Governo renova até ao fim de 2023 apoio aos trabalhadores da Central do Pego

O apoio de 3,5 milhões de euros será alargado até ao final do próximo ano, com o objetivo de ajudar os trabalhadores da antiga central a carvão que, em 2021, encerrou a atividade.

O Ministério do Ambiente e da Ação Climática decidiu renovar o apoio aos trabalhadores da Central do Pego até 31 de dezembro de 2023. O apoio, concedido através do Fundo Ambiental, traduz-se num valor máximo de 3,5 milhões de euros, distribuídos por 2021, 2022 e 2023.

De acordo com a nota divulgada esta quinta-feira, a atribuição da compensação é aplicável enquanto se mantiverem válidas as condições de elegibilidade do beneficiário, decorrendo o prazo de apresentação das candidaturas ao incentivo desde o dia 9 de dezembro de 2021 até 30 de novembro de 2023.

Quanto ao pagamento, este será feito mensalmente e diretamente para a conta do beneficiário identificada no processo de submissão, e este receberá a notificação através da plataforma do Fundo Ambiental, assim que estejam reunidas as condições para o exercício do direito à compensação, até final de 2023.

O apoio aos trabalhadores da antiga central a carvão decorre no âmbito do “Mecanismo de Compensação para uma Transição Justa” que tem como objetivo proteger os trabalhadores afetados pela transição para uma economia neutra em carbono.

A Central Termoelétrica do Pego, que recorria ao uso de carvão para a produção de eletricidade, encerrou a sua atividade a 30 de novembro de 2021, com implicações no emprego direto e indireto, junto das empresas prestadoras de serviços à central, bem como na dinâmica económica do território onde se insere.

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Governo está a trabalhar numa medida específica para apoiar comércio após cheias

Ministra da Presidência espera que o levantamento de danos seja feito até ao final do ano, para que os instrumentos de apoio possam ser aprovados antes de 2023.

Mariana Vieira da Silva garante que está já a ser trabalhada uma medida específica para apoiar o comércio após os estragos provocados pelas cheias e o mau tempo. Quanto ao montante dos apoios, a ministra da Presidência aponta que é necessário primeiro fazer o levantamento dos danos, o que espera que possa ser feito pelos municípios até ao final do ano. Isto para que os instrumentos sejam aprovados também antes de 2023.

“Tudo o que sejam infraestruturas municipais têm o fundo de emergência municipal que existe para estes fenómenos, além disso estamos já a trabalhar numa medida específica para garantir o apoio ao comércio, tema que é mais fora do que é habitual neste fundo”, explica Mariana Vieira da Silva numa visita a Algés, em declarações transmitidas pelas televisões.

A ministra sinaliza que “hoje [quinta-feira] há uma reunião na CCDR, a expectativa é que se os municípios conseguirem até ao fim do ano entregar os prejuízos poderemos também até ao fim do ano aprovar não só o montante mas também os instrumentos para dar apoios”.

Apesar de traçar esta meta do final do ano, a governante admite que existem dois calendários: “um até ao fim do ano caso fosse possível e outro até 15 de janeiro, caso não fosse possível fazer algum levantamento”, já que “um segundo fenómeno pode atrasar o levantamento”. “Mas o mais prioritário é apoio as famílias e comerciantes e recuperamos equipamentos à medida que estamos prontos para os recuperar”, assegura.

Mariana Vieira da Silva aponta ainda que as candidaturas para os apoios serão feitas “com base na demonstração de prejuízos ou confirmada pela Câmara ou por uma entidade independente”.

Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras que acompanhava a ministra nesta visita, adiantou que a primeira estimativa de prejuízos era de 3,6 milhões de euros, número que poderá subir para cinco milhões com os novos fenómenos. Já o presidente da Câmara de Loures tinha estimado danos na ordem dos 20 milhões de euros.

Os pedidos de apoio começam também a surgir por parte dos setores afetados. A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) “já solicitou reuniões com caráter de urgência junto das autarquias mais afetadas, com o objetivo de avaliar a dimensão dos danos causados e, acima de tudo, identificar os mecanismos mais eficientes para a substituição de equipamentos e consequente reabertura dos espaços“, como indicam em comunicado.

A AHRESP está também a contribuir para o levantamento dos prejuízos decorrentes da deterioração de equipamentos, instalações e matérias-primas, avançando com um “inquérito às empresas para a recolha desta informação, a fim de a partilhar com as autarquias às quais foram solicitadas reuniões”.

(Notícia atualizada às 12h05 com mais informação)

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Caso EDP: Defesa de Manuel Pinho entrega “habeas corpus” para libertação imediata

  • Lusa
  • 15 Dezembro 2022

A defesa de Manuel Pinho entregou um pedido de “habeas corpus” para a libertação imediata do antigo ministro da Economia, há um ano em prisão domiciliária no âmbito do caso EDP.

A defesa de Manuel Pinho entregou esta quinta-feira um pedido de “habeas corpus” para a libertação imediata do antigo ministro da Economia, que cumpre esta quinta-feira um ano de prisão domiciliária no âmbito do caso EDP.

De acordo com o documento a que a Lusa teve acesso, enviado ao Supremo Tribunal de Justiça já após a meia-noite, o advogado Ricardo Sá Fernandes defende que o ex-governante foi detido no dia 14 de dezembro de 2021, pelo que a sua privação de liberdade começou logo a contar nesse dia e não apenas no dia seguinte, quando foi proferido o despacho das medidas de coação que estipulou a prisão domiciliária.

