Dados pessoais e nomes reais vão desaparecer das decisões judiciais

Ministra da Justiça avançou com a "anonimização" das decisões judiciais, baseada em algoritmos de Inteligência Artificial na Comissão de Assuntos Constitucionais.

A ministra da Justiça e os Conselhos Superiores da Magistratura e dos Tribunais Administrativos e Fiscais (TAF) estão a preparar novas regras de forma a que, numa sentença ou acórdão de um tribunal português, deixem de constar os nomes dos envolvidos e os respetivos dados pessoais.

A ideia é criar “uma solução integrada de anonimização das decisões judiciais, baseada em algoritmos de Inteligência Artificial”, explicou Catarina Sarmento e Castro. “Esta evolução é fundamental para garantir não só uma maior divulgação pública das decisões judiciais, possibilitando o livre acesso a toda a jurisprudência, mas também para auxiliar os magistrados na tomada de decisões”, disse aos deputados da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Já a partir do dia 1 de janeiro, o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) passou a atribuir nomes fictícios às pessoas (partes) nos processos prejudiciais, que até aqui eram apenas anónimos. Segundo o comunicado deste órgão, na altura, esta medida visa “facilitar a designação e a identificação dos processos anonimizados por razões ligadas à proteção de dados pessoais”.

Apesar de a ministra reconhecer que na Justiça administrativa e fiscal se observou, entre 2015 e 2021, um decréscimo de 22,3% nos processos pendentes em 1.ª instância, a titular da pasta admite que “é uma área com cuja eficiência muito particularmente” se compromete, e por isso encara “com especial otimismo a implementação de várias medidas de simplificação e agilização”.

A lentidão dos Tribunais Administrativos e Fiscais (TAF) é um dos calcanhares de Aquiles da Justiça. Já em 2020, Dulce Neto, presidente do STA, no relatório anual de 2020 do Conselho Superior do Tribunais Administrativos e Fiscais alertava: “Espera-se que os dados contidos neste relatório tenham a virtualidade de desencadear a intervenção, séria e eficaz, de que a Justiça administrativa e fiscal carece para superar os desafios que enfrenta a poder cumprir cabalmente a função que constitucionalmente lhe compete”.

A ministra da Justiça concretizou que a medida passará a permitir “a interoperabilidade entre os sistemas de informação dos Tribunais Administrativos e Fiscais e da Autoridade Tributária, para efeitos de citação eletrónica da Autoridade Tributária”.

E, se a modernização não resolverá todos os problemas da Justiça, “é indispensável aumentar a eficiência e a transparência do sistema”, diz Catarina Sarmento e Castro. Queremos, pois, renovar o compromisso de concretizar esta prioridade do XXIII Governo Constitucional de otimizar a eficiência dos tribunais administrativos e fiscais, dando resposta aos legítimos anseios de cidadãos e empresas e reforçando a confiança nesta jurisdição”, anunciando logo de seguida a criação de um novo Tribunal Central Administrativo do Centro.

Assim, para este início de ano, o Governo anunciou o “primeiro pacote” legislativo da “Reforma da Justiça Administrativa”, que integra:

  • A otimização do desempenho nos tribunais superiores, (onde se verificam atualmente as maiores pendências) e a implementação da assessoria técnica para os juízes dos tribunais administrativos e fiscais, dada a especialidade e complexidade do Direito Administrativo;
  • O diploma que dotará o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais “dos meios necessários a uma gestão mais eficiente, mais célere e mais transparente da jurisdição administrativa e fiscal, promovendo o aumento da capacidade de resposta desta jurisdição“;
  • O diploma que introduz algumas alterações ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, onde se prevê, nomeadamente, “a especialização na segunda instância”;
  • O diploma que cria um mecanismo de incentivo à extinção da instância por negócio processual”;
  • O diploma que cria uma forma de processo simplificada, que será aplicada, a título experimental, num “tribunal piloto, para ações de valor inferior a cinco mil euros e de baixa complexidade, tendo como objetivos fundamentais, designadamente, que as respetivas decisões de mérito sejam proferidas em menos de nove meses e que sejam de fácil compreensão pelos cidadãos”.

Este pacote nasce de um grupo de trabalho— criado em Junho do ano passado — com o objetivo de propor intervenções legislativas concretas, mas também “soluções procedimentais e organizacionais orientadas para a modernização, a simplificação e a racionalização e para o aprofundamento do processo de transformação digital, e procederá à planificação temporal da sua implementação durante a presente legislatura”. As soluções apresentadas consideraram as propostas que outros operadores do sistema têm feito chegar ao Ministério da Justiça.

O grupo foi constituído por representantes de Tribunais Administrativos e Fiscais, da Direção-Geral da Política de Justiça, da Direção-Geral da Administração da Justiça, do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, da Autoridade Tributária e Aduaneira, e dos Ministérios da Justiça e das Finanças.

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Já está alocada quase metade da linha de apoio ao aumento dos custos de produção

A partir de 15 de fevereiro será levantado o sistema de quotas na distribuição das verbas da linha de apoio ao aumento dos custos de produção aos bancos, passando a ser por ordem de entrada.

