Montepio vende Finibanco Angola a banco da Nigéria
Depois de falhado o negócio com Mário Palhares, o Banco Montepio tem agora um acordo para vender o Finibanco Angola ao nigeriano Access Bank, sem revelar ainda o impacto da transação.
O Banco Montepio chegou a um acordo para vender o Finibanco Angola ao Access Bank, da Nigéria, confirmando o nome já avançado pelo ECO em junho, isto depois de falhado o negócio com Mário Palhares.
Sem revelar ainda o impacto do negócio nas suas contas, enquanto aguarda pelo aval dos reguladores e pelo desfecho do processo, o banco português adianta apenas que o valor da venda terá como referência a proporção que lhe é atribuível nos capitais próprios do Finibanco Angola, os quais totalizavam os 70 milhões de euros, e “os ajustamentos que vierem a ser apurados no âmbito de uma auditoria” que estará concluída no segundo trimestre de 2023.
Mas qual é a participação que o Banco Montepio detém no Finibanco Angola? Há dois valores divergentes atribuídos ao Montepio, uma situação que o banco liderado por Pedro Leitão terá de resolver.
Nas contas de 2021, a instituição angolana revelava que o Montepio, através da sociedade Montepio Holding, detinha apenas 51% das ações, enquanto Mário Palhares, dono do BNI e ex-vice-presidente do BNA, era detentor de 35%, estando o restante capital distribuído por um conjunto de cinco acionistas, incluindo Francisco Simão Júnior, João Avelino dos Santos e a Iberpartners.
Por seu turno, o Montepio diz ser dono de mais de 80%, depois de ter passado a consolidar novamente o Finibanco Angola no ano passado, quando deixou de ser considerado um ativo em descontinuação para efeitos contabilísticos.
A confusão na estrutura acionista do Finibanco Angola surge na sequência do processo de tentativa de venda da instituição iniciado em 2015, quando o então presidente do Montepio, Tomás Correia, anunciou um acordo para vender cerca de 30,57% da instituição angolana a “parceiros locais” por 26,3 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de euros). Ficou então decidido que os compradores pagariam depois, embora ficassem imediatamente com “os direitos associados à detenção das ações ficaram na posse do grupo, incluindo o direito de voto e o direito ao dividendo”.
Contudo, a transação acabou por não ser bem-sucedida. A mutualista acabou por receber apenas cerca de 1,2 milhões dos 26 milhões até 2020, por cerca de 1,35% das ações do Finibanco Angola.
O Finibanco Angola entrou no grupo Montepio em 2010, aquando da aquisição do Finibanco por 350 milhões de euros, 100 milhões acima do valor de mercado.
Em comunicado enviado esta terça-feira ao mercado, o Banco Montepio diz que, não sendo possível “estimar com exatidão o impacto em resultados”, espera que a transação venha a ter um efeito no rácio de capital total “tendencialmente neutro a positivo, compreendido entre 1 a 18 pontos base, que será reconhecido no final do processo”. Acrescenta que o desreconhecimento contabilístico da participação financeira no Finibanco Angola se deverá a verificar no segundo trimestre de 2023.
O banco tem em curso um profundo plano de reestruturação, que abrange a saída de centenas de trabalhadores e a reformulação de alguns negócios, como a saída de Angola e a absorção do Banco Empresas Montepio.
Sobre o Access Bank, o Montepio adianta que se trata de “um banco comercial com sede em Lagos, na Nigéria, com uma expressiva presença no continente africano”.
(Notícia atualizada às 20h46)
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