Governo aconselhado a não avançar com extinção da Fundação Berardo

  • ECO
  • 3 Junho 2022

Conselho Consultivo das Fundações (CCF) aconselha a "ponderar" os efeitos da extinção da Fundação Berardo sobre as investigações judiciais em curso e sobre os interesses do Estado.

O Governo decidiu em janeiro deste ano extinguir a Fundação Berardo, mas essa decisão ainda não foi concretizada devido à recomendação do Conselho Consultivo das Fundações (CCF). De acordo com o Público (acesso condicionado), aquela entidade aconselhou o Executivo a “ponderar” os efeitos dessa extinção sobre as investigações judiciais em curso e sobre os interesses do Estado.

“Existe incerteza em relação aos efeitos de um ato administrativo de extinção, designadamente decorrente da liquidação do património da ‘FJB’ [Fundação José Berardo], assim como aos efeitos de eventual insolvência para os interesses do Estado, incluindo sobre a Coleção Berardo“, refere o parecer do CCF, citado pelo Público. Além disso, “subsistem dúvidas sobre a admissibilidade legal de ‘cláusulas de reversão'”.

Assim, a CCF afirma que, tendo em conta a “gravidade dos atos alegadamente praticados” no âmbito da FJB, e “encontrando-se a decorrer investigação judicial”, “devem ser especialmente ponderados os efeitos práticos, diretos e indiretos” da extinção da Fundação, de forma a não “prejudicar nem perturbar ações judiciais urgentes, nem a diminuir as garantias e interesses do Estado”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Unicef: Duas em cada três crianças ucranianas abandonaram as suas casas devido à guerra

  • Lusa
  • 3 Junho 2022

Duas em cada três crianças ucranianas foram obrigadas abandonar as suas casas, estima a Unicef, que alerta para a necessidade de se garantir que estas "não fiquem sem infância".

A Unicef estima que a invasão russa da Ucrânia tenha feito duas em cada três crianças ucranianas abandonar as suas casas e dá agora prioridade a apoiá-las, sobretudo psicologicamente, para que “não fiquem sem a sua infância”.

“Essa tem de ser a nossa prioridade: garantir que essas crianças são alimentadas, são protegidas e recebem a educação adequada. Não podemos permitir que, por causa da guerra, essas crianças fiquem sem a sua infância”, disse Paloma Escudero, diretora da Unicef para a Comunicação e Defesa de Direitos, em declarações telefónicas à Lusa.

A diretora da Unicef referiu que mais de cinco milhões de crianças ucranianas estão a ser afetadas pela invasão russa, incluindo mais de dois milhões que foram obrigadas a refugiar-se noutros países. Esta semana, ao longo de três dias, Escudero viajou até à Polónia para se inteirar da forma como estas crianças refugiadas estão a ser acolhidas em vários centros com apoio direto da Unicef.

“Estou muito agradada com o que vi até agora. Está a haver um grande esforço para minimizar os danos que a guerra está a provocar nas crianças. Muitas delas estão a tentar continuar os seus estudos e estamos a apoiar as suas famílias nesse sentido”, disse a diretora da Unicef.

Para isso, a organização que Escudero lidera está a preparar aulas de ensino à distância, em plataformas digitais, com currículos ucranianos e com professores das regiões de onde são oriundas as crianças. “É muito importante a integração destas crianças. E isso faz-se também criando-lhes um sentimento de familiaridade com a matéria curricular e com a língua de ensino”, explicou Escudero.

“A guerra é uma catástrofe! Duas em cada três crianças ucranianas estão a viver fora das suas casas. A maior parte por causa de bombas que rebentaram nos seus bairros”, lamentou a diretora da Unicef, alertando para a necessidade de um forte apoio psicológico para estes jovens. “Esta é uma das mais graves crises humanitárias para as crianças desde a Segunda Guerra Mundial. Para a enfrentar, temos de apostar em três prioridades: assistência médica, proteção e ensino”, defendeu Escudero.

A Unicef está seriamente preocupada com as situações que vivem as crianças que fogem da violência na Ucrânia, nomeadamente a separação familiar, a violência e os abusos de diverso género.

Outra das preocupações da Unicef, face às consequências da guerra na Ucrânia, é o rapto de crianças para redes de tráfico humano, bem como o seu encaminhamento forçado para a Rússia, que constitui uma forma de coerção ilegal, à luz do direito internacional. “É um flagelo terrível. Não temos números sobre a quantidade de crianças que estão a ser deportadas para a Rússia. Mas sabemos que essa situação acontece e se repete”, admitiu a diretora da Unicef.

A organização — que pediu à comunidade internacional mais de 800 milhões de euros para financiar a sua resposta humanitária – já prestou assistência a mais de 600 mil crianças e prestadores de cuidados e a aposta da Unicef centra-se agora muito na componente psicológica. “Essa vertente é fundamental. Estas crianças estão a suportar situações inimagináveis. Temos de lhes dar apoio psicológico, para os ajudar a superar esta crise”, argumentou Paloma Escudero.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

União Europeia sanciona Bielorrússia e formaliza sexto pacote de sanções à Rússia

O Conselho da União Europeia (UE) decidiu esta sexta impor novas sanções à Bielorrússia e formalizou o sexto pacote sancionatório a Moscovo, no âmbito da invasão da Ucrânia pela Rússia, há 100 dias.

