CEO da TAP confiante de que privatização “garantirá todos os interesses do país”

  • Lusa
  • 22 Fevereiro 2023

Christine Ourmières-Widener disse estar confiante de que o processo de privatização da companhia aérea "garantirá todos os interesses do país".

A presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, disse na terça-feira à Lusa estar confiante de que o processo de privatização da companhia aérea “garantirá todos os interesses do país”.

Em Nova Iorque, para apresentar ao mercado norte-americano as novas vantagens do programa ‘Portugal Stopover’, Christine Ourmières-Widener evitou responder às questões da Lusa sobre o processo de privatização, remetendo para o Governo, uma vez que “o processo será administrado pelos acionistas da companhia”, mas disse “ter a certeza que todos os interesses do país serão garantidos”.

Em relação ao ‘Portugal Stopover’, a responsável afirmou que o mercado norte-americano é muito importante para a companhia aérea e que este está em crescimento, o que levará ao aumento das frequências dos voos no próximo verão. “É um mercado que queremos desenvolver e a ligação entre Portugal e os Estados Unidos é muito forte”, advogou a CEO.

O evento de apresentação das novas vantagens do programa ‘Portugal Stopover’ a vários stakeholders decorreu na terça-feira no hotel Pestana Park Avenue, no centro de Manhattan, e contou ainda com a presença do secretário de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz, e da cônsul-geral em Nova Iorque, Luisa Pais Lowe.

Estamos numa fase muito boa da atração de investimento norte-americano para Portugal, temos uma relação historicamente muito boa com os Estados Unidos (…) e este programa da TAP dá-nos, enquanto país que quer atrair investimento estrangeiro e que quer atrair turistas para Portugal, mais um mecanismo para que fique ainda melhor conhecido nos Estados Unidos”, disse Ivo Cruz.

“A ideia foi mostrar que, a caminho da Europa, vale a pena parar em Portugal, ficar dez dias, que é o que o programa agora oferece. E até conhecer mais do que uma cidade. (…) É muito importante também valorizar o facto de que as comunidades portuguesas ou jovens gerações de lusodescendentes cada vez querem mais ir a Portugal e conhecer a terra dos seus antepassados. Portanto, há uma nova onda de turistas que são lusodescendentes e que é um mercado a valorizar também para a TAP”, defendeu, por sua vez, Luisa Pais Lowe.

Lançado em 2016, o ‘Portugal Stopover’ tem incentivado os passageiros da TAP a visitarem Portugal quando este não é o seu destino final.

A partir de dezembro de 2022, o programa aumentou o número máximo de dias possíveis de ‘stopover’ em Portugal de cinco para dez dias.

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Fisco recusa aceitar como custos perdas com burlas informáticas

  • ECO
  • 22 Fevereiro 2023

Fisco argumenta que as deduções devem partir de gastos que serviram “para obter ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC”. 

A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) não permite que sejam dedutíveis as perdas das empresas com burlas informáticas, já que não resultam da atividade normal da sociedade no sentido de contribuírem para a obtenção de rendimentos sujeitos a IRC, segundo noticia o Jornal de Negócios (acesso pago).

Este esclarecimento foi dado após uma questão de uma empresa vítima de cibercrime, à qual o Fisco respondeu que apenas em circunstâncias “muito excecionais” seria feita a avaliação “casuística”. Além disso, só se o contribuinte provar que não houve um “deficiente procedimento de controlo interno” é que estas perdas poderão ser consideradas.

Neste caso em específico, a empresa recebeu um conjunto de emails falsos com faturas com dados para pagamento que aparentavam ter sido enviadas pelos fornecedores habituais. Após perceber a fraude, a empresa queria deduzir os custos para efeitos de IRC, mas o Fisco não permitiu. Na base da justificação está o facto de as deduções partirem de gastos que serviram “para obter ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC”, não sendo esse o caso.

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Autorizações de residência a estrangeiros para trabalhar duplicaram

  • ECO
  • 22 Fevereiro 2023

Foram 35.886 as autorizações de residência temporária para trabalho em 2021. Número que representa o dobro das submetidas em 2018.

Os pedidos de autorização de residência em Portugal por motivo de trabalho têm vindo a crescer, sendo que atingiram os 115 mil no período de 2018 a 2021, adianta o Diário de Notícias (acesso pago). Foram 35.886 as autorizações de residência temporária para trabalho concedidas em 2021, o dobro das submetidas em 2018.

Segundo o SEF, entraram cerca de 140 mil processos entre 2012 e 2021 por razões laborais, pelo que o valor atingido nos quatro anos desde 2018 representa 80% deste volume. No total do período, desde 2012, apenas 20% das quase 705 mil autorizações de residência aprovadas têm por motivo o exercício de atividade profissional. Este número sobe para o topo da lista em 2021.

Quanto à origem, os pedidos de residência de cidadãos da União Europeia e seus familiares representaram até 2017 o principal fundamento para a atribuição de residência. Já olhando para as autorizações de residência permanentes e temporárias, incluindo também os cidadãos que obtiveram visto gold, os brasileiros lideraram em todos os exercícios a atribuição de autorizações temporárias (257.414). Seguem-se os italianos (40.496 autorizações), britânicos (39.483) e franceses (35.587).

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Hoje nas notícias: crédito à habitação, corrupção e burlas

  • ECO
  • 22 Fevereiro 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A ajuda do Estado ao pagamento do crédito à habitação terá um valor máximo de 70 euros por mês. O Ministério da Justiça contabilizou 102 condenações em 2021 por crimes económico-financeiros, o valor mais baixo dos últimos 16 anos. A Autoridade Tributária e Aduaneira só aceita como custos as perdas em burlas informáticas “em circunstâncias muito excecionais”, em que a empresa demonstre que fez tudo para prevenir ataques. Conheça estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional esta quarta-feira.

Apoio ao crédito com valor máximo de 70 euros por mês

A taxa de esforço, que consiste no peso da prestação do crédito à habitação no rendimento mensal das famílias, será um fator-chave para determinar o valor do apoio que o Estado vai atribuir a quem viu a fatura mensal a pagar ao banco disparar devido à subida das taxas de juro. Esta ajuda, que irá vigorar até ao final deste ano, não poderá ultrapassar, ao todo, 720 euros, o que, tendo em conta que esta medida do programa Mais Habitação entrará em vigor no final de março, significa um máximo de 70 euros mensais.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Número de condenados por corrupção e crimes conexos é o mais baixo dos últimos 16 anos

Em 2021, o número de condenados por corrupção e crimes conexos nos tribunais de primeira instância portugueses atingiu o valor mais baixo dos últimos 16 anos, de acordo com dados da Direção-Geral de Política de Justiça. Nesse ano, registaram-se 102 condenações por crimes de corrupção, peculatos, abusos de autoridade (inclui o abuso de poder e a violação de regras urbanísticas, entre outros), tráfico de influência e os ilícitos cometidos no âmbito da lei que prevê os crimes da responsabilidade de titulares de cargos políticos. Tal representa menos de metade das 239 condenações contabilizadas em 2019, antes da pandemia de Covid-19, pelo mesmo tipo de crimes.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Fisco recusa aceitar como custos perdas com burlas informáticas

