício da advocacia;
  • Será então o Estado a determinar como se exerce a advocacia, a determinar o que é e o que não é infração disciplinar;
  • Redução do estágio de advocacia de 18 para 12 meses;
  • Impor a remuneração desses mesmos estágios;
  • As regras do estágio e a avaliação final do estagiário deixam de estar a cargo da OA e dos advogados e passam a ser da competência exclusiva do tal órgão de supervisão, o qual acumulará tais funções com as funções jurisdicionais até agora da competência do Conselho Superior;
  • Este órgão de supervisão será constituído por sete pessoas, sendo apenas três delas advogados (o Conselho Superior tem hoje 21 advogados);
  • E será o órgão que, em exclusivo, se pronunciará sobre as propostas legislativas da Assembleia da República e do Governo;
  • Possibilidade da multidisciplinaridade nos escritórios de advocacia. Ou seja: que consultoras, ateliers de arquitetura, solicitadores (a título de exemplo) possam estar integrados num escritório de advocacia. Esta é uma das medidas mais polémicas, já que podem colidir com o segredo profissional a que um advogado está sujeito;
  • A criação de novas ordens profissionais “é sempre precedida” de audições de associações representativas da profissão em causa e “emissão de parecer de outras partes interessadas”, nomeadamente os conselhos de reitores e dos politécnicos.

“Nenhuma Ordem carece da figura de um provedor para fiscalizar a sua atuação”, diz a futura bastonária

Em declarações à Advocatus/ECO, a advogada que tomará posse a 9 de janeiro como bastonária, Fernanda de Almeida Pinheiro, defendeu que “nenhuma Ordem carece da figura de um provedor para fiscalizar a sua atuação, porque tem órgãos próprios, democraticamente eleitos, que o fazem, com total isenção e independência, e muito menos precisa de ter um provedor, que nem sequer é um membro associado e desconhece totalmente as características da profissão, para garantir a qualidade dessa mesma atuação. Essa é, aliás, uma das propostas avançadas pelo projeto de lei das APP, que nos merece total repúdio, principalmente nos moldes em que está prevista no projeto de lei”.

O ainda bastonário, Luís Menezes Leitão também fez desta questão uma das bandeiras do seu mandato, que termina daqui a 15 dias. Defendendo que “a profissão de advogado é dificilmente compatível com outras profissões, nomeadamente com os contabilistas certificados. Basta ver que os contabilistas certificados não têm sigilo profissional, são obrigados a reportar à Autoridade Tributária, enquanto os advogados têm sigilo profissional, que têm que defender”, explicou. O diploma pode “levar a que os advogados deixassem de ter uma adequada formação, que outros profissionais praticassem os seus atos próprios, ou que a sua regulação fosse feita por pessoas estranhas à Ordem dos Advogados. Nem no tempo do Estado Novo existiu alguma vez uma proposta semelhante”.

Quem votou a favor e quem votou contra no processo legislativo

O texto final juntou as propostas iniciais do PS e do PAN e acolhe algumas propostas de alteração do PSD e do PCP. Foi na quinta-feira aprovado com os votos a favor do PS, Iniciativa Liberal (IL), PAN e do deputado social-democrata Alexandre Poço, que apresentou uma declaração de voto. Contra votaram o PSD, Chega e PCP, Diploma contou ainda com a abstenção do Livre e do BE.

Emília Cerqueira, do PSD, acusou o Governo “atropelos” e de querer com esta alteração legislativa, assente na “chantagem do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR)”, fazer aprovar uma proposta de forma apressada com o objetivo de eliminar alguns obstáculos no acesso às profissões reguladas, que o PSD acompanhou, mas também “eliminar o incómodo de bastonários que lhes possam trazer barulho”.

A social-democrata disse ainda que o texto acarreta o risco de os jovens não terem acesso a estágios, uma vez que a remuneração fica dependente do financiamento de programas que podem ser extintos, acusando também o PS de não ter coragem de assumir o objetivo de querer “acabar com as ordens”.

Já Alma Rivera, do PCP, defendeu que o diploma traz “consequências negativas” inclusivamente para os cidadãos, no acesso aos serviços prestados pelos profissionais abrangidos, e favorece multinacionais, “em forma de sociedades disciplinares”, em detrimento de sociedades de pequena dimensão ou até unipessoais.

Para o PCP, o problema coloca-se também no que foi definido ao nível da composição de órgãos superiores das ordens profissionais, criticando a admissão de elementos externos. Os comunistas consideram também não estar garantida a remuneração dos estágios.

Pedro Delgado Alves, do PS, rebateu as críticas, que se repetem desde o início do debate sobre o diploma na Assembleia da República, afirmando, entre outras coisas, que as críticas insistem em passar a “falsa ideia” de que os órgãos de cúpula, com poderes disciplinares ou sancionatórios, tenham uma maioria de elementos externos, algo só permitido neste diploma em órgãos sem poder decisório, frisou.

O deputado sublinhou ainda que o processo legislativo nesta matéria está “a meio do caminho”, faltando a revisão dos estatutos das cerca de duas dezenas de profissões de acesso regulado.

