Do risco de reinfeção à efetividade das vacinas, as diferenças entre a variante Ómicron e Delta
A variante Ómicron foi identificada pela primeira vez em novembro e já é responsável por 90% dos casos identificados em Portugal, destronando a Delta. Mas, afinal, o que separa estas duas variantes?
A variante Ómicron destronou a Delta e é atualmente responsável por 90% dos casos identificados em Portugal. É mais transmissível, tem uma capacidade de reinfeção dez vezes superior e é também mais resistente às vacinas, mas aparentemente menos severa. Mas, afinal, o que separa estas duas variantes?
Em causa está a variante B.1.1.529, também conhecida por variante Ómicron, que foi detetada pela primeira vez na África do Sul e está a centrar as atenções devido ao seu elevado número de mutações (37) na proteína spike, também conhecida por proteína do “espinho”, que serve de base ao nome coronavírus e é a parte do vírus usada por muitas das vacinas para proteger as pessoas contra a Covid-19.
É, inclusivamente, esse elevado número de mutações que explica, em parte, que seja mais transmissível. Esta estirpe foi identificada no final de novembro, mas já está presente em mais de 90 países, estando associada a cerca de 80% dos novos casos de infeção por Covid-19 a nível mundial, segundo a Organização Mundial (OMS).
Se até à semana do Natal, a variante Ómicron representava 50% dos novos casos identificados em Portugal, atualmente é já responsável por 90% dos casos, segundo explicou João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), na reunião do Infarmed, na quarta-feira. “Dá a sensação que a grande disseminação teve a ver com o grupo etário dos 20 aos 29 anos”, sinalizou ainda o investigador.
Esta estirpe “destronou” assim a variante Delta, que era até ao último mês dominante em Portugal. Segundo os investigadores do INSA, não há uma diferença significativa entre a carga viral desenvolvida pelos doentes infetados com a Ómiron e os doentes infetados com a Delta. Neste contexto, esta maior transmissibilidade não está relacionada com a quantidade de aerossóis expelidos, mas sim com a maior capacidade desta variante escapar à imunidade conferida pelas vacinas, bem como pela rapidez com que uma pessoa que está infetada se torna contagiosa.
Além disso, com base nos estudos realizados pela Universidade de Hong Kong e de Cambridge em hamsters observou-se que “a Ómicron se multiplicava cerca de 70 vezes mais rapidamente do que a Delta nas células das vias aéreas superiores, mas dez vezes mais lentamente nas células do pulmão”, sublinhou João Paulo Gomes, acrescentando que é essa a razão pela qual é aparentemente mais severa. “Se o pulmão é menos afetado, a severidade da doença será menor”, elencou.
Estudos realizados na África do Sul indicam ainda que a variante Ómicron tem uma capacidade de reinfeção cerca de dez vezes superior à variante Delta, revelou Ana Paula Rodrigues, do INSA, também na última reunião do Infarmed. Contudo, no que toca à severidade da doença, o risco de internamento associado à variante Ómicron é cinco vezes inferior.
Quanto à efetividade das vacinas que estão atualmente a ser administradas contra a Covid-19 verifica-se um ligeiro decaimento com a vacinação primária (duas doses da vacina no modelo mais comum), mas uma “aproximação” com o reforço vacinal da terceira dose. Assim, de acordo com os estudos provenientes do Reino Unido, a efetividade da vacina contra infeção no caso da variante Ómicron e após a dose de reforço situa-se entre os 40% a 70% e é considerada “moderada contra a infeção sintomática”.
Já a efetividade contra a hospitalização, independentemente do tipo de vacina, no caso da Ómicron, e após o reforço vacinal, é de 88%. Após a segunda dose situa-se entre os 52% e os 72%, “dependendo do tempo que decorreu entre última toma da vacina”, sinalizou a investigadora do INSA.
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