“Está, assim, ultrapassado o prazo máximo de duração da medida privativa da liberdade que impende sobre o requerente”, pode ler-se no pedido de “habeas corpus”, que acrescenta: “Não deve suscitar qualquer dúvida que, tendo o requerente sido detido pelas 10h do dia 14 de dezembro de 2021, a sua situação de privação da liberdade não pode durar mais do que um ano sem que seja deduzida uma acusação”.

Para a defesa do ex-governante “não faria sentido que, nesse computo, não se contasse o período em que o requerente esteve privado da liberdade por via de uma detenção, que veio a ser validada pelo juiz de instrução”.

No entanto, fonte ligada ao processo adiantou à Lusa que o despacho de acusação está concluído e vai mesmo ser conhecido esta quinta-feira.

Segundo a investigação do MP, o antigo ministro da Economia teria um pacto corruptivo com o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, através do qual teria recebido cerca de cinco milhões de euros (em conjunto com a mulher, Alexandra Pinho, também arguida) para, alegadamente, favorecer os interesses do BES (que era então acionista da EDP), onde havia trabalhado antes de entrar para o governo.

Parte desse dinheiro terá sido paga ao antigo ministro (tutelou a Economia entre 2005 e 2009, no primeiro governo de José Sócrates) através de uma sociedade offshore detida pelo casal.

No caso EDP, relacionado com os Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), os antigos gestores António Mexia e Manso Neto são suspeitos de corrupção e participação económica em negócio para a manutenção do contrato das rendas excessivas, no qual, segundo o MP, terão corrompido o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-secretário de Estado da Energia Artur Trindade.

Manuel Pinho foi constituído arguido no verão de 2017, por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, num processo relacionado com dinheiros provenientes do Grupo Espírito Santo.

O processo tem ainda como arguidos João Conceição, administrador da REN e antigo consultor de Manuel Pinho, Artur Trindade, ex-secretário de Estado da Energia, e o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado.

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Ainda há 16 estradas cortadas. Circulação ferroviária está restabelecida

Já foi reposta a circulação na EN8 entre Odivelas e Loures, na EN 9 entre Ponte Rol e Torres Vedras, na EN250 na zona de Frielas e entre o Catujal e Sacavém. Estação de Algés reaberta.

Após as fortes chuvadas do início da semana, que provocaram milhares de ocorrências, as condições climatéricas aliviaram e apenas seis distritos tinham aviso amarelo para a madrugada. No entanto, as previsões meteorológicas apontam novamente para um agravamento do estado do tempo na sexta-feira.

E apesar da acalmia a normalidade ainda não está totalmente restabelecida em termos de circulação. De acordo com as últimas informações da Infraestruturas de Portugal (IP) já foi reposta a circulação na EN8 entre Odivelas e Loures, na EN 9 entre Ponte Rol e Torres Vedras, na EN250 na zona de Frielas e entre o Catujal e Sacavém.

Mas há inúmeras estradas (16) que continuam cortadas ao trânsito: o IP2, em Monforte, a circulação está cortada em ambos os sentidos ao quilómetro 203,1; na EN3, na Barragem de Montargil, a circulação interdita entre os quilómetros 458 e 463; na EN9 a circulação está cortada entre Ponte Rol e Torres Vedras; na EN114, em Coruche, há corte da circulação na Estrada de Meias e na Ligação da EN114 com a EN251 em Azervadinha; na EN115-2, entre Maxial e Ermegeira; na EN118 há corte da circulação entre Tramagal e Sta. Margarida; na N119, Coruche, o trânsito está cortado entre Biscainho e Quinta Grande; na EN243, em Fronteira, a estrada está cortada ao km 154,198 e entre Monforte e Barbacena; na EN244, em Avis, estão cortados ambos os sentidos ao quilómetro 104; na EN245, em Portalegre, em Ponte de Fronteira a circulação está interdita ao Km 41,050; na EN246, Arronches, corte da circulação em ambos os sentidos entre os quilómetros 53 e 59,5; na mesma estrada, mas em Elvas, há corte da circulação em ambos os sentidos ao quilómetro 18; na EN246-1 a circulação está cortada na Alameda dos Freixos Marvão; na EN250 há corte da circulação entre Catujal e Sacavém; na EN251 a circulação está cortada em ambos os sentidos entre Monte da Barca e Mora; na EN365 não é possível circular em ambos os sentidos entre Vale Figueira e Pombalinho, ao Km 53,450 e 61,2 e a EN373 está fechada no sentido Campo Maior – Elvas.

Já a circulação ferroviária na região de Lisboa está totalmente restabelecida incluindo a estação de Algés onde foi reaberto o acesso pedonal à e reposto o serviço comercial. Ainda assim mantém-se os limites de velocidade na Linha do Norte na zona de Póvoa da Santa Iria; na Linha de Sintra onde apenas se pode circular a 30 km/h entre os quilómetros 3,3 e 3,5; na Linha do Sul entre Pragal e Corroios a velocidade é de 30 km/h, e na Linha do Leste a foi restabelecida a circulação ferroviária entre Portalegre e Elvas, com limitação de velocidade de 30 km/h entre os km 250,2 e 250,9.

(Notícia atualizada às 9h40 com novo balanço da IP)

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Cerca de 3.500 docentes passam à reforma em 2023, o número mais elevado desde 2013

  • ECO
  • 15 Dezembro 2022

Entre professores e educadores de infância, o próximo ano deverá ter o maior número de aposentações na Educação desde 2013, quando se reformaram 4.628 docentes.

