Câmara de Caminha avança com resolução do contrato de centro de exposições

  • Lusa
  • 16 Novembro 2022

Câmara de Caminha avança com resolução do contrato do centro de exposições que esteve no cerne da polémica que afastou o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves.

A Câmara Municipal de Caminha aprovou esta quarta-feira, por unanimidade, a resolução do contrato para construção do pavilhão multiúsos que o ex-secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro Miguel Alves celebrou enquanto antigo presidente, alegando incumprimento do promotor.

A integração na ordem de trabalhos da reunião camarária do ponto relativo à autorização para que o presidente da Câmara inicie “os procedimentos tendentes” à resolução do contrato-promessa, celebrado em 2020, foi proposta pelo autarca socialista Rui Lajes. O que gerou a indignação da coligação “O Concelho em Primeiro” (PSD/CDS-PP/Aliança/PPM), que se queixou por ter sido surpreendida com o assunto.

Alegando desconhecerem a proposta, os três vereadores pediram um intervalo de 15 minutos para analisar o documento que será submetido, na terça-feira, à Assembleia Municipal e com o qual foram confrontados no início da reunião camarária.

Após a reflexão, os vereadores da coligação “O Concelho em Primeiro” aprovaram a integração do ponto na ordem de trabalhos que, após ter sido formalmente apresentado ao executivo municipal, foi aprovado por unanimidade.

O contrato, aprovado em 2020, previa a construção de um Centro de Exposições Transfronteiriço (CET), na quinta do Corgo, em Vilarelho, mas o projeto foi inviabilizado pelos herdeiros dos terrenos que recorreram aos tribunais por não concordarem com o valor de venda proposto.

O contrato previa que quando o CET estivesse construído e a câmara outorgasse a licença de utilização, a autarquia comprometia-se a arrendar o espaço, durante 25 anos. Findo aquele prazo, o município podia exercer o poder de preferência de aquisição.

O acordo contemplava ainda que os 300 mil euros avançados em 2021, pelo executivo municipal, então liderado por Miguel Alves, ficassem por conta das rendas do 25.º ano.

No final da reunião camarária, em declarações aos jornalistas, o presidente Rui Lajes afirmou que o promotor, Ricardo Moutinho, “não apresentou nem o seguro caução, nem a garantia bancária” com que se tinha comprometido, há duas semanas, quando reiterou a vontade em prosseguir com a construção do CET.

“Tive uma reunião presencial com o promotor que sempre me assegurou que garantias chegariam. Como não chegaram, não cabia à Câmara outra solução senão criar os mecanismos legais para providenciar a resolução do contrato”, disse o autarca socialista.

Rui Lajes adiantou que “nos próximos dias” irá “acionar os mecanismos legais para que a câmara municipal tenha, em seu poder, o dinheiro que foi adiantado a título das rendas do vigésimo quinto ano do contrato de aluguer do CET e de todos os demais procedimentos necessários”.

Mais, frisou o autarca: “Estamos com confiança que o promotor vai devolver o que não é seu e que pertence à autarquia. Se não o fizer, a Câmara acionará todos os mecanismos judiciais para que o município de Caminha não fique prejudicado”. Em causa está um valor de 369 mil euros, ou seja, 69 mil euros de IVA e, os 300 mil euros da renda.

Durante a discussão do ponto na reunião camarária e, face à insistência da vereadora da coligação “O Concelho em Primeiro”, Liliana Silva, Rui Lajes explicou que o município já recuperou, do Estado, 69 mil euros do IVA, mas que irá cobrar ao promotor, o montante global, para devolver, novamente, aquele valor às finanças.

O autarca recusou ter tomado a decisão, que foi aprovada, por causa da polémica mediática que o caso gerou. “Ponderamos, reunimos, falámos, ouvi toda a minha equipa jurídica. Tentámos até à última não deixar cair o projeto. Chegámos a um ponto em que não havia negociação possível, porque era o protelar de uma situação sem resolução”, destacou, referindo que, na terça-feira, informou o empresário de que iria avançar com a resolução do contrato.

“Neste momento, com este promotor há uma desistência do projeto. Se surgirem novos parceiros e novas situações a Câmara nunca deixará de ouvir propostas de promotores privados ou até parceiros públicos”, observou Rui Lajes que continua a defender que o equipamento é “estratégico” para Caminha.

No final da sessão camarária, aos jornalistas Liliana Silva disse estar “muito satisfeita” com a resolução do contrato porque “finalmente” a oposição foi ouvida e, foi-lhe dada razão sobre as dúvidas que levou, desde o inicio deste processo.