O Conselho da União Europeia (UE) impôs novas sanções à Bielorrússia e formalizou o sexto pacote sancionatório a Moscovo, no âmbito da invasão da Ucrânia pela Rússia, que dura há 100 dias.

No que respeita à Bielorrússia, foi decidido impor sanções a mais 12 indivíduos e oito entidades por violação dos direitos humanos e contínua repressão interna, que acrescem às já adotadas pelo envolvimento de Minsk na guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Segundo um comunicado do Conselho, a UE decidiu ainda sujeitar mais 65 indivíduos e 18 entidades russas às sanções impostas ao país em resposta à “contínua agressão militar injustificada e não provocada da Rússia contra a Ucrânia e outras ações que minam ou ameaçam a integridade territorial, a soberania e a independência da Ucrânia”.

Esta decisão integra o sexto pacote de sanções à Rússia, hoje formalizado, após a Hungria ter exigido a retirada do patriarca ortodoxo russo Cirilo da lista de pessoas a serem sancionadas.

O Presidente Volodymyr Zelensky numa mensagem de vídeo ao Parlamento luxemburguês estimou que a Rússia já contra 20% do território ucraniano. Esta sexta-feira, quando a guerra entra no seu 100.º dia, a inteligência britânica revela que Moscovo soma mais um sucesso tático ao conquistar o controlo de 90% de Luhansk.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lista negra da Segurança Social tem 1.410 novos nomes

  • ECO
  • 3 Junho 2022

Entre janeiro e maio há mais 1.410 devedores à Segurança Social, a maioria empresas. Lista negra tem agora quase 35 mil contribuintes.

A lista de devedores à Segurança Social tem 1.410 novos nomes entre janeiro e maio deste ano, o equivalente a 74 milhões de euros em dívidas, avança o Jornal Económico (acesso pago). No total contam-se, agora, quase 35 mil contribuintes na lista negra.

Dos novos devedores, 1.111 são empresas e 299 são pessoas singulares, adiantou fonte oficial do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) àquele jornal. O valor total da dívida à Segurança Social em 2022 ascende a mais de 68 milhões de euros relativamente às pessoas coletivas e 5,42 milhões de euros relativamente a pessoas singulares.

Contam-se, assim, no total, 34.816 contribuintes devedores à Segurança Social, dos quais 22.776 são empresas e 12.040 são pessoas singulares. A maioria das empresas tem dívidas entre os 10 mil e os 50 mil euros e há 52 empresas com dívidas entre um milhão e cinco milhões de euros. Por sua vez, a maioria de particulares deve entre 7.500 e 25.000 euros, num total de 10.955 contribuintes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Hoje nas notícias: Segurança Social, Bial e Lone Star

  • ECO
  • 3 Junho 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A lista de devedores à Segurança Social cresceu, abrangendo novos nomes com dívidas que atingem os 74 milhões de euros. No campo das empresas, os jornais dão conta do investimento da Bial para ampliar o campus na Trofa, bem como da convicção do Banco de Portugal e do Fundo de Resolução de que a Lone Star quer esgotar todas as verbas disponíveis para ajuda ao Novobanco. Veja estas e outras notícias que marcam as manchetes nacionais.

Lista negra da Segurança Social tem mais 1.410 nomes com dívidas de 74 milhões

A lista de devedores à Segurança Social tem 1.410 novos nomes, incluídos entre janeiro e maio deste ano, que representam um valor total em dívida de 74 milhões de euros. A maior fatia do novo montante corresponde a empresas, tendo sido acrescentadas mais de 1.100. A lista “negra” contempla agora um total de 34.816 contribuintes, com um valor total em dívida de 74 milhões de euros.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Bial investe 30 milhões no campus da Trofa

A farmacêutica portuguesa Bial avançou com um investimento de cerca de 30 milhões de euros no seu campus, na Trofa. Após adquirir, em 2020, terrenos contíguos às instalações centrais, pode agora duplicar o perímetro da sede do grupo de 12 para 24 hectares. A farmacêutica vai ampliar a atual fábrica, construir uma nova unidade de produção de antibióticos e ainda aumentar a capacidade logística e ter um edifício social. Ampliação vai permitir acondicionamento de medicamentos de acordo com as regras dos EUA, bem como uma linha de produção específica para este mercado.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

BdP acredita que Lone Star quer esgotar toda a ajuda

O Banco de Portugal (BdP) e o Fundo de Resolução (FdR) acreditam que a Lone Star quer esgotar a totalidade das verbas que tem disponíveis por via do acordo de venda do Novobanco em 2017, cerca de 500 milhões de euros. A contribuir para esta convicção estão os dois últimos processos avançados pelo Novobanco: um deles em discussão no Tribunal da Relação de Lisboa e o outro na Câmara de Comércio Internacional, em Paris. Em causa estão a aplicação da norma contabilística IFRS 9, dúvidas sobre a venda de Espanha e a valorização de fundos de reestruturação.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

Governo aconselhado a não avançar com extinção da Fundação Berardo

O Conselho Consultivo das Fundações aconselhou o Governo a “ponderar” os efeitos da extinção da Fundação Berardo, que ainda não foi concretizada, sobre as investigações judiciais em curso e sobre os interesses do Estado. “Existe incerteza em relação aos efeitos de um ato administrativo de extinção, designadamente decorrente da liquidação do património da ‘FJB’ [Fundação José Berardo], assim como aos efeitos de eventual insolvência para os interesses do Estado, incluindo sobre a Coleção Berardo”, argumenta o parecer do Conselho Consultivo das Fundações.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Raquel Duarte: “Nunca tivemos tantos infetados acima dos 80 anos. É muito preocupante o nível de transmissão”