Está a crescer o número de professores que vão para a reforma. Só em janeiro prevê-se que 289 docentes deixem as escolas, dos quais 265 professores e 24 educadores de infância. No total do ano de 2023, é esperado que passem à reforma cerca de 3.500 professores e educadores de infância, o que deixará as escolas ainda com menos profissionais, avança o Correio da Manhã (acesso pago).

O próximo ano registará o número mais elevado de docentes a passarem à aposentação desde 2013, quando se reformaram 4.628 docentes. Mais de 19.200 professores e educadores de infância pediram a reforma desde 2012, enquanto no mesmo período foram vinculados 17.540. E, numa altura em que o 1.º período letivo está prestes a terminar, ainda há cerca de 25 mil alunos com falta de professores, segundo um contador da Federação Nacional dos Professores.

Dados do ano letivo de 2020/2021 revelam que, do universo de 120.943 professores e educadores de infância das escolas públicas, mais de metade (69.379) tinha 50 ou mais anos de idade e apenas 9.733 tinham menos de 40 anos. A média de idades do corpo docente no público era superior a 50 em todos os ciclos, mas o pior cenário era no pré-escolar, com média de 54 anos.

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Municípios e Governo criam grupo de trabalho para rever Lei das Finanças Locais

  • Lusa e ECO
  • 15 Dezembro 2022

O grupo de trabalho deverá ser constituído já em janeiro, estabelecendo, posteriormente, a metodologia a adotar, as principais questões a identificar e os prazos para apresentar conclusões.

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e o Governo vão criar no próximo ano um grupo de trabalho para fazer uma revisão “profunda” da Lei das Finanças Locais, revelou a presidente daquela entidade. “Já está estabelecido com o senhor ministro das Finanças a criação de um grupo de trabalho para revermos profundamente a Lei das Finanças Locais porque essa é uma reivindicação antiga e, neste momento, ainda mais necessária”, disse Luísa Salgueiro, em entrevista à Lusa a propósito do primeiro ano à frente da ANMP.

A socialista, que também preside à Câmara Municipal de Matosinhos, no distrito do Porto, explicou que o objetivo da ANMP e do Governo é elaborar um novo modelo da Lei das Finanças Locais para acabar com “muitas das desigualdades e iniquidades” que, atualmente, se verificam.

Antes de assumir a tutela das Finanças, Fernando Medina foi presidente da Câmara Municipal de Lisboa e, portanto, tem consciência do “desajustamento” que se verifica entre a lei em vigor e a vida e as necessidades dos municípios, afirmou.

Luísa Salgueiro referiu que o grupo de trabalho deverá ser constituído já em janeiro, estabelecendo, posteriormente, a metodologia a adotar, as principais questões a identificar e os prazos para apresentar conclusões. “O ano passado, pela primeira vez, foi cumprida a Lei das Finanças Locais e, no próximo ano, o Orçamento de Estado prevê o cumprimento rigoroso da Lei das Finanças Locais e, não devendo isso ser notícia, é notícia porque nos anos anteriores não vinha sendo cumprido”, salientou.

Em 7 de dezembro, o Governo transferiu para os municípios 104 milhões de euros no âmbito do Fundo Social Municipal (FSM), verbas relativas a 2019, 2020 e 2021, reconhecendo o “incumprimento” da Lei das Finanças Locais. A Assembleia da República aprovou em 21 de outubro, por unanimidade, uma proposta de lei do Governo para a transferência de uma subvenção adicional de 104 milhões de euros, referentes ao pagamento de acertos do FSM.

Os municípios tinham reclamado o pagamento deste montante ainda antes da aprovação do Orçamento do Estado para 2022, relativo à dívida do Estado central aos municípios no âmbito do FSM de 2019 (18 milhões de euros), 2020 (35 milhões de euros) e 2021 (51 milhões de euros), tendo como base o cumprimento da Lei das Finanças Locais.

Sobre a atribuição dos serviços regionais às Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), Luísa Salgueiro considera que trará vantagens na gestão e será um “passo essencial” para a regionalização. “É o caminho necessário e aquele que ficará em vigor quando tivermos o modelo das regiões em funcionamento. Por isso, sendo bem feito, parece-me bem”, assumiu.

A presidente da ANMP recusou a ideia de que este processo seja uma “regionalização encapotada”, sublinhando tratar-se de uma reorganização de serviços que trará vantagens ao nível da eficiência da gestão. “É apenas uma reorganização administrativa de serviços da administração central” e que poderá, depois, mediante a avaliação que for feita, resultar ou não numa regionalização, salientou.

O acordo alcançado com o Governo para a descentralização na ação social, no seu entender o “mais difícil de conseguir”, é “quase perfeito” e acaba com uma desigualdade no país. Segundo a autarca, para ser perfeito era preciso “aprofundar a informação existente em cada um dos municípios”, mas “as pessoas que precisam de resposta na área social ficam muito mais bem servidas com este acordo”.

Em 6 de dezembro, o Conselho Diretivo da ANMP aprovou os novos termos da descentralização de competências na área da ação social, acordo que, em 19 de dezembro, vai ser votado pelo Conselho Geral para, posteriormente, ser assinado com o Governo liderado por António Costa, explicou.

Num balanço do primeiro ano de mandato à frente da entidade, assinalado a 11 de dezembro, Luísa Salgueiro considera que “foi um ano muito intenso e de grande exigência, mas, simultaneamente, com grandes resultados para os municípios portugueses“. “Penso que foi um período em que se avançou, decisivamente e de forma correta, num processo que há muito é reivindicado pelos autarcas, que é a descentralização”, afirmou.