A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) não permite que sejam dedutíveis as perdas com burlas informáticas, já que não resultam da atividade normal da sociedade no sentido de contribuírem para a obtenção de rendimentos sujeitos a IRC. O esclarecimento foi dado após uma questão de uma empresa vítima de cibercrime, ao qual o Fisco respondeu que apenas em circunstâncias “muito excecionais” seria feita a avaliação, e só se o contribuinte provar que não houve um “deficiente procedimento de controlo interno” é que estas perdas poderão ser consideradas.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Autorizações de residência a estrangeiros para trabalhar duplicaram

Os pedidos de autorização de residência em Portugal por motivo de trabalho têm vindo a crescer, sendo que atingiram os 115 mil no período de 2018 a 2021. Segundo o SEF, entraram cerca de 140 mil processos entre 2012 e 2021 por razões laborais, tendo sido validadas 35.886 autorizações de residência temporária (ART) no último ano, o dobro das submetidas em 2018.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago)

PSD quer regresso das provas de aferição no 4.º e 6.º anos

O PSD defende o regresso ao esquema das provas de aferição no 4.º e 6.º anos, sinalizando que estas avaliações externas devem ser conhecidas até ao final do ano letivo para avaliar as competências dos alunos, bem como para permitir informação estatística. “O Governo desmantelou os instrumentos de avaliação externa, quebrou a informação estatística que vinha sendo acumulada desde 2001 e, por isso, não conseguimos avaliar o desempenho dos alunos”, aponta o deputado social-democrata António Cunha à Renascença.

Leia a notícia completa na Rádio Renascença (acesso livre)

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Rede Nacional de Test Beds “já conta com 30 consórcios de inovação”

  • Lusa
  • 22 Fevereiro 2023

O objetivo do Executivo é que os 30 consórcios de inovação selecionados desenvolvam, até ao terceiro trimestre de 2025, um total de 2.415 produtos-piloto.

A Rede Nacional de Test Beds, que visa disponibilizar condições necessárias para testar novos produtos e serviços, “já conta com 30 consórcios de inovação”, divulgou esta quarta-feira o gabinete do secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa.

Estes 30 Test Beds selecionados para constituir a Rede Nacional destes consórcios de inovação tem, entre os seus objetivos, disponibilizar as condições necessárias às pequenas e médias empresas (PME) e às ‘startups’ para teste, desenvolvimento e experimentação de novos produtos e serviços, ao mesmo tampo que garante “a segurança e eficácia das novas tecnologias”, refere o gabinete, em comunicado.

A Rede Nacional de Test Beds tem uma dotação total de 150 milhões de euros, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A ambição é que os 30 consórcios de inovação selecionados desenvolvam, até ao terceiro trimestre de 2025, um total de 2.415 produtos-piloto, numa iniciativa que vai fornecer uma plataforma valiosa para PME e ‘startups’ avaliarem e fortalecerem as suas criações”, lê-se na nota.

“O apoio que as equipas experientes das Test Beds, isto é, dos consórcios de inovação concedem em matéria de capacidade tecnológica, equipamento e partilha de conhecimento vai permitir que as organizações mais pequenas ou em crescimento sejam munidas com novas capacidades e ferramentas para se adaptarem e inovarem num mercado cada vez mais competitivo e digital”, afirma o secretário de Estado Mário Campolargo, citado no comunicado.

Tendo como objetivo operar numa abordagem colaborativa entre as empresas responsáveis pela sua operação e as empresas a quem prestam serviços no apoio à experimentação, as Test Beds oferecem a possibilidade de testar produtos e serviços em espaço físico ou virtual, adianta o gabinete.

A Rede Nacional de Test Beds é uma iniciativa coordenada pela Estrutura de Missão Portugal Digital (EMPD) e conta com o apoio do IAPMEI, ANI, Compete, DGAE e Startup Portugal.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 22 de fevereiro

  • ECO
  • 22 Fevereiro 2023

Ao longo desta quarta-feira, 22 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 22 Fevereiro 2023

Parlamento debate Educação e ouve presidente da CMVM. Comissão de acompanhamento faz balanço do PRR. Alemanha divulga inflação. Joe Biden termina visita à Polónia.

O Governo e os partidos debatem esta quarta-feira o tema da Educação no Parlamento. A comissão de acompanhamento faz um balanço do Plano de Recuperação e Resiliência. O líder do polícia da bolsa vai ao Parlamento. No plano internacional, a Alemanha divulga a taxa de inflação final em janeiro e o Presidente norte-americano termina visita à Polónia.

Debate sobre Educação proposto pelo PSD

Governo e partidos debatem o tema da Educação, a pedido do PSD. Nesta reunião plenária, serão discutidos vários projetos de resolução, entre os quais um documento onde o PSD recomenda ao Governo que adote um conjunto de medidas urgentes no setor da educação e uma proposta da Iniciativa Liberal para a realização de provas de aferição nos anos finais de cada ciclo do ensino básico.

Comissão faz ponto de situação sobre PRR

Numa altura em que aumentam as críticas ao Governo por causa dos números da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR faz um ponto de situação.

Parlamento ouve líder da CMVM

A comissão de orçamento e finanças realiza a audição com o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Luís Laginha de Sousa, no âmbito do plano de atividades. A audição arranca depois das 10h00.

Alemanha divulga inflação

No domínio dos indicadores económicos, a Alemanha revela o valor final da inflação em janeiro, com os analistas a projetaram uma taxa harmonizada de 9,2%, que deverá levar a uma revisão em alta da inflação na Zona Euro.

Biden termina visita à Polónia

Depois de visitar Kiev, numa viagem surpresa, o Presidente dos EUA termina a visita à Polónia, numa altura em que volta a crescer a tensão na Ucrânia perante os receios de uma nova ofensiva de grande escala da Rússia quando se completa um ano desde o início da invasão.

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Fundo brasileiro M4 Ventures tem scaleups da fábrica de unicórnios na mira

Fundo estima até ao final do ano novas rondas de levantamento de capital duplicando para 10 milhões o capital disponível para investir no ecossistema. 

O fundo brasileiro M4 Ventures está à procura de startups nacionais para investir e ajudar no processo de entrada no mercado brasileiro. Até ao final do ano conta investir 2,5 milhões de euros em cinco startups e está a analisar oportunidades junto à fábrica de unicórnios em Lisboa. Fundo estima até ao final do ano realizar novas rondas de levantamento de capital duplicando para 10 milhões o capital disponível.