A pneumologista Raquel Duarte alerta para o número de infetados com a Covid-19 acima dos 80 anos, sublinhado que “é muito preocupante o nível de transmissão”. Apesar deste alerta, a especialista diz não existir justificação para medidas obrigatórias, defendendo que a situação deve ser vista dia a dia, até porque acredita que o contágio “é muito maior” do que dizem os números.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Petróleo desliza para os 117 dólares após reunião da OPEP+

Investidores estão preocupados que o aumento na produção de ouro negro acordado pela OPEP+ seja insuficiente para dar resposta às necessidades atuais do mercado.

Os preços do petróleo estão a deslizar para os 117 dólares esta sexta-feira, depois da reunião entre os países pertencentes à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+), numa altura em que os investidores estão com dúvidas quanto ao facto de que aquela organização possa decidir aumentar a produção de matéria-prima o suficiente para compensar a quebra na oferta por parte da Rússia.

Às 7h20 de Lisboa, o barril de brent, cotado em Londres e que serve de referência às importações nacionais, está a perder 0,36% para 117,19 dólares, enquanto o WTI, cotado em Nova Iorque, desliza 0,49% para 116,30 dólares.

Os preços do petróleo estão, assim, praticamente inalterados na última sessão da semana, numa altura de dúvidas entre os investidores. Esta quinta-feira, a OPEP+ decidiu aumentar a produção de ouro negro em 648 mil barris por dia em julho e agosto, acima dos 432 mil barris por dia acordados anteriormente. Contudo, esta quantidade é considerada insuficiente para o momento atual.

Os aumentos de produção foram divididos proporcionalmente entre os países membros da OPEP+. A Rússia, que alvo de sanções dos países ocidentais, e países como Angola e Nigéria já não cumprem as metas atuais, por isso os analistas esperam que o aumento da oferta de petróleo provavelmente seja menor do que o volume anunciado, afirma a CNBC (conteúdo em inglês).

A produção de matéria-prima por parte de Moscovo já caiu para um milhão de barris por dia desde a invasão da Ucrânia e deverá cair ainda mais depois do embargo ao petróleo russo, alcançado por acordo entre os membros da União Europeia (UE).

“Por outras palavras, os traders acham que o aumento [na produção anunciado pela OPEP+] é muito pequeno em relação aos crescentes riscos de oferta negativos e numa altura de aumento esperado da procura por parte da China”, diz Stephen Innes, sócio-gerente da SPI Asset Management, citado pela CNBC.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mesa do recrutador: Susana Rodrigues, head of human resources da Vanguard Properties Portugal

A principal arma que a companhia tem utilizado na guerra pelo talento tem sido o investimento em comunicação, bem como a escuta ativa das pessoas.

Na mesa do recrutador com Susana Rodrigues, Head of Human Resources da Vanguard Properties Portugal - 17DEZ21

A mesa de trabalho de Susana Rodrigues, head of human resources da Vanguard Properties Portugal, deixa antever o livro que tem acompanhado a gestora de pessoas nos últimos tempos e também um dos temas ao qual a empresa mais tempo tem dedicado. “The employer brand: Bringing the best of brand management to people at work”, de Simon Barrow e Richard Mosley, aborda um assunto crítico nos departamentos de recursos humanos: a atração e retenção de talento. Temas que não têm passado ao lado do investidor imobiliário.

“Há todo um trabalho que tem de ser feito em termos de employer branding, sobretudo tendo em conta a nossa dimensão. É um desafio que temos pela frente”, começa por dizer a nova responsável de pessoas da Vanguard Properties Portugal.

Para já, a principal arma que a companhia tem utilizado na guerra pelo talento tem sido o investimento em comunicação. “Muitas pessoas e candidatos conhecem-nos pela nossa comunicação quase diária, muita vez através do LinkedIn e, outras vezes, através da comunicação social”, refere Susana Rodrigues, acrescentando que este é um trabalho contínuo.

Todos os dias há uma coisa nova, temos de ser muito flexíveis e, ao mesmo tempo, fazer transparecer essa flexibilidade às nossas pessoas. Somos os primeiros, muitas vezes o exemplo.

Susana Rodrigues

Head of human resources da Vanguard Properties Portugal

É preciso pensar “como conseguimos ser mais atrativos para as diferentes gerações”, “como vamos alcançar as camadas mais jovens, em especial” e, acima de tudo, “como é que vamos reter as pessoas”. Algo que, para a profissional, passa, sobretudo, por “perceber aquilo que as pessoas precisam e o que querem, para depois nos alinharmos com as suas necessidades”.

Sem detalhar números, Susana Rodrigues adianta que a empresa pretende continuar a reforçar a equipa – que conta, atualmente, com cerca de 50 pessoas – com novas contratações. “Temos neste momento vários processos de recrutamento ativos.”

Consulte as vagas já anunciadas na página de LinkedIn da empresa.

Após dez anos na área da advocacia, no escritório Vieira de Almeida (VdA), onde desempenhou várias funções – começou como técnica de recursos humanos, esteve durante quase dois anos em Moçambique enquanto responsável do lançamento do novo escritório da VdA Legal Partners e passou os últimos quase quatro anos como head of international network & alliances – Susana Rodrigues decidiu embarcar neste novo desafio na Vanguard Properties no último trimestre do ano passado.