No texto final foram introduzidas alterações como precisões sobre as taxas cobradas durante o estágio e a possibilidade de serem reduzidas. A duração dos estágios fixa-se em 12 meses, podendo ser maior em casos excecionais. Segundo explicou Joana Sá Pereira na quarta-feira, foram “clarificadas” algumas alíneas do artigo relativo às atribuições das ordens, designadamente o propósito de defesa dos interesses dos destinatários dos serviços.

Outra das alterações introduzidas, mencionou a deputada, foi a aprovação da existência de um órgão disciplinar (não previsto na anterior lei-quadro), que prevê a fiscalização sobre a atuação dos membros das ordens profissionais. A deputada salientou que o texto final do projeto foi o resultado de “mais de 30 audições” e de “mais de meia centena de contributos recebidos” para a elaboração do diploma.

Ainda na quarta-feira, o Conselho Nacional das Ordens Profissionais considerou que houve uma “evolução positiva” no texto final, mas criticou a manutenção de “aspetos não coerentes”, como o órgão de supervisão. Para a CNOP, o preconceito contra as ordens “mantém-se bem presente” em várias disposições do texto aprovado, que considera como sendo um suposto atributo de independência a não filiação numa ordem profissional.

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Antes de marcar férias veja os feriados e pontes de 2023

  • ECO
  • 26 Dezembro 2022

Já começou a organizar a agenda para o novo ano? Haverá cerca de 12 feriados em dias de semana em 2023, contando com o Carnaval. E poderá aproveitar algumas oportunidades para fazer ponte.

O ano de 2023 vai contar com cinco fins de semana prolongados e pelo menos seis oportunidades para fazer “ponte” se contar com o Carnaval.
Junho é o mês no qual se concentra o maior número de feriados mas dois deles coincidem com o fim de semana. A exceção são os feriados regionais, como o Santo António em Lisboa e o São João no Porto, que abrem a possibilidade de fazer ponte.

É em fevereiro que surge a primeira ponte, no Carnaval que, o próximo ano, é celebrado a 21 de fevereiro. Depois a oportunidade de desfrutar de um fim de semana prolongado volta a colocar-se no 25 de Abril, que coincide com uma terça-feira. E em junho, o dia do Corpo de Deus (dia 8, quinta-feira) permitirá gozar umas curtas férias, em véspera do início do verão.

A possibilidade de ponte coloca-se ainda a 15 de agosto (terça-feira), o feriado religioso que assinala a Assunção de Nossa Senhora, e a 5 de outubro (quinta-feira) data em que se comemora a implantação da República em 1910.

Dezembro é o mês com mais feriados durante dias de semana (dois à sexta-feira) contando com o dia de Natal que será numa segunda-feira. Da mesma forma o dia de Ano Novo também é uma segunda-feira, permitindo um desfrutar de um fim de semana de três dias.

Veja aqui o calendário do próximo ano:

 

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BPI deixa private equity com venda da Inter-Risco a sociedade brasileira

BPI vendeu os 49% que tinha na Inter-Risco e deixa área do private equity. Juan Carlos Felix, que fundou a brasileira Audere Investements, já assumiu a liderança da capital de risco.

A Inter-Risco foi vendida à sociedade brasileira Audere Investments, de Juan Carlos Felix, que já assumiu a presidência do conselho de administração da firma de capital de risco no início deste mês, enquanto João Pontes Amaro, então managing parner da sociedade, se mantém no board como administrador.

Questionado pelo ECO, o BPI, que detinha uma posição de 49% da Inter-Risco, confirma a venda “porque não tinha interesse em manter a sociedade na sua carteira de investimentos”. O banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa abandona assim a área do private equity, que já não era considerada estratégica.

O processo de venda da Inter-Risco foi iniciado há dois anos, visando aliviar o consumo de capital do banco. A conclusão deste negócio confirma uma notícia avançada pelo ECO no início de novembro.

Ex-diretor do grupo de private equity Carlyle para a região da América Latina, Juan Carlos Felix já assumiu a liderança da Inter-Risco desde o dia 1 de dezembro. De acordo com a sua conta no LinkedIn, Juan Carlos Felix fundou a sociedade Audere Investments, com sede em São Paulo, em abril de 2019, e ocupa ainda o cargo de co-CEO e co-chairman da Turris Telecom, com interesse nas áreas de telecomunicações e infraestruturas. Com ele entrou ainda para a administração Hussein Semedah, com negócios também no Brasil. João Pontes Amaro mantém-se no board, mas agora como administrador, assim como Maria Isabel Coelho.

O ECO contactou a Inter-Risco sobre o novo capítulo, mas não obteve uma resposta até à publicação deste artigo. Nas últimas duas décadas, esta sociedade sediada no Porto investiu mais de 200 milhões de euros no mercado ibérico em mais de 100 empresas, mas os três fundos que administra — Caravela, Inter-Risco II e Inter-Risco II CI – já se encontram em fase de desinvestimento ou maturação.

Com a Adere Investments, a Inter-Risco tenta dar um novo impulso à sua atividade, à boleia do programa Consolidar do Banco Português de Fomento, no valor de 500 milhões de euros. Foi uma das 14 capital de risco selecionadas para o programa. No caso da Inter-Risco, foi aprovado um investimento de 44,8 milhões de euros, com investimento privado mínimo de 19,2 milhões de euros, para lançar fundo de alavancagem a empresas que viram planos de crescimento adiados pela pandemia. Cada financiamento poderá atingir até 11,4 milhões de euros, esperando-se oito operações.