Já está alocada quase metade da linha de crédito de apoio aos aumentos dos custos de produção, com uma dotação de 600 milhões de euros, revelou a presidente executiva do Banco de Fomento esta quarta-feira. Ana Carvalho antecipou mesmo que, num curto espaço de tempo, a linha estará esgotada.

Quase 300 milhões da linha já estão alocados e sinto que num curto espaço de tempo a linha vai estar comprometida”, disse Ana Carvalho no final de um webinar sobre a chamada Linha de Apoio ao Aumento dos Custos de Produção, cujo lançamento foi anunciado na último dia útil feira de 2022. “Isto demonstra que este é um instrumento relevante para a economia portuguesa”, acrescentou a responsável.

Esta linha destina-se a micro, pequenas e médias empresas (PME), assim como small mid cap e mid cap (empresas de pequena-média capitalização, que empregam até 500 trabalhadores, e média capitalização, que empregam até três mil). Pode ser concedida por prazos que variam entre um e oito anos. Há um período de carência de 12 meses e a amortização de capital é feita em prestações iguais, sucessivas e postecipadas com periodicidade mensal.

À semelhança de edições anteriores, os 600 milhões de euros de dotação foram distribuídos pelos bancos num sistemas de quotas, ou seja, cada banco recebeu uma percentagem em função da sua quota de mercado. No entanto, a partir de 15 de fevereiro, a distribuição da linha será feita na lógica tradicional do first come, first served. “A partir de 15 de fevereiro será levantado o sistema das quotas e passa a ser por ordem de entrada, a forma mais tradicional”, anunciou Albertina Rodrigues, diretora de garantias do Banco de Fomento.

A decisão tem subjacente o facto de haver bancos que já têm o seu plafond praticamente esgotado, enquanto outros ainda estão longe disso. Assim, há a garantia de que o dinheiro chegará mais depressa às empresas. As empresas que desejam aceder à linha podem fazê-lo via banca comercial ou diretamente através de uma sociedade de garantia mútua – opção que pode acabar por ser ligeiramente mais célere.

“Quando a operação é feita via sociedade de garantia mútua, depois de aprovada a garantia, a escolha da instituição de crédito é exclusivamente do cliente. Mantemos a neutralidade total na escolha do financiador”, esclareceu Marco Gonçalves, diretor comercial da Norgarante.

O compromisso de tomar decisões no mais curto espaço de tempo é algo que sociedades de garantia mútua e BPF assumem. Mas também com o cuidado de “tomar decisões eficazes”. Em causa estão cerca de 40 dias. “O objetivo é que os prazos sejam garantidos. Estamos a trabalhar para isso”, disse Marco Gonçalves, recordando que a contagem dos prazos é suspensa sempre que são pedidos esclarecimento adicionais.

Na sessão de esclarecimento promovida pelo Banco de Fomento, Albertina Rodrigues recordou que os limites máximos definidos – 50 mil euros para microempresas, 750 mil euros para pequenas empresas e 2,5 milhões para médias empresas, small mid caps, mid caps e grandes empresas – são por empresa e não por operação. “Uma empresa até pode pedir dois empréstimos. Não há limites de bancos ou de operações”, explicou a diretora de garantias do BPF. “Há empresas terem candidaturas por vários bancos e por várias sociedades de garantia mútua”, acrescentou.

Por outro lado, a responsável esclareceu que a natureza jurídica da empresa não condiciona o acesso à linha, ou seja, um empresário em nome individual é elegível. Só precisa ter contabilidade organizada para que seja possível medir os impactos financeiros decorrentes do aumento dos custos energéticos e das matérias-primas e das perturbações nas cadeias de abastecimento.

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PS vai presidir à comissão de inquérito sobre a TAP mas defendia que devia ser o Chega

  • Lusa
  • 1 Fevereiro 2023

Havendo um empate na atribuição de presidências nas comissões, tem sido dada prioridade ao grupo parlamentar com mais presidências e mais deputados. PS queria método de escolha diferente.

O PS vai assumir a presidência da comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, apesar de ter defendido que esse lugar deveria caber ao Chega, sem revelar ainda quem indicará para o cargo.

Na última conferência de líderes, tinha sido explicado que havia um empate entre Chega e PS seguindo o habitual método de Hondt na distribuição das presidências das comissões parlamentares, tendo ficado a decisão para a reunião de hoje.

“O desempate tem sido resolvido até agora pelos serviços da Assembleia da República dando prioridade ao grupo parlamentar com mais presidências, mais deputados. O grupo parlamentar do PS tem um entendimento diferente, considerando que se o Regimento é omisso se deveria aplicar a legislação eleitoral e dar prioridade aos que têm menos eleitos”, afirmou aos jornalistas o presidente da bancada socialista, Eurico Brilhante Dias, no final da conferência de líderes. Ou seja, para o PS, “o procedimento era claro e a presidência seria do Chega”.

No entanto, acrescentou, os restantes partidos defenderam que, na atual sessão legislativa, se deveria manter o procedimento seguido até agora e que explicitasse na revisão do Regimento em curso esta situação, passando a haver novas regras a partir de setembro na nova sessão.