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Wall Street cai mais de 2% com pessimismo da Fed

  • ECO
  • 15 Dezembro 2022

Mercados europeus fecharam a sessão desta quinta-feira com fortes perdas, após decisão e declarações da líder do BCE sobre aumentos para 2023. Em Lisboa, apenas duas das cotadas escaparam às perdas.

A luta incessante da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) contra a inflação teve efeitos nas bolsas locais pelo segundo dia consecutivo. Os principais índices de Wall Street fecharam a sessão desta quinta-feira com quedas superiores a 2%. Os investidores não gostaram de ouvir o presidente da Fed, Jerome Powell, a indicar que não há mexida na política monetária para 2023 apesar de a inflação ter sido inferior às expetativas dos analistas.

As bolsas europeias a fecharam a sessão desta quinta-feira com fortes perdas em reação às declarações de Christine Lagarde, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado uma subida de 50 pontos base das taxas de juro.

Os principais índices da Zona Euro encerraram com quedas entre 3,2% e 0,96%, sendo que por Lisboa apenas duas cotadas fecharam em terreno positivo, com os investidores a reagirem negativamente ao facto de a presidente do BCE ter admitido novas subidas das taxas de juro ao longo de 2023.

Já a economia da China voltou a perder gás em novembro, com a desaceleração da produção industrial e as vendas no retalho, ambas abaixo das previsões e registando os piores valores em seis meses. O aumento de casos de Covid-19 e as restrições para conter o vírus penalizam o crescimento chinês.

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Entrega do ficheiro SAF-T foi adiada para 2025

  • ECO
  • 15 Dezembro 2022

Há ainda outro adiamento anunciado pelas Finanças, que dita que em 2023 o levantamento dos inventários continua a seguir o modelo tradicional.

Ainda não é em 2024 que o ficheiro SAF-T da contabilidade, no qual consta praticamente toda a informação da vida da empresa, vai ser de entrega obrigatória, adianta o Jornal de Negócios (acesso pago), que dá conta do adiamento da obrigação por um ano. Medida faz parte de novo conjunto de simplificações fiscais.

O envio obrigatório do ficheiro, que implica ter os sistemas informáticos adaptados, estava previsto para 2024, mas a medida foi assim adiada por um ano, ou seja, para 2025. “Em matérias estruturantes, é preferível aprofundarmos este trabalho de diálogo e soluções para que quando entrar em vigor possa ser uma solução mais bem acolhida e que todos nos possamos rever nela”, defendeu o novo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Há ainda outro adiamento anunciado pelas Finanças, que dita que em 2023 os inventários não terão de ser entregues valorizados, continuando assim com o modelo tradicional. A medida já tinha sido adiada com a pandemia e voltou agora a atrasar, estando prevista uma prorrogação do prazo de entrega, de 31 de janeiro para 28 de fevereiro.

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Hoje nas notícias: contabilidade, professores e GPL

  • ECO
  • 15 Dezembro 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Já não é em 2024 que as empresas vão ser obrigadas a entregar o ficheiro SAF-T, com esta medida a chegar apenas em 2025. Nas escolas, o número de professores a irem para a reforma aumentam, sendo que no conjunto com os educadores de infância se devem atingir as 3.500 aposentações. Com os custos elevados de gasolina, há mais pessoas a optar por carros a GPL. Veja estas e outras notícias que marcam a atualidade nacional.

Entrega do ficheiro SAF-T foi adiada para 2025

Ainda não é em 2024 que o ficheiro SAF-T da contabilidade, no qual consta praticamente toda a informação da vida da empresa, vai ser de entrega obrigatória. O envio obrigatório do ficheiro, que implica ter os sistemas informáticos adaptados, estava previsto para 2024, mas a medida foi adiada por um ano, ou seja, para 2025. Há ainda outro adiamento anunciado pelas Finanças, que dita que em 2023 os inventários não terão de ser entregues valorizados.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Professores aceleram na corrida à reforma

Está a crescer o número de professores que vão para a reforma. Só em janeiro vão deixar as escolas 289 docentes: 265 professores e 24 educadores de infância. No total do ano de 2023, é esperado que passem à reforma cerca de 3.500 professores e educadores de infância, o que deixa as escolas ainda com menos profissionais.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Custos elevados da gasolina dão gás aos carros a GPL

Vários portugueses estão a optar por carros a GPL, numa altura em que os preços elevados de gasolina tornam atrativos os custos mais reduzidos com este combustível. Perante esta mudança, os instaladores chegam mesmo a ter listas de espera de um mês. Há também quem opte por carros novos a GPL, sendo que no total das marcas se venderam, até novembro, 4.534 carros destes, mais 1.718 do que em igual período no ano passado. Destes, 3.603 veículos eram da Dacia (mais 85,6%). Os veículos a GPL continuam ainda assim a representar menos de 3% do mercado automóvel nacional.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Presença de alunos carenciados nos exames nacionais caiu para metade

O peso dos jovens carenciados entre os alunos que realizam os exames nacionais do secundário passou de 29,6% em 2018 para apenas 15,3% em 2021, ou seja, caiu praticamente para metade, segundo o relatório do Júri Nacional de Exames (JNE). Esta quebra coincide com a altura em que estas provas passaram a servir apenas para acesso ao ensino superior, o que já se adivinhava dada “a antiga e conhecida sub-representação de jovens de famílias com níveis de rendimento e escolaridade mais baixa entre os estudantes de ensino superior em Portugal”, segundo a socióloga do Iscte-IUL Maria Álvares.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Mudar lei para afastar polícias condenados por crime grave divide especialistas