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Procura por obrigações da Greenvolt supera em 26% a oferta

A operação pública de subscrição das obrigações verdes da Greenvolt contou com uma procura 26% acima da oferta, permitindo à empresa de João Manso Neto financiar-se em 150 milhões de euros no retalho.

A Greenvolt conclui esta quarta-feira a sua primeira emissão de obrigações verdes junto dos pequenos investidores, ao conseguir colocar no mercado 150 milhões de euros em obrigações verdes. Em troca, a empresa de energias renováveis liderada por João Manso Neto compromete-se a pagar anualmente aos seus credores uma taxa de juro (taxa de cupão) de 5,2% até 2027 e a reembolsar o capital a 18 de novembro do mesmo ano.

De acordo com um comunicado enviado pela empresa à CMVM, as “Obrigações Verdes Greenvolt 2027” foram subscritas por 4.885 pequenos investidores, com a procura a superar em 26% a oferta, após a empresa ter revisto em mais 50 milhões de euros o montante da emissão inicialmente previsto.

De acordo com o prospeto das obrigações, a CGD e o Millennium bcp assumiriam a obrigação de garantir a subscrição parcial das obrigações até ao valor nominal global de 60 milhões de euros. De acordo com os resultados da operação, as duas instituições ficaram com 21,47 milhões de euros, cerca de 14% do total dos 150 milhões de euros que foram colocados.

“Com esta emissão, a Greenvolt obtém os fundos que lhe permitirão acelerar, de forma sustentada, o seu crescimento. Tendo por base a produção de energia a partir da biomassa, o grupo está a expandir-se no negócio das energias renováveis”, refere a empresa em comunicado.

Na apresentação dos resultados da operação, João Manso Neto referiu que esta foi uma operação importante, sobretudo para a empresa testar um novo mercado (retalho) que ainda não tinha procurado. Porém, destacou que não precisava do dinheiro. “Temos uma política financeira muito realista que nos leva a não nos comprometermos com um projeto sem termos antes o dinheiro para o desenvolver”, justificou o líder da Greenvolt.

Sobre o aumento do montante da emissão de 100 milhões para 150 milhões de euros, João Manso Neto refere que “sempre tivemos isso como equação” e que apenas começaram pelo patamar dos 100 milhões de euros porque “queríamos ver como o mercado reagiria”.

As obrigações verdes da Greenvolt foram colocadas no mercado através de 12 bancos e serão brevemente admitidas brevemente à negociação da Euronext Lisboa onde já está a negociar uma outra obrigação da empresa, esta com maturidade em 2028 e atualmente a negociar com uma yield perto de 4%.

A Greenvolt tem um plano de investimento entre 3,8 mil milhões e 4,2 mil milhões de euros até 2026 que, segundo a empresa, serão realizados através de um “aumento moderado da dívida financeira”. Atualmente tem em pipeline projetos com uma capacidade de produção de energia de 6,7 gigawatts (GW) que, dos quais “2,9GW encontram-se em “estado avançado de desenvolvimento até ao final de 2023”, refere a empresa no comunicado enviado à CMVM.

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Mecanismo ibérico trava negociação de contratos de eletricidade, diz OMIP. Caíram 60% até outubro

O mecanismo ibérico permitiu uma descida dos preços grossistas da eletricidade, reconhece o presidente do OMIP, mas os volumes de negociação foram afetados pela intervenção no mercado.

A implementação do mecanismo ibérico, que limita os preços da eletricidade na Europa, teve como consequência “um travão repentino aos volumes negociados” no mercado grossista da eletricidade, afirma o presidente da plataforma OMIP, que opera o mercado ibérico de futuros.

De janeiro a outubro deste ano, a negociação de contratos ibéricos está 60% abaixo do mesmo volume do ano passado“, indicou o presidente do OMIP, Martim Vasconcellos e Sá, quando confrontado com a questão de quais foram as principais consequências da implementação do mecanismo ibérico. A questão surgiu no âmbito da Portugal Renewable Summit, organizada pela APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis, a decorrer esta quarta e quinta-feira, na Culturgest.

“Como em qualquer mercado, basta haver um indício, rumor ou sinal, de intervenção para os participantes se retraírem e recolherem até perceberem o que se vai passar, como se vai passar, o impacto que isto tem em todos os produtos que dependem do preço diário. E foi isso que se verificou”, relatou Martim Vasconcellos e Sá, referindo que este comportamento se sente não só desde que o mecanismo entrou em vigor mas já desde que ficou claro que estava a ser desenhado.

