Farmácias antecipam dispensas de profissionais, após fim da testagem em massa
As farmácias antecipam que após o período de testagem em massa muitos profissionais que foram contratados para o efeito serão dispensados, dado que não haverá "liquidez" para suportar os custos.
Depois do “pico” de testagem, as farmácias portuguesas apontam que o ritmo de testes realizados “reduziu nas últimas semanas”, na sequência do abrandamento dos casos de infeção. Além disso, antecipam que após o período de testagem em massa muitos profissionais que foram contratados para o efeito serão dispensados, dado que não haverá “necessidade de continuar a manter esses profissionais” nem “liquidez” para suportar os custos.
“Temos monitorizado o número de testagem e ele reduziu nas últimas duas semanas”, sinaliza Ema Paulino, presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), em declarações ao ECO, acrescentando que na semana passada as 1.400 farmácias abrangidas pela convenção do SNS realizaram “em média 120 mil testes por dia”, valor que contrasta com os 213 mil realizados a 30 de dezembro.
Nesse sentido, a responsável garante que “as farmácias têm a capacidade de dobrar a capacidade de testagem que têm vindo a fazer nos últimos dias”, isto apesar de a validade dos testes rápidos de antigénio ter sido encurtada para 24 horas. Este cenário é igualmente traçado pela Associação de Farmácias de Portugal (AFP), que, sem adiantar números, associa esta diminuição à passagem do “pico” de infeções da quinta vaga. “Como existe efetivamente uma taxa de positivos muito maior significa que a necessidade de testagem também diminui”, adianta Manuela Pacheco, presidente da AFP. Neste contexto, as farmácias descartam reforçar o pessoal para fazer face ao novo período de validade dos testes rápidos de antigénio.
Segundo as associações que representam o setor, o “pico de testagem” deu-se no “fim do ano e durante o mês de janeiro”, impulsionado pelo arranque do segundo período letivo, em que as crianças e adolescentes foram muitas vezes “os vetores” de transmissão. “Por vezes, vinha uma criança ser testada e bastava a criança dar positivo para automaticamente todo o agregado familiar se querer testar, independentemente de terem ou não a necessidade de ficarem isolados”, assinala a presidente da AFP.
O Governo prorrogou até ao final de fevereiro o regime excecional e temporário que permite aos utentes realizarem até quatro testes gratuitos por mês, nas farmácias e laboratórios aderentes. Para já, as farmácias ainda não têm indicação sobre se esta comparticipação será ou não estendida, contudo dizem-se disponíveis para continuar a realizar os testes, mesmo após a passagem do período de testagem em massa.
“Para nós o que faria todo o sentido é que estes testes pudessem continuar a ser comparticipados, mesmo que só o fossem mediante determinada indicação, por exemplo, médica em que um médico pode prescrever um teste rápido de antigénio numa farmácia e nesse caso a pessoa não teria de pagar”, defende Ema Paulino, em declarações ao ECO, sinalizando que isso permitiria reduzir as “desigualdades no acesso”. A posição é partilhada pela AFP que sublinha que a ideia é “arranjar um modelo de receita” para que as farmácias possam aceder ao código e fazer o teste.
Além disso, Manuela Pacheco relembra que mesmo quando se passar para uma fase em que a Covid seja encarada como uma gripe “a infeção por SARS-CoV-2 vai continuar a existir” e as farmácias “devido à sua rede de proximidade” conseguem chegar “àqueles que não têm maneira ou têm dificuldade de se deslocarem” aos grandes centros urbanos, “às capitais de distritos ou às sedes das freguesias”. Em Portugal, “não há quase aldeia nenhuma que não tenha uma farmácia”, afirma.
Quantos aos profissionais que foram especialmente contratados para reforçar o pessoal nas farmácias e realizarem testes à Covid, as associações que representam o setor admitem que poderão ser dispensados, apesar de referirem que não têm números de quantos trabalhadores possam estar nesta situação. “Se o trabalho diminuir, se a procura diminuir, as farmácias depois também não têm capacidade para manter o profissional que agora faz falta. Não há liquidez para manter aquele profissional“, sinaliza a presidente da AFP.
Também a presidente da ANF admite algumas dispensas, mas diz que “alguns deles poderão ser absorvidos por via de necessidade de dar resposta a outro tipo de serviços”. Ainda assim, admite que nem todos vão para o desemprego, dado que têm outros trabalhos. “Há muitos profissionais que são contratados pelas farmácias e que estão a fazê-lo com esforço adicional de horas extraordinárias em relação ao seu período normal de trabalho, quer a nível de farmacêuticos que já estão a trabalhar nas farmácias, quer a nível de farmacêuticos que trabalham noutras áreas profissionais, mas que agora vieram também contribuir para este esforço, quer ao nível de outros profissionais, nomeadamente técnicos de análises clínicas e também de enfermeiros”, conclui.
Para o futuro, as farmácias dizem-se disponíveis para retomarem o seu dia-a-dia, continuando a prestar informação à população sobre a importância de manter os cuidados de proteção individual apreendidos durante a pandemia para “evitar a transmissão desta e de outras infeções”, bem como para para participarem nas campanhas de vacinação contra a Covid como fazem com a gripe, assegurando que têm profissionais “que estão aptos para administrar as vacinas”, “acompanhando os doentes crónicos”.
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