O programa encontra-se suspenso por decisão do tribunal depois da providência cautelar interposta por uma das capitais de risco excluídas, a Menlo Capital, como avançou o ECO. Entretanto, o Banco de Fomento invocou o interesse púbico do Consolidar para levantar esta providência cautelar, revelou a instituição liderada por Celeste Hagatong esta quinta-feira.

Que fundos gere a Inter-Risco?

O Fundo Caravela foi constituído em 2003 com 30 milhões de euros, mas já está em fase de desinvestimento, já que o período de investimento terminou em junho de 2007. Estava dirigido a investimentos de expansão e build-up em PME nacionais e foi subscrito pelo BPI, como sponsor, o Fundo Europeu de Investimento (FEI) como co-sponsor, o IAPMEI e a Fundação Calouste Gulbenkian. Uma das empresas nas quais este fundo investiu foi a NewCoffee, uma empresa de torrefação e comercialização, na qual detém uma participação de 22%, indica a sociedade no seu site.

Já o Fundo Inter-Risco II foi constituído em 2010 com 81,5 milhões de euros de capital, estando também direcionando para investimentos de buyout e build-up no mercado das PME portuguesas não cotadas, com um volume de negócios até 100 milhões de euros. Este fundo, que também já está em fase de maturação ou desinvestimento (o período de investimento encerrou em 2015), realizou seis investimentos âncora, em seis indústrias distintas e tem o BPI como sponsor, e o FEI e a Fundação Calouste Gulbenkian como investidores.

Este fundo tem, desde 2013, uma participação de 100% nos Just Stay Hotels, de 66,3% na ENC Energy e de 51% na Mecwide, uma empresa de serviços de engenharia especializada. Já a participação de 49% no Onevet Group remonta a 2012.

Finalmente, o Fundo Inter-Risco II CI de 30 milhões de euros foi integralmente subscrito pelo BPI e pela Inter-Risco, e “teve por finalidade a realização de investimentos e desinvestimentos em paralelo com o Fundo Inter-Risco II, até ao término do período de investimento deste”, explica o site da capital de risco.

“Após esse período, que terminou em 2015, o Fundo realizou dois novos investimentos de forma autónoma, terminando o seu período de investimento, com cinco investimentos no seu portfolio”, pode ler-se ainda no site. Também este fundo já encerrou o seu período de investimento (em 2016) e está agora em fase de maturação ou desinvestimento das suas participações. Tem participações nas mesmas empresas do fundo anterior (exceto no Onevet Group), mas também na Catari, uma empresa de produção e comercialização de andaimes (40,7%).

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Toyota Caetano reforça capital com japoneses no fabrico de autocarros

Com as contas ainda no “vermelho” da pandemia, injeção de dez milhões na CaetanoBus reforça produção e aposta nos autocarros elétricos e a hidrogénio. Novo contrato no Reino Unido rende 40 milhões.

A Toyota Caetano Portugal (TCP) e os japoneses do Mitsui Group avançaram com um novo aumento de capital no valor de dez milhões de euros na CaetanoBus, concretizado em junho de 2022, depois da injeção de 15 milhões de euros que os acionistas já tinham realizado no final do ano passado na empresa industrial de Vila Nova de Gaia.

Em declarações ao ECO, a maior fabricante nacional de carroçarias e autocarros justifica esta operação de capitalização como um suporte ao “esforço de fundo de maneio derivado do crescimento da empresa e da aposta e investimento em novos produtos e alargamento do portefólio de soluções de mobilidade, e na extensão da rede comercial”.

“Esta é uma forte aposta da TCP e da Mitsui & Co na indústria portuguesa, a par do plano de desenvolvimento estratégico da empresa de autocarros. Esta injeção de capital permite dar continuidade ao cumprimento dos projetos de inovação em curso, na área das tecnologias zero-emissões em autocarros, e responder aos objetivos de expansão para diversas geografias e volume de unidades produzidas”, acrescenta a CaetanoBus.

Esta injeção de capital permite dar continuidade ao cumprimento dos projetos de inovação em curso, na área das tecnologias zero-emissões em autocarros, e responder aos objetivos de expansão para diversas geografias e volume de unidades produzidas.

CaetanoBus

O total do capital subscrito foi realizado pelos acionistas na proporção da sua participação social, não tendo havido qualquer alteração nas respetivas percentagens: TCP com 62%; e Mitsui & Co com 38%. O conglomerado japonês, sediado em Tóquio, entrou na empresa no final de 2017, através da compra de uma participação inicial de 15%, justificada na altura pela aposta na mobilidade elétrica.

Embora o início da construção de carroçarias (ainda em madeira) remonte a 1946 e pela mão do empresário Salvador Fernandes Caetano — fundador do grupo com o mesmo nome e primeiro importador da Toyota em Portugal — a CaetanoBus foi fundada em 2002. Nasceu como uma parceria com a então designada Daimler-Chrysler, tendo o grupo português ficado com 100% do negócio em 2010, quando adquiriu a quota de 26% da gigante de origem alemã.