Uma condenação por crime grave é causa de inaptidão para ingressar nas forças policiais, mas a prática demonstra que um agente policial condenado por esses crimes — incluindo homicídio — pode continuar a ser polícia. Desconhece-se o número de agentes com cadastro ao serviço das polícias, bem como a percentagem de polícias condenados que foram expulsos. O ministro da Administração Interna não responde se vê nisto um problema, enquanto os juristas se dividem sobre a possibilidade de mudar a lei para afastar agentes condenados por crime grave. Um especialista considera que “não é por ter havido uma condenação penal que tem de haver uma condenação disciplinar, mas uma magistrada do Ministério Público considera que ignorar uma condenação é “ignorar o poder vinculativo da decisão judicial”.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso livre)

 

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Seguradora Hiscox oferece 1.500 euros aos colaboradores para compensar aumento do custo de vida

O cheque anti-inflação foi pago logo em outubro e abrangeu cerca de 65% dos trabalhadores da companhia. Estão também previstos aumentos salariais para o próximo ano.

A Hiscox decidiu atribuir aos seus colaboradores um bónus de 1.500 euros, de modo a compensar a subida generalizada dos preços. O cheque anti-inflação foi pago logo em outubro, juntamente com o salário, e abrangeu cerca de 65% dos trabalhadores da companhia de seguros, ou seja, cerca de 360 pessoas, sabe a Pessoas. Além disso, já foram já adicionados 25 euros líquidos ao salário base de todos os colaboradores e estão previstos aumentos salariais no próximo ano.

“Apesar dos nossos salários serem competitivos, somos conscientes que o aumento do custo de vida está a afetar os nossos colaborares. Em linha com o compromisso que a Hiscox tem com o bem-estar das nossas pessoas, considerámos fazer sentido receberem um apoio extra por parte da sua entidade empregadora”, avança Carla Gomes, head of HR Iberia & Ireland na Hiscox, à Pessoas.

Questionada sobre se todos os funcionários receberam esta ajuda financeira, a empresa refere que conseguiu ajudar cerca de 65% dos trabalhadores “cujo poder de compra foi mais afetado pela inflação”. Apesar de não detalhar o limite estabelecido, o critério estabelecido pela empresa teve a ver com o rendimento bruto anual dos colaboradores.

O pagamento foi “único”, não estando prevista outra iniciativa semelhante, pelo menos por enquanto. “A vida e bem-estar dos nossos colaboradores está no centro das nossas preocupações e somos conscientes da situação mundial atual. Assim, da mesma forma como agimos desta vez, estamos preparados para atuar, caso consideremos que está nas nossas mãos ajudar as nossas pessoas”, salienta a gestora.

Em novembro, a inflação fixou-se nos 9,9%. E para 2023 o Governo prevê uma taxa de 4%, de acordo com o Orçamento de Estado.

Outras medidas para promover o bem-estar das pessoas

O cheque anti-inflação junta-se a outras iniciativas que a Hiscox tem levado a cabo, no sentido de assegurar o bem-estar das pessoas. É o caso do cartão presente Natal, no valor de 250 euros, que é oferecido a todos os colaboradores anualmente, do gym allowance anual de 750 euros, e, mais recentemente, da adição de 25 euros líquidos ao salário base de todos os colaboradores, como medida de compensação pelo modelo de trabalho híbrido.

Seguro de saúde, seguro de vida, fundo de pensão, horário de trabalho de 35 horas semanais, 29 dias de descanso e plano de sabáticas (ao final de cinco anos de trabalho na empresa, são dadas quatro semanas de sabática, integralmente pagas) são outras ofertas que parte do pacote de benefícios da empresa.

Em termos salariais, estão previstas revisões para o próximo ano. Contudo, questionada sobre o valor do aumento, a empresa refere que ainda “está a ser elaborado o plano completo”. E salienta: “certamente iremos ter em conta o contexto atual por forma a garantir o justo reconhecimento pelo trabalho prestado pelas nossas pessoas.”

O atual contexto económico está a sufocar muitas famílias, pelo que iremos acompanhar de perto a evolução da situação económica e, se observarmos que o cenário de inflação o exige, tomaremos medidas adicionais ao longo de 2023“, acrescenta ainda.

O hub da Hiscox em Lisboa presta apoio ao Reino Unido, Irlanda, França, Alemanha, Benelux e Espanha. Desde Portugal, são geridos, em termos de recursos humanos, os escritórios de Lisboa, Dublin e Madrid. Nesses três escritórios, a empresa soma cerca de 550 pessoas, 400 das quais em Portugal. Já a nível global, incluindo também os Estados Unidos da América, a seguradora tem mais de 3.000 colaboradores distribuídos por 35 escritórios.

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Qatargate: A credibilidade da UE pode ficar afetada? É necessário apertar o controlo das instituições europeias?

Especialistas contacados pelo ECO defendem que este caso afetou a imagem do Parlamento Europeu e que está na hora de apertar o controlo das instituições europeias.

Há poucos dias, o mundo acordou com mais um escândalo de corrupção, o já denominado de Qatargate. Desta vez envolveu um membro do Parlamento Europeu (PE), a ex-vice-presidente grega, Eva Kaili. Em causa estão suspeitas de um alegado lóbi ilegal do Qatar para influenciar decisões políticas em Estrasburgo.