Na mesa do recrutador com Susana Rodrigues, Head of Human Resources da Vanguard Properties Portugal - 17DEZ21
Susana Rodrigues assumiu o cargo na Vanguard Properties Portugal em outubro.Hugo Amaral/ECO

Um desafio que não podia recusar: “Motivou-me voltar a enveredar e a abraçar a área dos recursos humanos que, agora, mais do que nunca, precisa de um foco diferente. E eu própria também estava a precisar de um foco diferente e iniciar um percurso de vida distinto”, conta. Começar numa empresa com uma vida ainda curta – a cumprir cinco anos de atividade – reforçou-lhe o entusiasmo. “É muito importante fazer parte de uma estrutura desde o início.”

Humildade, disponibilidade para a formação contínua e capacidade de adaptação são as principais características que, na sua opinião, fazem um bom gestor de pessoas. “Todos os dias há uma coisa nova, temos de ser muito flexíveis e, ao mesmo tempo, fazer transparecer essa flexibilidade às nossas pessoas. Somos os primeiros, muitas vezes o exemplo.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Estas são as 70 mudanças à lei laboral que o Governo aprovou

Agenda do trabalho digno inclui a limitação das renovações de contratos temporários e o alargamento da compensação por despedimento. Pacote de medidas segue para o Parlamento.

O Governo já aprovou esta quinta-feira a agenda do trabalho digno em Conselho de Ministros, depois de a ter levado de volta à Concertação Social (onde não atingiu consenso). São 70 medidas que introduzem mudanças à lei laboral e que contemplam passos como a limitar a renovação dos contratos de trabalho temporário e a proibição temporária do recurso a outsourcing após despedimento coletivo ou por extinção dos postos de trabalho.

A Agenda do Trabalho Digno e de Valorização dos Jovens no Mercado de Trabalho tinha já sido aprovada na legislatura anterior, mas acabou por voltar à discussão em sede de Concertação Social. Após tomar posse, o Governo levou à Concertação três medidas negociadas com a esquerda que não tinham sido faladas com os parceiros.

Entre elas encontrava-se o alargamento da compensação para 24 dias por ao em caso de cessação de contrato de trabalho a termo (certo ou incerto), e também o reforço do “papel da admissibilidade da arbitragem necessária na prevenção de vazios de cobertura da negociação coletiva, permitindo que, ainda durante o período de sobrevigência da convenção coletiva, qualquer das partes possa requerer a arbitragem necessária, mantendo-se a convenção em regime de sobrevigência, até que seja proferida a competente decisão arbitral”. Ambas permanecem no texto final.

Já o aumento do valor das horas extra (a partir das 120 horas anuais) acabou por cair da agenda do trabalho digno, com o Governo a remetê-lo para o acordo de competitividade e rendimentos.

Na reunião final com os parceiros não existiu acordo, mas a agenda do trabalho digno acabou mesmo por avançar, seguindo agora para o Parlamento. Estas são algumas das principais alterações à lei laboral contempladas neste documento:

  • Limitar a renovação dos contratos de trabalho temporário, tendo como limite quatro renovações;
  • Impedir a celebração de novos contratos de utilização com sociedades em relação de domínio ou grupo, ou que mantenha estruturas organizativas comuns com a do empregador;
  • Impedir a nova admissão ou afetação de trabalhador através de contrato (a termo, temporário ou prestação de serviços) cuja execução se concretize, no mesmo posto de trabalho, para o mesmo objeto ou na mesma atividade profissional;
  • Prever a introdução de um requisito de uma percentagem dos trabalhadores das empresas de trabalho temporário terem vínculos mais estáveis de modo a assegurar um reforço da estabilidade dos quadros destas empresas (percentagem esta que terá ainda de ser definida pelo Governo);
  • Impedir temporariamente a contratação de serviços de outsourcing para satisfação de necessidades asseguradas por trabalhadores cujo posto de trabalho tenha sido abrangido por despedimento coletivo e extinção do posto de trabalho, na lógica já aplicada ao trabalho temporário;
  • Clarificar na lei que o âmbito de aplicação do período experimental alargado para jovens é limitado aos que não tenham tido contratos a termo de 90 dias ou mais na mesma atividade, mesmo que com outro empregador;
  • Criar uma presunção de existência de contrato de trabalho com a plataforma ou com a empresa que nela opere, com base em critérios substantivos, ilidível nos termos gerais mediante demonstração de que o prestador da atividade não é trabalhador subordinado;
  • Garantir que a licença parental exclusiva do pai, na modalidade facultativa, não depende da elegibilidade da mãe, através do aumento da cobertura do subsídio social parental (recebido, sob condição de recursos, por quem tem baixos rendimentos);
  • Reforçar os poderes da Autoridade para as Condições de Trabalho quando se verifiquem despedimentos com indícios de ilicitude, notificando o empregador para regularizar a situação ou, na sua falta, participar os factos aos serviços do Ministério Público, tendo em vista instaurar procedimento cautelar de suspensão de despedimento.

É de salientar ainda que a par desta agenda vai também avançar o estudo de “novos modelos de organização do trabalho, incluindo experiências como a semana de quatro dias em diferentes setores e o uso de modelos híbridos de trabalho presencial e teletrabalho”.

