UE procura evitar impacto das sanções contra a Rússia na segurança alimentar
"Devemos permitir urgentemente que a Ucrânia exporte os seus cereais através do Mar Negro”, escreveu o Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell.
O Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, garantiu neste sábado que o grupo está “pronto” para trabalhar com as Nações Unidas e outros parceiros para evitar impactos das sanções contra a Rússia na segurança alimentar global.
“Devemos permitir urgentemente que a Ucrânia exporte os seus cereais através do Mar Negro”, escreveu Josep Borrell no seu blogue, aludindo à existência de “uma ‘batalha narrativa’ em torno das exportações russas de cereais e fertilizantes”.
Embora as sanções da UE “não sejam direcionadas contra essas exportações”, disse, garantiu que a UE está “pronta para trabalhar com a ONU e parceiros para evitar qualquer impacto indesejado na segurança alimentar mundial”, afirmou Borrell, ressalvando que as medidas restritivas dos 27 Estados-Membros não se aplicam aos alimentos.
A Rússia acusou o Ocidente de causar a atual crise de segurança alimentar, embora as sanções destes países não afetem os alimentos.
“Quando a máquina de propaganda russa afirma que somos responsáveis pela crise alimentar, não passam de mentiras cínicas, como tantas outras que essa máquina vem espalhando há muitos anos”, disse Borrell, considerando que esse cinismo “foi evidente quando a Rússia bombardeou o segundo maior silo de cereais da Ucrânia em Mykolaiv.”
“Todos aqueles que querem limitar a crise alimentar mundial devem, acima de tudo, ajudar-nos a aumentar a pressão sobre a Rússia para interromper a sua guerra de agressão”, afirmou, citado pela Agência EFE.
Borrell defendeu que para evitar “uma calamidade alimentar global, a principal prioridade continua a ser interromper a guerra e tirar as tropas russas da Ucrânia“, assumindo ser esse o objetivo do apoio “massivo da UE à Ucrânia” e das medidas restritivas contra o regime de Putin.
No entanto, a Europa “nunca visou as exportações agrícolas e de fertilizantes russas” e não proíbe a Rússia de “exportar produtos agrícolas, o pagamento das referidas exportações russas ou o fornecimento de sementes, desde que as pessoas ou entidades sancionadas não estejam envolvidas”, disse o ex-ministro espanhol, lembrando que as medidas restritivas dos 27 não se aplicam fora da comunidade e não criam obrigações para operadores de fora da UE “salvo se o negócio seja levado a cabo, pelo menos, parcialmente, dentro da União Europeia”.
Borell disse estar em “contacto próximo com a ONU para estudar questões como a evasão de mercado e o excesso de conformidade, que podem afetar a compra de fertilizantes cereais russos” e que a Europa está pronta para discutir esses temas através de especialistas “para identificar obstáculos concretos, incluindo possíveis dificuldades em pagamentos, e trabalhar para encontrar soluções”.
O alto representante da UE sublinhou que as tropas russas “bombardeiam, exploram e ocupam terras aráveis na Ucrânia, atacam equipamentos agrícolas, armazéns, mercados, estradas, pontes e bloqueiam portos ucranianos, impedindo a exportação de milhões de toneladas de cereais para os mercados mundiais”.
“A Rússia transformou o Mar Negro numa zona de guerra, bloqueando os embarques de cereais e fertilizantes da Ucrânia, mas também afetando os navios mercantes russos”, lembrando que o país “também está a aplicar quotas e impostos às suas exportações de cereais”.
A escolha política “consciente da Rússia é transformar essas exportações em armas e usá-las como uma ferramenta para chantagear qualquer um que se oponha à sua agressão”, concluiu Josep Borrell.
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