“Não queremos tornar uma questão procedimental em questão política, por isso, essa presidência será do PS”, assumiu Brilhante Dias. Questionado quem indicará para esse lugar, o líder parlamentar socialista não quis ainda torná-lo público.

A Assembleia da República debate hoje a proposta do BE de constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, que tem aprovação garantida, e outra do Chega, que deverá ser rejeitada. As propostas serão votadas depois na sexta-feira.

Em 06 de janeiro, o BE entregou no parlamento o texto que propõe que a comissão de inquérito “à tutela política da gestão da TAP” incida em particular entre 2020 e 2022, averiguando a entrada e saída da antiga governante Alexandra Reis e as responsabilidades da tutela nas decisões tomadas.

Os bloquistas pretendem que seja averiguado pelo parlamento o “processo de cooptação, nomeação ou contratação de Alexandra Reis para a administração” da companhia aérea, bem como “dos restantes administradores e os termos da aplicação do respetivo enquadramento jurídico”.

O partido quer ver ainda esclarecido “o processo e a natureza da nomeação de Alexandra Reis para o Conselho de Administração da NAV e a eventual conexão com o processo de saída do Conselho de Administração da TAP”.

Do objeto do inquérito parlamentar defendido pelo BE faz ainda parte o processo de desvinculação de membros dos órgãos sociais da TAP e “a prática quanto a pagamentos indemnizatórios”, bem como “as remunerações pagas aos membros dos órgãos sociais”, nas suas várias componentes.

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Correios suíços vão abrir hub tecnológico para 150 pessoas em Lisboa

  • Mariana Marques Tiago
  • 1 Fevereiro 2023

Trata-se do projeto I/T Campus de Lisboa, da Swiss Post. A sua missão será "proporcionar recursos tecnológicos altamente qualificados para a operação da empresa".

A Swiss Post anunciou esta quarta-feira que vai implementar um hub tecnológico em Lisboa, que deverá criar 50 postos de trabalho numa primeira fase, sendo o objetivo aumentar o número de colaboradores até aos 150.

O grupo que opera nos mercados da comunicação, logística, retalho financeiro e transporte de passageiros explica que este campus de tecnologias de informação (TI) na capital portuguesa vai funcionar em colaboração com a casa-mãe e a sede, em Berna.

A sua missão, detalha em comunicado enviado às redações, passa por proporcionar recursos tecnológicos altamente qualificados para a operação da empresa junto dos seus clientes particulares e empresariais na Suíça”.

O I/T Campus de Lisboa terá um “centro de competências” que irá garantir 50 postos de trabalho na área tecnológica até ao final deste ano. A empresa assegura que pretende ainda alcançar, a médio prazo, a meta dos 150 colaboradores.

A apresentação do projeto I/T Campus de Lisboa está agendada para a próxima semana, por via digital, com a presença do CEO da Swiss Post I/T Portugal, Nuno Pedro, e do Deputy CIO da Swiss Post, Mathis Marugg.

Segundo informação oficial, o Swiss Post IT “é um dos maiores departamentos de IT da Suíça, com cerca de 1.300 colaboradores internos e 400 especialistas externos de IT, responsáveis por impulsionar a digitalização” dos correios do país helvético.

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Kronos vai gerir ativos imobiliários da ECS com potencial de mil milhões

Bancos venderam ativos turísticos ao fundo Davidson Kempner por 850 milhões de euros. A Kronos vai gerir o portefólio e diz que o negócio tem um potencial superior a mil milhões de euros em vendas.

Cascade Wellness Resort, em Lagos, Algarve.DR

Os ativos turísticos da ECS que os bancos venderam no final do ano passado por cerca de 850 milhões de euros vão ser geridos pela gestora imobiliária Kronos, que admite que o negócio tem “um potencial de mais de 1.000 milhões de euros em vendas imobiliárias”.

“Os novos ativos do portefólio incluem cerca de 750 propriedades já edificadas, 425 unidades a serem desenvolvidas em mais de 102 mil metros quadrados de área”, adianta a Kronos Real Estate Group num comunicado enviado às redações.

“O negócio representa um potencial de mais de 1.000 milhões de euros em vendas de propriedades localizadas maioritariamente na região do Algarve”, acrescenta a gestora de imóveis que vai passar a gerir e desenvolver, entre outros empreendimentos, o Vale do Lobo Golf & Beach Resort, Cascade Wellness Resort, Monte Santo Resort e o Conrad Algarve.

Classificado como o “maior negócio imobiliário” de 2022, foi já nos últimos dias de dezembro que os bancos assinaram com o fundo americano Davidson Kempner a alienação de um conjunto de ativos imobiliários que integravam os fundos de reestruturação da ECS Capital, num negócio avaliado entre 800 milhões e 850 milhões de euros.

O consórcio da Davidson Kempner incluiu os parceiros operacionais Kronos Real Estate (para o desenvolvimento imobiliário) e Highgate (para a hotelaria).