Há cerca de dois anos o fundo carimbou o passaporte para Portugal trazendo na bagagem cinco milhões de euros para investir no ecossistema de startups nacional. “Já investimos aproximadamente um milhão de euros, ainda temos boa parte do capital do fundo a investir. Investimos até agora na Modatta, SheerME e Visor.ai. E temos outras duas em fase final, onde vamos investir mais 400 mil euros no total“, revela Luís Gutman, managing partner da M4 Ventures, ao ECO.

Até ao final do ano, mais cinco empresas estão na mira do fundo brasileiro. “Devemos investir em até cinco empresas aproximadamente 2,5 milhões de euros. Queremos ter capital disponível para novas empresas e também rondas de follow on nas empresas que já investimos“, refere o managing partner. “Procuramos empresas digitais portuguesas, early stage, com forte investimento em projetos de I&D (investigação e desenvolvimento), e que tenham ambição de expandir para o Brasil. Temos no radar empresas da área da saúde, marketing digital, fintechs, e marketing de influência, por exemplo”, descreve.

Entre as empresas na mira da M4 Ventures estão as scaleups ‘incubadas’ na fábrica de unicórnios no Hub do Beato. “Tenho contacto com a Unicorn Factory desde a Web Summit de Lisboa. Acho o projeto muito bem estruturado. Estamos em conversas com algumas startups envolvidas no projeto, e esperamos divulgar novidades em breve”, diz sem mais detalhes.

Internacionalização rumo ao Brasil

Bairro (foodtech/retailtech), HolyWally (fintech), Knok (healthtech), Leadzai (adtech), ORNA (cyber security), Pleez (foodtech) e Sensei (retailtech) são as oito scaleups selecionadas para o Scaling Up Programm da Unicorn Factory Lisboa, programa que visa ajudar as empresas a dar o impulso para a internacionalização.

Empresas que, a serem investidas pela M4 Ventures, poderão fazer o caminho de internacionalização com o carimbo Brasil no passaporte – destas, apenas a Sensei já está com projetos de lojas sem caixa com parceiro local, o brasileiro Grupo Muffato – mercado onde, tradicionalmente, não tem sido fácil a entrada para as empresas portuguesas.

A M4 Ventures quer ajudar neste processo. Como? “Temos uma rede enorme de contatos, empresas, parceiros e profissionais que podem ajudar as empresas nesta jornada. Além da nossa própria experiência e track record com startups no Brasil, com casos de exit bem sucedidos e até abertura de capital (IPO). Sabemos do desafio que é ter um negócio no Brasil, e este é justamente o diferencial que queremos levar aos empreendedores portugueses”, garante.

Tenho contacto com a Unicorn Factory desde a Web Summit de Lisboa. Acho o projeto muito bem estruturando. Estamos em conversas com algumas startups envolvidas no projeto, e esperamos divulgar novidades em breve.

Luís Gutman

Managing partner M4 Ventures

Duas das empresas investidas pela M4 Ventures já foram ao Brasil. Resultado? “As duas empresas já possuem advogados brasileiros especializados nas suas áreas a lhes apoiar e preparar a estrutura segura para entrar no Brasil. Uma delas inclusive já possui equipa alargada local, com profissionais de marketing, TI, growth e financeiro a preparar o soft launch no mercado brasileiro ainda neste 1.º semestre“, refere, sem mais detalhes.

E que tipo de startups estão os investidores brasileiros interessados? “Pela dimensão do país, é importante que as empresas sejam escaláveis e com pensamento global desde o início. O Brasil pode ser o centro de expansão destas empresas para a América Latina e até mesmo EUA. O público brasileiro é extremamente digital e conectado, então tudo que tem a ver com mobilidade, serviços e produtos que melhorem a vida das pessoas, tem um apelo enorme para os investidores”, aponta Luís Gutman.

Com a Web Summit a realizar-se este ano, em maio, pela primeiro vez no Brasil, no Rio de Janeiro, Luís Gutman admite que a cimeira é “fundamental” para a estratégia de crescimento do fundo. “Diferente da nossa estratégia para o evento de Lisboa, queremos levar ao Rio de Janeiro as nossas empresas e conectar com parceiros, clientes e, até mesmo, novos investidores. Consideramos este evento fundamental para a nossa estratégia”, diz.

Nos planos do M4 Ventures está também o reforço do montante de investimento, ainda este ano. “Até o final de 2023 teremos novas rondas de fund raising, onde esperamos chegar até os 10 milhões de euros captados no total para o fundo”, revela.

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“A tal da Lixa” expande fábrica de solas para sapatos

A Atlanta, uma das maiores produtoras de componentes para a indústria do calçado, investiu mais de um milhão de euros para construir um novo pavilhão industrial na Lixa dedicado às solas de borracha.

É na Lixa que mora há 28 anos a Atlanta, uma das maiores fabricantes portuguesas de solas, com uma produção diária de 22 mil pares para a indústria do calçado. E que acaba de se tornar ainda maior, com a expansão da unidade industrial situada nesta localidade do concelho de Felgueiras, onde está sediado um grande produtor de vinho verde que tem como marca mais popular “O Tal Vinho da Lixa”.

Em declarações ao ECO durante a feira profissional Lineapelle, que arrancou na terça-feira em Milão (Itália) com uma delegação nacional constituída por 33 empresas, o responsável comercial da Atlanta, José Luís, adiantou que o novo pavilhão industrial foi construído ao lado da fábrica, em terrenos que já pertenciam à empresa detida por Paulo Ribeiro e Alberto Meireles, num investimento superior a um milhão de euros e que inclui a renovação do parque de máquinas.

José Luís, responsável comercial da Atlanta

“Precisávamos de ampliar a fábrica devido à procura que temos, senão corríamos o risco de não ter a capacidade de corresponder à necessidade dos clientes. Esta nave é especificamente para os componentes em borracha, que é o material que mais usamos e que pesa mais no negócio”, resumiu o porta-voz desta histórica empresa do setor, que emprega 96 pessoas, labora em três turnos diários e que faturou cerca de 15 milhões de euros no ano passado.

Com produção de solas apenas em Portugal – “já tivemos oportunidades de fazer parcerias [de fabrico no estrangeiro], para já não sentimos necessidade de o fazer, mas o dia de amanhã é uma incógnita”, frisou –, exporta 50% da produção para países onde também se fabrica calçado, como Espanha, Itália, Paquistão, Índia, China ou Marrocos. Entre os clientes mais conhecidos estão a Tommy Hilfiger, Gant, Kenzo ou Paul Smith, com o designer britânico a ser um dos últimos a entrar na lista.

Precisávamos de ampliar a fábrica, senão corríamos o risco de não ter a capacidade de corresponder aos clientes. Esta nave é especificamente para os componentes em borracha, que é o material que mais usamos e que pesa mais no negócio.

José Luís

Responsável comercial da Atlanta

Depois de 2022 ter sido “um ano bastante aceitável”, na expressão de José Luís, reconhece que “as coisas não estão fáceis para ninguém” no que toca às perspetivas de negócio para este ano. No entanto, “a parte mais desagradável” tem sido o aumento do custo das matérias-primas, que já levou a Atlanta a subir os preços 10% a 15% no último ano. “Para quem paga é sempre difícil aceitar. Mesmo para nós, no papel de compradores. (…) Esperamos que estabilize para todos podermos ir mais além”, completa.

