Contratos de renda antigos ficam congelados de forma definitiva

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2023

A ministra da Habitação, Marina Gonçalves, revela que os contratos antigos vão ficar fora do atual regime de arrendamento para sempre, protegendo-se, desta forma, os inquilinos.

A ministra da Habitação, Marina Gonçalves, revelou esta quinta-feira que os contratos antigos vão ficar, de forma definitiva, fora do atual regime de arrendamento, para proteger os inquilinos, a maioria idosos. Numa entrevista ao Público e à Rádio Renascença, a governante explica que esta medida, que faz parte do pacote legislativo ‘Mais Habitação’, inclui, como contrapartida, uma compensação a ser paga aos senhorios pela não atualização das rendas cuja forma de cálculo ainda está a ser estudada.

“Para além de duas medidas mais imediatas, que são a isenção em sede de IRS e a isenção em sede de IMI [Imposto Municipal sobre os Imóveis], há esta terceira componente, que é o aumento da renda ser feito através de uma compensação do Estado ao senhorio”, afirma Marina Gonçalves, adiantando que o Governo ainda está a estudar a matéria para perceber quantos contratos serão abrangidos.

“Precisamos do estudo para perceber de que contratos estamos a falar, quantos contratos são de 20 euros, quantos são de 200 euros, quantos são de 400 euros. E, com isso, montar uma compensação que seja justa”, acrescenta.

A governante refere ainda que este trabalho deverá ficar concluído durante o primeiro semestre deste ano, insistindo: “A renda não vai ficar congelada para o senhorio”, pois “em vez de ser um aumento da renda e compensação do arrendatário num momento futuro, há um aumento da renda por via da compensação ao senhorio”.

Quanto ao subsídio de renda que o Governo inclui no pacote legislativo para dar resposta à crise na habitação, a governante prevê que possa chegar até 100 mil famílias com taxa de esforço acima de 35%.

Sobre os limites no acesso a este apoio, Marina Gonçalves explica: “só poderão beneficiar dele as famílias com rendimentos até ao sexto escalão de IRS e com rendas até aos limites previstos no programa Porta 65”.

Já quanto ao arrendamento coercivo, a medida que tem levantado mais polémica neste pacote legislativo, a ministra explica que esta figura vai obrigar a rendas baixas, mas não dará direito a isenção fiscal.

Segundo adianta, o regime de arrendamento coercivo vai impor a celebração de contratos por períodos de cinco anos e as rendas destes contratos serão limitadas “de acordo com os valores previstos no Programa de Arrendamento Acessível (PAA)”.

“Mas, ao contrário dos proprietários que participam voluntariamente nesse programa, aqueles que tiverem as suas casas arrendadas coercivamente não terão direito a isenções fiscais, apesar de serem obrigados a praticar rendas 20% abaixo do mercado”, sublinha.

A governante lembra que o Governo não está a “criar nada de novo”, estando apenas a “regulamentar uma obrigação que decorre da Lei de Bases de Solo e da Lei de Bases da Habitação, que diz que há um dever de utilizar o património”. “É precisamente por isso que colocamos este instrumento, como outros países fazem, para garantir que este dever de utilização pode ser cumprido na sua plenitude”, frisa.

Marina Gonçalves diz igualmente que os imóveis devolutos da Igreja Católica também serão abrangidos pelo arrendamento coercivo, considerando: “Todos temos a obrigação, desde o Estado, até ao terceiro setor, até à Igreja, até aos proprietários privados, de dar uso ao nosso património. Este é um dever geral, o dever de utilização do património não tem exceções, é um dever aplicado a todos”.

Sobre as dúvidas de constitucionalidade desta medida, responde: “Temos a convicção de que esta medida é constitucional. Não estamos a dizer que, agora, a política pública de habitação vai fazer-se entrando na casa das pessoas. É importante, também, vermos as exceções desta figura”.

“Este é mais um instrumento na política pública, não é o prioritário. Mas é nosso dever ter ferramentas para garantir aquele que é um direito constitucional”, afirma a ministra, insistindo: “o Tribunal Constitucional já teve posições de proporcionalidade quanto ao direito de propriedade que eram, aliás, mais agressivas do que esta”.

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Bonificação do crédito da casa vai ser calculada pelos bancos

  • ECO
  • 23 Fevereiro 2023

A bonificação só se aplica aos contratos celebrados até 31 de dezembro do ano passado e o valor em dívida tem de ser inferior a 200 mil euros.

A bonificação dos juros destinada às famílias que estão a enfrentar dificuldades em pagar a prestação do crédito à habitação vai ser calculada pelo próprio banco, noticia o Jornal de Negócios (acesso pago). Este aplicará o desconto, sendo posteriormente ressarcido pelo Estado, de acordo com o documento do programa “Mais Habitação” que está em consulta pública até ao dia 10 de março.

“Será o banco a fazer as contas e a reduzir aquilo que é debitado aos clientes na prestação mensal. O Estado irá depois ressarcir o banco dessa diferença”, lê-se. Estão abrangidas nesta medida as famílias com rendimentos até ao sexto escalão, sendo a detenção de ativos financeiros um eventual fator de exclusão (apesar de o Governo não especificar quais os ativos que travam o acesso).

A bonificação só se aplica aos contratos celebrados até 31 de dezembro do ano passado e o valor em dívida tem de ser inferior a 200 mil euros. Há um limite anual para a compensação de 1,5 IAS, ou seja, cerca de 720 euros anuais e terá em conta a taxa de esforço — que tem um agravamento significativo quando atinja um valor igual ou superior a 36% do rendimento do agregado.

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Hoje nas notícias: rendas, juros e urgências

  • ECO
  • 23 Fevereiro 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A ministra da Habitação revelou que os contratos antigos vão ficar para sempre fora do atual regime de arrendamento para proteger os inquilinos. Já no que toca à bonificação dos juros na prestação do crédito à habitação, outra das medidas do pacote legislativo Mais Habitação, caberá aos bancos calcular o desconto. E o Governo decidiu que os médicos que fizerem trabalho suplementar durante o dia nas urgências em Lisboa, Coimbra e Porto vão ter um corte de 25% no valor pago por hora. Conheça estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional esta quinta-feira.

Contratos de renda antigos ficam congelados de forma definitiva

Os contratos antigos vão ficar, de forma definitiva, fora do atual regime de arrendamento. O objetivo é proteger os inquilinos. Em entrevista ao Público e à Renascença, Marina Gonçalves explica também que o regime de arrendamento coercivo vai impor a celebração de contratos por períodos de cinco anos, sendo que os proprietários que tiverem as suas casas arrendadas no âmbito desta medida não terão direito a isenções fiscais. A ministra reiterou que o apoio extraordinário ao pagamento das rendas poderá chegar a cerca de 100 mil famílias com rendimentos até ao sexto escalão de IRS e uma taxa de esforço superior a 35%, tendo contratos de arrendamento celebrados até dezembro de 2022 e rendas dentro dos limites máximos previstos no Porta 65.