Pelo que se sabe, até ao momento foram descobertos 900 mil euros suspeitos de relacionados com este caso, com as autoridades a decretarem a prisão preventiva a quatro pessoas — incluindo a Eva Kaili –, após serem indiciadas pelos crimes de participação em organização criminosa, branqueamento de capital e corrupção.

Mas tão importante quanto os contornos da questão criminal, é saber se as instituições europeias — todas elas e não só o Parlamento Europeu — podem ficar (ou não) com danos reputacionais irrecuperáveis.

Já em jeito de justificação, a presidente do PE, Roberta Metsola, assumiu que está na política para “lutar contra a corrupção” e para “defender os princípios da Europa”, admitindo que este é “um teste” aos valores e sistemas do PE. “Os responsáveis [pela corrupção] verão que este Parlamento está do lado da lei”, garantiu.

Avançou também que será lançado um processo de reforma, sublinhando que é necessária mais transparência nas reuniões de eurodeputados com agentes estrangeiros. “Vamos abanar este Parlamento. Vamos proteger aqueles que nos ajudam a expor crimes”, disse Metsola.

Há muitos anos que há problemas no sistema ético da administração da União Europeia. É tempo de passar à ação, para bem da própria integração europeia e da credibilidade das suas instituições e agentes.

Emily O’Reilly

Provedora de Justiça Europeia

Relembrar, ainda, o que defendeu a Provedora de Justiça (“Ombudsman”) europeia, a irlandesa Emily O’Reilly, ao jornal eletrónico Politico. Sendo a União Europeia “um grande pagador global, é natural que todos, desde as chamadas big-tech, as grandes tecnológicas, a Estados fora da União, tentem influenciá-la”. Dizendo ainda que é preciso “um grande escândalo para que as coisas mudem”, apesar de assinalar mudanças incrementais positivas nos últimos anos. Num contexto em que todos reconhecem, segundo O’Reilly, há muitos anos, “que há problemas no sistema ético da administração da União Europeia. É tempo de passar à ação, para bem da própria integração europeia e da credibilidade das suas instituições e agentes”.

Esta foi a mesma Provedora da Justiça Europeia que, em janeiro deste ano, criticou a Comissão Europeia por desconsiderar o pedido de acesso às mensagens de texto trocadas entre a sua presidente, Ursula von der Leyen, e o CEO da Pfizer, Albert Bourla, em 2021. O acesso às mensagens foi pedido por Alexander Fanta, jornalista no jornal alemão Netzpolitik, depois de von der Leyen admitir em abril de 2021 a negociação por mensagem de 1,8 mil milhões de vacinas com o CEO da Pfizer. Na altura, a notícia surgiu depois de um arranque demorado nas campanhas de vacinação europeias em 2020 e as falhas na entrega de doses da farmacêutica AstraZeneca, por problemas de produção.

Como fica ou pode vir a ficar a credibilidade das instituições europeias perante um caso destes?

“Claro que um episódio como este é sempre danoso para a reputação das instituições, em particular uma, como o PE, tão ativo na defesa da transparência, dos valores e princípios europeus e contra atos de corrupção e outros atos que prejudicam os cidadãos, os países e as instituições. Aliás, em 25 de novembro passado, o PE aprovou uma resolução sobre a realização do Mundial de Futebol no Qatar, muito crítico da situação dos direitos humanos neste país e da referida realização”, explicou Paulo Sande, especialista em assuntos europeus.

Porém, Paulo Sande defende que este caso pode vir a ser paradigmático e até positivo para a instituição, pela forma rápida de reação. “A forma rápida e resoluta como o processo se tem desenrolado, com uma vice-presidente da instituição presa preventivamente, tal como outros membros do presumível grupo criminoso, com buscas e apreensões em mais do que um país europeu, sinal do bom funcionamento da cooperação policial na União Europeia, também demonstra que, em democracia – e na Europa – ninguém está acima da lei. Eva Kaili, devido à forte suspeição existente (sacos de dinheiro, declarações quase disparatadas a louvar o país do Golfo, etc.), perdeu já o cargo de vice-presidente do PE e está suspensa de funções. Estes são aspetos que separam as democracias das autocracias (ou das democracias iliberais)”, disse.

O advogado deixa no ar uma questão que considera relevante: “Isto trata-se de um caso isolado, em que, no máximo, participam meia dúzia de deputados europeus (são 705, é bom não esquecer), alguns assistentes parlamentares e respetivos familiares, ou é algo de mais fundo e inquietante? Não tardaremos a saber”.

Isto trata-se de um caso isolado, em que, no máximo, participam meia dúzia de deputados europeus (são 705, é bom não esquecer), alguns assistentes parlamentares e respetivos familiares, ou é algo de mais fundo e inquietante? Não tardaremos a saber.

Paulo Sande

Especialista em assuntos europeus

É evidente que este caso afeta muito a imagem do Parlamento Europeu, e até, por arrastamento, do conjunto das instituições da UE”, sublinhou também Gonçalo Anastácio, sócio do departamento de Concorrência e União Europeia da SRS Legal.

“A notícia de favorecimento do Catar junto das instituições europeias já levou a que fossem colocados em crise outro tipo de acordos entre a UE e o Catar, como por exemplo, o acordo de transporte aéreo. No entanto, o Parlamento Europeu reagiu rapidamente através da condenação pública de práticas de corrupção e da esmagadora votação a favor da perda do cargo de vice-presidente, o que demonstra que é uma instituição sólida”, defende Rita Leandro Vasconcelos, advogada e sócia da CVA.

Também para João Vacas, consultor da Abreu Advogados, a credibilidade é afetada, pois as instituições europeias “não são imunes” a esta consequência. Ainda assim, sublinha que estes episódios não transformam os políticos, “genericamente considerados”, em corruptos, até prova em contrário.