No campo da inovação e da sustentabilidade, a empresa nortenha que há duas décadas não abdica de estar na Lineapelle porque “as coisas não vêm ter a casa” e é uma boa forma de captar novos clientes, tem uma parceria com a Universidade do Minho, com quem faz a investigação de novos materiais e fórmulas de fabrico. Alguns deles estão em fase final de desenvolvimento e os resultados “parecem promissores”, sublinha o responsável comercial da Atlanta.

Em 2022, o cluster português do calçado, que inclui as componentes para a indústria e os artigos de pele, exportou um valor recorde de 2.347 milhões de euros para 172 países. Desde o início deste ano já integrou uma dezena de iniciativas promocionais e o plano de promoção externa da associação do setor (APICCAPS), no valor de dez milhões de euros, um dos que terá de esperar até maio para receber “luz verde” do Ministério da Economia, prevê mais de 40 ações durante este ano, sendo 55% do orçamento para feiras e 31% para promoção e prospeção.

(O jornalista viajou para Milão a convite da APICCAPS)

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O que está em causa e quem serão os protagonistas da segunda comissão de inquérito à TAP

A companhia aérea volta a ser alvo do escrutínio do Parlamento, 23 anos depois. Também depois da implementação de um plano de reestruturação e com a privatização à vista.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à tutela política da gestão da TAP toma posse esta quarta-feira, com a indemnização paga a Alexandra Reis como mote, mas com o propósito mais vasto de avaliar o comportamento da gestão da TAP e as responsabilidades políticas do Governo.

Será a segunda CPI à companhia aérea em 23 anos, na altura também na sequência de auxílios de Estado, com a implementação de um plano de reestruturação e a perspetiva de venda do capital a privados, o que não será coincidência. Proposta pelo PSD e constituída no ano 2000, versou sobre a “Gestão da TAP desde o Plano Estratégico de Saneamento Económico e Financeiro (PESEF), bem como a organização e evolução do seu processo de privatização”.

Desta vez, a proposta, aprovada com as abstenções de PS e PCP, partiu do Bloco de Esquerda (BE) e nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022. Quatro meses depois, a gestora assumiu a presidência da NAV Portugal, nomeada pelo Ministério das Infraestruturas, saindo no início de dezembro para a Secretaria de Estado do Tesouro. Na véspera de Natal, o Correio da Manhã fez manchete com a compensação recebida da companhia aérea, o que levaria à sua demissão. Seguiu-se a saída do secretário de Estado das Infraestruturas e do Ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, abrindo uma crise no Governo.

O partido ainda liderado por Catarina Martins justifica a criação da CPI com a necessidade de “escrutínio das decisões que mantiveram um regime de privilégio na administração da TAP pública, que vigorou em paralelo com um plano de austeridade imposto aos trabalhadores”. As CPI têm sempre também um objetivo político, com cada partido a levar para a sala a sua agenda.

Com Fernando Medina na mira

Entre os pontos que o BE quer ver esclarecidos está “a qualidade da informação prestada ao acionista e o envolvimento dos decisores públicos na tomada de decisão na TAP, SGPS [a holding] e na TAP, S.A [dona da companhia aérea]”, bem como “as responsabilidades da tutela, quer do Ministério das Finanças quer do Ministério das Infraestruturas, nas decisões tomadas” na transportadora.

Audição do ministro das Finanças, Fernando Medina - 06JAN23
Audição do ministro das Finanças, Fernando Medina.Hugo Amaral/ECO

Afastado o anterior ministro das Infraestruturas, as atenções viram-se para Fernando Medina. Mesmo não sendo o titular das Finanças à altura, foi já o antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa quem escolheu Alexandra Reis para a secretaria de Estado do Tesouro. Os deputados quererão apurar até que ponto nas Finanças havia ou não informação sobre a indemnização de 500 mil euros, mesmo que só posteriormente. No debate sobre a CPI que teve lugar no início do mês no Parlamento, o deputado Hugo Carneiro, do PSD, atirou que “o único objetivo que o PS tem nesta discussão é salvar o ministro das Finanças, cuja autoridade política está diminuída”.

André Ventura, cujo partido fez uma proposta para uma CPI à TAP que acabou chumbada, também apontou baterias ao ministro das Finanças. “Nós não deixaremos passar em branco o papel de Fernando Medina neste processo. Fernando Medina tornou-se no ministro que não sabe absolutamente nada”.

O único objetivo que o PS tem nesta discussão é salvar o ministro das Finanças, cuja autoridade política está diminuída.

Hugo Carneiro

Deputado do PSP

Mesmo estando já fora do Governo, Pedro Nuno Santos, apontado o mais provável sucessor de António Costa na liderança do PS, também estará debaixo de fogo. Depois de referir que só o seu secretário de Estado, Hugo Mendes, sabia da indemnização, o antigo ministro divulgou um comunicado a dizer que ao fazer a reconstituição da “fita do tempo” sobre o processo de cessação de contrato de Alexandra Reis encontrou uma mensagem de WhatsApp em que dá “anuência” ao pagamento.

Um dos pontos da CPI será “o processo e a natureza da nomeação de Alexandra Reis para o Conselho de Administração da NAV e a eventual conexão com o processo de saída do Conselho de Administração da TAP”, um dossiê conduzido pelo ministério de Pedro Nuno Santos.

Fernando Medina será chamado novamente ao Parlamento sobre este tema, mas agora no contexto da CPI. Pedro Nuno Santos, que suspendeu o cargo de deputado até julho, será confrontado pela primeira vez na AR, assim como o seu antigo secretário de Estado, Hugo Mendes e a própria Alexandra Reis. Os deputados quererão também chamar João Leão, ministro das Finanças à altura, bem como o secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz. Estes dois últimos já vieram dizer publicamente que não tinham qualquer informação sobre a indemnização.

Gestão da TAP debaixo de fogo

Pela sala da comissão de inquérito passará também a administração da TAP. A CEO, Christine Ourmières-Widener, já foi ouvida na Comissão de Economia e Obras Públicas, a 19 de janeiro, e levará a lição estudada. Na altura, a presidente executiva da companhia aérea garantiu ter recebido a autorização para a indemnização a Alexandra Reis do secretário de Estado das Infraestruturas, “por escrito”.

Sobre a legislação aplicada, que pode ter contornado o Estatuto do Gestor Público e o facto de a saída ter sido comunicada como uma renúncia e não uma demissão, Christine Ourmières-Widener responsabilizou os escritórios de advogados que trataram do tema. O que, por certo, não impedirá os deputados de voltarem a pedir explicações detalhadas sobre a nomeação de Alexandre Reis e os restantes administradores, os termos da aplicação do respetivo enquadramento jurídico, os processos de desvinculação e a prática quanto a pagamentos indemnizatórios – tudo pontos que constam da proposta do BE aprovada pelo Parlamento.