Leia a entrevista completa no Público (acesso pago)

Bonificação do crédito da casa vai ser calculada pelos bancos

A bonificação dos juros destinada às famílias que estão a enfrentar dificuldades em pagar a prestação do crédito à habitação vai ser calculada pelo próprio banco. Este aplicará o desconto, sendo posteriormente ressarcido pelo Estado, de acordo com o documento do programa “Mais Habitação” que está em consulta pública até ao dia 10 de março. “Será o banco a fazer as contas e a reduzir aquilo que é debitado aos clientes na prestação mensal. O Estado irá depois ressarcir o banco dessa diferença”, lê-se.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Governo corta valor das horas extra durante o dia nas maiores urgências

Os médicos que fizerem trabalho suplementar durante o dia nas urgências em Lisboa, Coimbra e Porto vão ter um corte de 25% no valor pago por hora, segundo determinou o Ministério da Saúde. Já aqueles que fazem noites, fins de semana, feriados e serviços a mais de 60 quilómetros das grandes cidades continuam no regime remuneratório que entrou em vigor no ano passado, que pode ir até 70 euros por hora.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Autocaravanas novas vão pagar, em média, mais 10 mil euros ao Estado

Se o agravamento da incidência do Imposto Sobre Veículos (ISV) para autocaravanas novas, de 30% para 100%, tiver ‘luz verde’ no Parlamento — a data da votação final global ainda está por definir –, estas viaturas vão pagar, em média, mais dez mil euros ao Estado, sem contar com o IVA de 23%. “Para os comerciantes, estima-se um custo adicional que poderá rondar os 600 mil euros caso decidam absorver esse aumento no preço a cobrar ao cliente final”, disse Helder Pedro, secretário-geral da ACAP, que irá apresentar esta quinta-feira, no Parlamento, um estudo sobre o impacto negativo da subida do ISV no negócio do autocaravanismo.

Leia a notícia completa no Dinheiro Vivo (acesso pago)

“Começamos a ter algum grau de desglobalização”, diz Roubini

O economista Nouriel Roubini alerta que, após as restrições da pandemia e com a invasão da Ucrânia, “a globalização está sob ameaça, especialmente a hiperglobalização” das últimas décadas. Para o professor de Economia da Universidade de Nova Iorque, já estamos a começar a ter “algum grau de desglobalização e uma restrição no movimento de bens, de serviços, de capital, de trabalho e, principalmente, no movimento de tecnologia, dados e informação”.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso livre)

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Governo mantém valores das horas extraordinárias dos médicos nas urgências mais carenciadas

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2023

O novo regime remuneratório do trabalho suplementar mantém os montantes para os serviços e períodos mais carenciados.

O novo regime remuneratório do trabalho suplementar reduz para 75% o valor pago aos médicos que façam horas extraordinárias nas urgências diurnas e internas dos hospitais, mas mantém os montantes para os serviços e períodos mais carenciados.

Esta é uma das alterações previstas no decreto-lei que a agência Lusa teve hoje acesso e que foi aprovado no Conselho de Ministros de 16 de fevereiro para vigorar até final de julho, prorrogando a medida criada em julho de 2022 para estabilizar as equipas médicas nas urgências do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O Ministério da Saúde decidiu prorrogar este regime transitório, uma vez que estão a decorrer negociações com os sindicatos sobre “soluções de caráter estrutural que se reconhecem como essenciais e indispensáveis para a resolução do problema” de falta de especialistas, refere o diploma.

“Apesar do reforço do número de médicos especialistas nos diversos serviços e estabelecimento de saúde integrados no SNS, a que se assistiu desde 2015, tal reforço não permitiu, até agora, muito em resultado das características da atual demografia médica, assegurar a satisfação de todas as necessidades, em especial no âmbito dos serviços de urgência”, reconhece o decreto-lei.

Em julho de 2022, este regime estipulou o pagamento aos médicos de 50 euros por hora a partir da hora 51 e até à hora 100 de trabalho suplementar, 60 euros a partir da hora 101 e até à hora 150 e 70 euros a partir da hora 151 de trabalho suplementar.

De acordo com o diploma agora aprovado, o valor por hora mantém-se no trabalho suplementar realizado em período noturno, aos fins de semana ou aos feriados para assegurar o funcionamento do serviço de urgência externa. Além disso, o montante não sofre alterações nas horas extraordinárias realizadas nas urgências que fiquem a mais de 60 quilómetros de Lisboa, Porto ou Coimbra, assim como nas urgências metropolitanas, independentemente do dia ou do horário.

Para além destas situações, para as urgências diurna e interna, o “valor hora devido pelo trabalho suplementar corresponde a 75% do valor hora” já previsto no anterior regime.

O diploma estipula ainda que a celebração de contratos de aquisição de serviços com pessoal médico “apenas é admissível nos casos em que comprovadamente o serviço não possa ser assegurado por médicos do respetivo mapa de pessoal, estando aqueles contratos sujeitos a um valor hora máximo correspondente ao valor hora médio pago, por entidade, a título de trabalho suplementar, em 2019″.

“Os custos associados ao trabalho suplementar e à aquisição de serviços médicos não podem exceder, em cada serviço ou estabelecimento de saúde, os montantes pagos a título de trabalho suplementar e de prestação de serviços médicos no ano de 2019, corrigidos dos encargos decorrentes das atualizações salariais anuais”, refere o diploma.

O Ministério da Saúde adianta que este diploma “garante que não há vantagem remuneratória dos prestadores de serviço em relação aos médicos com vínculo ao SNS” e que permite reforçar o funcionamento em rede das várias unidades, envolvendo ainda a direção executiva do SNS.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 23 de fevereiro

  • ECO
  • 23 Fevereiro 2023

Ao longo desta quinta-feira, 23 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Mariana Marques Tiago
  • 23 Fevereiro 2023

Governo volta a reunir com sindicatos e Moedas apresenta Carta de Habitação de Lisboa. Reprivatização da Efacec é tema no Conselho de Ministros. BdP e Eurostat lançam dados sobre dívida e inflação.

No dia em que há nova reunião de Conselho de Ministros, o Ministério da Educação volta a discutir com os sindicatos dos professores e Moedas apresenta a Carta de Habitação de Lisboa. O BdP divulga dados sobre o endividamento da economia do país e o Eurostat compara a inflação entre os diferentes países da UE.

Como evoluiu a dívida do setor não financeiro?

O Banco de Portugal (BdP) vai divulgar dados sobre o endividamento da economia portuguesa, que inclui a dívida do Estado, das empresas e das famílias. A informação é divulgada mensalmente. No passado mês de janeiro, soube-se que, em novembro, o endividamento da economia portuguesa voltou a aumentar, atingindo 794,8 mil milhões de euros.

Lisboa apresenta Carta de Habitação e responde às medidas de Costa

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e a vereadora da Habitação, Filipa Roseta, apresentam esta quinta-feira a Carta Municipal de Habitação de Lisboa. Nesta sessão será feito um “retrato fundamental” da realidade da capital e será apresentado o “diagnóstico e os caminhos necessários para melhorar a oferta e reduzir as assimetrias no acesso à habitação”. A apresentação da Carta será uma resposta ao pacote de medidas para a habitação apresentado pelo Governo há uma semana.

