BCE deve evitar precipitações para “não acirrar mercados e alimentar riscos de estagflação”, diz Marcelo
Ao lado de Mário Centeno, Marcelo alertou que o BCE deve evitar precipitações na subida dos juros para não alimentar os riscos de estagflação na Europa, que precisa de manter vigor para a guerra.
O Banco Central Europeu (BCE) deve evitar precipitações no aperto da política monetária e deve ser “sensato” para “não acirrar mercados e alimentar riscos de estagflação”, alertou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esta sexta-feira, avisando que “não se deve brincar com o fogo” sobretudo em tempos de guerra.
“A prioridade é abreviar a guerra [na Ucrânia], dar espaço à paz que nunca devia ter sido sacrificado, e evitando sempre o que pode enfraquecer economicamente aqueles que, como a União Europeia, têm de manter o seu vigor até ao fim desta guerra e depois dela”, disse Marcelo na Conferência da Ordem dos Economistas sobre “Portugal: objetivo crescimento”, realizada na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
“Ou seja, como muito bem disse o senhor governador do Banco de Portugal, evitando precipitações de decisões monetárias neste ano de 2022 que somadas aos sinais já existentes agravariam o risco de alguma estagnação”, acrescentou o Presidente.
Marcelo afirmou logo a seguir que, para haver “vigor para esta guerra”, é “sensato começar por não acirrar mercados e alimentar riscos de estagflação”. “E todos nos lembramos da estagflação dos anos 70, era eu assistente eventual em economia política e finanças públicas”, recordou.
Avisou mesmo que “brincar com o fogo nunca foi muito inteligente, na economia como na política, em particular em tempos de guerra”.
A assistir à intervenção de Marcelo estava o governador do Banco de Portugal e membro do conselho de governadores do BCE, Mário Centeno, que tinha acabado de dizer que a “política monetária está a mudar de ciclo, tem de mudar de ciclo, de forma gradual e ponderada”.
Esta quinta-feira, o BCE deixou os juros inalterados, mas adiantou que prevê terminar o programa de compras de ativos algures durante o terceiro trimestre do ano, numa decisão que apanhou o mercado de surpresa, pois abre praticamente a porta a uma subida dos juros já este ano.
Centeno destacou a mudança na orientação futura dada pelo BCE, nomeadamente ao substituir “shortly after” (isto é, subir os juros logo depois de terminar as compras) por “algum tempo depois”, que permitirá ao banco central ter mais tempo para analisar os dados e “para ler o que se vai passar com este segundo choque” da guerra.
(Notícia atualizada às 11h19)
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