Wall Street sem rumo à espera de Powell

Wall Street abriu sem um rumo definido. Os investidores estão de olhos postos nas conclusões da reunião da Reserva Federal norte-americana, que serão conhecidas quarta-feira, sendo expectável que os juros diretores subam — a dúvida está na dimensão do aumento, com o consenso em torno dos 50 pontos base. Entre as cotadas, o destaque vai para a Pfizer, por ter divulgado resultado antes do arranque da sessão, dando sinais de que os lucros vão travar em 2022.

Neste início de negociação em Nova Iorque, o Dow Jones sobe 0,05%, para os 33.079,09 pontos; o Nasdaq desce 0,3%, para os 12.497,97 pontos; e o S&P 500 valoriza 0,01%, para os 4.155,78 pontos. Os três principais índices norte-americanos registaram fortes quedas em abril, mas recuperaram ligeiramente na primeira sessão de maio.

A farmacêutica norte-americana Pfizer, que foi responsável por uma das vacinas contra a Covid-19 mais usadas em todo o mundo, não aumentou as suas expectativas de vendas para 2022 — durante a pandemia reviu sempre em alta –, o que está a ser visto como um sinal de travagem para os lucros após um período de bonança com a pandemia. Exemplo disso é que a empresa espera vender 22 mil milhões de dólares do seu medicamento contra a Covid-19, Paxlovid, em 2022, o que compara com 26,1 mil milhões de dólares esperados pelos analistas. A cotada começou a sessão a cair mais de 1%, mas já recuperou dessas perdas.

É de notar que os juros da dívida norte-americana a 10 anos chegaram a tocar nos 3% no mercado secundário, ultrapassando esse nível psicológico esta segunda-feira pela primeira vez desde o final de 2018. Esta terça-feira voltou a negociar abaixo dos 3%.

A expectativa dos analistas é que a Fed avance esta quarta-feira com um aumento dos juros diretores de 50 pontos base — uma tendência ascendente que deverá manter-se nas próximas reuniões — para tentar travar a aceleração da taxa de inflação nos EUA.

As palavras de Jerome Powell, presidente da Fed, na conferência de imprensa desta reunião serão ouvidas com especial interesse para identificar pistas sobre mais subidas de juros ou sobre a redução do balanço da Fed (ativos, nomeadamente dívida pública, adquiridos nos últimos anos de expansão monetária).

A subida dos juros das obrigações soberanas, o conflito na Ucrânia e as restrições na China relacionadas com a pandemia, as quais têm impacto nas cadeias de valor globais, foram os fatores por detrás do desempenho negativo de Wall Street em abril.

Ainda assim, a época de resultados tem sido melhor do que o esperado com 80,4% das 275 cotadas que já anunciaram lucros a superar as estimativas dos analistas, segundo os dados da Reuters/Refinitiv. Esta semana é a vez de empresas como a Pfizer, Moderna, Starbucks, Advanced Micro Devices e Kellogg apresentarem resultados.