Christine Ourmières-Widener, CEO da TAP, em entrevista ao ECO - 23AGO22
Christine Ourmières-Widener, CEO da TAP.Hugo Amaral/ECO

A CEO da TAP será ainda confrontada sobre a qualidade da informação prestada ao acionista (o Estado), decisões que possam ter lesado os interesses da companhia ou as remunerações pagas aos membros dos órgãos sociais. Já depois de ter estado na Comissão de Economia e Obras Públicas, foi noticiado pelo Jornal Económico que Christine Ourmières-Widener pode receber um bónus entre 2,1 e 3 mil milhões de euros caso o plano de reestruturação da companhia seja bem-sucedido. Um valor que a gestora se recusou a divulgar aos deputados.

Além da presidente executiva, é muito provável que também seja chamado o presidente do conselho de administração da TAP, Manuel Beja, assim como o administrador financeiro, Gonçalo Pires, indicado pelas Finanças e que também não terá transmitido à tutela a indemnização paga a Alexandra Reis. Não é de excluir que a CPI também queira ouvir antigos e atuais membros da comissão de vencimentos da companhia área. Um dos elementos essenciais serão as conclusões da avaliação pedida pelo Governo à Inspeção-Geral de Finanças sobre o processo da saída da antiga administradora, ainda por revelar. Importante será também a avaliação legal em curso pela CMVM.

Antes mesmo da CPI já a direita em peso pedia a demissão da administração, que tem este ano a difícil tarefa de negociar novos acordos de empresa com os sindicatos e dar corpo à privatização.

Puxar a cassete atrás?

A CPI visa “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP, SGPS, S.A. e da TAP, S.A., em particular no período entre 2020 e 2022, sob controlo público”, mas é possível que os deputados queiram puxar a cassete atrás, com o argumento de que para avaliar o processo que levou à nacionalização parcial em 2020 (e total já em 2022) é preciso recuar à privatização no final 2015, que colocaria 61% do capital nas mãos da Atlantic Gateway de David Neeleman e Humberto Pedrosa.

Um negócio polémico, já que os 226,75 milhões de dólares que a Atlantic Gateway usou na altura para capitalizar a companhia aérea vieram diretamente da Airbus, como indica uma análise legal da Serra Lopes Cortes Martins & Associados feita em agosto de 2022 para a companhia aérea e revelada pelo ECO. A quantia terá sido entregue em contrapartida de um negócio de leasing de 53 aviões pelo fabricante europeu, fechado pelo próprio David Neeleman, e que segundo os advogados pôs a companhia aérea a pagar a sua própria capitalização, violando o Código das Sociedades Comerciais.

David Neeleman, negociou um novo contrato de aviões com a Airbus ainda antes de entrar no capital da TAP.

O PCP entregou um aditamento à proposta do BE para que fossem incluídas as consequências da privatização da TAP decidida em 2015, nos governos de Passos Coelho, e as decisões da gestão tomadas desde novembro de 2015, em particular as que possam ter lesado o interesse público, e o papel da tutela em cada uma delas. Foi chumbado com os votos contra do PS, do BE e do Chega.

O PSD admitiu, na quinta-feira, recuar na fita do tempo. O líder da bancada parlamentar defendeu que “convém olhar não só para a privatização, mas para a reversão da privatização em 2016 e chamar também os responsáveis por essa reversão, o ex-ministro [do Planeamento e das Infraestruturas] Pedro Marques e o dr. Diogo Lacerda Machado [antigo administrador e próximo de António Costa]”. Miranda Sarmento disse que o partido irá “avaliar o melhor fórum” para estas audições — se no âmbito do inquérito pedido pelo BE se na comissão parlamentar de Economia. O líder do grupo parlamentar do PS prefere que a CPI se foque no âmbito que consta da proposta do BE, mas avaliará eventuais pedidos de audição sobre matérias anteriores.

Quem representa os partidos

A conferência de líderes realizada no dia 15 determinou que o PS terá nove deputados na CPI, o PSD quatro e os restantes quatro repartidos por Chega, Bloco de Esquerda, PCP e Iniciativa Liberal, todos com um.

Jorge Seguro Sanches, secretário de Estado.Paula Nunes / ECO

A comissão será presidida pelo socialista Jorge Seguro Sanches, antigo secretário de Estado da Defesa e, antes, da Energia. O Público avançou a semana passada que pelo maior partido no Parlamento estarão Carlos Pereira (como coordenador do grupo parlamentar) Ana Paula Bernardo, Vera Brás, Bruno Aragão, Hugo Carvalho, Fátima Fonseca, Rita Madeira e Hugo Costa. Como suplentes entram Cristina Sousa e Miguel Matos.

O PSD leva Paulo Moniz (coordenador), Hugo Carneiro, Paulo Rios de Oliveira e Patrícia Dantas. João Barbosa de Melo e Hugo Oliveira são os suplentes. Filipe Melo será o deputado efetivo do Chega e Pedro Passanha o suplente. Pela Iniciativa Liberal estará Bernardo Blanco, como efetivo, e Carlos Guimarães Pinto será o suplente.

Mariana Mortágua, que tem já experiência acumulada de outras comissões de inquérito, será a deputada efetiva pelo Bloco de Esquerda. Pedro Filipe Soares é o suplente. Pelo PCP estará Bruno Dias, que tem sido o principal rosto do partido nas intervenções sobre a companhia aérea, sendo Duarte Alves o suplente. Livre e PAN não terão qualquer membro efetivo, o que foi contestado por Rui Tavares e Inês Sousa Real, respetivamente.

(notícia atualizada às 12h10 com informação dos deputados efetivos e suplentes de todos os partidos)

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Estado e mercado, o que separa Governo e PSD na habitação

O Governo apresentou um pacote de medidas para mitigar a crise da habitação centrado na intervenção pública, o PSD, dois dias antes, apostava nos incentivos ao mercado. O ECO comparou os planos.

O Governo apresentou o pacote “Mais Habitação”, cujo valor estimado é de 900 milhões de euros (excluindo o custo com obras, compras ou rendas que venham a ser pagas pelo Estado) provenientes do Orçamento do Estado para 2023. As propostas entraram esta segunda-feira em consulta pública, pelo que ainda podem sofrer ajustes, e voltam a ser discutidas em Conselho de Ministros, a 16 de março.

O maior partido da oposição, o PSD, antecipou-se e, dois dias antes, apresentou um plano intitulado “Um novo caminho para a habitação”, dividido em três pilares: Acelerar o aumento da oferta de casas, que sejam acessíveis, quer no setor público quer no privado; Criar apoios transitórios à procura; E estimular “soluções inovadoras”. Em causa estão 20 medidas, mas o partido liderado por Luís Montenegro não avançou, para já, com o valor global das propostas, remetendo para “momento próprio” a divulgação desses números.