É na empresa liderada por Patrícia Vasconcelossubstituiu Jorge Pinto há quase três anos – que fica concentrada toda a atividade industrial de fabricação de carroçarias, autocarros e miniautocarros, com diferentes especificações, destinados ao serviço de transporte urbano, turismo e aeroporto. Tem como clientes operadores de transporte espalhados por vários países e, segundo números oficiais, no final do ano passado tinha 673 trabalhadores.

Depois de fechar o ano de 2021 com 178 unidades vendidas, prepara-se para fechar o ano de 2022 com perto de 260 viaturas vendidas, mas dizendo ter encomendas em carteira que só não serão entregues este ano devido a atrasos da produção resultantes do impacto generalizado das cadeias de abastecimento. No entanto, diz ser “expectável que os resultados líquidos em 2022 se mantenham em terreno negativo”, sem contabilizar o volume dos prejuízos.

“Após os efeitos supervenientes da crise pandémica [chegou a ter 600 trabalhadores em lay-off], a CaetanoBus ainda não conseguiu o tão ansiado regresso à normalidade. Apesar do exercício de 2022 ter sido de crescimento, este é, contudo, insuficiente para atingir os níveis de 2019”. Em termos de faturação, no ano pré-Covid registou 97,5 milhões de euros e a previsão para este ano ronda os 50 milhões de euros.

A administração descreve ao ECO que este ano está ainda a ser “marcado por efeitos colaterais da guerra na Ucrânia-Rússia, a juntar aos problemas logísticos de fornecimento, à falta de componentes eletrónicos, à crise energética, à dificuldade em manter e recrutar novos quadros e à elevada tensão inflacionista”.

Para 2023, a CaetanoBus diz ter a expectativa de vender “acima das 400 unidades”, confiando que “o desbloqueio dos fundos europeus com vista à descarbonização das cidades europeias será uma alavanca no desenvolvimento e na promoção do negócio”. No último relatório de gestão, relativo ao primeiro semestre do ano em que os lucros da acionista principal subiram 150%, indicava uma penalização comercial por causa de “atrasos na tomada de decisões por parte de clientes e autoridades de transportes relativamente à aquisição de novos autocarros e ao lançamento de concursos nacionais e internacionais devido à indisponibilidade/atraso dos fundos europeus”.

Das mais de 260 unidades produzidas este ano, 40 são zero-emissões. Esta é uma aposta estratégica da CaetanoBus, que está a fazer demonstrações com operadores em países como Portugal, Espanha, França, Alemanha ou Reino Unido. Este ano, por exemplo, fabricou e entregou o primeiro autocarro a hidrogénio urbano para a Austrália. O desenvolvimento do seu autocarro movido a hidrogénio (h2.CityGold) foi distinguido pela Deloitte com o prémio IRGAwards na categoria de transformação.

Para “alavancar” esta presença internacional, que se tem refletido nas vendas para a Europa e com “especial relevo” na mobilidade elétrica a hidrogénio, a empresa tem beneficiado do co-branding Toyota Caetano dos autocarros zero emissões. Anunciado em julho de 2021 como “resposta ao rápido crescimento da empresa e à restruturação da estrutura acionista”, envolveu a mudança no emblema do veículo para passar a incluir também o logótipo da marca asiática tanto no modelo 100% elétrico e.City Gold, como no H2.City Gold, movido a hidrogénio.

Novo contrato de 40 milhões com National Express

Fora de Portugal, a CaetanoBus tem duas subsidiárias, com sede na Alemanha (Cobus) e no Reino Unido (Caetano UK). A companhia germânica, instalada em Wiesbaden, fundada em 1983 e atualmente controlada pela empresa portuguesa (59%) e pela Daimler Truck AG, está especializada no desenvolvimento e fornecimento de soluções de mobilidade direcionados sobretudo para operadores de aeroportos, companhias aéreas e empresas de handling.

Com mais de 5.000 autocarros vendidos e em operação em cerca de 350 aeroportos em 100 países, está a ter uma “recuperação lenta” da atividade e continua “longe dos níveis do período pré-pandemia.

Patrícia Vasconcelos, CEO da CaetanoBus

Já a Caetano UK, estabelecida há quase quatro décadas, é a responsável pela operação de venda, após-venda e fornecimento de peças para os autocarros Caetano presentes no Reino Unido. É um dos principais mercados para a CaetanoBus, que fornece os conhecidos autocarros da National Express e, desde 2020, também os urbanos e.City Gold ao serviço da Transport for London, através do operador Abellio, que já opera quase 40 autocarros elétricos na capital britânica.

Entretanto, o contrato com a National Express foi renovado para o fabrico e fornecimento de até 200 autocarros de turismo entre 2022 e 2025. Lembrando que o mercado do Reino Unido é “muito relevante” desde a década de 1960, quando ganhou o primeiro contrato de fornecimento de autocarros no país, a CaetanoBus assume ao ECO que esta renovação, no montante aproximado de 40 milhões de euros, é “importante para assegurar a continuidade das operações da Caetano no Reino Unido, que soma mais de mil unidades vendidas”.

O novo contrato com a National Express é importante para assegurar a continuidade das operações da Caetano no Reino Unido, que soma mais de 1.000 unidades vendidas.