Eurostat divulga dados do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor

O gabinete de estatística da União Europeia divulga os dados do Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (IHPC) dos Estados-Membros. O indicador é utilizado para comparar a inflação dos diferentes países entre si e os dados dizem respeito ao primeiro mês deste ano. Segundo os valores de dezembro de 2022, a inflação anual abrandou para os 9,2%, sendo o segundo mês consecutivo de abrandamento.

Ministério da Educação volta a negociar com sindicatos

O Ministério da Educação vai levar a cabo uma nova ronda negocial com os sindicatos dos professores. Esta será a sexta e, espera-se, última ronda. Mas na realidade poderá surgir uma sétima. Isto porque os sindicatos não têm muita esperança que seja alcançado um acordo. Os defensores dos professores continuam a defender a abolição das vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalão e a recuperação do tempo de serviço dos professores.

Governo reúne e decide sobre reprivatização da Efacec

Esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, um dos principais temas se espera que seja debatido é a reprivatização da Efacec. A empresa foi nacionalizada em julho de 2020, quando o Governo ficou com os 71,73% que Isabel dos Santos detinha. Em novembro foi relançado o processo de privatização da empresa. No início de janeiro deste ano, o Tribunal de Contas anunciou que estava em curso uma auditoria (pedida pelos deputados). A empresa entrou agora numa nova fase do processo de reprivatização após avanços e recuos, empresas interessadas e que pouco depois abandonaram as propostas. Na passada quarta-feira, o ministro da Economia e do Mar avançou que há propostas para a reprivatização que preveem a “possibilidade de o Estado recuperar algum do capital” que injetou na empresa. O processo está em análise e as propostas finais devem surgir nos próximos dois meses.

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Oito milhões de investimento, 2.000 alunos e 230 empregos. Duas ‘international schools’ abrem em Portugal

No arranque do próximo ano letivo de 2023-2024 deverá haver, pelo menos, duas novas international schools no país: a The Lisboan International School e a Almada International School.

A ser a escolha de cada vez mais estrangeiros, Portugal está a ver nascer novas escolas privadas internacionais. No arranque do próximo ano letivo de 2023-2024 deverá haver, pelo menos, duas novas international schools no país. Em conjunto, a The Lisboan International School e a Almada International School vão ter capacidade para receber cerca de 2.050 alunos e criar mais de 230 postos de trabalho. Só uma delas representa um investimento de oito milhões de euros, sabe o ECO Pessoas.

“Lisboa está a atrair um crescente número de famílias estrangeiras, que vêm viver e trabalhar na cidade e nos arredores. Depois de um exaustivo estudo, a Artemis conclui que havia espaço no mercado para uma nova escola internacional, dos três aos 18 anos, que garantisse educação de elevada qualidade, tanto para o mercado estrangeiro como para o mercado local”, começa por explicar o diretor da The Lisboan International School, Martin Harris.

O desbloqueador da decisão final foi a localização. “Precisávamos de um local adequado e suficientemente grande para albergar uma escola deste tipo”, conta. “O espaço da Fábrica Napolitana, em Alcântara, oferece a estrutura perfeita e o ambiente seguro para acolher uma escola moderna e virada para o futuro. Está muito bem situado, tanto para o acesso das famílias como para que a escola utilize Lisboa e as áreas circundantes como uma ‘sala de aula’ alargada.”

A escola privada a nascer em Alcântara — a primeira em Portugal do Grupo Artemis Education, que já conta com uma escola de ensino internacional no Qatar — terá capacidade para receber 1.200 alunos, desde o pré-escolar até ao 12.º ano, oferecendo aos seus estudantes, cujas idades estão compreendidas entre os três e os 18 anos, um currículo completo que integra a educação britânica baseada nos programas British, Cambridge International Education e International Baccalaureate (IB), ministrado em inglês.

Martin Harris vai liderar a The Lisboan International School.

Sem revelar o valor de investimento implicado na abertura do colégio, Martin Harris diz apenas que o montante é “significativo”. E acrescenta ainda: “Estamos aqui a longo prazo e a nossa empresa mãe, Artemis Education, tem um horizonte de investimento que reflete isso mesmo.”

Já a Almada International School (AIS), o primeiro projeto da escola internacional que tem como investidores um grupo sul americano, terá, numa primeira fase, capacidade para acolher 400 alunos: 60 de creche, 140 de jardim de infância e 200 de 1.º ciclo. No entanto, os planos são de expansão. Em 2026/2027 arranca a segunda fase da AIS, com a extensão dos ciclos de ensino, segundo e terceiro, bem como secundário. Nessa altura, com a sua expansão total, a capacidade será de 850 alunos, permitindo a realização de um percurso académico da criança, desde o seu primeiro ano de idade até ao ensino secundário.

“A AIS é o primeiro projeto de escola internacional que estamos a implementar, mas está integrado num plano a dez anos que tem uma clara intenção de expansão orgânica. Este é o nosso primeiro investimento que marca o início de uma caminhada que terá o seu foco e implementação na margem sul do Tejo”, avança a direção do colégio.

Temos a ambição, no plano do projeto global a dez anos, de ter a oferta de boarding school. Não temos ainda como certa a sua localização também em Almada.

Direção da Almada International School

Durante a primeira fase, a AIS prevê um investimento de seis milhões de euros, enquanto a expansão implicará um investimento total de oito milhões de euros, incluindo a abertura dos novos ciclos de ensino, bem como a criação de outras infraestruturas, como um estacionamento coberto e um pavilhão polidesportivo.

Além disso, construir uma boarding school faz partes dos planos a dez anos. “Temos a ambição, no plano do projeto global a dez anos, de ter a oferta de boarding school. Não temos ainda como certa a sua localização também em Almada”, adianta a direção.

Novos colégios de Lisboa e Almada criam mais de 230 empregos

No primeiro ano de funcionamento, a The Lisboan International School prevê empregar cerca de 50 pessoas, um número que deverá subir para mais de 200 quando a escola atingir a sua capacidade total. O número de postos de trabalho inclui professores, coordenadores, diretores, pessoal administrativo, de limpeza e manutenção, entre outros.

Embora admita que é difícil apontar datas, Martin Harris acredita que a capacidade total da escola possa ser atingida perto de 2030.

Render da The Lisboan International School

Atualmente em “fase final de construção”, a escola será inaugurada em setembro de 2023 nas instalações da antiga Fábrica Napolitana, na zona de Alcântara. “Este edifício foi recuperado de forma sustentável para firmar o valor do seu património histórico, criando assim um ambiente de aprendizagem muito inspirador para todos os alunos. O projeto de renovação é da responsabilidade do arquiteto português, Frederico Valsassina”, afirma o diretor do colégio.

