Dona da FlixBus assume viagens mais caras em 2022

Grupo alemão de mobilidade conseguiu operações rentáveis em 2022, depois das dificuldades lançadas pela pandemia. Espera aumento das receitas de pelo menos 20% em 2023.

As viagens da FlixBus ficaram mais caras em 2022. O grupo alemão Flix, que detém a empresa de mobilidade assumiu que teve de repercutir nos consumidores parte da subida dos custos da energia ao longo do último ano. Apesar disso, o grupo Flix voltou a ter operações rentáveis em 2022 e espera um aumento de receitas de pelo menos 20% em 2023.

“Os nossos consumidores sentem que o dinheiro está a escassear e que há inflação. Queremos manter-nos a forma mais acessível de viajar. No entanto, claro que houve subidas de custos, que afetaram a nossa base de preços. Não estamos independentes da inflação dos produtos energéticos para os combustíveis e a energia para os comboios. Tivemos de passar parte dos custos para os consumidores”, assumiu o presidente executivo da Flix, André Schwämmlein, em conferência de imprensa esta terça-feira.

O gestor, no entanto, afastou mais subidas de preços para 2023: “temos de usar a tecnologia para tornar as nossas operações ainda mais eficientes e manter os preços tão baixos quanto possível“.

Em 2022, o grupo Flix transportou mais de 60 milhões de passageiros, mais do dobro (+113%) do que em 2021. Além do regresso da procura dos viajantes pelo fim das restrições pandémicas, o crescimento deveu-se à entrada em novos mercados, como o Canadá, e à consolidação das apostas no Brasil e nos Estados Unidos.

Também no último ano, as receitas da dona da Flixbus triplicaram para mais de 1,5 mil milhões de euros e as operações foram rentáveis, o que não tinha acontecido em 2021, por exemplo. Para este ano, a empresa conta com um aumento da faturação de pelo menos 20%. Irá ainda entrar num novo mercado, no Chile, na segunda metade de 2023.

Apesar das dificuldades geradas pela Covid-19 em 2020 e 2021, o grupo Flix garante estar para durar no mercado dos transportes coletivos. “Não temos esta empresa para depois a vender. Estamos cá para os próximos 100 anos. Queremos ser uma empresa totalmente global”, ambiciona André Schwämmlein.

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Custo de financiamento de curto prazo dispara em leilão de bilhetes do Tesouro

Taxa exigida no leilão de bilhetes do Tesouro com maturidade a três meses passa de -0,302% para 2,568%. Na emissão a 11 meses subiu de 2,104% para 2,975%.

O custo de financiamento do Estado aumentou substancialmente nos dois leilões de Bilhetes do Tesouro realizados esta quarta-feira pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP). Nos títulos com maturidades a três meses a taxa de juro média implícita fixou-se nos 2,568% e nos títulos a 11 meses subiu para 2,975%.

Os resultados na linha com maturidade em maio de 2023, onde foram colocados 450 milhões, compara com a taxa média de -0,302% conseguida a 15 de junho do ano passado, para um financiamento de 500 milhões de euros. A procura superou em 2,91 vezes a oferta.

Na linha com maturidade em janeiro de 2024, onde foram colocados 300 milhões, os resultados desta quarta-feira comparam com a yield de 2,104% conseguida a 19 de outubro, para um financiamento de 750 milhões de euros. A procura superou em 2,91 vezes a oferta. Os leilões desta quarta-feira tinham um montante indicativo de 750 a 1000 milhões.

“Se comparamos com o leilão de janeiro, que foi para prazos superiores dos atuais, 6 meses e 12 meses, verificamos que tivemos subidas significativas em ambas as maturidades”, assinala Filipe Silva, Diretor de Investimentos do Banco Carregosa, numa nota enviada às redações.

O custo das emissões no mercado primário tem vindo a subir, fruto da subida das taxas de juro de referência pelo Banco Central Europeu com o objetivo de travar a inflação, que em janeiro se situou nos 8,5% segundo a estimativa rápida do Eurostat. O aperto das condições monetárias vai prosseguir em março, sendo esperada um novo aumento de 50 pontos base, e pode não ficar por aí.

O IGCP emitiu 1.000 milhões de euros em obrigações do Tesouro com uma maturidade de nove anos e meio, na semana passada. O custo também subiu, passando de 2,68% na emissão de junho de 2022 para 3,172%.