CaetanoBus

Quanto ao efeito direto da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), a empresa nortenha começou a senti-lo “com mais intensidade” durante este ano, com a entrada em vigor e de forma plena das novas regras alfandegárias em virtude do Brexit, o que levou a um aumento da burocracia e do tempo de trânsito na importação, seja de autocarros ou de peças de reposição para stock.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Mariana Marques Tiago
  • 26 Dezembro 2022

A greve dos trabalhadores da CP e IP continua. Bolsas americanas e europeias continuam fechadas e INE divulga dados acerca do bem-estar dos portugueses.

Esta segunda-feira mantém-se a greve dos trabalhadores da CP e IP. No mesmo dia em que a lotaria do Natal dos Jogos Santa Casa tem um prémio de 12,5 milhões, as bolsas americanas e europeias permanecem fechadas para celebrar o já tradicional Boxing Day. O INE divulga dados acerca do bem-estar dos portugueses e o Japão divulga dados económicos relativos ao mês de novembro.

INE divulga dados sobre o bem-estar dos portugueses

Esta segunda-feira é esperado que o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgue os dados mais recentes acerca do bem-estar dos portugueses. O índice permite acompanhar a evolução do bem-estar e progresso social em duas vertentes, nomeadamente as condições materiais das famílias e a qualidade de vida. A publicação do documento estava inicialmente prevista para dia 23 de dezembro.

Segundo dia de greve na CP e IP

Os trabalhadores da CP – Comboios de Portugal e da Infraestruturas de Portugal (IP) continuam em greve. Na passada sexta-feira, primeiro dia da paralisação, a adesão foi de cerca de 80% dos trabalhadores. Uma vez que a IP é a responsável pela gestão das linhas de comboio, esta greve também afeta os passageiros da Fertagus, sendo que apenas 25% das viagens estão asseguradas.

Bolsas americanas e europeias encerradas

Após os festejos natalícios no dia 25, as bolsas dos Estados Unidos e da Europa (onde se inclui a praça portuguesa) seguem fechadas esta segunda-feira. À semelhança dos anos anteriores, assinalam a tradição do Boxing Day, que ocorre sempre no dia 26 de dezembro. Na terça-feira a negociação será retomada.

Como vai a economia japonesa?

Serão divulgados esta segunda-feira quatro indicadores relativos ao mês de novembro da economia do Japão. São eles: a taxa de desemprego; os níveis do comércio a retalho e das vendas dos grandes retalhista; e ainda a relação entre as vagas de empregos no país e o número de candidatos.

Jogos Santa Casa sorteiam 12,5 milhões

O primeiro prémio da lotaria clássica do Natal dos Jogos Santa Casa tem o valor de 12,5 milhões de euros. A extração dos números acontece pelas 12h30.

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Principais autarquias já decidiram se mantêm ou descem a taxa de IMI em 2023. Veja o mapa

Maioria das autarquias não vai mexer na taxa de IMI em 2023 e algumas decidiram mesmo descer este imposto. Mas há quem tenha decidido agravá-lo.

Depois de dois anos de pandemia, a inflação está no topo das preocupações dos portugueses. Cientes do peso financeiro que isso traz para as famílias, a maioria das autarquias optou por não mexer na taxa de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) a cobrar aos munícipes em 2023 e algumas decidiram mesmo reduzir este imposto, de acordo com o levantamento feito pelo ECO. Mas há ainda quem tenha decidido agravar a taxa de IMI.

O IMI é calculado pelo valor patrimonial do imóvel multiplicado pelo imposto aplicado em cada município. Para todo o país, cobra-se uma taxa de 0,8% para os prédios rústicos e, no caso dos prédios urbanos, varia entre 0,3% e 0,45%.

Anualmente, até 31 de dezembro, as câmaras têm de comunicar à Autoridade Tributária (AT) a taxa de IMI que vão cobrar no ano seguinte. Em 2022, de acordo com os dados das Finanças consultados pelo ECO, 106 dos 308 municípios aplicaram a taxa mínima, enquanto apenas seis aplicaram a taxa máxima: Vila Nova de Poiares, Nazaré, Mafra, Cartaxo, Alandroal e Vila Real de Santo António.

Independentemente da taxa de IMI cobrada pelas câmaras, o IMI subiu cerca de 4% em 2022 para imóveis novos ou reabilitados. Abrangidos por este aumento estão os prédios urbanos cujas declarações modelo 1 foram entregues desde 1 de janeiro, ou seja, imóveis que foram alvo de reavaliação ou reabilitação ou recém-construídos.

Em 2023, a taxa de IMI dos imóveis localizados em zonas de pressão urbanística e afetos ao alojamento local poderá ser majorada em até 100% da taxa do ano a que respeita o imposto, uma decisão que cabe às autarquias. Este agravamento faz parte do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023).

Maioria das autarquias mantém a taxa de IMI

Barcelos, Vila Nova de Famalicão, Maia, Gondomar, Loures, Almada, Seixal e Odivelas vão baixar as taxas de IMI em 2023, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO. Por sua vez, quase todos os restantes municípios com mais de 100 mil habitantes decidiram manter as taxas cobradas em 2022, como é o caso de Porto e Lisboa. No entanto, Matosinhos decidiu aumentá-la, passando de 0,325% para 0,375%.