“Devemos resistir à tendência perniciosa para confundir a árvore com a floresta que vem fazendo caminho nas nossas sociedades. O clima de suspeição generalizada faz tanto mal às instituições e erode tanto a coesão social quanto os casos concretos em que a ação de alguns dos seus membros é ilegal ou contrária à ética“, acrescentou o consultor.

Com vários programas, organismos, legislação e procedimentos relevantes na União Europeia para promover a transparência e combater a corrupção e a fraude, os especialistas acreditam que não é preciso mudar a lei. É preciso que seja aperfeiçoada e que “puna eficazmente” quem pratique esses crimes.

“A ideia voluntarista, muito portuguesa, de que basta mudar regras para que o mal seja erradicado colide com a natureza humana. Infelizmente, nem todas as pessoas são honestas e isso é verificável em todos os contextos e em todas as épocas. Será sempre possível procurar melhorar o enquadramento normativo – nomeadamente no tocante à transparência no exercício de funções públicas -, mas é ilusório esperar que a corrupção acabe por decreto“, sublinhou João Vacas.

Dantas Rodrigues defende que os atos de corrupção praticados por políticos dirigentes afeta sempre a credibilidade de qualquer instituição. “A dimensão intergovernamental, a ligação ao Catar e o facto de ser a instituição comunitária em que os cidadãos europeus mais confiam, deixa-nos preocupados, pela vulnerabilidade”, referiu.

Embora admita que o facto do “Parlamento Europeu, o Conselho da União Europeia e a Comissão Europeia disporem de um Registo de Transparência onde o registo é uma condição prévia para a realização de determinadas atividades de representação de interesses, indicando com quem se reúnem e quais os assuntos tratados na reunião, toda esta supervisão esbarra com a alta criminalidade financeira que alicia com quantidades muito significativas de dinheiro e presentes os políticos dos altos cargos para que adotem estratégias de conveniência“.

Há pouco controle das instituições europeias?

Paulo Sande admite que este caso revela “a necessidade sentida há muito de apertar o controlo das instituições europeias, sendo o PE, pela sua natureza, uma das mais visadas. Ursula van der Leyen, quando tomou posse, apresentou como um dos seus projetos a criação de um órgão de supervisão independente da conduta dos membros das várias instituições europeias, órgão que ainda não viu a luz do dia”.

No Parlamento, como junto da Comissão, agem representantes de muitos interesses distintos, todos credenciados e registados, os chamados “lobistas”. “Com esses interesses devidamente identificados, a sua atividade é aceite e até bem recebida, porque permite aos deputados europeus conhecer melhor as centenas de assuntos que discutem e, assim, decidir de forma mais informada“, notou Paulo Sande.

“Mas isso não significa que possam aceitar qualquer tipo de retribuição, favor ou presente (acima dos 150 euros). E as regras plasmadas no código de conduta dos deputados, no Regimento (artigo 10º), bem como as sanções neste previstas (no artigo 176º), são claras a esse respeito: os deputados ‘preservam a dignidade do Parlamento e não lesam a sua reputação’. Se isso acontecer, como claramente sucede neste caso, estão sujeitos a sanções que podem ir de uma mera repreensão à perda dos cargos para que foram eleitos”, explicou. E acrescentou: “é certo, contudo, que em particular no que respeita ao PE, as regras éticas e o controlo devem ser reforçadas, como há muito se reconhece”.

Dantas Rodrigues vai na mesma linha, ao dizer que “não me parece que a criação de um órgão de ética, seja suficiente. Falta um órgão de controle de denúncias (compliance), com poderes investigatórios e mecanismos muito concretos para as denuncias de atos ilícitos praticados pelos deputados e funcionários”. E acrescenta um ponto: “independentemente de vir a melhorar o controle na representação de interesses, falta ainda a questão da imunidade parlamentar, onde a detenção só é possível em caso de flagrante delito. Precisa-se de alterar o regime das imunidades criando a exceção para crimes financeiros praticados no exercício de atividades públicas. E tudo isto sim, é uma mudança dissuasora porque o resto tudo depende da independência profissional e pessoal daqueles que influenciam as decisões europeias”, concluiu.

“As regras sobre transparência devem ser exigentes. Será, provavelmente, impossível, eliminar por completo práticas como aquela a cujos desenvolvimentos temos vindo a assistir nos últimos dias. Porém, deve fazer-se um esforço por tornar mais fácil e rápida a sua deteção. Melhorar as regras de transparência das instituições é um passo fundamental no bom sentido. É natural que a ocorrência deste tipo de situações dê origem a reformas”, sublinha Rita Leandro Vasconcelos.

O que está em causa neste processo

Vamos por partes. Tudo começou no dia 9 de dezembro, quando os media noticiaram que Eva Kaili, até então vice-presidente do Parlamento Europeu e eurodeputada grega socialista, tinha sido detida em Bruxelas.

Mas não foi a única. Para além de Eva Kaili, foram ainda detidos outros cinco suspeitos. Entres eles, está o companheiro da ex-vice-presidente, o italiano Francesco Giorgi, e o seu pai, Alexandros Kailis. O que motivou estas detenções foi a terem sido encontrados 600 mil euros em dinheiro durante 16 buscas domiciliárias realizadas em Bruxelas, uma das quais ao apartamento da eurodeputada.