As casas devolutas constam nos dois pacotes apresentados, mas se o Governo quer avançar com o arrendamento obrigatório destes imóveis, o PSD propõe criar um “regime excecional de colocação semiautomática”, bem como agravar o IMI destes imóveis. No que toca às rendas, os socialistas querem atribuir um subsídio máximo de 200 euros para as famílias com taxas de esforço superiores a 35% no pagamento da renda, enquanto os sociais-democratas pretendem acabar com o Porta 65 e apostar num subsídio ao arrendamento para os jovens e idosos.

Ambos os partidos têm também medidas que visam a isenção do IMT, bem como o crédito à habitação, ainda que com fins distintos. E se o Governo pretende acabar com os vistos gold e faz “mira” aos alojamentos locais, o PSD não aponta mudanças nestas áreas. O ECO tentou comparar os dois pacotes dos dois partidos com maior representação parlamentar em Portugal. Veja o que une e o que os separa.

Simplificação e aceleração dos licenciamentos municipais

O Governo pretende que os projetos de arquitetura e de especialidades deixem de estar sujeitos a licenciamento municipal, passando a ser licenciados apenas com base no termo de responsabilidade dos projetistas. Além disso, o Executivo pretende que as câmaras municipais ou entidades públicas que não cumpram os prazos previstos na lei para a emissão de pareceres sofram penalizações financeiras.

Já o PSD propõe que haja uma “comunicação prévia como regra geral” para todas as operações de edificação em zonas inseridas em perímetro urbano”. Além disso, quer que haja um reforço da fiscalização e do quadro sancionatório, bem como que seja alargado o regime de deferimento tácito para todas as operações de licenciamento prévio.

  • Proposta do Governo:Criar um regime de juros de mora que visa aplicar uma sanção pecuniária aos municípios e às entidades externas envolvidas em caso de incumprimento dos prazos legalmente estabelecidos”;
  • Proposta do PSD:Licenciamento como exceção muito restrita, estabelecendo a Comunicação Prévia como Regra geral para todas as operações de edificação em zonas inseridas em perímetro urbano (incluindo as com alterações estruturais) – alargar o conjunto de operações urbanísticas não sujeitas a controlo prévio, para as quais bastará a simples comunicação prévia, e desde que haja termos de responsabilidade por parte dos técnicos responsáveis. Reforço dos meios de fiscalização e do quadro sancionatório”;

Casas devolutas em foco

O Executivo pretende avançar com o “arrendamento obrigatório” de casas devolutas, sendo que a ideia passa por pagar ao proprietário a renda que é devida e cobrar a renda que resulta do subarrendamento que fará depois. A ministra da Habitação já veio garantir que as casas de emigrantes, as de pessoas deslocadas por razões profissionais ou de saúde e as segundas habitações não serão visadas. A proposta tem suscitado polémica e há quem diga que pode ser considerada inconstitucional.

Ao mesmo tempo, o Governo quer criar uma linha de crédito de 150 milhões de euros para financiar a realização de “obras coercivas por parte dos municípios” em casas devolutas e com baixas condições de habitabilidade”.

Por outro lado, PSD propõe criar um “regime excecional de colocação semiautomática em uso de imóveis públicos devolutos ou subtilizados”, bem como agravar o IMI de imóveis públicos devolutos, excluindo uma intervenção na propriedade privada, sendo que o objetivo é que a receita seja destinada ao “fundo de apoio ao arrendamento”. Além disso, quer que o Fisco tenha uma “unidade especializada” para fazer a “identificação de imóveis públicos e privados devolutos” e que haja um reforço dos incentivos para a “colocação no mercado de prédios e terrenos urbanizados devolutos”.

  • Proposta do Governo: “O Estado pode mobilizar património devoluto através do arrendamento obrigatório por entidades públicas, com o respetivo pagamento de renda, para posterior subarrendamento”.
  • Proposta PSD: “Criação de um Regime Excecional de colocação semiautomática em uso de Imóveis Públicos devolutos ou subtilizados. Qualquer autarquia pode, eventualmente em parceria ou subcontratação com promotores privados, apresentar projetos de aproveitamento para habitação de imóveis do Estado localizados no seu território que se encontrem devolutos, os quais o Estado só se pode opor mediante decisão fundamentada na existência de um projeto de uso alternativo imediato. A proposta da autarquia gera deferimento tácito em caso de ausência de decisão final do Estado central dentro de um prazo de 90 dias”;

Apoios extraordinários às rendas

O Governo pretende atribuir um subsídio máximo de 200 euros para as famílias com taxas de esforço superiores a 35% no pagamento da renda. A proposta visa todos os contribuintes até ao sexto escalão, mas há limites de atribuição. Por outro lado, quer substituir-se aos proprietários, em caso de incumprimento do inquilino por um período de três meses, assumindo o pagamento da renda para que este não seja prejudicado.

Já o PSD pretende substituir o programa Porta 65 por um subsídio temporário ao arrendamento, cuja duração inicial é de quatro anos, mas a sua prorrogação e ajustamento estão sujeitos a avaliação dos resultados da mesma. O apoio é definido em função do valor da renda e “limitado a rendas máxima de referência por tipologia de imóvel, limitado aos agregados até ao sexto escalão do IRS e aplica-se “independentemente de situações de quebra drástica de rendimento, por divórcio, desemprego ou doença”. De acordo com os sociais-democratas, o objetivo é a medida ser inicialmente dirigida a jovens, reformados e pensionistas.

  • Proposta do Governo: “O apoio corresponde à diferença entre a taxa de esforço real e a taxa de esforço final de 35%, com um limite de prestação mensal de 200€ e para contratos celebrados até 31.12.2022″.
  • Proposta do PSD:Subsídio de Arrendamento Habitacional, pelo menos para os jovens e os mais velhos, em conjugação com regimes municipais e substituindo o atual programa Porta 65 para jovens. Este regime de subsídio deve ser temporário, estando a sua prorrogação e ajustamento sujeito a avaliação dos resultados da medida. Este regime implementa a obrigação legal estabelecida em 2012 e 2015 pela maioria PSD/CDS, mas nunca implementado pelos governos socialistas”.

Baixa na tributação dos rendimentos prediais

O Governo quer reduzir a taxa geral de tributação sobre os rendimentos prediais– quando o senhorio não opta pelo englobamento dos rendimentos — dos atuais 28% para 25%. Esta diminuição na taxa autónoma implica alterações também nas taxas mais baixas de IRS que são atribuídas aos contratos de maior duração: entre 5 e 10 anos, reduz de 23% para 15%; entre 10 e 20 anos, recua de 14% para 10%; e a mais de 20 anos, baixa de 10% para 5%.