Veja aqui o documento completo com as 70 medidas, compilado pelo Governo e apresentado aos parceiros sociais:

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Greve ao trabalho extraordinário antecipa verão problemático na CP

Transportadora tem material parado à espera de ser reparado e problemas com o sistema de controlo de velocidade, com impacto nos serviços Alfa Pendular e Intercidades.

Entre esta sexta-feira e 30 de junho a CP vai enfrentar uma greve ao trabalho extraordinário e aos feriados. Mas este é apenas um dos problemas que a empresa ferroviária vai enfrentar ao longo deste verão, onde a procura de passageiros estrangeiros deverá chegar ao nível de 2019.

O verão de 2022 não será tão preocupante como o de 2018 – com supressões diárias no serviço regional – mas subsistem problemas que podem penalizar a oferta: défice de pessoal, material circulante parado à espera de ser reparado e avarias de sistema que podem atrasar os comboios Alfa Pendular e Intercidades.

Impacto das greves

A greve às horas extraordinárias, feriados e ao trabalho em dia de descanso semanal foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário, afeto à CGTP. Os trabalhadores exigem aumentos salariais imediatos e em linha com a taxa de inflação dos últimos meses – acima dos 0,9% aplicados logo no início do ano. Os funcionários também exigem a integração nos quadros de trabalhadores a prazo.

Sem serviços mínimos decretados, a paralisação pode penalizar a operação diária da CP: em 2021, as horas extraordinárias corresponderam a 10,3% do trabalho da empresa. Na área operacional e comercial, ligada aos maquinistas e revisores, a taxa foi de 14,2%.

Com a sexta vaga da Covid-19, há revisores que têm trabalhado várias semanas consecutivas para garantir que os comboios têm um elemento a bordo para verificar os bilhetes a bordo. Mas já houve situações limite, como na Linha do Algarve, em que a CP teve de suprimir comboios por não ter revisores. Com a greve iniciada esta sexta-feira, poderão suceder-se mais viagens canceladas nas próximas semanas.

Ao longo deste mês também os revisores vão fazer duas greves, de 24 horas, em 12 e 23 de junho, na véspera dos feriados municipais de Lisboa e Porto, respetivamente. A paralisação de 12 de junho vai afetar os serviços da transportadora a sul do Pombal; dia 23, o impacto será sobre as operações a norte do Pombal.

Défice de pessoal

A falta de funcionários é outro dos problemas habituais da transportadora e depende sobretudo de autorizações da tutela, a cargo dos ministérios das Infraestruturas e Habitação e das Finanças. No final de 2021, entre os 3.775 trabalhadores, 761 eram maquinistas e 629 eram revisores, indica ao ECO fonte oficial da CP. No entanto, 5% dos maquinistas e 10% dos revisores não estavam ao serviço “sobretudo por razões médicas”.

Tardam também as contratações: entre janeiro e maio, entraram 42 funcionários e saíram 43 da companhia ferroviária. O saldo é negativo e a empresa depende da “autorização de entradas por substituições de trabalhadores saídos e autorizações tutelares de reforço do efetivo”, embora sem detalhar números.

Enquanto a equipa não é reforçada, há menos pessoas disponíveis porque a empresa fica sujeita à “sazonalidade das férias de verão”, baixas médicas, acidentes de trabalho e isolamentos por Covid-19.

Material circulante à espera de rodas

Desde o final de 2019, as oficinas da CP recuperaram 57 unidades, entre locomotivas, automotoras e carruagens, que estavam anteriormente encostadas. As linhas de Sintra/Azambuja, Minho, Douro e Beira Baixa foram as principais beneficiadas deste esforço. Mas a transportadora está a ter dificuldades diárias nos serviços suburbanos.

No Grande Porto, a empresa tem sido obrigada a trocar de material em pelo menos três viagens por dia porque faltam rodados (o equivalente às rodas de um automóvel) para colocar nas automotoras elétricas da série 3400. A empresa justifica a situação com um “pico de trabalho” na oficina de rodados, situada no Entroncamento. A situação “está a ser resolvida gradualmente”.

Para não suprimir comboios e sem unidades de reserva, a CP tem trocado o comboio suburbano por automotoras elétricas do serviço regional (série 2240, também conhecida por Lili, na gíria ferroviária).

Para ter um número de lugares equivalente ao do material suburbano, a empresa tem de colocar duas unidades do serviço regional no lugar de uma automotora do serviço suburbano. Apesar de a oferta ser semelhante, a entrada e saída de passageiros demora mais tempo porque as “Lili” têm menos portas. A situação também dificulta um eventual reforço da oferta do serviço regional no norte do país.

Tarda ainda a conclusão do processo de homologação das carruagens Arco, compradas pela CP à congénere espanhola Renfe há dois anos e que já poderiam estar a reforçar a frota dos comboios interregionais e Intercidades. O processo está no balcão único da ERA [Agência Ferroviária da União Europeia].

Atrasos no Alfa Pendular e Intercidades

Os comboios de longo curso também não escapam aos problemas da CP. Quando avaria o mecanismo de apoio ao condutor Convel (controlo automático de velocidade), o Alfa Pendular e o Intercidades não podem circular a mais de 100 km/h. A situação tem ocorrido cada vez mais vezes e pode provocar atrasos substanciais – podem atingir uma hora.