Do lado vendedor estiveram a Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Novobanco, Santander e ainda a Oitante, que detinham as unidades de participação nos fundos de reestruturação geridos pela ECS.

O negócio incluiu hotéis, campos de golfe, terrenos para desenvolvimento e uma vasta gama de propriedades turísticas/residenciais.

Para a Kronos, que chegou a Portugal no final de 2017, este negócio “foi uma excelente oportunidade para alargar presença num mercado muito relevante”, sublinhou o sócio fundador e CEO do Kronos Real Estate Group, Saïd Hejal, citado no comunicado.

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Serviços mínimos abrem as portas das escolas, mas não garantem aulas

A partir desta quarta-feira, as escolas terão de assegurar serviços mínimos para a greve convocada pelo Stop. Decisão abrange professores e pessoal não docente, mas as aulas ficam de fora.

A partir desta quarta-feira, as escolas terão que assegurar serviços mínimos para a greve convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop). Decisão abrange professores e pessoal não docente, mas aulas ficam de fora.

Em causa está a decisão do Colégio Arbitral que foi conhecida na sexta-feira na sequência de um pré-aviso de greve entregue pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop). Com esta decisão, os professores terão de assegurar apoios às crianças e alunos que beneficiam de medidas seletivas e adicionais, apoios aos estudantes sinalizados pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens e aos alunos mais vulneráveis, e apoios terapêuticos prestados nas escolas e pelos Centros de Recursos para a Inclusão.

O Ministério da Educação tinha pedido ainda que fossem garantidos serviços mínimos num número de horas diárias de aulas, mas essa parte não foi aceite.

o pessoal não docente terá de garantir vigilância e controlo de acessos nas escolas, a disponibilização das refeições e a vigilância e segurança dos alunos nos estabelecimentos de ensino.

Esta decisão foi para um pré-aviso de greve decretado pelo Stop de 1 a 4 de fevereiro. Contudo, este sindicato já entregou outros pré-avisos para, pelo menos, até 24 de fevereiro, que estarão a ser analisados.

Na terça-feira, o coordenador nacional do Stop garantiu que o sindicato vai respeitar os serviços mínimos decretados pelo Governo, mas não vai parar a greve em curso pela luta de melhores condições de trabalho na escola pública. Segundo o JN, a decisão de quem pode e não pode fazer greve, de modo a garantir os serviços mínimos, fica a cargo das direções de agrupamentos e de escolas.

“Opinião pública pode virar-se contra os professores”, avisa Marcelo

O Presidente da República vê como “positiva” o facto de o Stop ter assegurado que vai cumprir os serviços mínimos definidos pelo Colégio Arbitral e acredita que há “entendimentos” que poderão ser alcançados nas reuniões negociais entre sindicatos e Governo. Mas admite a necessidade de se “rever no futuro algumas soluções adotadas durante muitos governos”.

“Vai haver mais uma reunião. Da parte do Governo, como dos sindicatos, as questões estão definidas”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações transmitidas pelas televisões, à margem da iniciativa “Músicos em Belém”. Segundo o chefe de Estado, há questões”mais fáceis de resolver” e “outra mais de fundo” que diz respeito à recuperação do tempo de serviço dos professores e em que “professores mais antigos e menos antigos” têm “posições diferentes”. “Tudo isso tem que ser ponderado para se encontrar soluções que não agravem desigualdades”, sublinhou.

Questionado pelos jornalistas sobre até quando podem prosseguir as negociações entre o Ministério da Educação e os sindicatos dos professores, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “o problema não é o sistema educativo aguentar”, mas “de ser um ano perdido ou não” para os estudantes. “Essa é a avaliação que todos têm que fazer”, atirou, avisando que a “simpatia” que os professores têm obtido junto da opinião pública “pode virar-se contra eles”.

“Há entendimentos que são possíveis de alcançar no quadro negocial”, defendeu ainda o Presidente da República, abrindo a porta a algumas revisões. “Não sei se, atendendo às desigualdades que existem entre os professores, [e] para ultrapassar essas desigualdades ou, pelo menos, para não as agravar, se não se terá que rever no futuro algumas soluções adotadas durante muitos Governos”, sinalizou.

(Notícia atualizada às 13h33 com as declarações do Presidente da República)

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“Adorávamos comprar a TAP, mas não nos iriam deixar”, diz CEO da Ryanair

Líder da Ryanair, Michael O'Leary, diz ao ECO que o melhor acordo que o Governo conseguirá para a TAP é com o Grupo IAG e classifica o bónus milionário à CEO da TAP como "demasiado alto".

O presidente-executivo da Ryanair assume que “adorava” comprar a TAP, embora note que a companhia aérea portuguesa “não vale nada”. Em entrevista ao ECO, Michael O’Leary diz que o melhor acordo que o Governo português pode conseguir para vender a companhia é com o Grupo IAG, sob o compromisso de este fazer aumentar o tráfego da empresa em 50% nos próximos cinco anos. O gestor considera ainda “demasiado alto” o bónus de dois milhões de euros que a CEO da TAP vai receber quando completar o plano de restruturação.