Gondomar e Setúbal terão as taxas de IMI mais altas em 2023 – 0,4% –, enquanto Coimbra, Leiria, Amadora, Sintra, Vila Franca de Xira, Lisboa, Oeiras e Funchal terão as taxas no mínimo – 0,3%.

Evolução das taxas de IMI em 2023 nos municípios com mais de 100 mil habitantes.

Independentemente de manterem ou reduzirem este imposto sobre a habitação, há cada vez mais autarquias a penalizar os proprietários de imóveis devolutos, aplicando-lhes taxas de IMI que podem ir até 30%. É o caso dos municípios da Moita, Lagos, Valongo, Santo Tirso, Funchal, Batalha, Rio Maior, Alvaiázere, Silves, Caldas da Rainha.

E continua a haver cada vez mais autarquias a criar descontos no IMI para famílias com filhos – IMI Familiar. Nestes casos, estão definidos descontos no imposto, em função do número de dependentes a cargo: dedução fixa de 20 euros no caso de um filho; 40 euros no caso de dois e 70 euros no caso de três ou mais filhos. Os dados mais recentes indicam que, em 2022, havia 258 autarquias aderentes, mais cinco do que em 2021.

(Notícia atualizada com a correção de que a Câmara do Seixal vai descer a taxa de IMI de 0,35% para 0,34% em 2023)

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Redução do défice e dívida “coloca-nos ao abrigo das turbulências do passado”

  • ECO
  • 25 Dezembro 2022

Primeiro-ministro garante, na tradicional mensagem de Natal, que Portugal está a responder à crise e que está a aproximar-se dos países mais desenvolvidos da Europa.

A trajetória sustentada de redução do défice e da dívida coloca-nos ao abrigo das turbulências do passado“, afirmou o primeiro-ministro António Costa na mensagem de Natal deste ano de 2022, marcada pela invasão da Ucrânia. Uma referência implícita ao pedido de resgaste em 2011 com o Governo de Sócrates e à entrada da troika. A dívida pública deverá cair este ano para um valor em torno dos 118%, mas ainda assim no topo dos países do euro, enquanto o défice público deverá fechar o ano em torno dos 1,5%.

Numa curta intervenção, António Costa aponta as consequências da guerra, o primeiro ponto desta mensagem. “Este ano, a inflação atingiu níveis que não vivíamos há três décadas; as taxas de juro subiram para valores que os mais novos não conheciam; e a fatura da energia cresceu, tanto para as famílias como para as empresas“, afirma o primeiro-ministro. Mas garante que Portugal tem-se aproximado das economias mais desenvolvidas da Europa. “Só com este sentido de comunidade, de partilha, de solidariedade é que temos conseguido continuar a aproximar-nos das economias mais desenvolvidas da Europa, com o investimento das empresas, as exportações e o emprego a crescerem”, afirmou Costa, apesar de ainda há poucos dias, o INE ter revelado que, em 2021, o Produto Interno Bruto ‘per capita’ em Paridades de Poder de Compra [PPC] caiu 1,1 pontos percentuais, para 75,1% da média da União Europeia em 2021.

Neste discurso de natal, Costa aponta para a resposta à crise. “Solidariamente, temos enfrentado estas dificuldades. Famílias, empresas, instituições do setor social, autarquias, Estado, estamos a lutar, lado a lado, para não deixar ninguém para trás, para proteger o emprego, para continuar a recuperar das feridas da pandemia, na economia, nas aprendizagens, na saúde, tanto física, como mental”

Neste contexto, para António Costa, a palavra-chave para cumprir os desafios estratégicos do país é “confiança”. “Reduzir as desigualdades, acudir à emergência climática, assegurar a transição digital e vencer o desafio demográfico“.

A concluir, salientou três condições para o próximo ano: “Paz, solidariedade e confiança são as três mensagens que neste Natal de 2022 quero partilhar com todos os que vivem e trabalham em Portugal e com os portugueses que nos seguem de cada ponto da nossa diáspora“.

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Greve na CP suprime 447 comboios

  • Lusa
  • 25 Dezembro 2022

Uma plataforma de vários sindicatos de trabalhadores da CP e da IP convocou uma greve à prestação de todo o trabalho suplementar. Greve suprimiu 447 comboios.

A greve na CP – Comboios de Portugal e na Infraestruturas de Portugal (IP) provocou a supressão de 447 comboios entre as 00h00 e as 18h00 deste domingo, tendo circulado 138, segundo fonte da operadora ferroviária.

Uma plataforma de vários sindicatos que representam os trabalhadores da CP e da IP convocou uma greve à prestação de todo o trabalho suplementar entre as 00h00 horas do dia 24 de dezembro e as 24h00 horas do dia 2 de janeiro de 2023, “designadamente em dia de descanso semanal ou em feriado oficial”.

Fonte oficial da CP indicou à Lusa que até às 18:00 de hoje, dia de Natal, foram cumpridos os serviços mínimos previstos, circulando 138 comboios, sendo que “o total programado até às 18:00 era de 585”, não se tendo realizado 447.

A plataforma convocou ainda greves de 24 horas para os dias 23 e 26 de dezembro, exigindo um prémio financeiro, a atualização do subsídio de alimentação e o fim da discriminação entre trabalhadores, segundo a nota dos sindicatos.