Do outro lado do rio, a AIS viu Almada como uma “escolha natural”. Afigura-se como um ponto estratégico do ponto de vista da oportunidade de implementação de um projeto educativo de caráter internacional. Este é o oitavo município mais populoso a nível nacional, de acordo com os census de 2021. É um município com visão de futuro, que está apostado em oferecer condições favoráveis ao estabelecimento de investimento estrangeiro, como o comprova a iniciativa ‘Innovation District’, dentro do qual o nosso colégio estará sediado. É, ainda, uma cidade muito próxima da capital, que oferece condições singulares para viver e crescer”, defende a direção.

Render da Almada International School

Com previsão de inauguração também em setembro de 2023, o colégio pretende um total de 30 postos de trabalho, entre colaboradores diretos e indiretos, durante o primeiro ano letivo de funcionamento. Um número que também deverá aumentar nos anos letivos seguintes.

Educação dentro e fora da sala de aula

Para já, apenas na The Lisboan International School as inscrições já se encontram abertas para o próximo ano letivo. “O número muda todos os dias, mas estamos a caminho de ter 250 alunos matriculados na escola em setembro”, avança. Alguns ciclos de ensino estão a ter maior procura do que outros. É o caso do que abarca as crianças dos três aos quatro, bem como dos 13 aos 14 anos, destaca o responsável.

No que toca às principais nacionalidades, Martin Harris diz que, “até agora, temos mais de 30 nacionalidades representadas”. “Os britânicos, americanos e portugueses representam a maior fatia, mas temos também famílias de ainda mais longe: Canadá, Malásia e Arménia.”

Na Northview International School, em Doha (Qatar), onde o Grupo Artemis Education possui também uma escola internacional, contam-se 150 estudantes, que representam 34 nacionalidades. “O pessoal escolar compreende três líderes académicos, dez administrativos, 14 professores, 12 professores assistentes, cinco seguranças, seis trabalhadores de limpeza, um de manutenção e uma enfermeira. Os números, naturalmente, aumentarão à medida que a escola cresce.”

Veja aqui o projeto da The Lisboan International School em imagens:

Apesar do método de ensino da The Lisboan International School basear-se no curriculum britânico, a escola fez algumas adições que incluem novas disciplinas. “É o caso das competências para a vida, onde ensinamos às crianças uma enorme variedade de competências, desde compreender finanças, coser um botão ou executar primeiros socorros; resolução de problemas; e tecnologias”, explica Martin Harris.

“Para além das diferentes disciplinas, existem valores fundamentais em todas as disciplinas. Queremos que os nossos alunos explorem e investiguem, em vez de se limitarem a ouvir ou a observar os outros. Queremos que os nossos alunos sejam corajosos e resilientes, bem como emocionalmente inteligentes em tudo o que fazem na escola.”

Quando construímos o curriculum, fizemos duas questões ao senior staff: de que precisarão as crianças quando passarem para a univesidade, e para a vida adulta? Como é que isso pode ser implementado numa escola? Em vez de simplesmente replicar o que foi ensinado durante anos, alargámos o currículo e complementámo-lo com uma vasta gama de opções extracurriculares.

Martin Harris

Diretor da The Lisboan International School

A construção do currículo escolar envolveu os docentes. “Quando construímos o curriculum, fizemos duas questões ao senior staff: de que precisarão as crianças quando passarem para a universidade, e para a vida adulta? Como é que isso pode ser implementado numa escola? Assim, em vez de simplesmente replicar o que foi ensinado durante anos, alargámos o currículo e complementámo-lo com uma vasta gama de opções extracurriculares, que melhoram e expandem a mente dos nossos alunos. O nosso objetivo não é simplesmente ser diferente, mas ajudar a equipar as crianças com uma ampla combinação de skills para os próximos anos.”

Na Almada International School, embora as inscrições não estejam ainda sequer abertas, os pedidos de esclarecimento já se fazem chegar. “Já recebemos, até agora, um número significativo de pedidos de informação (na ordem dos 400), através dos formulários de intenção que disponibilizamos online. Contamos poder começar a receber inscrições por parte das famílias a partir do mês de março”, esclarece a direção.

Neste primeira fase, a escola acredita que existirá uma maior predominância de famílias portuguesas. “Mas, à medida que o projeto for ganhando solidez e implementação efetiva na margem sul do Tejo, prevemos que possamos vir a ter um equilíbrio de 50% entre as famílias portuguesas e expatriadas”, acreditam os responsáveis.

Veja aqui os renders da Almada International School:

A AIS tem como missão o desenvolvimento integral dos alunos através da formação académica e humana, redescobrindo continuamente o gosto e a curiosidade pela aprendizagem. “Asseguramos um ambiente bilingue que responde a um universo multicultural, onde os valores da bondade, da vivência em comunidade e do respeito são a nossa escolha diária. O aluno é o protagonista do processo de aprendizagem e procura, de forma autónoma e responsável, descobrir e responder a interesses ou necessidades, segundo as suas características individuais.”

Natureza, desporto, criação artística e domínio das competências digital são premissas fundamentais no colégio. “Um currículo construído a pensar na felicidade das nossas crianças”, conclui a direção.

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Greve dos funcionários judiciais. DGAJ manda serviços marcarem falta a quem trabalha nos tribunais

Sindicato dos Funcionários Judiciais já entregouuma intimidação no tribunal administrativo para suspender a marcação de faltas a funcionários que estão em greve mas só por meio dia.

A Direção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ) — cuja tutela pertence ao Ministério da Justiça — enviou um mail, a que o ECO teve acesso, a todos os tribunais para que sejam marcadas faltas a funcionários judiciais em serviço, e que estão em greve apenas em determinadas diligências. Mail esse enviado no dia 16 de fevereiro e em que constam mapas de códigos a atribuir no sistema, no que toca a faltas dos vários funcionários judiciais.

Perante este contexto, o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ), António Marçal, garantiu ao ECO que já entregou uma ação no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, de forma a que este possa suspender esta marcação de faltas.

O ECO tentou, sem sucesso, obter uma explicação por parte do gabinete de Catarina Sarmento e Castro.

“Andamos a receber queixas de inúmeros colegas que estão nesta situação de marcação ilegal de faltas. Imagine: uma pessoa emite um despacho de manhã (ato que não está no pré-aviso de greve) de manhã e às 12.00 falta a uma audiência de julgamento (que já está previsto como ato no pré aviso de greve) e é marcada falta em relação ao dia inteiro”, explicou Marçal.

António Marçal, disse que o sindicato ainda não contabilizou “o número exato” de funcionários “alvo de uma marcação ilegal de falta” com base numa ordem – da qual o SFJ tem conhecimento apenas através de um e-mail enviado aos serviços, ainda que já tenha solicitado oficialmente acesso ao despacho – que, defende o sindicato, representa “uma incitação a uma atitude criminosa”.

O SFJ deliberou apresentar “aviso prévio de greve aos atos, designadamente greve às audiências de julgamento/diligências de arguidos não privados da liberdade, greve aos atos contabilísticos e greve aos registos estatísticos no “Citius”.