Já o PSD propõe haver um desagravamento fiscal no acesso a casas de habitação própria permanente ou para arrendamento, com um regime vigente inicial de cinco anos. Neste âmbito, o partido liderado por Luís Montenegro defende a eliminação “ou eventual diminuição muito substancial” do IMT e do imposto do selo na compra de habitação própria e permanente, o fim do imposto do selo para arrendamento, a “redução da taxa liberatória dos rendimentos prediais para arrendamento habitacional em sede de IRS e IRC e reforço das deduções do
pagamento de rendas em sede de IRS”.

  • Proposta do Governo: “Alteração à redução de taxa de IRS para contratos de arrendamento
    habitacional de longa duração”.
  • Proposta do PSD:Desagravamento fiscal do acesso a imóveis para habitação própria e permanente ou arrendamento habitacional e com um limite máximo de valor que exclua imóveis de elevado valor, com regime de vigência inicial de 5 anos e compensação das autarquias por perdas de receita (a realizar através do Orçamento do Estado com devida garantia o Regime Financeiro das Autarquias Locais)”.

Obras com IVA a taxa reduzida

Tanto o Governo com o PSD pretendem reduzir a taxa de IVA aplicada às obras de construção, de forma a incentivar a construção e reabilitação de habitações. Assim, o Governo quer aplicar a taxa de IVA reduzida a “empreitadas de construção ou reabilitação de imóveis afetos a Programa de Arrendamento Acessível”, enquanto o PSD quer o IVA a 6% a todas as “obras e serviços de construção reabilitação”.

  • Proposta do Governo: “Taxa de 6% de IVA em empreitadas de construção ou reabilitação de imóveis afetos a Programa de Arrendamento Acessível (PAA)”.
  • Proposta do PSD:Aplicação de IVA à taxa de 6% nas obras e serviços de construção e reabilitação (hoje existente para reabilitação em ARUs)”.

Isenção do IMT: o mesmo fim, dois caminhos

Tanto o Governo como o PSD têm medidas que visam a isenção do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT), ainda que em moldes diferentes. Se o Executivo, pretende isentar de IMT na compra de imóveis para reabilitação e apenas no caso em que a reabilitação for para ser disponibilizada para o programa de arrendamento acessível, o PSD quer eliminar este imposto na compra de todas as habitações próprias permanentes.

  • Proposta do Governo: “Isenção de IMT na compra para reabilitação se após a reabilitação for afeta a PAA”.
  • Proposta do PSD: “Eliminação (ou eventual diminuição muito substancial) do IMT e Imposto Selo na aquisição de habitação própria e permanente (aumento significativo do limiar de isenção previsto no art.º 9 do CIMT)”.

Terrenos e imóveis de comércio e serviços vão poder servir para habitação

Com o intuito de aumentar a oferta de imóveis para habitação, o Governo propõe que os terrenos ou imóveis autorizados para comércio e serviços possam ser utilizados para construção ou convertidos em habitação sem alteração de planos de ordenamento do território ou licenças de utilização, bem como ceder terrenos que estejam na esfera do Estado para “promoção de arrendamento acessível por parte de privados e cooperativas”.

Já o PSD quer permitir a construção para efeitos de habitação em solos com uso para comércio e serviços, “com adaptação de índices urbanísticos aos novos usos através de unidades de execução nos termos do regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial”.

  • Proposta do Governo: “Converter uso de imóveis de comércio ou serviços em uso habitacional: possibilidade de alterar automaticamente uso de imóveis de comércio ou serviços em imóveis para habitação – sem necessidade de revisão de planos de ordenamento do território ou da licença de habitação –, desde que a custos controlados”.
  • Proposta do PSD: “Permissão de construção para uso habitacional em solos com uso para comércio e serviços, com adaptação de índices urbanísticos aos novos usos através de unidades de execução nos termos do regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial”.

Governo faz “mira” ao alojamento local

Para incentivar o arrendamento e travar o “boom” do alojamento local, o Governo fez “mira” a este modelo de negócio. Assim, o Executivo quer suspender a emissão de novas licenças de alojamento local em todo o país, sendo que as atuais deverão ser reapreciadas em 2030 e a partir dessa data serão sujeitas “a renovação quinquenal não automática”.

Por outro lado, os proprietários deste tipo de estabelecimentos passarão a pagar uma contribuição extraordinária, cuja receita será consignada ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). Além disso, haverá uma isenção fiscal para quem transitar do alojamento local para arrendamento. Já o PSD não tem nenhuma proposta que vise o alojamento local.

  • Proposta do Governo: “Transição de AL para arrendamento: Criação de nova isenção para
    rendimentos prediais auferidos até 31/12/2030 em sede de IRS. Requisitos
    de aplicação da isenção:
    i. Transferência do imóvel afeto ao AL para mercado de arrendamento
    habitacional.
    ii. Estabelecimento de AL registado até 31/12/2022.
    iii. Contrato de arrendamento celebrado até 31/12/2024.
    b. Contribuição Extraordinária sobre o Alojamento Local: Criação de uma contribuição extraordinária sobre o alojamento local (CEAL) a consignar ao IHRU para financiar políticas de habitação acessível”.

Crédito à habitação

Tanto o Governo com o PSD tem medidas para o crédito à habitação. O Executivo pretende obrigar os bancos a disponibilizar uma taxa fixa na contratualização de crédito à habitação. Por outro lado, quer também isentar as mais-valias resultantes da venda de imóveis, caso o valor da venda for utilizado para abater o crédito à habitação do próprio ou o crédito de descendentes.

Além disso, propõe conceder uma bonificação temporária para as famílias até ao sexto escalão de IRS e com créditos à habitação até 200 mil euros, contratados depois de julho de 2018 e em que a taxa de esforço ultrapasse a taxa de juro “stressada” pelos bancos na contratualização do empréstimo, o Estado subsidiará metade do valor que ficar acima do aumento do valor da prestação. O apoio é de até 1,5 do Indexante dos Apoios Sociais (IAS), que se traduz num valor global de cerca de 720 euros.

Já o PSD propõe simplificar a reestruturação dos créditos à habitação, de modo a que o impacto do agravamento dos mesmo seja transferido para “períodos em que o mutuário tem maior rendimento”. Defende ainda a possibilidade de serem estudadas “soluções com prestação fixa de valor mensal e criação de rendas balão no final do prazo” com linhas de garantia pública para o pagamento dessas parcelas. Em alternativa “ou complemento” a essa garantia pública, os sociais-democratas admitem que se crie uma dedução extraordinária à coleta de IRS em 2023 e 2024 em relação aos juros pagos na compra de casa própria e permanente com recurso a crédito.

  • Proposta do Governo:Bonificação temporária do encargo com juros nos créditos hipotecários, para famílias com rendimentos até ao 6º escalão e créditos até 200 mil €, através da compensação de metade do excesso do indexante de referência face a 3% até um limite anual de 1,5 IAS (~720€)”.
  • Proposta do PSD: “Deve ser simplificado o modelo de reestruturação de créditos habitação, sem marcação bancária externa junto do Banco de Portugal nem interna dentro dos bancos, que permita a conceção de operações que diluam o impacto do agravamento pela vida do contrato, transferindo-o para períodos em que o mutuário tem maior rendimento”.

