Fitch prevê baixa adesão ao 5G pelas empresas portuguesas
Agência diz que o 5G em Portugal será mais relevante para consumidores do que para empresas, por causa do nível baixo de industrialização do país e ritmo lento de adoção de serviços digitais.
As operadoras estão convencidas de que o 5G vai ter um impacto transformador nas empresas portuguesas. Mas, para a Fitch, o país pode não ter condições para aproveitar esse potencial.
O alerta faz parte de um relatório da Fitch sobre as telecomunicações em Portugal. A Anacom disponibilizou um resumo interpretativo do documento no Portal 5G, um site desenvolvido pelo regulador para promover a tecnologia.
De acordo com esse resumo, a agência acredita que os videojogos e o streaming vão assumir um peso maior nas ofertas comerciais. “E o que já se toma como praticamente adquirido é que a tecnologia 5G tornar-se-á dominante a médio prazo, mas não terá um papel preponderante no setor empresarial”, lê-se no Portal 5G.
A posição é, relativamente, contrária à que tem sido a narrativa do setor. E, a confirmar-se, poderá frustrar as expectativas das empresas como a Meo, Nos e Vodafone, que têm vindo a investir para acelerar a disponibilização do 5G aos cidadãos – mas, também, às empresas.
As causas são identificadas pela Fitch. No artigo da Anacom lê-se: “Apesar de o grande potencial do 5G estar nas soluções que pode fornecer ao setor empresarial (…), o nível ‘relativamente baixo’ da industrialização do país e o ritmo ‘genericamente lento’ na adoção de serviços e infraestruturas digitais levam os especialistas a prever que os casos de uso serão limitados na indústria portuguesa.”
“Esse é um dos motivos para a consultora acreditar que os players do 5G se vão virar, sobretudo, para os consumidores”, remata o artigo de resumo disponibilizado no Portal 5G da Anacom.
Ou seja, para a Fitch – segundo a Anacom –, “os utilizadores individuais representam o caminho mais seguro para os operadores recuperarem o investimento”, e não as soluções para as empresas. “As razões para tal são as condições estruturais que historicamente têm sido apontadas com desvantagens crónicas a dificultar a competitividade das empresas portuguesas”, lê-se na referida súmula.
O que já se toma como praticamente adquirido é que a tecnologia 5G tornar-se-á dominante a médio prazo, mas não terá um papel preponderante no setor empresarial.
As operadoras têm uma visão diferente. No site da Nos, lê-se que “o 5G vai ser um impulsionador da evolução tecnológica em Portugal e transformar profundamente a sociedade como a conhecemos”. Depois, a empresa acrescenta: “Maior segurança e eficácia na utilização de drones, os carros autónomos completamente interligados no trânsito, ou experiências ‘instantâneas’ de realidade virtual e aumentada são apenas algumas das aplicações possíveis do 5G. É todo um novo mundo com pessoas, edifícios, empresas e cidades sempre conectados entre si.”
O site da Meo indica, por sua vez, que “o 5G possibilita às empresas a digitalização de processos, com ganhos de eficiência e agilidade e a criação de novas oportunidades de negócio”. “O 5G permitirá novos serviços que podem transformar indústrias que dependam do controlo remoto de dispositivos, veículos e procedimentos médicos”, sublinha a operadora.
Por fim, a Vodafone perspetiva que, “com o 5G, vai ser possível o desenvolvimento de uma série de serviços inovadores como, por exemplo, realidade virtual e aumentada, carros conduzidos remotamente ou autónomos, cirurgias à distância, bem como outros desenvolvimentos que dependam de transferências de grande volume de dados ou baixa latência”.
“Para os clientes particulares, o 5G vai trazer melhorias significativas no desempenho da rede, principalmente na experiência de utilização de dados e na qualidade de resolução de vídeos, o que vai potenciar, por exemplo, a utilização de serviços interativos, como realidade virtual e aumentada. Para as empresas, o impacto será em duas dimensões: ao nível do IoT (Internet das Coisas), permitindo o aumento exponencial dos equipamentos ligados à rede e a massificação dos serviços potenciados pela comunicação entre máquinas, e ao nível da prestação de serviços críticos de elevada resiliência, tais como aplicações industriais (Indústria 4.0), viaturas autónomas, cirurgias à distância ou serviços de emergência”, lê-se ainda no site da operadora.
O 5G foi lançado em Portugal no final de 2021, mas as três maiores operadoras continuam a disponibilizar a rede de forma gratuita aos consumidores. Na semana passada, a promoção foi prolongada pela terceira vez, prevendo-se agora que termine a 15 de outubro.
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