“Na prática, ela consubstancia-se na falsificação de um documento autêntico. Isto é, os trabalhadores estão no local de trabalho, estão a trabalhar, estão a desempenhar funções, mas quando se declaram em greve aos atos de natureza contabilística, a senhora juiz de direito que está neste momento a desempenhar funções de subdiretora [Ana Cáceres] deu ordem para que seja cometida uma ilegalidade e seja registada falta”, explicou António Marçal.

António Marçal, presidente do sindicato dos funcionários judiciais, em entrevista ao ECO/Advocatus - 21DEZ21
António Marçal, presidente do sindicato dos funcionários judiciaisHugo Amaral/ECO

O SFJ já pediu à Direção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ) a correção da situação e já alertou o secretário de Estado Adjunto e da Justiça, Jorge Alves Costa, a quem pediu “uma intervenção”, por ser “em última instância, o responsável por esta situação de ilegalidade e de incitação que está a ser feita ao cometimento de atividades criminosas dentro dos tribunais”, tendo recebido como resposta por parte da tutela que o assunto está a ser analisado.

“Esta manobra de intimidação não vai surtir efeito, pelo contrário, os trabalhadores estão cada vez mais revoltados com esta situação, estão a aderir à greve. Nós temos uma margem de crescimento. Hoje, a ideia que temos é que terá rondado na maior parte dos locais os 98% de adesão”, afirmou o presidente do SFJ, que no primeiro dia de greve apontou uma adesão na ordem dos 70%”, disse ainda António Marçal.

António Marçal disse que as “medidas de intimidação, de coação, de ilegalidade e de incitação à prática de atividades criminosas” estão a ter o respaldo da diretora-geral da Administração da Justiça, a juíza desembargadora Isabel Namora, e da subdiretora-geral Ana Cáceres, e acrescentou que se existem dúvidas sobre a legalidade da greve, devem ser esclarecidas pelos tribunais, não podendo “uma entidade administrativa substituir-se” a estes nesse papel.

Sobre o balanço da greve, o presidente do SFJ disse que na segunda-feira o sindicato estimou uma adesão global de 98%, com alguns serviços a aderirem a 100%, e diz que mais de 500 diligências foram adiadas só nesse dia, sendo essa contabilização na ordem dos “largos milhares” desde o início da greve.

Seriam necessários dois meses para recuperar todas as diligências já adiadas, segundo estimativas do SFJ, que mantém a abertura para negociar com o Governo, mas que admite suspender a greve apenas se a tutela se comprometer com a adoção imediata de um conjunto de medidas apresentadas pelo sindicato como prioritárias, que garanta, desde logo, “a pacificação” do sistema judiciário necessária para assegurar a negociação do Estatuto dos Funcionários Judiciais, com início agendado para Março, “num clima de paz social”.

O SFJ convocou uma greve entre as 00h de dia 15 de fevereiro e as 24h de 15 de março, para o qual foram definidos serviços mínimos.

Entre as principais reivindicações destacam-se o preenchimento dos lugares vagos na carreira dos oficiais de justiça, a abertura de procedimentos para o acesso a todas as categorias da carreira, a integração do suplemento de recuperação processual no vencimento, a inclusão num regime especial de aposentação e de acesso ao regime de pré-aposentação e a revisão do estatuto profissional.

Queixa ao Ministério Público por ‘coação’

No dia 14 de fevereiro, o SFJ já tinha entregue uma queixa ao Ministério Público, pelo crime de coação por parte da diretora-geral da Administração da Justiça. “Assinei um pedido, em nome do Sindicato dos Funcionários Judiciais, para que o senhor Procurador-Geral Adjunto averigue se este comportamento, por parte da senhora diretora geral, constitui um crime de coação sobre trabalhadores porque é nossa convicção que sim”, disse António Marçal, presidente do SFJ.

Em causa está um ofício da DGAJ, enviado por mail a todos os tribunais do país a 10 de fevereiro, na qual este organismo na dependência do Ministério da Justiça (MJ) alega que a greve “encerra uma configuração ilícita, nos termos em que é constitucionalmente o direito à greve”, o que suscitou junto dos serviços “fundadas dúvidas” e motivou um pedido ao gabinete do secretário de Estado Adjunto e da Justiça, “com nota de urgência, que o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República tome posição sobre a licitude da greve decretada pelo SFJ”, assim como “as consequências para os trabalhadores que venham a invocar a respetiva adesão”.

Mas, apesar desta ser a posição oficial da DGAJ, ainda não é certo que esse pedido seja efetivamente feito, já que “o gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Justiça está ainda a analisar a pertinência do pedido feito pela DGAJ”, conforme adiantou fonte do gabinete da ministra da Justiça ao ECO, na semana passada.

Os oficiais de justiça são os funcionários pertencentes aos quadros de pessoal de secretarias de tribunais ou de serviços do Ministério Público. E têm por função a investigação e o apoio à tramitação dos processos. Nos anos de 2019, 2020 e 2021, os quadros dos Oficiais de justiça estão deficitários, perdendo-se um total de 264 profissionais.

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Comissão de Acompanhamento do PRR pede mudanças. Novos prazos, novas metas e mais verbas

Comissão liderada por Pedro Dominguinhos quer corrigir o tiro da 'bazuca'. Na avaliação ao PRR, questiona prazos de investimentos, metas e impacto da inflação nos custos das obras.

A Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) está preocupada com o andamento de alguns investimentos e com a ambição de alguns objetivos definidos junto da Comissão Europeia, por isso, sugere ao Governo que, em sede de reprogramação da bazuca, tente corrigir o tiro, isto é, com mudanças nos calendários, metas e financiamento.

Desde logo, a grande preocupação surge em torno de todos os investimentos que dependentes de obras. “A grande preocupação é o aumento dos custos de construção que várias entidades estão a sofrer”, sublinhou o presidente da CNA na apresentação do relatório anual de 2022. Em conferência de imprensa, Pedro Dominguinhos deu como exemplos a construção de centros de saúde, alojamento a preços acessíveis, parques empresariais ou a reabilitação do património cultural. Esta tem ainda um problema adicional, que pode resultar em atrasos, pelo facto de estes projetos de especialidade serem morosos e obrigarem a parcerias entre o Ministério da Cultura, as direções-gerais e as autarquias.

Por isso, Pedro Dominguinhos sugere que alguns projetos cujas metas estão previstas para o terceiro e quarto trimestres de 2025 possam deslizar um pouco. “Há um número muito significativo de investimentos no mesmo espaço temporal”, sublinha, defendendo que “era bom não concentrar tudo porque aquece ainda mais o mercado”. A persistência da guerra na Ucrânia e a necessidade de fornecer mais armamento à Ucrânia é outro fator que vai pesar negativamente já que os preços do aço aumentar por esta via também, acrescentou.

Outro exemplo de deslizamento de prazos desejável é ao nível da floresta. A CNA sugere que “as metas de 2025 (setembro), possam deslizar um pouco, de forma a permitir ainda intervir na floresta no outono de 2025 (outubro a dezembro)”. “As entidades gestoras estão conscientes do interesse deste deslizamento. Recomenda-se ainda que, existindo disponibilidade financeira, se possa aumentar o investimento em cada condomínio de aldeia, de forma que se possam maximizar os investimentos e tornar mais resilientes os territórios”, pode ler-se no relatório.