“Eu adorava comprar a TAP, mas não nos iriam deixar. (…) O problema é que estamos bloqueados, porque somos a maior companhia aérea em Portugal e a TAP é a segunda. E, se tentarmos juntar as duas companhias, teremos os alemães, os franceses e os britânicos a dizer que não podemos fazer isso e que estávamos a fazer um monopólio“, argumenta Michael O’Leary, concluindo que não pode comprar a TAP “por questões regulatórias”.

Se pudesse comprar a TAP, o gestor adianta que as primeiras coisas que faria na empresa seriam “reduzir os custos e aumentar o número de voos”. “Mas não faz sentido pensar nisto porque não iríamos ser autorizados a comprar a TAP”, ressalva, em entrevista ao ECO, esta quarta-feira.

A TAP não é uma companhia aérea bem gerida. (…) É uma pequena companhia aérea que se está a tornar ainda mais pequena.

Michael O'Leary

Presidente-executivo da Ryanair

Apesar de estar disposto a essa compra, o CEO da companhia low-cost afirma, contudo, que “a TAP não vale nada”. “Só sobrevive porque recebeu 3,2 mil milhões do Governo, que têm de ser devolvidos. E não vai conseguir”. “A TAP não é uma companhia aérea bem gerida. E se olharmos para os números da crise existencial que atravessou nos últimos dez ou 20 anos, vemos que é uma pequena companhia aérea que se está a tornar ainda mais pequena“.

Questionado sobre quanto estaria disposto a pagar pela TAP, se pudesse, Michael O’Leary responde que “o ponto não é por quanto o Governo vende a TAP, mas sim se o Governo consegue encontrar um parceiro para a TAP”.

Grupo IAG seria “o melhor comprador para a TAP”

Assim, para o CEO da Ryanair, a melhor opção para a TAP seria ser comprada pelo Grupo IAG, que detém a British Airways e a Iberia. “Acreditamos que o melhor comprador para a TAP seria o Grupo IAG. Se pegarmos nos três melhores grupos aéreos na Europa — Lufthansa, Air France-KLM e Grupo IAG –, é o melhor. Tem experiência em comprar e fazer crescer outras empresas“, explica.

“O Governo português deve fazer um acordo com o Grupo IAG para comprar a TAP, mas com a condição de se comprometer a aumentar o tráfego da TAP em 50% nos próximos cinco anos“, defende Michael O’Leary. “Uma das coisas que o Grupo IAG tem é o enorme compromisso com aumento do tráfego aéreo da América Central para a Europa. Fazem isso muito bem em Madrid e iriam fazer o mesmo com a TAP”.

[Grupo IAG comprar a TAP] seria a melhor maneira de os contribuintes portugueses no futuro evitarem ser burlados em 3,2 mil milhões de euros.

Michael O'Leary

Presidente executivo da Ryanair

O gestor diz que Portugal tem uma “obsessão” de “não ser detido pelos espanhóis”, mas que o Grupo IAG comprar a TAP “seria a melhor maneira de os contribuintes portugueses no futuro evitarem ser burlados em 3,2 mil milhões de euros“.

O’Leary insiste que a TAP “não vai sobreviver na nova Europa”, porque “não pode competir com a Ryanair”. Logo, o melhor acordo será com o Grupo IAG. Com isso, o Governo português “terá o melhor de dois mundos — uma TAP bem gerida, um forte acionista e conseguirá beneficiar do compromisso de aumento do tráfego” aéreo para Portugal.

Ryanair já pediu reunião com Galamba

A Ryanair já pediu uma reunião com o novo ministro das Infraestruturas, João Galamba, e espera conhecê-lo “nas próximas semanas”. “Gostávamos de ver alguma ação numa série de problemas relacionados com Portugal”, nomeadamente as taxas aeroportuárias e a decisão do aeroporto do Montijo. “Parem de perder tempo com experiências de aeroportos a 100 quilómetros de Lisboa”, critica.

O CEO da companhia irlandesa continua a insistir que a TAP tem estado a bloquear slots no aeroporto de Lisboa e que, por isso, a Ryanair não consegue crescer na capital. “Se não estão a utilizar os slots, pelo menos deem-nos temporariamente à Ryanair. Espero que o novo ministro faça isso, não tem nada a perder. Se conseguirmos ter mais slots na Portela ou no Montijo vamos ver um enorme crescimento no tráfego aéreo em Portugal”.

Nem sabia que ela [Christine Ourmières-Widener] ia receber um bónus. Esse bónus depende do quê? Trazer a TAP de volta aos lucros ou vender a TAP? [Dois milhões] parece-me ser demasiado alto.

Michael O'Leary

CEO da Ryanair

Em entrevista ao ECO, Michael O’Leary falou ainda do polémico bónus de dois milhões de euros que a CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, vai receber quando completar o plano de restruturação da companhia. “Nem sabia que ela ia receber um bónus. Esse bónus depende do quê? Trazer a TAP de volta aos lucros ou vender a TAP? Parece-me ser demasiado alto“, nota.