Se tivermos taxas elevadas por um período de tempo muito longo, é possível que o custo do serviço da dívida comece a pesar mais nos resultados económicos do país.

Filipe Silva

Diretor de Investimentos do Banco Carregosa

“A subida dos prémios de risco dos países tem sido global, Portugal tem agora taxas mais elevadas para se financiar, no entanto e por força do bom desempenho da sua economia, o seu spread versus a Alemanha tem-se mantido estável e está no valor mais baixo desde abril de 2022, altura em que ainda tinha taxas negativas no curto prazo”, observa Filipe Silva. Quando comparado com os países da periferia, Portugal é o que apresenta o melhor desempenho relativo, sublinha o diretor de Investimentos do Banco Carregosa, notando, no entanto, que “se tivermos taxas elevadas por um período de tempo muito longo, é possível que o custo do serviço da dívida comece a pesar mais nos resultados económicos do país.”

(Notícia atualizada às 12h10 com comentário do diretor de Investimentos do Banco Carregosa)

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TTR: Morais Leitão começa o ano a liderar as principais operações de M&A

A Morais Leitão liderou por valor total das operações no mês de janeiro, com 163 milhões de euros, liderando também o ranking de assessores jurídicos do TTR por número de transações, com três.

O recente ranking do TTR Data, que analisa o período entre 1 a 31 de janeiro de 2023, revela quais foram os principais escritórios de advogados e legal advisors, nas principais operações de M&A, Venture Capital, Private Equity e Asset Acquisition. A Morais Leitão lidera por valor total das operações, cerca de 163 milhões de euros e liderou também o ranking de assessores jurídicos por número de transações, com três.

Segundo o relatório da TTR, no primeiro mês do ano foram realizadas 39 transações que se traduziram num valor total de 368 milhões de euros. Das quatro áreas, Asset Acquisition destacou-se com 18 transações (213 milhões de euros), seguida por M&A com 17 transações (127 milhões de euros), Venture Capital com quatro transações (27 milhões de euros), e Private Equity com uma transação (sem valor estimado).

Estes números representam uma diminuição de 27% no número de transações em comparação ao mesmo período de 2022, bem como uma queda de 33% do capital mobilizado. O setor de Real Estate foi o mais ativo em janeiro, com 15 transações, seguido de Business & Professional Support Services, com quatro.

O TTR selecionou como transação do mês a aquisição de uma participação de 50% na Ecosteel e Ecolaúndos pela Vanguard Properties, com um valor da transação é de 30 milhões de euros. A operação contou com a assessoria jurídica dos escritórios da Vieira de Almeida. Do lado financeiro, a transação foi assessorada pela PKF.

Veja aqui todos os rankings.

M&A, Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

As sociedades em destaque são a Morais Leitão, com um valor de 163 milhões de euros, seguida pela Vieira de Almeida (VdA), com 30 milhões e a fechar o top 3 a Pares Advogados com um valor total de 13 milhões de euros.

No que concerne ao número de transações em M&A, Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions a liderar a tabela ficou a Morais Leitão, com três transações, seguida da CCR Legal, com três, e da Vieira de Almeida, com uma.

Já relativamente aos “dealmakers“, advogados que centram a sua prática na área de M&A, Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions, duas sociedades de advogados estão representadas na tabela, face ao valor de transações, sendo a Morais Leitão o escritório com o maior número de distinções (três). João Torroaes Valente e Pedro Pardal Goulão, sócios da Morais Leitão, ocupam os lugares cimeiros da tabela com uma transação que se traduz em 150 milhões de euros.

Os dealmakers que somaram um maior número de transações nestas áreas foram João Torroaes Valente e Pedro Pardal Goulão, sócios da Morais Leitão, Jorge Bleck, sócio da VdA, e Rita Marques, senior counsel da VdA.

Os “rising star dealmakers” na área de M&A, Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions, por valor de transações, pertencem a três firmas: Morais Leitão, com cinco destacados, Pares Advogados com três, e VdA com um advogado. Andreia Bento Simões, associada coordenadora, Inês Cabral Ferreira, associada principal, Inês Ventura Salazar, associada, e Rui Ribeiro Lima, advogado sénior, todos da Morais Leitão, ocupam o primeiro lugar com um valor total de transações de 150 milhões de euros cada.