A mesma perceção de que os volumes transacionados desceram substancialmente foi partilhada por Carlos Miguel Urro, que representou a EEX European Energy Exchange no mesmo painel. “Estamos a ver parceiros muito nervosos, a terem conversas muito intensas com os reguladores para perceber as decisões que estão a ser tomadas”. Vasconcellos e Sá acrescenta que muitos participantes afirmam que gostariam de ter uma política de cobertura diferente, mas que, de momento, não têm capacidade financeira para a executar.

Preços na ordem dos dois dígitos estão longe

A introdução do mecanismo “levou efetivamente a uma atenuação do nível de preços”, atesta o presidente do OMIP. Além disso, “provocou uma desconexão dos preços em Portugal com o resto da Europa”, conseguindo-se, na Península Ibérica, preços abaixo da generalidade do mercado europeu. Apesar da evolução descendente dos preços, estes “continuam bastante elevados”, reconhece Vasconcellos e Sá, assinalando que, enquanto no primeiro semestre do ano passado o preço médio rondava os 58 euros por megawatt-hora, no mesmo período deste ano situou-se nos 206 euros, “um aumento de quase quatro vezes”.

Numa descrição da curva de futuros, o presidente do OMIP assinalou que vê contenção dos preços no período em que vigora o mecanismo, mas que estes começam a subir já no segundo trimestre de 2023, pois este trimestre apanha já um mês, junho, no qual já não é suposto o mecanismo vigorar. Os preços de 2023 e 2024 estarão na ordem dos três dígitos, contando também com a eventual dificuldade em voltar a encher as reservas de gás, que, para já, estão em níveis máximos, mas vão precisar de voltar a ser preenchidas para o próximo inverno. Só de 2025 em diante é que a curva volta a descer para preços de dois dígitos, relata.

Questionados sobre a hipótese de os preços do mercado grossista da eletricidade voltarem a níveis em torno dos 40 megawatts-hora, tanto Carlos Urra como o presidente da APREN, Pedro Amaral Jorge, se mostraram descrentes. Este último justifica a crença com os desequilíbrios entre oferta e procura que decorrem da transição energética.

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Zurich com objetivos financeiros ambiciosos após os lucros mais elevados desde 2008

  • ECO Seguros
  • 16 Novembro 2022

O gigante dos seguros suíço Zurich vai maximizar os objetivos financeiros para os próximos três anos. O aumento das taxas de prémio dos seguros é a motivação.

A Zurich prometeu, nesta quarta-feira, “impor uma posição clara de liderança no setor dos seguros“, comprometendo-se a perseguir objetivos financeiros mais ambiciosos nos próximos três anos.

Chefe executivo da Zurich, Mario Greco: a”estratégia de sucesso” da firma “tem sido bem-sucedida consistentemente”.

A seguradora suíça afirmou que pretende agora aumentar os seus ganhos anuais por ação a uma taxa de 8% ao ano durante o período de 2023-25. Espera-se que o gigante dos seguros observe um rendimento de capital próprio (RoE) superior a 20%, dizem em comunicado.

A seguradora declarou que pretende atingir os seus novos objetivos financeiros mantendo a sua atual posição de capital, ao visar um rácio de solvência suíço (SST) de pelo menos 160%.

A decisão da Zurich de estabelecer novos targets financeiros surgiu após constatar que “está atualmente no bom caminho” para exceder as prioridades que tinha fixado para o período 2023-25.

O forte desempenho é resultado do aumento dos prémios de seguros, que beneficiou a empresa ao impulsionar o crescimento das receitas de dois dígitos. Em agosto, a Zurich registou um aumento de 25% no seu lucro operacional do primeiro semestre, o seu segundo maior lucro operacional de sempre e o mais alto desde 2008.

O chefe executivo da Zurich, Mario Greco, disse que a “estratégia de sucesso” da firma “tem sido bem-sucedida consistentemente” contra o “cenário de uma pandemia global e das suas consequências económicas e o impacto crescente das alterações climáticas e da guerra na Ucrânia”.

“Agora, planeamos acelerar ainda mais a nossa estratégia para construir uma posição clara de liderança no setor dos seguros”, disse Greco.

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Tribunal anula coimas da pandemia a comerciantes do Bairro Alto

  • Lusa
  • 16 Novembro 2022

Depois de uma providência cautelar conjunta, contra as coimas aplicadas pela ASAE, o tribunal "deu razão aos comerciantes e anulou todas as multas”.

