Bruxelas sobe para 6,5% previsão de crescimento português. Será o país que mais cresce na Europa
Portugal mantém o primeiro lugar no crescimento este ano, impulsionado pelo turismo. No entanto, Bruxelas reviu em baixa previsões para o crescimento do PIB em 2023, para 1,9%.
A Comissão Europeia reviu em alta as previsões para o crescimento do produto interno bruto (PIB) de Portugal em 2022, de 5,8% para 6,5%. No entanto, as projeções de crescimento para 2023 recuaram, passando de 2,7% para 1,9%, de acordo com as previsões económicas de Verão do Executivo comunitário.
Nas previsões atualizadas, Portugal acaba assim por ser o país da UE que mais cresce em 2022, mantendo o lugar que já tinha nas projeções anteriores, sendo o único com uma projeção superior a 6%. Já para 2023, o país acaba por cair na tabela, registando o 15º maior crescimento.
O turismo será um dos grandes motores para o crescimento este ano. “Depois de um início de ano forte, o crescimento de Portugal deverá moderar-se em termos trimestrais, mas manter-se significativo em termos anualizados”, aponta a Comissão, no documento de Verão. As projeções indicam que as exportações de serviços vão contribuir mais para o crescimento, refletindo uma expansão homóloga de 75% no primeiro trimestre do ano, que “foi claramente apoiada pela recuperação do setor do turismo”.
O impulso do turismo deverá manter-se, já que “os dados mais recentes sugerem uma forte atuação no turismo com os voos e visitas de turistas estrangeiros quase a atingir o nível pré-pandemia no segundo trimestre de 2022”.
Por outro lado, “a curto prazo, os indicadores sugerem uma desaceleração no consumo do setor privado, produção industrial e construção devido às crescentes pressões de custo dos preços da energia e restrições globais de oferta”, admite a Comissão. “Procura mais fraca de parceiros comerciais também deverá pesar negativamente nas exportações de bens”, alertam.
Assim, para 2023, é esperado um crescimento mais moderado de 1,9%, refletindo “um crescimento menor também no consumo privado e no investimento, bem como uma procura externa moderada”. Para além das consequências da guerra, a Comissão identifica também como um risco negativo as “crescentes preocupações com a falta de pessoal no sector da aviação, que poderá ter repercussões nas visitas de turistas estrangeiros a Portugal”.
O Governo português já esperava uma subida nas estimativas para este ano, sendo que Fernando Medina tinha sinalizado esta quarta-feira que a projeção divulgada pela Comissão Europeia em maio, que apontava para um crescimento do PIB de 5,8% este ano, é “talvez aritmeticamente menos provável de acontecer”.
Isto porque, com base no efeito “carry-over” de 2021 e do primeiro trimestre, “os números” apontam para uma subida do PIB português “superior a 6%” este ano. “Isso tem a ver quer com o crescimento de 2021, quer com o crescimento do primeiro trimestre de 2022 e com aquilo que nós estimamos que possa acontecer ao longo do ano de 2022”, apontou aos jornalistas em Bruxelas.
É de recordar que o Banco de Portugal também já tinha revisto em alta a previsão para o crescimento da economia portuguesa este ano de 4,9% para 6,3%, no boletim económico de junho.
Bruxelas divulga também previsões para a inflação, que foram revistas em alta para ambos os anos. Para Portugal prevê uma inflação de 6,8% em 2022 e 3,6% em 2023, subidas face aos 4,4% e 1,9% estimados nos últimos dados.
Já para a União Europeia, as previsões da Comissão apontam para um crescimento do PIB de 2,7% em 2022, mantendo assim a projeção da primavera, e 1,5% em 2023, número revisto em baixa. Em maio, a Comissão já tinha reduzido as previsões de crescimento para os 19 países do euro para 2,7% este ano, (em fevereiro a previsão era de 4,0%), e para 2,3% no próximo ano, (anteriormente 2,7%), na primeira avaliação do impacto da guerra em Ucrânia sobre a economia do bloco.
Nesse mês, a estimativa da inflação apontava para os 6,1% para este ano, o que já representava um aumento em relação aos 3,5% anteriormente projetados. Agora, a Comissão projeta que este indicador vai ter um pico com máximos históricos e ficar nos 7,6% na zona euro e 8,3% na UE em 2022, antes de abrandar em 2023 para 4,0% e 4,6%, respetivamente.
A Comissão admite que a “guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia continua a afetar negativamente a economia da UE, numa trajetória de menor crescimento e de inflação mais elevada em comparação com a previsão de Primavera”, lê-se no comunicado. Os riscos mantêm-se assim “elevados e dependentes da guerra”, notam.
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