As falhas no sistema eletrónico podem acontecer a qualquer momento e não há forma de as prevenir – porque o sistema foi descontinuado pelos canadianos da Bombardier. O equipamento é fundamental para a segurança a bordo. Por exemplo, se o comboio ultrapassar o sinal vermelho e o maquinista nada fizer é acionada automaticamente a frenagem.

O problema implica que os dois comboios circulem a metade da velocidade máxima: 220 km/h para as automotoras do Alfa Pendular e 200 km/h para as locomotivas elétricas da série 5600, que rebocam as carruagens do Intercidades.

Desenvolvido pelos canadianos da Bombardier, o sistema Convel começou a funcionar em Portugal em 1991, através da instalação das antenas (nos comboios) para ler a informação enviada pelas balizas (colocadas entre os carris).

O fim das avarias depende da entrada em funcionamento do módulo de transmissão STM. A solução será fundamental para uma verdadeira interoperabilidade na rede ferroviária nacional, que será uniformizada pelo sistema de gestão de tráfego europeu ERTMS.

Dívida por reestruturar

A CP vai passar mais um verão com passivo elevado. A transportadora apenas poderá reganhar a desejada autonomia caso seja concretizada a reestruturação de 80% da dívida histórica. Contudo, o ‘perdão’ de 1,815 mil milhões de euros depende da aprovação da Direção-Geral da Concorrência: Portugal terá que provar que a dívida que anulada é a que existia antes da liberalização do mercado, evitando uma ajuda de Estado.

Praticamente toda a dívida histórica da empresa foi contraída em décadas anteriores por suborçamentação do Estado e que obrigou a transportadora a aumentar o passivo.

Até lá, a empresa vai depender de dois ministérios: Infraestruturas e Habitação, para a parte mais operacional; Finanças, com a tutela financeira e o poder de autorizar compras de peças para as oficinas.

Resta saber se a transportadora ferroviária vai ter nervos de aço para suportar o primeiro verão depois da pandemia de Covid-19 sem defraudar os passageiros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Belgas têm 20 milhões para reconstruir retail park de Portimão

Mitiska REIM vai fazer nascer o Nova Vila Retail Park, substituindo o conjunto comercial anterior, que foi destruído por um incêndio em 2012. Projeto vai criar mais de 200 postos de trabalho.

O grupo belga Mitiska REIM vai investir 20 milhões de euros na reconstrução do retail park de Portimão, que já foi o maior do Algarve, mas que acabou destruído por um incêndio em 2012. De acordo com o projeto, que está atualmente em consulta pública, o Nova Vila Retail Park terá uma área de construção de cerca de 21 mil metros quadrados e criará mais de 200 postos de trabalho.

O lote com 78.927 metros quadrados está vazio desde 2012, ano em que um incêndio destruiu o Portimão Retail Park, inaugurado seis anos antes. Em 2016, este complexo foi vendido pelo fundo British Land à Multi Corporation, detida pela gigante norte-americana Blackstone. Nessa altura, juntamente com o retail de Portimão vieram mais quatro retail parks, numa operação avaliada em 100 milhões de euros.

Entretanto, o ativo (ou o pouco que restava dele) foi vendido à Mitiska REIM, líder europeia em retail parks, que chegou a Portugal em janeiro de 2018 com a aquisição do Parque Mondego, em Coimbra, e do Focus Park Canidelo, em Vila Nova de Gaia. Desde cedo que a empresa comunicou a vontade de ressuscitar este retail park, que já foi o maior do Algarve, e sabe-se agora que prevê um investimento de 20 milhões de euros para essa reconstrução.

De acordo com o projeto da empresa belga, o projeto terá uma área de construção de 21.268 metros quadrados, sendo que o lote tem uma área total de 78.927 metros quadrados. O retail park terá dois pisos, cerca de duas dezenas de lojas e 839 lugares de estacionamento, alguns dos quais para veículos elétricos. “Nesta área do parque de estacionamento irá implantar-se um conjunto de lojas destinadas a restauração”, lê-se.

Projeto do futuro Vila Nova Retail Park.CBRE

“O projeto irá assim preencher o atual vazio urbano, originando um novo espaço, com novas áreas verdes, áreas públicas e a abertura de vias de ligação às redes circundantes”, referem os proprietários. Está ainda previsto um espaço comercial que “poderá operar como loja Drive-In” ou de apoio a um possível futuro posto de abastecimento de combustível, que será objeto de licenciamento autónomo.

A Mitiska REIM estima a criação de 211 postos de trabalho diretos, “orientados sobretudo para satisfazer as necessidades de aproximadamente 20 estabelecimentos comerciais” e de, “pelo menos, 12 postos de trabalho associados aos serviços de manutenção e limpeza”. Soma-se ainda o emprego indireto decorrente da cadeia de fornecedores e contratação de serviços externos.

O grupo belga chegou a Portugal em 2018 com a compra de um retail park em Coimbra e outro em Vila Nova de Gaia. Desde então já se somaram mais investimentos, como o Alverca Retail Park, Santarém Retail Park, Aveiro Retail Park e o Lima Retail Park (Viana do Castelo), os quatro comprados em 2020, por cerca de 40 milhões de euros, tal como noticiou o ECO na altura.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CEO garante que “pouquíssimos clientes” da EDP vão beneficiar do travão ibérico à eletricidade

Miguel Stillwell d’Andrade diz que o mecanismo para travar preços vai afetar “pouquíssimos clientes” da EDP e que o preço da energia para 2022 já está fechado a preços mais baixos do que o limite.