Já no que toca às metas “demasiado ambiciosas”, os membros da Comissão identificaram pelo menos duas: ter 800 mil pessoas a participar na formação da Academia Portugal Digital, o que representa 16% da população ativa nacional, e atribuir 400 vales para incubadoras e aceleradoras.

Antecipa-se a dificuldade em atingir 800.000 cidadãos com diagnósticos de competências digitais e posteriormente planos de formação individual e acessos a formação online (programa Academia Portugal Digital). Tal número corresponde a aproximadamente 16,2% da população ativa (tomando a dimensão da população ativa estimada pelo INE (terceiro trimestre de 2022) sendo, portanto, uma meta extremamente ambiciosa”, lê-se no relatório. Por outro lado, “a meta de 200.000 formandos (programa Emprego + Digital) a frequentar formações presenciais ou em regime misto, apresenta-se igualmente como especialmente difícil de atingir atendendo à experiência acumulada no terreno nessa matéria. Como nota comparativa, apresenta-se o caso do programa UPSKILL29 lançado em 2020, no qual as candidaturas de potenciais formandos para programas de requalificação fora do âmbito do PRR, não ultrapassaram as 6.000 por cada edição (um ano), apesar da insistente divulgação por todos os “media” convencionais e redes sociais e da própria atratividade que as características desse programa implicam”, acrescenta o documento.

Questiona-se se tais metas deveriam ter sido definidas, uma vez que se pretendem programas ambiciosos, mas não virtualmente impossíveis de cumprir”, diz a CNA recomendando por isso que o processo seja analisado.

Já no que diz respeito aos vales para incubadoras/aceleradoras os atrasos resultam no não cumprimento de vários marcos e metas anuais estabelecidos. “A publicação do aviso Voucher para Startups ocorreu com atraso (do T1 2022 para T4 2022)”; “não foi publicado, durante o ano de 2022, o Aviso Vale para Incubadoras/ Aceleradoras” e “não foram atingidos os objetivos de número de Vouchers e Vales definidos para o terceiro trimestre de 2022”. Por isso a CNA classifica esta medida como preocupante e defende que são “necessárias medidas corretivas e/ou recalendarização”.

A reprogramação, cujas regras ainda não forem definidas por Bruxelas, reveste-se ainda de uma componente financeira. Desde logo porque Portugal vai receber mais 1,6 mil milhões de euros, que resultam de uma parte da distribuição das subvenções do PRR dependerem da variação do PIB em 2020 e 2021, e mais 704 milhões de euros do RepowerEU dirigido à transição climática. Além disso, António Costa já admitiu recorrer a uma fatia mais substancial de empréstimos do PRR, além dos 2,7 mil milhões que estão a ser utilizados e dos 2,3 mil milhões que ficaram reservados em Bruxelas caso as empresas necessitassem.

Recomendamos que devem ser reforçados os investimentos na área social, na habitação, no Centro de Operações de Defesa do Atlântico e Plataforma Naval e tudo o que tem a ver com a construção de residências de estudantes do ensino superior”, disse Pedro Dominguinhos. Um reforço que pode ser feito pela componente de empréstimos do PRR ou com recurso a empréstimos do Banco Europeus de Investimento. “Cabe ao Governo decidir”, frisou o responsável.

O presidente da CNA revelou ainda que a ministra da Presidência pediu a cada beneficiário que fizesse um levantamento exaustivo dos investimentos na sua área e agora a ministra dará uma resposta consensualizada às necessidades identificadas.

No caso da habitação “o nível de projetos aprovado é baixo face às metas globais, antevendo-se que durante o primeiro semestre de 2023, este número cresça de forma relevante”, diz a CNA. Mas “os riscos associados à subida de preços e à falta de materiais e mão-de-obra devem ser devidamente acompanhados e medidas associadas à sua superação devem ser consideradas e implementadas, incluindo a recalendarização e/ou redefinição de metas no âmbito da reprogramação em curso”, sublinha o relatório que classifica a medida como preocupantes. Pedro Dominguinhos sugere que uma solução pode ser aumentar a percentagem de reabilitação em detrimento da habitação nova.

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As 13 propostas para o Governo acelerar o PRR

Comissão de acompanhamento revela que 33 investimentos estão alinhados com o planeamento, 21 necessitam de acompanhamento, 13 são preocupantes e dois críticos.

A Comissão Nacional de Acompanhamento (CNA) do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), liderada por Pedro Dominguinhos, faz uma avaliação positiva da implementação da bazuca em termos genéricos, no relatório anual de acompanhamento da bazuca. Mas a CNA considera que existem ajustamentos a fazer para garantir uma execução mais célere e, por isso, faz 13 recomendações ao Governo.

Comparando o PRR a um triatlo, Dominguinhos disse que “é quase um iron man”. “É uma pressão alta durante cinco anos”. A comissão reconhece que os montantes pagos revelam “um crescimento significativo durante o ano de 2022”, tendo quase “quadruplicado”, sendo que o crescimento mais significativo foi no pilar da resiliência. Por outro lado, as entidades públicas foram as principais beneficiárias dos pagamentos, seguidas das escolas, empresas e empresas públicas.

E a medida anunciada terça-feira pelo secretário de Estado da Economia de aumentar para 23% o adiantamento das verbas das agendas mobilizadoras ajudará em muito as empresas a acelerar a execução dos projetos e a aumentar a percentagem de pagamentos aos beneficiários finais que é hoje de 1,48 mil milhões de euros, ou seja, 9% da bazuca.

E se o Governo prefere sempre sublinhar a execução atempada do PRR tendo em conta o cumprimento das metas e marcos definidos com a Comissão Europeia, dos quais está dependente o pagamento das várias tranches, a Comissão de acompanhamento sublinha que a avaliação não pode ser só assim. Veja-se o exemplo da compra de computadores feita na data certa, mas alguns ainda nem saíram das caixas porque há famílias que já têm PC e as mais necessitadas não querem assinar os termos de responsabilidade que as obriga a pagar o equipamento em caso de danos. Por isso, o seu efeito só será sentido quando forem verdadeiramente utilizados, defendem os peritos.

A Comissão considera que 33 investimentos estão alinhados com o planeamento, 21 necessitam de acompanhamento, 13 são preocupantes e dois críticos. E as principais razões de preocupação são os atrasos na avaliação das candidaturas, os atrasos no lançamento dos concursos ou a escassez de procura, as metas definidas e, claro, o aumento dos custos de construção que, no entender da CNA, vão obrigar a redefinir alguns projetos.