Foram definidos serviços mínimos de 25% dos comboios, nos dias 23 e 26 de dezembro e para os feriados de dia 25 de dezembro e 01 de janeiro de 2023.

A plataforma que convocou a greve inclui a ASCEF – Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária, a ASSIFECO – Associação Sindical Independente, o FENTCOP – Sindicato Nacional dos Transportes, Comunicações e Obras Públicas, o SINDEFER – Sindicato Nacional Democrático da Ferrovia, o SINFA – Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários de Infraestruturas e Afins, o SINFB – Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários, o SIOFA – Sindicato Independente dos Operacionais e Afins e o STF – Sindicato dos Transportes Ferroviários.

A greve de 24 horas convocada pelos trabalhadores da CP e da IP suprimiu, no dia 23 de dezembro, 728 comboios entre as 00h00 e as 18h00, tendo circulado 241 comboios, segundo a CP.

A CP colocou na quinta-feira uma nota na sua página da internet a alertar para a previsão de “perturbações na circulação de comboios, a nível nacional”, “com possível impacto nos dias anteriores e seguintes aos períodos de greve”, lamentando ainda os transtornos causados.

Os clientes que já tinham comprado bilhetes para comboios cancelados podem pedir o reembolso total do valor, até 10 dias após terminada a greve, ou a revalidação gratuita para outro comboio da mesma categoria.

Os trabalhadores da CP e IP também realizaram uma greve em 30 de novembro, que levou ao cancelamento de centenas de comboios.

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Marcelo aumenta pressão. “Há quem pense que seria bonito” secretária de Estado devolver indemnização

  • Lusa
  • 25 Dezembro 2022

Marcelo Rebelo de Sousa reconhece que secretária de Estado tinha direito por lei aos 500 mil euros que recebeu da TAP, mas admite que, para muitos portugueses, "seria bonito" que devolvesse verbas.

O Presidente da República afirmou que “há quem pense” que seria “bonito” a secretária de Estado do Tesouro prescindir da indemnização da TAP, ainda que a lei permita receber os 500 mil euros e exercer funções governativas. au“É como pensam muitos portugueses, dizem: a senhora saiu daquele lugar, tinha direito por lei a ter aquilo, mas na medida em que está a exercer uma função pública há quem pense que era bonito prescindir disso, atendendo a que está noutra função. Mas do ponto de vista jurídico, a lei permite isto”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em declarações aos jornalistas na freguesia de Abiul, concelho de Pombal, distrito de Leiria, onde se inteirou dos danos dos incêndios de julho último.

O Correio da Manhã noticiou na edição de sábado que a nova secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea portuguesa, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos.

Questionado sobre o tema, o Presidente da República afirmou que à primeira vista não lhe parece uma questão de direito, mas ainda tinha “poucos elementos”.

Marcelo Rebelo de Sousa diz ter apurado tratar-se “de uma situação de rescisão por parte da empresa onde exercia funções de administração a meio do mandato, o que daria lugar a uma indemnização completa”. “Foi negociado um terço dessa indemnização. A indemnização completa seria três vezes superior. Saiu com essa indemnização por decisão da própria empresa e não por iniciativa própria”, explicou.

Detalhou que, uns meses volvidos, Alexandra Reis foi desenvolver funções numa outra entidade, com uma “intervenção similar ou parecida com a de regulação, onde estava antes de ir para o Ministério, que não tem a ver com as infraestruturas, como sejam as áreas onde tinha intervindo”. “À primeira vista, juridicamente, do ponto de vista de Direito, a ida para o Governo parece-me não ter problemas de incompatibilidade”, disse.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: “Veremos se sim ou não há aquilo que acaba por motivar este tipo de notícias, que é sempre o problema de haver uma série de cargos empresariais de empresas direta ou indiretamente relacionadas com o Estado ou propriedade do Estado, que são muito superiores àquilo que são os vencimentos, não digo dos portugueses, mas mesmo dos titulares do poder político ao mais alto nível”.

O PSD criticou, este sábado, o pagamento pela TAP de uma indemnização de 500 mil euros à secretária de Estado do Tesouro pela cessação antecipada do cargo de administradora executiva, situação que para os sociais-democratas “é assustadora”.

Contactado pela Lusa, o vice-presidente social-democrata Paulo Rios considerou que “nem no Natal os presentes do ministro Pedro Nuno Santos são bons”, referindo-se ao titular das Infraestruturas.

Alexandra Reis tomou posse como secretária de Estado do Tesouro na última remodelação do Governo. Ingressou na TAP em setembro de 2017 e três anos depois foi nomeada administradora da companhia aérea.

A agora governante renunciou ao cargo em fevereiro e, em junho, foi nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV).

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Fundo da Fidelidade vende 2 hospitais da Luz à Healthcare Activos

  • ECO
  • 25 Dezembro 2022

A imobiliária espanhola, controlada pelo fundo soberano do Abu Dhabi, comprou duas das 26 hospitais e clínicas que a Luz saúde explora. Novo investimento depois do Hospital de Vila Real da Trofa Saúde

A Healthcare Activos, empresa espanhola de ativos imobiliários, comprou dois dos 26 hospitais explorados pela Luz Saúde, em contratos de arrendamento de longo prazo , à FSG Saúde, fundo de investimento de imobiliário fechado, administrado pela sociedade gestora de fundos imobiliários da seguradora Fidelidade.