Vários comerciantes do Bairro Alto, em Lisboa, multados pela ASAE por incumprimento de regras decretadas durante a pandemia de covid-19 não vão ter de pagar as coimas por decisão do tribunal, revelou esta terça-feira a Associação de Comerciantes.

“Houve uma providência cautelar conjunta que se interpôs contra essas ações [coimas aplicadas] da ASAE e o tribunal decretou a favor, deu razão aos comerciantes e anulou todas as multas”, disse à Lusa Hilário Castro, presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, salientando que os comerciantes receberam a informação no início da semana.

De acordo com o responsável, eram coimas “impostas no cumprimento de horários, de lotação e de todas as regras em vigor” durante a pandemia aplicadas a “mais de 10 estabelecimentos”, num “valor ainda elevado”.

“Foi uma situação deveras grave para os comerciantes, que ainda veio agravar mais a situação que já era delicada, e conseguiu-se agora esta justiça, o que é bom para todos”, considerou.

Numa ação de fiscalização do cumprimento das medidas contra a pandemia em estabelecimentos do Bairro Alto, acompanhada pela Lusa em 26 de junho de 2021, a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) encerrou dois estabelecimentos e abriu 11 autos de contraordenação em 22 alvos fiscalizados, salientando o “incumprimento elevado” na zona e “algumas questões problemáticas” relativamente à covid-19.

Na altura tinham apertado as regras para a restauração, que estava novamente obrigada a fechar portas às 22:30, devido à evolução da pandemia na região de Lisboa.

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Marcelo defende António Costa: Ninguém pensou em deixar de aplicar “lei desfavorável” a Isabel dos Santos

Presidente assegura que ninguém pensou em deixar de aplicar "lei desfavorável" a Isabel dos Santos no BPI. Antigo governador acusou o primeiro-ministro de pressão para manter angolana no BIC.

O Presidente da República defendeu António Costa das acusações do antigo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, assegurando que “nenhum” dos agentes que intervieram no processo do BPI “jamais pensou” em “deixar de aplicar a lei” que era “desfavorável” a Isabel dos Santos.

Marcelo Rebelo de Sousa diz que acabou por vingar “a lei que foi aplicada de uma forma clara e que foi desfavorável” e impôs “sacrifícios” à empresária angolana, ainda que tenha contribuído para degradar as relações entre Angola e Portugal.

Contudo, sublinhou o Presidente, a sua intervenção e a do Governo “era a única maneira de resolver o problema” que o BPI tinha na altura.

O diploma proposto por António Costa e promulgado por Marcelo permitiu desbloquear os estatutos do banco, que até então limitavam o exercício de votos independentemente do número de ações, num enquadramento que era favorável a Isabel dos Santos (que tinha 19%) e desfavorável para acionistas de referência, como os espanhóis do CaixaBank (que tinham 44%). A empresária angolana acabaria por aceitar a desblindagem dos estatutos em troca do controlo do BFA – resolvendo o problema do BPI com a exposição ao banco angolano, que o BCE pressionava. Os espanhóis depois lançaram uma OPA e compraram a totalidade da instituição portuguesa.

Marcelo Rebelo de Sousa conta que se tentou um acordo com Isabel dos Santos para assumir uma posição de gestão no BIC – hoje em dia, EuroBic –, mas “simplesmente o Banco Central Europeu (BCE) não lhe reconheceu idoneidade”.

Segundo o Presidente, todos estavam então de acordo quanto ao que era preciso fazer para resolver o impasse no BPI: “Era fazer o que o BCE achava, o que desbloqueava a situação do BPI, o que significava um sacrifício dos interesses de Isabel dos Santos”. “Estávamos de acordo, eu próprio, o primeiro-ministro, o Governo, governador do Banco de Portugal”, frisou.

E assim “vingou a lei que foi aplicada de uma forma clara e que lhe foi [a Isabel dos Santos] desfavorável e é evidente que isso depois teve custos no relacionamento com as autoridades e a própria chefia de Estado angolana”.

Marcelo rematou o seu raciocínio em jeito de defesa a António Costa, que foi acusado pelo ex-governador de exercer pressão para manter Isabel dos Santos no BIC: “Da parte de todos os que intervieram, do lado oficial, em nenhum momento, algum dos intervenientes jamais pensou que uma solução fosse, se a senhora engenheira [Isabel dos Santos] persistisse em não aceitar o acordo, deixar de aplicar a lei, que lhe era desfavorável”.