Veja as 13 recomendações que a Comissão de Acompanhamento do PRR deixa ao Executivo:

  • Acelerar o processo de avaliação de candidaturas. A CNA critica o facto de os potenciais beneficiários terem um mês para apresentar a sua candidatura e depois os organismos intermediários levarem até 90 dias a decidir quais são elegíveis. Isso aconteceu por exemplo com o programa Consolidar do Banco Português de Fomento ou com os Bairros Digitais. Os peritos independentes defendem, por isso, que haja um reforço dos recursos humanos, seja através de recrutamento centralizado, seja através do recurso a elementos externos como universidades ou consultoras. Uma solução que o Executivo já está a pôr em prática.
  • Agilizar processos de autorizações administrativas e legislativas e promover maior cooperação entre entidades públicas. A CNA identificou alguns casos onde é necessária uma mudança na legislação para melhorar a execução do PRR, mas “a sua concretização continua por acontecer”. “Várias autorizações necessárias para uma gestão corrente adequada, por parte dos beneficiários diretos e intermediários, demoram meses a ser concretizadas, designadamente nos mapas de pessoal, nas portarias de extensão de encargos ou na aquisição de viaturas. É fundamental aumentar a rapidez nestas autorizações, uma vez que a inexistência destes recursos pode colocar em causa a normal execução dos projetos previstos no PRR”, lê-se no relatório.
  • Introdução de mecanismo de consulta pública na preparação dos Avisos. O objetivo é que os potenciais interessados se possam pronunciar previamente sobre as regras dos concursos ajudando a afinar os mesmos. Mas este processo de consulta pública teria de ser curto, reconhece Pedro Dominguinhos, para não comprometer a execução. Isto “permitirá construir avisos mais consentâneos e alinhados com as necessidades dos atores no terreno e com os resultados que se pretendem alcançar”, defende o responsável.
  • Aumentar percentagem de reembolso dos adiantamentos. Esta sugestão que já tinha sido apresentada ao Executivo foi anunciada publicamente na terça-feira, em Milão, pelo secretário de Estado Pedro Cilínio para as agendas mobilizadoras. A CNA considera que tendo em conta a liquidez que existe no PRR, aumentar a taxa de antecipação – é de 13%, mas em alguns casos é apenas de 10% – pode ajudar a acelerar a execução.
  • Reforçar e melhorar processo de comunicação. A CNA considera que a este nível existe uma “margem significativa de melhoria”. De acordo com o levantamento feito pelos peritos, cerca de 30% dos beneficiários não faz qualquer referência ao PRR nos seus sites e a comunicação nas redes sociais é ainda pior.
  • Melhoria dos tempos de resposta e reforço da interoperabilidade das plataformas. O problema reside na enorme dispersão de beneficiários intermediários, nas diferentes plataformas de gestão das candidaturas e projetos e na ausência de uniformização de procedimentos. Assim, os beneficiários finais têm muita dificuldade em aceder em tempo útil às respostas às dúvidas sobre os avisos. “Deve ser feito um esforço relevante para melhorar a forma de contacto com os beneficiários finais e de simplificação nos procedimentos a adotar”, sugere a CNA acrescentando que se deve investir “na interoperabilidade entre as plataformas das várias entidades”.
  • Reforçar a informação territorial dos investimentos e harmonização nos conceitos de reporte por parte de todos os beneficiários. Por exemplo, ao nível das agendas mobilizadoras apenas são registados, por agora, os investimentos dos líderes dos consórcios, mas assim que os investimentos de todos os intervenientes forem registados será possível avaliar melhor o impacto do PRR no país e o seu papel ao nível da coesão territorial.
  • Definir modelo de acompanhamento das Agendas Mobilizadoras. Esta é uma sugestão que a CNA considera crítica. Em causa estão 53 agendas de enorme complexidade formadas por dezenas (e em alguns casos centenas) de intervenientes. “É fundamental que se defina o mais rapidamente possível o modelo de acompanhamento” – que se quer “adequado aos objetivos, que não ocupe tempo excessivo aos promotores dos projetos, em especial às PME” – “bem como as regras de execução e validação da despesa, auscultando-se os promotores”, lê-se no relatório.
  • Apesar do reforço da informação no Portal Mais Transparência, deve reforçar-se o investimento na usabilidade, aspeto gráfico e criação de indicadores e dashboard.
  • Atendendo ao processo de reprogramação em curso, sugere-se a recalendarização de alguns investimentos, o reforço financeiro, bem como algumas metas. Com a guerra na Ucrânia, a subida dos preços e das taxas de juro, as dificuldades de abastecimento nas cadeias de valor, aumentam os custos de construção dos investimentos previstos no PRR face ao programado na aprovação e, por vezes, aumentam os prazos de concretização de vários projetos mais longos. “Esta situação é particularmente sensível, na medida em que o ano de 2023 é muito exigente nos marcos e metas a cumprir ao nível da assinatura de inúmeros contratos em várias componentes do PRR”, sublinha a CNA, que recomenda, por isso, que, no processo de reprogramação em curso, se reforce o montante financeiro disponível para vários investimentos, em particular os mais afetados por estas perturbações, e que “se recalendarizem algumas metas intermédias e/ou finais, no horizonte temporal 2026”.
  • Definição de programa e reforço de atividades dirigido à atração de recursos humanos, já que “a execução dos projetos previstos no PRR, a par da concretização do PT2030, bem como de outros investimentos em curso, exige uma capacidade elevada ao nível empresarial, uma quantidade de mão-de-obra significativa quer para o setor de construção e obras públicas, quer para os organismos públicos, quer ainda no âmbito das agendas mobilizadoras”. E os constrangimentos existentes são reconhecidos por todos e por isso são necessárias alterações legais para tornar Portugal mais competitivo.
  • Definição de uma Agenda de Avaliação do PRR, com incidência nos resultados e nos impactos. “Se é fundamental a execução, tão ou mais importante são os seus resultados e os seus impactos na sociedade, na economia portuguesa e no território”, defende a CNA no seu relatório anual. Assim recomenda que “se desenhe uma estratégia global de avaliação desses resultados e impactos, que se definam os indicadores essenciais e que se possa começar a recolher a informação, disponibilizá-la e monitorizá-la, envolvendo as partes interessadas relevantes neste processo”.
  • Concretizar a execução do website da Comissão de Acompanhamento, um processo que se arrasta desde 2021, para aumentar a transparência e disponibilizar mais informação à sociedade civil.

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331 milhões, 800 milhões ou 1.300 milhões. Afinal, quanto custa descongelar o tempo de serviço dos professores?

Negociações entre Governo e sindicatos dos professores continuam sem acordo, há números para todos os gostos, mas, afinal, quanto custaria ao orçamento a recuperação integral das carreiras?

As negociações entre Ministério da Educação e sindicatos dos professores sobre o novo modelo de recrutamento e colocação de docentes deveriam terminar esta quinta-feira. As estruturas sindicais admitem, no entanto, pedir uma reunião suplementar se não existir um acordo.

O “braço de ferro” arrasta-se desde setembro e entre as principais reivindicações dos sindicatos está a recuperação integral do tempo de serviço dos professores, de forma a que exista equidade com os docentes da Região Autónoma da Madeira e dos Açores. A Fenprof, estrutura mais representativa do setor da Educação, já assegurou que está disponível para discutir um “protocolo de legislatura com prioridades e faseamentos” sobre o assunto, tendo em conta o peso financeiro da medida.