Miguel Stilwell d’Andrade é contra intervenções no mercado e o princípio aplica-se também ao teto no preço do gás natural negociado pelos governos de Portugal e Espanha com Bruxelas para travar uma subida dos custos de eletricidade. Para o CEO da EDP, a medida pode levar a distorções no valor que é suportado entre clientes e países. Além disso, dá um sinal negativo para os investidores.

“Por princípio, intervir no mercado não é positivo. Isto pode gerar distorções no mercado. Não estou a falar dos agentes, estou a falar entre países, entre a Península Ibérica e a França, e entre clientes”, assinalou Miguel Stilwell d’Andrade em declarações ao ECO à margem dos IRGAwards da Deloitte, onde venceu o prémio de melhor CEO. Havendo intervenções, “elas devem ser limitadas não só em tempo, mas em termos de âmbito”, acrescentou.

Os executivos dos países Ibéricos aprovaram a 13 de maio a legislação que estabelece um limite médio de 50 euros por MWh para a cotação do gás natural que é usada na definição dos preços da eletricidade. Os valores começam nos 40 euros por MWh e o teto vai vigorar por um período de 12 meses. Esta intervenção no valor do gás significa que a eletricidade deverá custar, no máximo, entre 110 e 130 euros por MWh. A entrada em vigor está dependente da validação técnica final de Bruxelas.

Um grupo de presidentes de elétricas ibéricas, ente eles o da EDP, enviaram a 8 de abril uma carta para a Comissão Europeia a contestar a solução preconizada para baixar os preços da eletricidade no mercado grossista. Segundo noticiou o Observador, a carta refere que em Portugal a larga maioria dos consumidores tem contratos com preços fixos (estáveis), que não irão beneficiar com o mecanismo. Pelo contrário, “podem acabar por pagar mais”.

Questionado sobre esta possibilidade, Miguel Stilwell d’Andrade respondeu que “é prematuro estar a fazer considerações” sobre impactos que ainda não são conhecidos, uma vez que a detalhe técnico ainda não foi publicado. “Isto tem sido trabalhado entre os governos e com a Comissão Europeia. Nós não somos parte da discussão e não temos ainda o detalhe”, explicou.

Também ainda não é claro como o mecanismo será pago pelos consumidores. “Ainda precisa de ser detalhado tecnicamente e precisamos de perceber”, disse o CEO da EDP. O ministro do Ambiente e Ação Climática afirmou após o Conselho de Ministros que “os consumidores expostos ao mercado vão ter um efeito positivo que é a redução do preço e negativo que é suportar o custo do mecanismo”, mas que “o impacto líquido é positivo”. Duarte Cordeiro referiu também que a medida permite que parte dos ganhos inesperados na produção de eletricidade sejam “capturados e socializados no mercado para baixar o preço da eletricidade”.

Preços na EDP em 2022 mais baixos que o limite definido

Miguel Stillwell garante que, por ora, “pouquíssimos clientes estão a ser impactados por isto”. “A nossa energia para o ano 2022 já está toda comprada e os nossos clientes têm estabilidade de preço. Tem sido uma das coisas que temos vincado bastante ao longo dos anos”, afirmou.

“O preço da energia para 2022, para os nossos clientes, já está fechado a preços mais baixos do que o cap [limite]. Os nossos resultados do primeiro trimestre falam por si. Nós estávamos a comprar a um preço mais alto para vender aos nossos clientes a um preço de cerca de 60 euros por MWh. Isso mostra que nós estamos a cumprir os nossos contratos e o preço que o cliente está a ver não é o preço hipotético de mercado, mas o que tem contratado connosco”, acrescentou o responsável. A elétrica disse na semana passada à Lusa ter condições para, a partir de julho, reduzir os seus preços em média em 2,6%.

A empresa fechou o primeiro trimestre com um prejuízo de 76 milhões de euros. O défice hídrico obrigou à compra de eletricidade no mercado grossista a preços historicamente elevados (média de €229/MWh, uma subida homóloga de 407%) “para satisfazer o consumo da carteira de clientes”, o que levou uma perda de 400 milhões de euros no EBITDA.

Outra questão que tem sido levantada desde o início do processo é o benefício que os consumidores franceses poderão ter, possivelmente à custa dos da Península Ibérica. Portugal e Espanha justificaram a necessidade do teto no Conselho Europeu com o facto de estarem numa ilha energética, dada a escassa capacidade da rede que atravessa os Pirinéus, mas a verdade é que a ligação existe. O que significa que do outro lado da fronteira poderão beneficiar de um mecanismo que será suportado por quem está do lado de cá. Na já referida carta, as elétricas contestam a tese da ilha energética dizendo que desde o início do conflito na Ucrânia os mercados espanhol e francês tiveram valores iguais em 50,6% das horas.

Miguel Stilwell d’Andrade reconhece a excecionalidade da situação provocada pela guerra na Ucrânia, que multiplicou por seis o preço do gás natural, fazendo disparar também o da eletricidade no mercado spot, mas defende “medidas dirigidas, mais cirúrgicas, para os clientes vulneráveis, sejam residenciais ou industriais, atacando o problema onde tem mais impacto”, à semelhança do que outros países têm feito.