Na semana passada, António Costa enviou uma mensagem a Carlos Costa a confirmar que telefonou ao ex-governador em abril de 2016 para manifestar a “inoportunidade” de afastar Isabel dos Santos do BIC, pois estaria a resolver o problema com que se defrontava o BPI. Carlos Costa vê nisso “uma tentativa de intromissão do poder político junto do Banco de Portugal”.

Para Marcelo, “foi uma história que correu bem no sentido em que o interesse nacional impunha que corresse assim”.

(Notícia atualizada às 15h42)

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PJ voltou à Câmara de Setúbal no âmbito da investigação à receção de refugiados

  • Lusa
  • 16 Novembro 2022

A Polícia Judiciária fez uma nova diligência Câmara de Setúbal relacionada com o acolhimento de refugiados ucranianos e suportes informáticos utilizados na Linha Municipal de Apoio.

A Polícia Judiciária efetuou esta quarta-feira uma nova diligência Câmara de Setúbal relacionada com o acolhimento de refugiados ucranianos e suportes informáticos utilizados na Linha Municipal de Apoio a Refugiados, revelou à Lusa fonte do gabinete da presidência.

A autarquia sadina adiantou que foi dada toda a colaboração solicitada pela Polícia Judiciária de Setúbal, mas não esclareceu se houve alguma apreensão de material no âmbito da investigação em curso a eventuais crimes de “utilização de dados de forma incompatível com a finalidade da recolha, acesso indevido e desvio de dados”, previstos na Lei de Proteção de Dados Pessoais.

Em maio, a Polícia Judiciária já tinha efetuado uma operação de busca à Linha de Apoio a Refugiados da Câmara de Setúbal e à Associação dos Emigrantes de Leste (Edinstvo), no âmbito da investigação do Departamento de Investigação e Ação Penal da Comarca de Setúbal.

A investigação judicial teve início na sequência da polémica em torno da receção do município sadino a refugiados ucranianos por dois cidadãos russos, alegadamente com ligações ao Kremlin, denunciada pelo jornal Expresso. O semanário noticiou em 29 de abril deste ano que ucranianos foram recebidos na Câmara de Setúbal por russos simpatizantes do regime de Vladimir Putin, que fotocopiaram documentos dos refugiados da guerra iniciada em 24 de fevereiro, com a invasão militar russa da Ucrânia.

Segundo o jornal, pelo menos 160 refugiados ucranianos terão sido recebidos pelo russo Igor Khashin, membro da Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo) e antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e pela mulher, Yulia Kashina, funcionária do município.

Em 10 de maio, a Assembleia Municipal de Setúbal chumbou duas moções de censura ao executivo camarário apresentadas por PS e PSD, em protesto contra a receção de refugiados ucranianos por cidadãos russos com alegadas ligações ao Kremlin.

A moção do PSD pedia a demissão do presidente da Câmara de Setúbal, André Martins (CDU), enquanto a moção do PS visava apenas a censura da gestão autárquica e não apenas na questão da receção aos refugiados ucranianos, mas foram ambas rejeitadas.

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Naturgy lança serviço personalizado para associações de residentes

  • Servimedia
  • 16 Novembro 2022

A Naturgy lançou um serviço de atenção personalizada para as comunidades de residentes com aquecimento central. O objetivo passa, também, por fornecer informações e a contratação da nova TUR.

A Naturgy ativou uma equipa dedicada exclusivamente à atenção personalizada e direta às comunidades de residentes com aquecimento central para lhes fornecer informações e a contratação da nova Tarifa de Último Recurso (TUR) recentemente aprovada pelo Governo.

Segundo a Naturgy, a partir de agora os presidentes das associações de proprietários e gestores imobiliários interessados podem ligar para 900 370 801 para resolver as suas dúvidas e contratar esta nova tarifa. Além disso, as associações de proprietários podem candidatar-se ao contrato no website ou através da sua rede de 151 lojas que operam no país.

As comunidades interessadas em contratar a TUR devem cumprir apenas três condições: estar em dia com as suas obrigações financeiras com o seu fornecedor atual, ter contadores de aquecimento individuais nas suas casas até 30 de Setembro de 2023, e ter concluído a inspeção da eficiência energética com um resultado positivo.

A empresa lançou uma campanha de informação nos meios de comunicação social durante as próximas semanas para divulgar esta iniciativa tanto quanto possível e para se colocar à disposição das Associações de Moradores para facilitar a mudança para o novo TUR concebido para eles.