(Notícia atualizada às 13h51 com mais informação)

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PPR do Estado alargado a portugueses no estrangeiro

Além de abrir a subscrição do Fundo de Certificados de Reforma a trabalhadores no estrangeiro, as contribuições para este produto do Estado podem agora ser totalmente pagas pelas empresas.

O Governo quer alargar o acesso e a base de financiamento do Fundo dos Certificados de Reforma, conhecido também por “PPR do Estado” – apesar de as regras serem bastante diferenciadas dos tradicionais plano de poupança reforma (PPR).

Após decisão tomada em Conselho de Ministros a 12 de janeiro, foi publicado esta quarta-feira em Diário da República um Decreto-Lei que permite que os portugueses a trabalhar no estrangeiro possam subscrever o Fundo dos Certificados de Reforma.

De acordo com este diploma, “o regime público de capitalização integra também os cidadãos nacionais que, em função do exercício de atividade profissional, se encontram abrangidos por regime de proteção social de enquadramento obrigatório de país ao qual Portugal se encontra vinculado por instrumento internacional de segurança social.”

Além disso, o Decreto-Lei vai permitir que as contribuições (reforços) para o Fundo dos Certificados de Reforma possam agora “ser totalmente pagas pela entidade empregadora do aderente, em benefício deste”, exceto no caso dos trabalhadores no estrangeiro.

Historial com poucos ganhos

O Fundo dos Certificados de Reforma foi desenhado pelo Estado há 15 anos, no âmbito da reforma do sistema público de Segurança Social, com vista a incentivar os portugueses a poupar para a reforma. Desde então e até 2021 (últimos dados disponíveis), o fundo contabiliza uma rendibilidade média anual de 3% entre 2008 e 2021.

A gestão do fundo é da responsabilidade do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social e a sua política de investimento assenta “num modelo de alocação dinâmica” que, entre outras situações, exige uma exposição mínima da carteira em 50% a dívida pública e uma exposição máxima de 25% a ações.

Fonte: Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social.

A adesão ao Fundo dos Certificados determina a obrigatoriedade do pagamento das respetivas contribuições, que são definidas numa percentagem (2%, 4% ou 6%) do valor do salário médio mensal.

Tal como sucede com os outros planos poupança reforma (PPR), as contribuições para o Fundo dos Certificados Reforma também oferecem um benefício fiscal até 400 euros para quem tem menos de 35 anos e até 350 euros se tiver 35 anos ou mais.

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Navigator compra em Espanha e torna-se a segunda maior produtora ibérica no papel tissue

  • ECO
  • 1 Fevereiro 2023

A Navigator anunciou a aquisição da espanhola GOMÀ-CAMPS. Integração levará a empresa portuguesa para a segunda posição no ranking ibérico do papel tissue.

A The Navigator Company anunciou esta quarta-feira a aquisição da espanhola GOMÀ-CAMPS Consumer, reforçando o seu peso no mercado ibério de tissue, categoria de que faz parte o papel higiénico, o rolo de cozinha ou os guardanapos. Receitas do segmento deverão chegar aos 300 milhões de euros, estima a papeleira portuguesa.

A Navigator informou, em comunicado ao mercado, que “formalizou um contrato de compra e venda de ações que representam a totalidade do capital social da GOMÀ-CAMPS CONSUMER, S.L.U, sociedade com sede em Saragoça, Espanha, que por sua vez detém a totalidade do capital social da GOMÀCAMPS FRANCE SAS, com sede em Castres. O valor da aquisição não foi revelado.

Produção de rolos de cozinha na GC Consumer, adquirida pela Navigator.

A integração desta nova fábrica permitirá à Navigator posicionar-se como o segundo maior produtor ibérico de Tissue, adicionando 35.000 toneladas de capacidade de produção anual, que passam a um total de 165.000 toneladas anuais, e aumentando a capacidade anual de converting em 60.000 toneladas, que passam assim para 180.000 toneladas anuais”, explica a papeleira portuguesa. “É a mais moderna operação (criada em 2005 e ampliada em 2018) pertencente a uma das mais antigas e prestigiadas empresas familiares espanholas, com mais de 260 anos de história na produção de papel”, descreve o comunicado.

A GC Consumer apresentou em 2022 um volume total de vendas de 115,6 milhões de euros, que vêm somar-se aos cerca de 200 milhões de vendas da papeleira portuguesa neste segmento. “Como resultado deste investimento e tirando partido da sua localização estratégica em Ejea de los Caballeros (Saragoça), a integração desta nova fábrica deverá contribuir para um novo ciclo de crescimento neste negócio” diz a Navigator, que estima que passará a ter cerca de 300 milhões de euros de vendas consolidadas provenientes de papéis tissue de elevada qualidade.

“O grupo pretende incorporar o amplo know-how, o talento e a longa experiência dos profissionais da GC Consumer, dando continuidade à atividade desenvolvida até agora pela empresa espanhola e explorando oportunidades que reforcem o posicionamento da operação conjunta no mercado global”, acrescenta.