Se for pelo número total de transações, o lugar cimeiro da tabela de “rising star dealmakers” na área de M&A, Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions volta a pertencer aos quatro advogados da Morais Leitão.

Venture Capital

Na área de Venture Capital a sociedade em destaque é a Morais Leitão, com um valor de 13 milhões de euros, que corresponde a uma transação.

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Unicórnio Sword Health reforça com novo Chief Marketing Officer

Com 15 anos de experiência em marketing na área farmacêutica e retalho, Michael Krueger transita da Alto Pharmacy onde era, mais recentemente, CMO.

Michael Krueger é o Chief Marketing Officer (CMO) da Sword Health, confirmou a ECO Pessoas junto do “unicórnio” com ADN português. O novo responsável de marketing da empresa fundada por Virgílio Bento transita da Alto Pharmacy, onde ocupava funções de CMO.

“Verdadeiramente honrado em dar as boas-vindas a Michael Krueger à equipa da Sword. Michael traz uma rara combinação de direção excecional e sucesso comprovado a liderar equipas de marketing de alto desempenho, tornando-o o líder ideal para materializar a nossa visão de um mundo sem dor ao mesmo tempo que cria uma empresa geracional,” afirma Virgílio Bento, fundador e CEO da Sword Health.

Michael Krueger é o Chief Marketing Officer (CMO) da Sword Health

Com 15 anos de experiência em marketing na área farmacêutica e de retalho, Michael Krueger transita da Alto Pharmacy onde era, mais recentemente, CMO. One Kings Lane, West e Target são outras das empresas que fazem parte do currículo do profissional, de acordo com a informação no seu LinkedIn.

“Chegou a hora do próximo desafio! Entusiasmado por me juntar a Virgílio Bento e a toda a equipa da Sword Health em procurar ajudar as dois mil milhões de pessoas em todo o mundo que lutam contra a dor”, diz Michael Krueger, CMO na Sword Health.

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Borrell: “Para ganhar a paz é preciso ganhar a guerra”

Chefe da diplomacia da UE diz que Europa não deve ser ingénua e parar apoio à Ucrânia pensando que a paz virá mais depressa: “Vitória russa é uma ameaça à segurança europeia”.

Josep Borrell, chefe da diplomacia da UEParlamento Europeu 2023

“Para ganhar a paz é preciso ganhar a guerra”, declarou o chefe da diplomacia da União Europeia (UE) esta quarta-feira no Parlamento Europeu. Josep Borrell pede à Europa para não ser ingénua e pensar que a paz virá mais depressa se parar de apoiar a Ucrânia. “O que virá é uma vitória russa, uma ameaça à segurança europeia”, afirmou o responsável no debate sobre um ano de invasão da Rússia, a 24 de fevereiro de 2022.

Segundo Borrell, a UE já fez muito na ajuda à Ucrânia, “mas não fez o suficiente”, sendo necessário apoiar Kiev “mais do que nunca” para acabar com a guerra derrotando Putin.

“Não gosto da guerra. Não sou bélico, não tenho qualquer anseio bélico, como todos vós. Nem era preciso dizer isso. Mas para alcançar a paz é preciso continuar a apoiar a Ucrânia, mais do que nunca”, disse.

O dirigente espanhol instou ainda os Estados-membros a serem mais diligentes no envio de mais tanques para a Ucrânia, reconhecendo que a situação no terreno é “difícil”. “Há mais de 360 mil militares russos no terreno. A contraofensiva já começou e, pela primeira vez, a Ucrânia não teve vantagem numérica no palco da guerra”, avisou Josep Borrell aos eurodeputados.

“Já desmobilizámos tanques e não desencadeamos a 3.ª guerra mundial”, ressalvou, visando os vários Governos que resistem a enviar tanques Leopard para Kiev.

Borrell reconheceu que a guerra está a ter um custo muito pesado para todos. Porém, “o sacrifício da Ucrânia é muito maior do que o sacrifício da Europa”, disse.

*O jornalista viajou a Estrasburgo a convite do Parlamento Europeu

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Allen & Overy aposta em Inteligência Artificial para apoiar advogados

O Harvey, chatbot baseado em uma Inteligência Artificial, pretende melhorar a eficiência para os advogados e clientes da Allen & Overy. Sistema não irá ameaçar os empregos dos colaboradores.