Esta medida vem juntar-se ao reforço dos vários canais de serviço ao cliente nas últimas semanas, a fim de lidar com o forte aumento dos pedidos de contratação do TUR para gás nos lares.

Entre outras medidas, multiplicou até agora por 14 o número de operadores designados para tratar dos pedidos de assinatura do contrato de gás TUR e continuará a aumentar o número de operadores nas próximas semanas.

A empresa já tratou mais de 85 mil pedidos para contratar a TUR através dos seus vários canais de serviço ao cliente e consolidou a sua posição como a empresa líder ao oferecer a tarifa regulada com um total de 1,2 milhões de clientes.

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Mota-Engil ganha contratos de 1,65 mil milhões no México e na Colômbia

Construtora portuguesa vai construir novas linhas de metro na cidade mexicana de Guadalajara e na cidade colombiana de Medellín. Os dois contratos valem 1,65 mil milhões de euros.

A Mota-Engil assinou contrato para construir novas linhas de metropolitano na América Latina. A construtora portuguesa vai arrecadar um total de 1,65 mil milhões de euros ao longo dos próximos anos com os dois negócios, segundo comunicado divulgado nesta quarta-feira junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O contrato mais volumoso é uma Parceria Público-Privada para a construção da Linha 4 do Metro de Guadalajara, no México. Ao longo de 38 anos, a Mota-Engil irá receber um total de 1,2 mil milhões de euros em pagamentos. O projeto vai servir, na fase inicial, 117 mil passageiros por dia entre Guadalajara e Tlajomulco de Zúñiga, na parte sul da área metropolitana desta cidade mexicana.

“O contrato mexicano de ferrovia em regime de PPP inclui o projeto, a construção, o material rolante e o financiamento do sistema de metropolitano elétrico de transporte coletivo urbano da Linha 4 do Metro de Guadalajara com uma extensão aproximada de 21 km e oito estações. Após o período de construção, o consórcio será o responsável único pela operação do sistema de cobrança de tarifas. Os pagamentos de disponibilidade encontram-se indexados à inflação e não apresentam risco de procura”, assim refere o comunicado.

Na Colômbia, a Mota-Engil vai receber 450 milhões de euros para construir uma linha de metro para a parte oeste da cidade de Medllín, com 13 quilómetros de extensão, 17 estações e capacidade para 179.400 passageiros por dia. A construtora portuguesa também vai fornecer as locomotivas para o “Metro de la 80”.

“A adjudicação destes dois projetos reflete a estratégia vencedora da Mota-Engil em consolidar a sua presença como um dos principais players no setor ferroviário na América Latina. Com a atribuição destes projetos, a Mota-Engil irá desenvolver três importantes projetos de mobilidade urbana (incluindo a linha 4, 5 e 6 do metro ligeiro de Monterrey) em três das 50 principais cidades da América Latina”, salienta a construtora.

A empresa diz que estes contratos vão ajudar a empresa a “manter a sua carteira de encomendas em níveis recorde suportando o crescimento do volume de negócios, que deverá superar os 30% com a consequente consolidação dos principais indicadores financeiros do grupo”. Em meados de outubro, o presidente executivo da Mota-Engil, Gonçalo Moura Martins, tinha anunciado que a carteira de encomendas “vai atingir valores históricos, que poderão rondar os 13 mil milhões e 14 mil milhões de euros”.

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Mais de dois milhões já receberam reforço sazonal contra a gripe e contra a Covid

Desde que arrancou a campanha sazonal, foram vacinados mais de dois milhões de portugueses contra a Covid e mais de dois milhões contra a gripe. Destes, 1,5 milhão receberam as duas vacinas.

Já foram vacinados mais de dois milhões de portugueses contra a Covid e mais de dois milhões contra a gripe, desde que arrancou a campanha sazonal contra a Covid-19 e a gripe. Destes, mais de 1,5 milhões de utentes receberam as duas vacinas em co-administração, adiantam os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), em comunicado.

A campanha de vacinação sazonal contra a Covid-19 e a gripe arrancou a 7 de setembro, prevê abranger cerca de três milhões de portugueses, num processo que se estima que dure 100 dias. Os grupos elegíveis para vacinação contra a Covid e contra a gripe divergem um pouco, sendo que para a Covid a DGS estabelece como grupos prioritários pessoas com 60 ou mais anos, grávidas com idade igual ou superior a 18 anos, profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados, como bombeiros ou estudantes em estágio clínico e doentes com patologias consideradas de risco.