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Grandes bancos correm para subir juros dos depósitos

Santander, Montepio e Caixa: grandes bancos começam a subir juros dos depósitos e deixam concorrência em alerta. Risco de perda de clientes e ameaça dos certificados explicam mudança de comportamento.

O Santander Totta deu o tiro de partida, seguiu-se o Banco Montepio e, agora, foi a Caixa Geral de Depósitos (CGD): após um período de enorme resistência, os grandes bancos estão numa corrida para a subir os juros dos depósitos a prazo. A que se deve a mudança repentina de comportamento? O risco da perda de clientes e a ameaça dos Certificados de Aforro ajudam a explicar a mudança de comportamento das principais instituições financeiras portuguesas, segundo os especialistas ouvidos pelo ECO. Apesar de inundados de liquidez, os bancos precisam dos depósitos para alimentarem o seu negócio e, agora, ninguém quer ficar para trás.

“Os bancos precisam de depósitos para o seu negócio”, resume o economista e professor do ISEG João Duque em declarações ao ECO. Mas, se já precisavam antes, porque tardaram em subir os juros? “Os agentes económicos demoram sempre algum tempo a reagir. E, em algum momento, os bancos teriam de começar a subir as taxas dos depósitos”, explica.

Para Fernando Castro e Solla, ex-diretor bancário e sócio da Baluarte Wealth Advisors, a subida dos juros dos depósitos era uma “inevitabilidade” e “um primeiro passo” face à normalização das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE). Explica que este atraso também teve a ver com “a recuperação gradual da margem financeira” dos bancos: a subida dos juros começa a refletir-se em maior dimensão nas suas carteiras de empréstimos e nas receitas, dando margem para começar a subir os juros dos depósitos. Ponto este que também foi sublinhado por João Duque: “Estão com resultados mais confortáveis”.

Há muito que os bancos portugueses estavam a ser pressionados para subirem os juros dos depósitos. Por conta da escalada da inflação, desde julho que o BCE está a subir ininterruptamente as taxas diretoras da Zona Euro. Estas taxas mais altas transmitem-se depois à economia, nomeadamente sob a forma de empréstimos mais caros e também de depósitos com melhores retornos, num esforço do banco central para reduzir o consumo e incentivar a poupança e, assim, tentar por algum freio na subida dos preços.

O que se observou por cá não seguiu exatamente esta linha: enquanto os juros do crédito (incluindo da casa) subiram em flecha à boleia das Euribor, as taxas dos depósitos encontraram resistência sobretudo nos grandes bancos, devido à situação de abundante liquidez e não só. Uma situação que levou mesmo o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, a puxar as orelhas ao setor por várias ocasiões.

Este cenário inverteu-se na semana passada e os anúncios não vão ficar por aqui certamente.

Na passada quinta-feira, o Santander Totta lançou cinco novos depósitos a prazo com remunerações até 2%, com o Banco Montepio a seguir as pisadas no dia seguinte com um depósito a 24 meses com taxa de 2%. Agora foi a Caixa, que acaba de colocar no mercado um depósito a um ano com uma taxa que pode ir até aos 2,1%, segundo o Jornal de Negócios (acesso pago). Pelo peso que o banco público tem no mercado, era o sinal que faltava para a concorrência “mudar de vida”. No Novobanco e BPI também já há depósitos a renderem 2%.

No espaço de poucos dias, o tema dos juros dos depósitos passou de “quando é que os bancos vão começar a subir” para “quem é que vai ficar para trás”.

João Duque antecipa uma “corrida” da concorrência para não perder clientes, mas admite que “os primeiros que se movimentaram podem ter alguma vantagem” em relação a quem ainda não melhorou as condições dos seus depositantes.

Banco Santander Portugal, de Pedro Castro e Almeida, deu tiro de partida na subida dos juros entre os grandes. TIAGO PETINGA/LUSA

“Amarrar” os clientes

Embora cada um tenha a sua própria estrutura de financiamento, os bancos dependem em grande medida dos depósitos das famílias – que representam uma base de financiamento bastante estável – para concederem crédito.

“Se a economia crescer um bocadinho, os bancos precisarão de mais depósitos para continuar a alimentar o seu negócio”, salienta João Duque. Porém, há depósitos e depósitos, ressalva o economista.

O negócio da banca faz-se muito nesta particularidade: enquanto as instituições concedem dinheiro a longo prazo, os depósitos têm prazos mais curtos, o que torna a gestão de qualquer instituição mais exigente, por um lado, e a sua atividade amplamente supervisionada e regulada, por outro.

Com grande parte das poupanças depositadas à ordem, consequência dos juros baixos da última década, aumentar a remuneração dos depósitos à ordem visa também outro objetivo além da de providenciar liquidez ao banco: “amarrar o compromisso do cliente”. “Se o banco conseguir ter mais depósitos à ordem, isso dá-lhe uma gestão mais confortável. Por outro lado, significa que o supervisor exigirá rácios de liquidez menores”, diz João Duque.

De acordo com os dados do Banco de Portugal, quase metade dos 180 mil milhões de euros depositados nos bancos são à ordem.

Certificados de Aforro provocam “dano”

No meio disto, não há como não relevar o papel do Estado neste forcing junto da banca, designadamente através dos Certificados de Aforro que estão a captar um fluxo de poupanças das famílias e a “roubar” depósitos, como admitiu recentemente o CEO do Santander Totta – o primeiro, por sinal, a melhorar a remuneração dos seus depósitos para travar a saída de poupanças que já estava a verificar.

Tal como os depósitos bancários, os certificados são um instrumento de poupança muito seguro, mas, ao contrário dos primeiros, acompanharam rapidamente a subida das taxas do mercado e estão a oferecer remunerações atrativas acima de 3%. Rapidamente se tornaram num produto de eleição dos portugueses, com mais sete mil milhões investidos em 2022.

“Os aforradores estão cada vez mais bem informados sobre as alternativas. Se os bancos não se posicionassem iam perdendo quota no aforro nacional”, atira Fernando Castro e Solla.

João Duque diz que os Certificados de Aforro já começaram a provocar “algum dano” que os bancos procuram agora conter. “Se as pessoas deslocarem as suas poupanças, os bancos podem ficar desequilibrados e evidenciarem dificuldades nos exercícios de testes de stress de liquidez”, aponta.

No Totta, segundo explicou Pedro Castro e Almeida, a saída de depósitos no ano passado tiveram dois destinos: para amortização do crédito da casa e para investimento nos Certificados de Aforro.

Sentindo a ameaça, o presidente do BPI anunciou que prepara uma subida dos juros dos depósitos pois não quer que os seus clientes fujam para os Certificados de Aforro e até lançou farpas à alta remuneração que o Estado oferece neste produto: “Não seria necessário o Estado pagar tanto, mas entendo o incentivo para a poupança”, disse João Pedro Oliveira e Costa.

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