O escritório de advogados inglês Allen & Overy vai apostar num chatbot, um software baseado em uma Inteligência Artificial (IA), para melhorar a eficiência para os colaboradores e clientes. Segundo avançou o Financial Times, este sistema, apelidado de Harvey, não irá ameaçar os empregos dos colaboradores do escritório nem reduzir as horas faturáveis. O objetivo é “economizar tempo”.

Testado em novembro para tarefas como a elaboração de documentos de M&A ou memorandos para clientes, este chatbot vai assim passar a ajudar os advogados a redigir documentos. Ainda assim, os advogados serão alertados de que precisam de verificar toda a informação gerada pelo Harvey.

O Harvey, construído usando tecnologia GPT subjacente criada pela OpenAI, já está disponível para os advogados do escritório. A Allen & Overy não avançou sobre o valor do sistema de Inteligência Artificial.

Allen & Overy LLP é um escritório de advocacia internacional, com sede em Londres. A empresa conta 580 sócios e mais de 5.600 pessoas nos vários escritórios espalhados pelo mundo. É o segundo maior escritório de advocacia com sede no Reino Unido em termos de receita, com experiência na área de banca e finanças, fusões e aquisições, litígios, fundos e propriedade intelectual.

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PSD propõe grupo de trabalho sobre vulnerabilidade sísmica do país

  • Lusa
  • 15 Fevereiro 2023

“De Lisboa para o Sul, estamos numa zona de grande vulnerabilidade e é importante ter uma política preventiva e assegurar que, havendo um sismo, podemos minimizar os seus danos”, considera o partido.

O PSD vai propor esta quarta-feira a criação de um grupo de trabalho para avaliar a vulnerabilidade sísmica do país, defendendo uma alteração à legislação para impedir que o Estado passe essa “batata quente” aos municípios.

“Vamos apresentar uma iniciativa para criar um grupo de trabalho para estudar a questão dos sismos”, anunciou o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Luís Gomes.

O deputado eleito pelo Algarve assegurou que esta preocupação do PSD não surgiu com o recente sismo na Turquia e na Síria e lembrou que o partido apresentou uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado para este ano, que foi chumbada em novembro pelo PS.

“Tinha em vista o estudo da vulnerabilidade sísmica dos edifícios que iam ser descentralizados para os municípios, como as escolas e os centros de saúde”, explicou, defendendo que tem de se alterar a legislação relativa à descentralização para assegurar “que não se põe a batata quente nos municípios”.

Para Luís Gomes, antes de transferir equipamentos para os municípios, o poder central “tem de fazer uma análise nas zonas mais sensíveis da vulnerabilidade sísmica”, dizendo ser público que “há hospitais que estão a ser construídos e não estão preparados para funcionar numa crise sísmica”, bem como escolas antigas edificadas antes de haver legislação nesta matéria.

Para o deputado, um grupo de trabalho a funcionar no âmbito da Comissão de Administração Pública, Ordenamento do Território e Poder Local permitiria que os especialistas na matéria pudessem “ajudar o parlamento a fazer uma reflexão, uma fiscalização — se tem sido cumprida a legislação vigente — e um balanço do que tem de ser feito para o futuro”.

“É importante que o país faça um ponto de situação do que existe em termos de tecido legislativo, não queremos legislar em cima do acontecimento, mas temos de ver se o que temos é suficiente para dar reposta àquilo que são as apreensões dos especialistas que vamos ouvir”, disse.

A pedido do PSD, serão ouvidos esta quarta-feira na Comissão do Poder Local, sobre vulnerabilidade sísmica, os autores do estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) sobre a avaliação da vulnerabilidade sísmica dos edifícios principais das escolas do município de Lisboa, representantes da Ordem dos Engenheiros e outros professores universitários especialistas na matéria.

“Sobretudo de Lisboa para o Sul, estamos numa zona de grande vulnerabilidade e é importante ter uma política preventiva e assegurar, que havendo um sismo, podemos minimizar os seus danos”, resumiu o deputado Luís Gomes.

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RIU, Iberostar, Barceló e Lopesan entre os hoteleiros mais ricos de Espanha

  • Servimedia
  • 15 Fevereiro 2023

Os empresários dos hóteis RIU, Iberostar, Barcelo e Lopesan estão entre os hoteleiros mais ricos de Espanha.