“Este contrato encontra-se sujeito às condições suspensivas que são comuns neste tipo de contratos, as quais deverão estar cumpridas até ao dia 28 de fevereiro, que dizem respeito designadamente ao pagamento de passivo e à libertação de garantias que impendem neste momento sobre as ações da GC Consumer”, informa ainda a Navigator.

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Anacom propõe ao Governo limite de seis meses às fidelizações nas telecomunicações

Regulador enviou ao Governo uma proposta de alteração legislativa para que o prazo máximo de fidelização nas telecomunicações seja reduzido de dois anos para seis meses.

A Anacom entregou ao Governo uma “proposta de alteração legislativa” para que o prazo máximo das fidelizações nas telecomunicações seja reduzido de dois anos para seis meses, anunciou esta quarta-feira numa conferência de imprensa. A medida, se acolhida pelo Executivo, terá “claros benefícios” para os consumidores e poderá “promover a redução de preços”, entende o regulador, que considera a medida “urgente e prioritária” e “verdadeiramente indispensável”.

O anúncio surge no dia em que Meo e Nos aumentam os preços das mensalidades em cerca de 7,8% aos respetivos clientes, enquanto a Vodafone se prepara para o fazer já no próximo dia 1 de março. Em outubro, a Anacom tinha apelado a que houvesse contenção nos aumentos em 2023 e considera agora que essa recomendação “não foi acolhida pelos três principais prestadores”.

Para a Anacom, os aumentos que Meo, Nos e Vodafone estão a promover são “substancialmente superiores aos aumentos observados noutros países” e foram a gota de água que levou o regulador a insistir na redução dos prazos das fidelizações. João Cadete de Matos, presidente, acredita que as operadoras têm criado uma “ilusão” de que as fidelizações são benéficas para os consumidores.

“Há uma ilusão de que as fidelizações representam um desconto. Aquilo que se tem ouvido em Portugal de que as fidelizações são boas, porque os consumidores pagam menos, é absolutamente o contrário”, rematou o presidente da Anacom, que lembrou que os preços em Portugal, em 2021, estavam 19,3% acima da média europeia.

De acordo com o responsável, a Anacom “ponderou” e considerou ser “possível juridicamente terminar com as fidelizações em Portugal”, mas entendeu não ser “o mais adequado” ao abrigo das “melhores práticas”. Assim, na terça-feira, o conselho de administração da Anacom aprovou e enviou ao Governo a proposta de alteração à Lei das Comunicações Eletrónicas, que abrange apenas os novos contratos e prevê, além da redução do prazo máximo das fidelizações, que estas só possam servir para “subsidiação de equipamentos e instalação” dos serviços.

O ECO perguntou ao Ministério das Infraestruturas se tenciona acolher esta proposta da Anacom e está a aguardar resposta. Questionado sobre se acredita que o Governo poderá adotar esta iniciativa, o presidente da Anacom respondeu: “A nossa expectativa é de que sim, é que o Governo pondere a pertinência e urgência. Temos de inverter esta trajetória de preços em Portugal.”

Aumentos das faturas são “legais” se estiverem nos contratos

Apesar da insatisfação da Anacom com os aumentos de preços que as operadoras vão fazer — e o de muitos clientes, que têm recorrido às redes sociais para criticarem as empresas –, Agostinho Franco, da Direção-Geral de Regulação da Anacom, reconheceu que, em princípio, estes aumentos são “legais” se estiverem previstos nos contratos.

“Se estiver nos contratos uma cláusula que preveja esta atualização automática dos preços, à partida, estes aumentos são legais. Se os consumidores forem confrontados com um aumento que não está no contrato, aí sim, [seria ilegal]. Tem de ser analisado caso a caso, é um contrato entre duas partes”, explicou o especialista numa conferência de imprensa. Agostinho Franco salvaguardou, também, que, mesmo estando contratualmente previsto, a atualização “tem sempre de ser comunicada ao assinante” com antecedência.

Os preços das telecomunicações não são regulados em Portugal nem em nenhum país da União Europeia, dependendo “do funcionamento do mercado”. Por isso, a Anacom recusa qualquer responsabilidade em relação a estas atualizações: “A fixação dos preços e as decisões quanto a aumentos (…) são da iniciativa dos prestadores e da sua exclusiva responsabilidade, não decorrendo de qualquer decisão do regulador”, refere num comunicado.

Ambos os responsáveis da Anacom apelaram aos consumidores para que verifiquem o seu caso específico e apresentem reclamação nos casos que considerarem que os seus direitos foram violados. Além disso, João Cadete de Matos, presidente, apelou a que “verifiquem as faturas no sentido de usarem o instrumento das reclamações e comunicarem à Anacom situações de abuso” como a “contratação ou ativação de serviços sem consentimento”.

Mudar fidelizações “não faz qualquer sentido”, dizem operadoras

A reação do setor às críticas do regulador chegou cedo, ainda decorria a conferência de imprensa da Anacom. “Não faz qualquer sentido discutir a alteração da Lei das Comunicações Eletrónicas que foi aprovada há seis meses, depois de muito tempo e ampla discussão com a Anacom, o Governo e com o Parlamento”, afirma a Apritel, a associação que representa as operadoras, num comunicado.