De sublinhar que a modalidade “Casa Aberta” está disponível para dose de reforço sazonal da Covid os cidadãos a partir dos 70 anos, bem como para grupos profissionais prioritários, para a vacinação e reforço de pessoas entre os 18 e 59 anos e vacinação primária acima dos 12 anos.

Além disso, as autoridades vão alargar a campanha de reforço sazonal contra a Covid-19 aos maiores de 50 anos nas próximas semanas, tendo em vista vacinar esta faixa etária “até ao final do ano”, segundo revelou o coronel Penha Gonçalves, na última reunião do Infarmed.

Já no que toca à vacina da gripe, esta é recomendada para utentes a partir dos 65 anos, crianças com seis ou mais meses que apresentem patologias crónicas associadas, doentes crónicos e imunodeprimidos e grávidas.

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Falta de licença de utilização de estaleiros de Viana do Castelo atrasa obra de 11 milhões

  • Lusa
  • 16 Novembro 2022

Câmara de Viana do Castelo denuncia que Estado subconcessionou estaleiros à Martifer sem licença de utilização. Situação que está a atrasar um investimento de 11 milhões de euros do grupo português.

O presidente da Câmara de Viana do Castelo, Luís Nobre, denunciou, esta quarta-feira, que o Estado subconcessionou os estaleiros à Martifer, em 2013, sem licença de utilização; o que está a atrasar um investimento de 11 milhões de euros do grupo português.

Em causa está a transformação da doca atual em doca seca; uma obra que a Martifer anunciou, em 2019, como solução para passar a construir e a reparar navios de maior dimensão.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, que tem assento na comunidade portuária, explicou que o investimento sofreu um “revés” quando a empresa, “já com projeto pronto, financiamento garantindo e empreiteiro contratado, foi confrontada com a inexistência da licença de utilização dos estaleiros navais”.

Segundo o socialista Luís Nobre, “os estaleiros foram concessionados sem terem licença de utilização. Se o Estado antes de concessionar, entregasse tudo direitinho, a empresa não estaria perante uma complexidade formal para responder àquela necessidade”. Esta foi a reação do autarca quando, confrontado pela Lusa, sobre as declarações feitas na quinta-feira pelo líder do PSD, Luís Montenegro.

No final de uma reunião com a administração da West Sea, Luís Montenegro afirmou que a empresa tem projetos para aumentar a oferta de serviços através da construção da nova doca, mas que “o projeto tem esbarrado na burocracia excessiva do Estado”.

Os estaleiros foram concessionados sem terem licença de utilização. Se o Estado antes de concessionar entregasse tudo direitinho, a empresa não estaria perante uma complexidade formal para responder àquela necessidade.

Luís Nobre

Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo

Para o autarca da capital do Alto Minho, trata-se de “uma tropelia” do Estado no sentido em que “queria concretizar uma coisa a todo o custo e não garantiu todas as condições formais” à empresa. Está agora “confrontada com a necessidade de apresentar a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)” junto de várias entidades envolvidas no processo de licenciamento da obra, nomeadamente a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

“Isto perturbou o processo [que] começou ao contrário, e daí este impasse. É um exemplo em que o Estado tem responsabilidade. Na altura, a Câmara alertou para essa necessidade e não foi tida nem achada”, frisa o autarca de Viana do Castelo. “A empresa é vítima da inércia do Estado por, no passado, ter concessionado uma atividade, umas instalações que não estavam devidamente enquadradas nas disposições legais”, criticou Luís Nobre.

A Lusa pediu esclarecimentos sobre o assunto à Martifer e à Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, não tendo ainda obtido qualquer resposta.

Luís Nobre afirmou que se o processo tivesse sido conduzido de acordo com os procedimentos legais, “esta operação era de tal maneira pequena que evitava esta demora”, aludindo à “complexidade” de elaboração da AIA “entre oito e 10 meses”.

O autarca explicou que “as administrações central e regional encontrariam forma de simplificar o licenciamento, mas como não tinha aquela figura [licença de utilização] desde o início tudo isto [a obra em causa] é visto como uma nova operação”. Aliás, apontou, “as entidades olham para ali [estaleiros navais] e nunca houve uma AIA sobre aquela atividade, junto à cidade, junto ao litoral, junto à área fluvial do rio Lima”.

Segundo Luís Nobre, neste processo, a “empresa é vítima”, por ser sido “chamada a uma responsabilidade plena quando, na prática, só deveria ter sido chamada a uma responsabilidade parcial, relativa a esta operação que pretende fazer”.