Carmen e Luis Riu Güell, Miguel Fluxá, Eustasio López ou Simón Pedro Barceló, estão entre os hoteleiros mais ricos de Espanha e entram no ‘top 50’ da lista dos ‘Os mais ricos de Espanha 2023’ feita pelo jornal ‘El Mundo’ com base em estimativas de riqueza, noticia a Servimedia.

Todos eles aumentam a sua posição nesta lista em relação a 2022. Carmen e Luis Riu Güell, proprietários da Riu Hotels & Resorts, a terceira cadeia em Espanha por receitas e a quarta por número de quartos, ocupam a 11ª posição neste ranking particular, o que os coloca como líderes na categoria de turismo e hotelaria com uma riqueza de 3.005 milhões de euros, de acordo com as estimativas do jornal. Um número que aumenta significativamente os 2,535 milhões refletidos na lista de 2022.

O presidente dos hotéis Iberostar, Miguel Fluxá Roselló, encontra-se na 19ª posição, e está associado a um valor líquido estimado de 2.005 milhões de euros, o que representa um aumento de mais de 11% em relação aos dados de 2022. O grupo Mallorcan selou uma aliança no final de 2022 com a empresa britânica InterContinental (IHG), a quinta maior empresa hoteleira do mundo, com 6.000 propriedades e 885.000 quartos, para comercializar 70 hotéis através dos canais de venda directa do grupo americano.

Também nas Ilhas Baleares, destaca-se Simón Pedro Barceló Vadell, proprietário do grupo Barceló, aumentando em mais de 21% os dados refletidos na lista de 2022. Em 2023 ocupa a 33ª posição no ranking graças a um valor líquido de 1,535 milhões de euros. O volume de negócios da Barceló em 2022 foi 104% superior ao do ano anterior, de acordo com os números divulgados na Fitur 2023.

Nas Ilhas Canárias, destaca-se o empresário Eustasio López, proprietário do grupo hoteleiro Lopesan, atualmente na 49ª posição na lista de Os Mais Ricos de Espanha 2023. Com uma fortuna de 1,125 milhões de euros, ele é 27,8% maior do que em 2022 e, tal como os outros principais hoteleiros, está a subir nas fileiras dos 50 primeiros. O Grupo Lopesan e o IFA acrescentam 6.200 quartos em 14 hotéis nas Ilhas Canárias, República Dominicana, Alemanha e Áustria.

Os aumentos de ativos refletidos pelos principais líderes do setor hoteleiro são mais um sinal da clara recuperação que o setor turístico espanhol está a experimentar após a pandemia e o potencial económico que a indústria hoteleira ainda tem. Em Novembro de 2022, outra lista popular de executivos mais ricos, a lista Forbes 100 Richest, também refletiu um número significativo de famílias hoteleiras na sua classificação.

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Diploma vs. competências: novos requisitos para contratação

  • Conteúdo Patrocinado
  • 15 Fevereiro 2023

O grau académico ainda tem importância nos requisitos para contratação? As novas tendências demonstram que não será bem assim.

As dificuldades em contratar tornaram-se cada vez mais comuns, sentindo-se num número de setores progressivamente superior. Para contornarem este obstáculo, algumas empresas mostram-se mais flexíveis quanto aos requisitos para contratação. Não se trata apenas de uma abertura para soluções de trabalho à distância. Além disso, está também a ser equacionada a disponibilidade para receber pessoas com menos competências académicas.

É mesmo necessária uma licenciatura?

Empresas como a Google, a Delta Air Lines ou a IBM, por exemplo, já reduziram os seus requisitos para contratação em algumas posições, incluindo a exigência de licenciatura. Contudo, a cedência neste critério de seleção tem como contraponto a preferência por determinadas competências e experiência. Como relata um artigo do Wall Street Journal, as contratações começaram a aumentar, em alguns empregos públicos, nos EUA, a partir do momento em que as entidades implementaram novos critérios.

O mesmo artigo cita a vice-presidente executiva da cadeia Walmart Inc., o maior empregador privado dos EUA, declarando que o objetivo da empresa consiste em remover “o foco do modo como alguém adquiriu as suas competências, passando do privilégio do grau de formação para a valorização das competências em si”.