Já do lado do Governo, o ministro da Educação garantiu “total disponibilidade” para discutir a valorização da carreira dos docentes, enquanto o primeiro-ministro reconheceu que os professores acumulam vários anos de “frustração”, mas afastou taxativamente essa hipótese, referindo que teria que fazer o mesmo com as restantes carreiras da Função Pública. Mas afinal, quanto custa descongelar o tempo de serviço dos professores?

As carreiras da Administração Pública estiveram congeladas entre 2005 e 2007 e entre 2011 e 2017, num total de nove anos e quatro meses. Em 2018 e após um debate aceso, os docentes acabaram por recuperar cerca de dois anos, nove meses e 18 dias de serviço, o que representa uma despesa permanente de 244 milhões de euros anuais para os cofres do Estado, segundo revelou o ministro da Educação, ao programa “Grande Entrevista” da RTP. Assim, ficam a faltar cerca de seis anos e seis meses.

Se quiséssemos dar a todas as outras carreiras o equivalente aos seis anos, seis meses e 24 dias que os professores reivindicam, isso tinha um custo para o país de 1.300 milhões de euros de despesa permanente todos os anos”, argumentou António Costa, em entrevista à TVI, na semana passada.

O gabinete do primeiro-ministro esclarece ao ECO que em causa estão “ todas as carreiras que estiveram congeladas – ou quase todas –, sendo exceção as forças de segurança e as forças armadas” e sinaliza que “em 2018, foi recuperado pelos professores exatamente o mesmo que foi recuperado pelos trabalhadores de outras carreiras”. “A aplicação a todas as carreiras, dos efeitos de descongelamento do tempo na carreira docente, teria um custo para o País de 1.300 milhões de euros de despesa permanente todos os anos”, reiteram.

Certo é que a discussão não é nova. Em 2019, PSD, CDS-PP, Bloco de Esquerda e PCP chegaram a aprovar, na especialidade, várias alterações ao decreto-lei do Governo, tendo em vista a recuperação de todo o tempo de serviço dos professores.

Contudo, a direita recuou depois de António Costa ter ameaçado demitir-se alegando que os custos associados ao diploma eram incomportáveis e que nenhum partido tinha incluído esta proposta no seu programa eleitoral. Na altura o Ministério das Finanças, liderado por Mário Centeno, alegava que contar o tempo de serviço congelado nas carreiras especiais custaria aos cofres do Estado 800 milhões de euros, anualmente, dos quais 635 milhões seriam apenas para responder às exigências dos professores.

“Tal como comunicado em 2019, o impacto, na despesa permanente, de 800 milhões de euros correspondia à contabilização retroativa do tempo de serviço dos professores de nove anos, quatro meses e dois dias, bem como em todas as carreiras similares”, explica o gabinete do primeiro-ministro, em resposta ao ECO. Certo é que as novas contas divergem deste balanço.

Segundo avançou o Ministério das Finanças ao Expresso, a recuperação dos seis anos, seis meses e 23 dias reivindicados pelos docentes teria um impacto de 331 milhões de euros anuais de despesa permanente para o Estado. A somar este valor com os 244 milhões de euros (dos dois anos e cerca de nove meses já recuperados), o impacto da recuperação integral do tempo de serviço dos professores ascenderia a 575 milhões de euros, abaixo dos 800 milhões de euros estimados em 2019 pela tutela liderada por Mário Centeno.

Ao mesmo jornal, o Governo justificou esta divergência de valores com as saídas de docentes e do número de professores que estão atualmente no topo da carreira.

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Mutualista Montepio quer dividendos do banco. “Entrou num ciclo consistente de lucros”, diz Virgílio Lima

Banco não paga dividendos há uma década. Mutualista espera começar a receber resultados da instituição depois da redução de capital e perante expectativa de “ciclo consistente de lucros”.

Apresentação de resultados da Associação Mutualista Montepio - 01JUL20
Virgílio Lima, presidente da AMMG.Hugo Amaral/ECO

A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) quer voltar a receber dividendos do banco, depois de aprovar a redução de capital na instituição financeira, operação que, assegura o seu presidente Virgílio Lima, não vai ter impacto nas poupanças de mais de dois mil milhões de euros dos seus 600 mil associados.

A redução de capital “teve lugar porque o Banco Montepio entrou num ciclo consistente de resultados positivos”, explicou o líder da maior mutualista portuguesa em declarações ao ECO.

“Neste quadro, a operação realizada permitirá, observados os necessários requisitos exigíveis, a oportuna distribuição de dividendos aos acionistas e, em particular, ao seu acionista-titular, que detém 99,99% do seu capital, passando, deste modo, a poder contribuir para remunerar as poupanças dos associados investidas no Banco Montepio”, acrescenta o responsável.

A distribuição de resultados do banco, que fechou 2022 com lucros de 34 milhões de euros, já “é tecnicamente possível” na sequência da redução de capital, mas ressalvou que será “oportunamente apreciada”. Há uma década que o Banco Montepio, outrora Caixa Económica, não paga dividendos à mutualista. Aliás, acumula prejuízos de 770 milhões de euros neste período, resultados negativos que a redução de capital tratou de “apagar”. Tendo em conta que enfrenta uma posição de capital desafiante e que ainda se encontra a terminar um processo de reestruturação, o banco liderado por Pedro Leitão deverá ter de esperar mais um tempo para distribuir resultados.

Banco acumula prejuízos de 770 milhões em dez anos

Fonte: Banco

Redução de capital tem impacto “neutro” na mutualista

A mutualista aprovou, em assembleia geral de acionistas realizada no passado dia 10, a redução do capital do Banco Montepio em 1,2 mil milhões de euros, mas a operação levantou dúvidas internamente.

Alguns membros da assembleia de representantes da AMMG recusaram votar a proposta no final do ano passado por falta de informação, alertando para o facto de se tratar de uma “operação de engenharia financeira” que reduziu o valor do capital social do banco “composto pelas poupanças dos associados”.

“Nas contas da AMMG nada muda”, garante o presidente da instituição. “A operação de redução de capital no Banco Montepio não obriga à constituição de imparidades adicionais nem elimina as imparidades existentes na AMMG relativamente ao banco”, acrescenta. Também o auditor, com quem a mutualista travou divergências no passado em relação à avaliação do banco, considerou que a operação é neutra contabilisticamente para a AMMG.

A mutualista contabiliza uma perda por imparidade de cerca de mil milhões de euros com o banco. “Esta imparidade será progressivamente revertida (recuperada) à medida que o Banco Montepio vá cumprindo os seus planos de negócio e realizando resultados”, perspetiva Virgílio Lima.

Além do banco, a AMMG também aprovou a redução de capital na seguradora Lusitânia no ano passado. “Também neste caso, o valor efetivo investido na Lusitânia e a imparidade constituída não tiveram qualquer alteração”, esclarece o líder da AMMG, notando que a situação dos dividendos e da reversão de imparidades na seguradora é “exatamente igual” à que se coloca ao banco.

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