Segundo o diário espanhol Planta Doce, que não revela valores nem concretamente quais foram as unidades adquiridas, os ativos adquiridos totalizam 140 camas e 37 mil metros quadrados de área. Esta foi a segundo investimento em Portugal por parte da companhia espanhola após a compra em 2020 do hospital de Vila Real, ocupado pela Trofa Saúde, por 25 milhões de euros.

Depois de Portugal, Helthcare Activos já adquiriu seis residências seniores com 800 camas na Bélgica e acaba de abrir escritório em Frankfurt para entrar no mercado alemão. A empresa quer duplicar até 2026 o seu atual património de 620 milhões de euros e 347 mil quadrados sob gestão.

Propriedade em 49,4% do fundo soberano do Abu Dabi, da seguradora Nationale-Nederlanden em 36,44%, e da Cbre IM, com 5,34%, a empresa normalmente faz compra com 50% capital e 50% de dívida.

A Healthcare procura “ativos selecionados, arrendados aos principais operadores europeus de saúde, com contratos a longo prazo e rendas fixas indexadas à inflação”. Está interessada no desenvolvimento de novos edifícios, mas também na aquisição de propriedades em operação, conclui o diário espanhol.

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VW tem 1000 carros prontos para entrega em Portugal

  • ECO
  • 25 Dezembro 2022

Para dar resposta à demora da chegada de automóveis novos ao mercado, a VW encomendou para Portugal mil carros prontos para entrega até ao fim do ano.

A Volkswagen tem 1000 unidades de automóveis do tipo SUV e da gama Golf, para entrega imediata numa altura em que se verificam atrasos significativos na entrega de carros novos pelos concessionários automóveis. incluem-se versões especiais que foram produzidas exclusivamente para Portugal.

Esta escassez de automóveis novos no mercado foi causada em primeiro lugar pela pandemia de COVID-19 que obrigou a fechar portas de concessionários e fábricas, e depois pela invasão da Ucrânia, levando a um problema de fornecimento de vários componentes, sobretudo os semicondutores, conduzindo a uma situação de entregas de veículos novos muito atrasadas em todas as marcas.

A VW tem agora versões dos SUV T-Cross, Taigo e T-Roc e um modelo da Gama Golf para entrega imediata. As motorizações são a gasolina com motores de 95 e 110 cavalos de potência.

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Sindicato afirma que greve de distribuição e comércio teve adesão de 30% a 70%

  • Lusa
  • 25 Dezembro 2022

O CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, afirma que a greve ontem realizada teve adesão de 30% e 70%, garantindo que houve lojas que não abriram.

O CESP – Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, estimou que a greve ontem realizada teve adesões entre os 30% e 70%, garantindo que houve lojas que não abriram.

Os trabalhadores de distribuição e comércio estiveram em greve, na véspera de Natal, para exigir o encerramento aos domingos e feriados e aumento salarial, tendo a dirigente do CESP Célia Lopes, garantido à Lusa que os “objetivos foram atingidos”.

De acordo com a dirigente do CESP, os números finais da adesão deverão ser conhecidos no início da próxima semana.

“Os nossos objetivos foram seguramente atingidos. Ao longo dos últimos anos os trabalhadores viram os seus salários e carreiras profissionais absorvidos pelo valor do salário mínimo. Há algum tempo que dizíamos que no comércio havia muita precariedade e muito baixo salário e esta realidade, hoje, é cada vez mais transversal”, começou por dizer a sindicalista.

A título de exemplo para o problema que os trabalhadores do setor enfrentam, Célia Lopes relatou diálogos em que funcionários “com 20, 25 anos de casa, quer no dito comércio tradicional quer nas cadeias de distribuição alimentar e não alimentar” garantem “receber 20 euros acima do salário mínimo que vai entrar em vigor dentro de uma semana”.

Sobre o impacto da adesão, a dirigente do CESP apontou vários exemplos, começando por dizer que “muitas lojas do Minipreço não abriram”, que a “Loja H&M do Chiado estava a funcionar apenas com cinco trabalhadores”, enfatizando tratar-se de um espaço “com quatro pisos” e, por último, que a “loja da Zara em Castelo Branco também não abriu por falta de trabalhadores”.

Acresce a isto, disse, “uma adesão muito significativa dos trabalhadores nos hipermercados, com encerramento de balcões, com grandes filas de clientes, porque temos adesões superiores a 50% em alguns locais”.

Admitindo que “só na segunda ou terça-feira terão os números finais da adesão à greve”, Célia Lopes estimou uma adesão entre os 30% e 70%”, explicando que a “especificidade” de ser véspera de Natal e de as “lojas fecharem mais cedo fez com que houvesse menos trabalhadores escalados”.

Ainda assim, confia a dirigente, “as associações patronais não passarão por esta greve de forma incólume e que virão a jogo negociar com os sindicatos as revisões dos contratos coletivos de trabalho e os aumentos salariais para os trabalhadores”.

Em mensagem enviada à agência Lusa, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) informou: “Os associados da APED não têm registo de qualquer perturbação por causa da greve. O que podemos verificar é uma motivação extra dos nossos trabalhadores para que nada falte na mesa dos portugueses neste dia especial”.

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