Virgílio Lima enfrenta primeiro teste no Montepio: eleição na assembleia de representantes
A assembleia de representantes vai eleger a mesa no próximo mês e avizinha-se uma luta renhida entre os 15 representantes eleitos na lista de Virgílio Lima e os 15 representantes das outras listas.
Virgílio Lima enfrenta o primeiro teste no novo mandato à frente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), com a eleição dos membros da mesa da assembleia de representantes na sessão que está prevista para 4 de fevereiro. Há duas propostas em perspetiva: uma proveniente da lista do presidente, que acabou de ser reeleito em dezembro, e outra que reúne o consenso das restantes listas, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO. O problema: a assembleia de 30 representantes está partida a meio, isto é, com 15 elementos de Virgílio Lima e outros 15 eleitos pelas outras listas, que abre a porta a um braço-de-ferro que poderá multiplicar-se por mais disputas durante todo o mandato até 2024. Vítor Melícias poderá desbloquear o impasse.
A assembleia de representantes é uma novidade no Montepio, que decorre da atualização do Código das Associações Mutualistas (CAM) em 2018. Veio substituir o conselho geral da instituição, extinto em 2020, mas tem poderes reforçados, o que lhe confere uma importância decisiva no futuro da instituição: aprovar e chumbar orçamentos e contas, decidir a venda de participações de entidades do grupo e eleger a comissão de remunerações da administração, entre outras competências.
A Lista A, de Virgílio Lima, venceu sem discussão as eleições de 17 de dezembro, conquistando 48% dos votos que lhe permitiram eleger para o conselho de administração, conselho fiscal e mesa da assembleia geral.
Contudo, os votos dos associados resultaram num equilíbrio de poder na assembleia de representantes: foram eleitos 15 da Lista A e outros 15 para as outras três listas. É aqui que se jogam diferentes visões em relação a quem deve liderar a mesa deste órgão.
Tendo vencido as eleições, a Lista A tem preparada uma lista com os seus eleitos: Ivo Pinho para presidente e Edmundo Martinho (presidente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa) e Isabel Silva como secretários.
As outras listas, nomeadamente a lista D e C, que elegeram mais representantes, consideram que a mesa deve ser representativa do órgão e vão avançar com a sua proposta: Ivo Pinho, eleito pela lista concorrente, também é o nome indicado para presidente, mas terá como secretários Conceição Zagalo (Lista D, que elegeu 7 representantes) e Viriato Silva (Lista C, que elegeu 5).
Quem resolve impasse?
As propostas não estão fechadas e pode haver alterações até à reunião, que ainda não foi convocada oficialmente.
A Lista A não desmentiu os nomes que foram avançados, dizendo apenas que “as propostas de listas para a mesa são apresentadas ao Presidente ad hoc – que é o primeiro eleito, neste caso, o Senhor Padre Vítor Melícias” e que “até à data, que seja do conhecimento oficial do secretariado geral da AMMG, não foram apresentadas quaisquer propostas de listas nos termos regulamentares”.
Também frisou que “as propostas de listas à mesa são subscritas por cinco membros da assembleia de representantes, independentemente da lista pela qual foram eleitos”.
A Lista D, que tinha como cabeça-de-lista Pedro Alves e que elegeu sete representantes para a assembleia de representantes, não quis fazer qualquer comentário. Já a Lista C, que está representada com cinco elementos, confirmou os nomes da proposta alternativa que tem o acordo da Lista B, embora esta não tenha nenhum dos seus nomes na proposta. “A Lista A tem 15 lugares, tantos como as listas B, C e D. Parece-nos justo e equilibrado que a mesa de um órgão onde não há, que se saiba, maioria reflita na sua mesa a complementaridade existente nas várias listas”, argumenta, dizendo ainda que espera que a reunião tenha mais pontos de trabalho além da eleição da mesa. “É que a liquidação do conselho Geral já aconteceu em 2020 e o orçamento de 2022 ainda não foi aprovado”, lembra.
Neste cenário, com um empate à vista, como se poderá desbloquear o impasse? O regulamento eleitoral indica a solução: em caso de empate, será repetida a votação e, se o mesmo empate se repetir, o Presidente ad-hoc exerce o seu voto de qualidade. Terá a palavra Vítor Melícias.
Incompatibilidades afastam Costa Pinto
Eleito para a assembleia de representantes pela Lista B, João Costa Pinto não pôde assumir as funções devido a uma questão de incompatibilidades: o ex-vice-governador do Banco de Portugal é atualmente presidente do Banco Português de Gestão, da Fundação Oriente. José Miguel Nogueira acabou por ser o primeiro nome eleito pela lista, e José Cunha Rainho, que era o quarto nome da lista, entrou no lote de eleitos com a saída de Costa Pinto.
Também haverá dúvidas em relação a outros dois nomes: Eduardo Teixeira (da Lista D) e Manuel Ramalho Eanes (Lista A), por terem ligações a outras empresas.
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