“O Código Europeu das Comunicações Eletrónicas prevê como regra o período de 24 meses de fidelização e a maior parte dos países adotou contratos com essa duração. Aquilo que o legislador e o Governo entenderam como necessário para equilibrar a duração dos contratos foi acautelar situações de vulnerabilidade. E essas, depois de inúmeras sugestões, estão todas acauteladas na lei e implementadas pelos operadores”, refere a Apritel.

A posição de protesto das operadoras já tinha sido antecipada pela Anacom. “Resistência, antecipo já, vai ser muita”, atirou o presidente do regulador em resposta aos jornalistas, acusando a Apritel de promover uma “ação de desinformação” ao tentar “contrariar a veracidade” dos dados do Eurostat sobre a subida dos preços das telecomunicações em Portugal.

(Notícia atualizada pela última vez às 13h06)

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Freguesias de Famalicão vão receber mais de 5,5 milhões de euros em 2023

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  • 1 Fevereiro 2023

A transferência das verbas livres foi aprovada na última reunião de câmara.

A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão vai canalizar para as Juntas de Freguesia de Famalicão mais de 5,5 milhões de euros, numa aposta clara na autonomia dos executivos locais. A transferência de 2,2 milhões de euros em verbas livres, cujos protocolos foram aprovados na última reunião de Câmara, é o primeiro impulso que as Juntas de Freguesia recebem para a sua gestão autárquica. Os outros impulsos, a transferir ao longo do ano, serão enviados através de transferências de capital, 2,7 milhões de euros, e de transferências correntes, 600 mil euros, que equivale à transferência de competências para a limpeza de vias, manutenção de equipamentos, entre outros.

Em relação ao ano anterior, o grande acréscimo surge no valor correspondente às transferências de capital, cujas verbas se destinam à execução de obras estruturantes para as localidades e cujo apoio aumenta este ano 26%. Apesar disso, o Presidente da Câmara Municipal, Mário Passos, assume como desafio o “incremento, ao longo deste ano, de ainda mais investimento de capital nas freguesias. É algo que está no nosso horizonte e tudo faremos para o conseguir”.

“Queremos melhorar a eficiência da gestão autárquica, quer a nível municipal, quer a nível das freguesias” comenta Mário Passos. O edil destaca que o montante e o planeamento das transferências foi realizado em concordância com as Juntas de Freguesia do concelho e obedecem aos princípios do equilíbrio e da coesão territorial. “Este volume de transferência de verbas para as autarquias locais, reflete bem o nosso compromisso e respeito para com os eleitos locais. Queremos um concelho a desenvolver-se de forma equitativa e à mesma velocidade, e a aposta nesta autonomia é uma garantia desse equilíbrio e de uma boa execução”, acrescenta.

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Dívida pública cai para 114,7% em 2022 e fica abaixo do previsto pelo Governo

À boleia do bom andamento da economia, a dívida pública fechou o ano passado nos 114,7% do PIB, o nível mais baixo desde 2011. Governo antecipava queda para 115%.

Boas notícias para Fernando Medina: a dívida pública fechou o ano de 2022 abaixo dos 115% do Produto Interno Bruto (PIB) previstos pelo ministro das Finanças, e tudo graças ao bom desempenho da economia no ano passado.

Segundo o Banco de Portugal, o endividamento público caiu para 114,7% do PIB em dezembro do ano passado, o valor mais baixo desde 2011, ano em que o país pediu assistência financeira internacional face ao desequilíbrio das contas públicas e à enorme desconfiança dos mercados internacionais.

Em termos absolutos, o Estado até se endividou em mais 3,3 mil milhões ao longo de 2022 (por causa da corrida das famílias aos Certificados de Aforro), com a dívida pública a escalar para 272,6 mil milhões em dezembro, mostram os dados do supervisor. Ainda assim, o seu peso no PIB registou uma queda impressionante de 10,8 pontos percentuais, face aos 125,5% registados em 2021. O crescimento de 6,7% da economia em 2022 explica esta aparente inconsistência.

Dívida pública em queda

Fonte: Banco de Portugal

A redução da dívida pública é uma das grandes prioridades de Fernando Medina, que quer tirar Portugal do grupo de países da Zona Euro com as maiores dívidas públicas que junta o país à Itália e Grécia, e isto numa altura em que a subida das taxas de juro vai colocar pressão adicional aos cofres dos Governos mais endividados. Chegou a atingir os 138% do PIB em março de 2021, na sequência dos apoios públicos massivos à economia por causa da pandemia, mas desde então que se mantém em trajetória de descida.

O Orçamento do Estado para este ano prevê nova redução acentuada do endividamento público: deverá cair para 110,8% do PIB. Isto apesar de o Governo esperar uma desaceleração da economia para 1,3%.

Ainda de acordo com o Banco de Portugal, os ativos em depósitos das administrações públicas reduziram-se 1,6 mil milhões de euros no ano passado. Sem contar com essa almofada financeira, a dívida pública aumentou 4,9 mil milhões de euros, para 258,7 mil milhões de euros.

(Notícia atualizada às 11h26)

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