Eva KailiEPA/JALAL MORCHIDI

Francesco Giorgi é um dos nomes que “soa” neste processo junto ao da sua companheira. O italiano era atualmente assessor de um outro eurodeputado e dedicava-se às áreas de Política Externa e nos Direitos Humanos. Segundo avançaram alguns meios de comunicação, Giorgi seria o “cabecilha” da operação ai recolher subornos em troca de uma operação de limpeza da imagem qatari em Bruxelas

Já o pai de Eva Kaili, Alexandros Kailis, foi apanhado em flagrante pela polícia num hotel com um saco com 600 mil euros em dinheiro, alegadamente provenientes do esquema de corrupção. A polícia belga deteve-o quando se preparava para fugir para a Grécia.

Segundo os meios de comunicação gregos, outros 150.000 euros foram encontrados em malas numa busca realizada na casa de Kaili em Bruxelas. O mesmo valor foi encontrado num apartamento de um eurodeputado na capital belga.

“Há vários meses que investigadores da polícia suspeitam que um Estado do Golfo tenta influenciar as decisões económicas e políticas do Parlamento Europeu”, adiantou o Ministério Público Federal belga em comunicado.

Este Estado teria executado esta estratégia através do “pagamento de quantias substanciais de dinheiro, e oferecendo presentes importantes a terceiros, a pessoas com uma posição política ou estratégica importante dentro do Parlamento Europeu”, acrescentou.

Efeito dominó leva a prisão preventiva

Logo após a “explosão” do escândalo, em Atenas, o Partido Socialista Grego (Pasok-Kinal), do qual Kaili era membro, anunciou que esta foi “demitida”. Também o Partido Socialista Europeu anunciou a suspensão de Kaili com “efeitos imediatos”.

Já a presidente do Parlamento Europeu, a maltesa Roberta Metsola, decidiu suspender, com efeitos imediatos, todos os poderes, deveres e funções que foram delegados a Eva Kaili na qualidade de vice-presidente do Parlamento Europeu.

Roberta Metsola, presidente do Parlamento EuropeuEPA/JULIEN WARNAND

No sábado foi ainda efetuada uma busca na casa de um segundo deputado. Neste caso, “suspeita-se do pagamento de avultadas quantias em dinheiro ou da oferta de presentes significativos a terceiros com posição política e/ou estratégica que permita, no seio do Parlamento Europeu, influenciar as decisões” desta instituição.

Dois dias depois, a 11 de dezembro, quatro das seis pessoas detidas ficaram em prisão preventiva, entre elas Eva Kaili, após serem indiciadas por um juiz de instrução de Bruxelas pelo crime de participação em organização criminosa, branqueamento de capital e corrupção.

De recordar que Eva Kaili não pode beneficiar da sua imunidade parlamentar, porque o crime de que é acusada foi detetado em flagrante delito.

Na segunda-feira, dia 12 de dezembro, Eva Kaili, e os seus familiares mais próximos viram ser confiscados vários bens, como imóveis, contas bancárias e empresas, pela Autoridade de Combate ao Branqueamento de Capitais. A apreensão dos bens ocorreu na Grécia e foi justificada pela possibilidade de serem provenientes de atividades ilegais. A justiça grega apreendeu ainda bens de Mantalena Kaili, diretora-executiva da ELONtec.

Apesar de se ter considerado inocente e negado ter recebido dinheiro, Eva Kaili perdeu oficialmente no dia seguinte, 13 de dezembro, o cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu. A decisão de remoção do estatuto foi aprovada por uma maioria de 625 eurodeputados, havendo um voto contra e duas abstenções.

As reações ao Qatargate

Este acontecimento internacional está a “mexer” com partidos, chefes de Estado e até a presidente da Comissão Europeia.

Logo após a detenção de Eva Kaili, o Partido Socialista Europeu (PES) ficou “completamente surpreendido” e chegou a referir que é um “balde de água fria” e um “choque” para o movimento sindical europeu. O PES considera este caso terá “custos” na imagem do Parlamento Europeu, mas considera que o tamanho dos danos irá depender da evolução da investigação.

Já a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, afirmou este sábado que a instituição europeia que lidera irá fazer “tudo o que puder” para ajudar a investigação. “O nosso Parlamento Europeu é firmemente contra a corrupção. Nesta fase, não podemos tecer comentários sobre qualquer investigação em curso, a não ser para confirmar que cooperámos e continuaremos a cooperar plenamente com todas as autoridades judiciais e policiais relevantes”, escreveu Metsola numa mensagem publicada na sua conta oficial na rede social Twitter.

Ursula von der LeyeEPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

Na segunda-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, admitiu que as alegações de corrupção contra Eva Kaili são “muito graves” e defendeu a criação de um órgão independente de ética aplicável a todas as instituições europeias.

“As alegações contra a vice-presidente do Parlamento Europeu suscitam a maior preocupação, são muito graves. Está em causa a confiança das pessoas nas nossas instituições. E esta confiança nas nossas instituições exige elevados padrões de independência e integridade”, declarou Ursula Von der Leyen.

A presidente da Comissão Europeia recordou ainda que, em março passado, já propôs “a criação de um órgão de ética independente que abranja todas as instituições da União Europeia”, a ser estabelecido “com os mais elevados padrões”.

Cá em Portugal, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa pediu “consequências exemplares” neste caso de corrupção, defendendo que as suspeitas devem ser investigadas. “Em matéria de corrupção não há meios-termos”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações transmitidas pela RTP3, sublinhando que, “se há matéria para investigar”, esta deve ser investigada “exemplarmente”, independentemente de serem suspeitas “ao mais alto nível” ou não.

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