Teto no preço do gás “não dá sinal positivo para investidores”

A contestação do presidente executivo da elétrica portuguesa estende-se ao possível impacto no investimento, numa altura em que se tornou prioritário acelerar a transição energética. “As intervenções em mercado nunca dão um sinal bom para a estabilidade regulatória. Fica sempre a dúvida que regras é que vamos ter para fazer os investimentos”.

“Um dos temas que é importantíssimo para investimentos de longo prazo, que é o caso de todos os investimentos na área da energia, que são de 30 anos ou mais, é que requerem regras claras e que elas sejam cumpridas. Do ponto de vista de sinalização para os investidores obviamente não é positivo”, conclui Miguel Stilwell d’Andrade.

O mercado de eletricidade é marginalista, o que significa que o valor de referência é fixado com base no preço da última oferta que permite satisfazer a procura por energia. E a maior parte do tempo, são as centrais de ciclo combinado, onde a eletricidade é produzida a partir do gás natural, que em última instância satisfazem a procura. Daí que a fortíssima valorização da matéria-prima tenha levado também o preço da eletricidade a disparar.

O comportamento atual do mercado tem levado a alguma contestação do mercado marginalista, mas o CEO da EDP considera que continua a fazer sentido. “Ele tem o seu espaço no curto prazo, de despacho no curto prazo, de saber o que vai produzir amanhã, o que é mais eficiente”, apontou. Em paralelo, defendeu “uma evolução de mercado”, dando mais peso a contratos de aquisição a longo prazo (PPA), através de incentivos ao investimento, como acontece nos leilões que têm sido realizados em Portugal, Espanha e noutros países. “São estáveis e têm preços baixíssimos”.

Esta mudança permitirá reduzir a volatilidade dos preços, porque “o mercado marginalista fica reduzido a uma franja muito pequena, que já hoje é, mas faz o despacho diário”, acrescenta. Além da gestão da oferta, defende uma aposta na gestão da procura: “nos EUA e no Reino Unido existe um mercado complementar ao marginalista que faz a gestão da procura, com serviços de sistema mais sofisticados”.

Miguel Stilwell d’Andrade aponta ainda que o mercado marginalista é comum a toda a União Europeia, permitindo a união energética a nível da Europa. E deixa uma pergunta: “Dizem que o marginalista não serve. E qual é a proposta alternativa? Não há um outro modelo que alguém meta em cima da mesa”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO e Lusa
  • 3 Junho 2022

Esta sexta-feira, 3 de junho, marca o centésimo dia do início da invasão russa na Ucrânia, a 24 de fevereiro. Nos EUA, a Amazon avança com um stock split.

Nesta sexta-feira os sindicatos da TAP vão reunir-se com a administração da empresa para discutir as consequências do plano de reestruturação da transportadora aérea acordado com a Comissão Europeia. No mesmo dia, a CGTP anuncia em conferência de imprensa os contornos da ação nacional que está marcada para o início de julho. Nota ainda para os dados estatísticos que vão ser divulgados tanto nos EUA como na Zona Euro.

100 dias do início da invasão russa na Ucrânia

Esta sexta-feira, 3 de junho, marca o centésimo dia do início da invasão russa na Ucrânia, a 24 de fevereiro. A invasão russa, que provocou a fuga de milhões de pessoas para os países vizinhos, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo. Neste dia, o primeiro-ministro António Costa recebe em São Bento o enviado especial do Presidente da Ucrânia, Igor Zhovkva.

Sindicatos da TAP reúnem-se com administração da empresa

Depois de terem reunido com o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, os sindicatos da TAP vão reunir-se com a administração da transportadora aérea. O objetivo da reunião, que foi marcada com caráter de urgência, é discutir sobre o plano de reestruturação da TAP. Os nove sindicatos teceram várias críticas às políticas que estão a ser seguidas pela empresa, afirmando que “os trabalhadores não estão em saldo e exigem respeito” e que “continuam a financiar a companhia”.

Estatísticas nos dois lados do Atlântico

Nos Estados Unidos vão ser conhecidos novos dados sobre a evolução da taxa de desemprego, o que será um dos principais fatores para as próximas decisões da Reserva Federal norte-americano no que toca à política monetária. Do outro lado do Atlântico, o Eurostat divulga os dados sobre o comércio a retalho em abril e o volume de serviços no primeiro trimestre, um período marcado pela retoma do turismo. Em Portugal, o Instituto Nacional de Estatística revela os avanços (ou recuos) do país relativamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

CGTP anuncia os contornos da ação nacional de julho

A CGTP vai anunciar em conferência de imprensa os contornos da ação nacional que está marcada para o início de julho, após as ações que terão lugar em todos os setores, por todo o país, durante o mês de junho. A central sindical reclama por melhores salários, mais direitos, melhorias nos serviços públicos, pelas 35 horas no setor privado e luta contra a desregulação dos horários, contra a precariedade, pela contratação coletiva e pela revogação das normas gravosas da legislação laboral, pela garantia da efetivação da liberdade sindical.

Amazon avança com stock split

Se tem uma ação da Amazon, esta vai transformar-se em 20 títulos, ainda que o valor total seja o mesmo. A cotada norte-americana vai fazer esta sexta-feira um stock split, um desdobramento das ações, para baixar a cotação do seu título que, neste momento, está na casa dos 2.500 dólares por ação. O stock split foi aprovado pelos acionistas na passada sexta-feira e a nova cotação começará a ser negociada na próxima segunda-feira, dia 6 de junho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.