Tem mais de 45 anos e o ensino básico. O retrato do trabalhador português
Olhando para características como a idade, escolaridade e setor de atividade é possível traçar o perfil dos portugueses que celebram o Dia do Trabalhador.
Depois de uma quebra devido à pandemia, o emprego em Portugal já começou a recuperar. Desta forma, o Dia do Trabalhador celebra-se numa altura em que a taxa de desemprego é a mais baixa dos últimos 20 anos. Mesmo assim, a inflação que se tem verificado traz tensão para a vida dos portugueses. Afinal, que perfil tem hoje o trabalhador português? É possível fazer um retrato robot a partir das estatísticas.
Olhando para os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2021, a população empregada atingiu 4,81 milhões de pessoas. Este número representa um aumento de 2,7% face ao ano anterior, com o mercado a ganhar 128,6 mil trabalhadores.
Entre estes, a maioria (2,42 milhões) são homens, uma tendência que já se verificava anteriormente, enquanto 2,38 milhões são mulheres. Já olhando para as idades, como seria de esperar, o “trabalhador típico” tem entre os 45 e 54 anos. Mais de 2,5 milhões dos trabalhadores portugueses têm entre 35 e 54 anos, sendo que este intervalo concentra 53% do total.
Os jovens entre os 16 e 24 anos representam 5% dos trabalhadores, enquanto aqueles dos 25 aos 34 anos correspondem a quase um quinto do total (18,4%).
Quanto à escolaridade, a mais frequente é até ao básico (3.º ciclo), correspondendo a mais de um terço dos trabalhadores. Já a segunda maior fatia frequentou o ensino superior (1,6 milhões), sendo mesmo o nível secundário e pós-secundário o que contempla menos portugueses empregados.
O INE tem também dados que dizem respeito à atividade desenvolvida, sendo que 72% se encontra a trabalhar no setor dos serviços. Já 1,18 milhões de trabalhadores trabalham na indústria, construção, energia e água (24%), e apenas 130,6 mil estão empregadas na agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca.
Na sua maioria, os portugueses são trabalhadores por conta de outrem. Entre estes, a modalidade mais frequente é um contrato de trabalho sem termo. Apenas 14% dos trabalhadores estão por conta própria, tendo ainda assim sido registado um aumento face a 2020, de quase 50 mil pessoas que passaram a este regime.
Existem ainda estatísticas para os salários dos portugueses. Em 2021, a remuneração bruta mensal média por trabalhador português aumentou 3,4% para 1.361 euros, fixando-se a componente regular nos 1.106 euros, de acordo com os dados do INE.
Já se olharmos apenas para os trabalhadores do setor público, o valor é mais elevado. A remuneração total da Administração Pública aumentou 0,7% em 2021, passando de 1.898 euros em 2020 para 1.911 euros em 2021, segundo o INE.
Dos 4,8 milhões de empregados a grande maioria está concentrada no privado. A síntese estatística do emprego público indica que “a 31 de dezembro de 2021, o emprego no setor das administrações públicas situou-se em 733.495 postos de trabalho”.
É de sinalizar ainda que, com a pandemia, o teletrabalho se tornou um regime mais comum para os trabalhadores portugueses. “Considerando o total da população empregada, 9,9% das pessoas (480,9 mil) indicaram ter trabalhado sempre ou quase sempre a partir de casa, 63,8% das quais devido à pandemia Covid-19“, segundo adianta o INE. A proporção foi baixando à medida que caíram as restrições, mas mesmo assim ainda abrange uma fatia dos trabalhadores.
Assim, tendo em conta todos estes dados, fazendo o retrato robot do trabalhador português, a maior probabilidade era que fosse um homem, entre os 45 e 54 anos, com educação até ao básico (3º ciclo), a trabalhar no privado, no setor dos serviços, sendo um trabalhador por conta de outrem com um contrato de trabalho sem termo.
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