O socialista garantiu que, atualmente, “todos estão absolutamente empenhados e a trabalhar, desde a autarquia, ao primeiro-ministro, ao secretário de Estado do Mar, à CCDR-N, e à APA, para resolver o problema”.

Para o autarca, a subconcessão dos extintos ENVC “correu bem por mérito da empresa” e não “por mérito político”. Mais, reiterou, Luís Nobre: “Se hoje os estaleiros da West Sea está nas condições em que está, é mérito da empresa, não é mérito político. O sucesso da empresa é dos empresários e dos profissionais que lá estão, muitos deles dos antigos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC)”.

Os ENVC foram formalmente extintos em março de 2018, mas encontravam-se em processo de extinção desde 10 de janeiro de 2014, data da assinatura, entre o Governo PSD/CDS-PP e o grupo privado Martifer, do contrato de subconcessão dos estaleiros navais até 2031, por uma renda anual de 415 mil euros.

A subconcessão foi a solução definida pelo Governo de então, depois de encerrado o processo de reprivatização dos ENVC, devido à investigação de Bruxelas às ajudas públicas atribuídas à empresa entre 2006 e 2011, não declaradas à Comissão Europeia, no valor de 181 milhões de euros.

A decisão de subconcessão dos terrenos e infraestruturas dos ENVC, adjudicada a 18 de outubro de 2013 pela administração daquela empresa pública à Martifer, resultou do relatório final elaborado pelo júri do concurso.

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“Espuma dos dias”, “pouco útil”, “questão política”: banqueiros desvalorizam livro de memórias do ex-governador do Banco de Portugal

Presidentes do BPI e Santander disseram que não vão ler o livro sobre o antigo governador do Banco de Portugal. CEO do BCP desvaloriza caso da pressão do primeiro-ministro sobre Carlos Costa.

“Espuma dos dias”. Tema “pouco útil”. “Questão política”. É assim que os banqueiros veem as polémicas e o livro de memórias do ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, que levanta uma série de casos sobre a história da banca portuguesa nos últimos dez anos, incluindo a pressão do primeiro-ministro para o supervisor não afastar Isabel dos Santos do Banco BIC.

“Não estou a ver nenhuma consequência útil para ninguém, não vou perder um segundo com o tema”, comentou o CEO do BPI na conferência Banca do Futuro, organizada pelo Jornal de Negócios. João Pedro Oliveira e Costa disse que não vai ler o livro “O Governador”, da autoria do jornalista Luís Rosa, lançado esta terça-feira.

Para o gestor, que tem os “olhos virados para a frente”, os bancos estão mais preocupados em resolver os problemas dos clientes, sendo que a história que passou “está contada”, inclusivamente nas comissões de inquérito à banca e onde que muitos responsáveis “se esqueceram de tomar o ‘Memofant’”. “Gosto de perder tempo em coisas úteis, este não parece ser um assunto muito útil”, rematou.

Também Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Totta, não vai ler o livro e disse que vai perder ainda menos tempo que o colega do BPI. “Não tenho de ajustar contas com ninguém. Não sou político, o que está aqui é uma questão política”, disse o gestor. O Santander foi um dos visados do livro, nomeadamente a propósito da compra de uma parte do Banif, no final de 2015.

Falando em abstrato, Miguel Maya abordou o caso da pressão de António Costa a Carlos Costa, por causa do telefonema que o primeiro-ministro fez em abril de 2016 a considerar que não era oportuno afastar Isabel dos Santos do Banco BIC, “porque não se pode tratar mal da filha de um Presidente de um país amigo”, segundo as palavras do antigo governador.

A questão não é se há pressões. É se somos independentes para resistir às pressões. É normal haver opiniões diferentes. Se entendem como pressão ou não, não é o meu problema. Eu sou dono das minhas palavras, silêncios e atuações”, referiu o CEO do BCP, que disse que vai ler a parte do livro que diz respeito ao banco que lidera.

O administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD) José João Guilherme considerou a polémica em torno do livro como sendo “a espuma dos dias” e que é própria da “agenda mediática”, preferindo destacar a solidez do setor da banca.

Estreando-se em debates deste género, o CEO do Novobanco, Mark Bourke, foi ouvindo as questões em português e respondendo em inglês. Sobre este tema, disse não ter lido o livro e que a sua preocupação “não é recuperar o passado”, mas saber “para onde ir”. “Precisamos de seguir em frente”, disse.

(Notícia atualizada às 13h28)

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