Esta tendência nos requisitos para contratação também começa, sem dúvida, a ganhar terreno na Europa. Aliás, Portugal é exemplo disso. O Ministério da Educação enfrentou a necessidade de alterar as regras que definem os requisitos para dar aulas, na sequência da falta crónica de professores. Assim, em setembro de 2022, publicou-se um diploma que prevê a possibilidade de as escolas, em caso de necessidade, poderem recorrer aos licenciados com créditos na área na qual pretendem dar aulas, dispensando a formação em ensino.

Rui Rocheta, Regional Head Iberia, Latam e Turquia da Gi Group Holding

Ademais, o mesmo ocorreu na contratação de polícias. Em maio de 2022, o Governo anunciou novos requisitos, para “criar uma maior motivação e atratividade das forças e dos serviços de segurança”. Neste caso, optou-se por aumentar a idade máxima para 30 anos e descer a mínima para 18. Além disso, passou a aceitar-se candidaturas de quem ainda frequenta o 12.º ano de escolaridade.

Que competências são mais valorizadas nos requisitos para contratação?

Neste contexto, as competências conquistam, sem dúvida, cada vez mais relevância nos requisitos para contratação. Num estudo sobre o tema, investigadores afirmam que “possuir um grau académico funciona cada vez menos como fator diferenciador no acesso ao emprego”, sendo que “vários estudos apontam para a evidência de que os empregadores estão crescentemente interessados noutro tipo de competências pessoais e sociais. As antigas credenciais, por si, pouco contam diante da personalidade e das soft skills dos graduados”.

Nesse artigo, elencam-se as competências mais procuradas pelos empregadores, a saber:

  • responsabilidade;
  • disponibilidade para aprender, para a mudança e a adaptação aos contextos de trabalho;
  • compreensão dos métodos e das regras do trabalho;
  • capacidade de trabalhar em equipa;
  • sentido de compromisso;
  • bom senso.

As transformações tornaram-se visíveis, resta agora perceber se estamos perante mudanças estruturais nos requisitos para contratação ou apenas respostas temporárias, para resolver problemas conjunturais. Independentemente do caso, a experiência demonstrará, certamente, se possuir um diploma faz assim tanta diferença, na garantia de um bom desempenho profissional.

Rui Rocheta, Regional Head Iberia, Latam e Turquia da Gi Group Holding

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Das plataformas digitais ao outsourcing, advogados dão nota negativa a alterações à lei laboral

Entre as medidas mais polémicas estão as plataformas digitais, o outsourcing, o período experimental e a licença parental do pai.

Não são só os patrões a dar nota negativa ao conjunto de mais de 150 normas da lei do trabalho alteradas e introduzidas no novo Código de Trabalho no âmbito da Agenda do Trabalho Digno. Também os advogados especialistas em direito laboral consideram que o diploma não só ficou aquém das expectativas, como deixou de fora temas como: as novas formas de organização do trabalho, flexibilização dos horários, semana de quatro dias, despedimentos por baixa performance e benefícios fiscais para determinados pagamentos da remuneração em espécie. Apontam ainda que a proibição de recorrer ao outsourcing após o despedimento é até “inconstitucional”.

As novas regras laborais no domínio das plataformas digitais, que podem criar “uma certa confusão”; o período experimental reduzido ou removido, que apresenta uma redação “atroz”; e o alargamento da licença parental do pai, que, feitas as contas, pode representar uma “diminuição do número total de dias em que pai e filho poderão efetivamente privar” estão entre as alterações que geram maiores críticas entre os advogados especialistas na área laboral ouvidos pela ECO Pessoas.

Guilherme Dray, um dos envolvidos na composição do Livro Verde — documento redigido em conjunto com académicos, pensadores, a sociedade civil e parceiros sociais que criou as linhas orientadoras para a elaboração da agenda — assegura que a agenda tem “aspetos bastante positivos”. Mas reconhece, à semelhança dos especialistas ouvidos pela ECO Pessoas, que existem, de facto, “pontos mais controversos”. Os mais evidentes são “a proibição (nalguns casos) de recurso ao outsourcing e a exigência de fundamento para a denúncia das convenções coletivas (como condição de validade da mesma)”, considera.

Proibição do recurso a outsourcing é “inconstitucional”

Uma das medidas que mais polémica tem gerado é a que impede as empresas que cessem contrato com o trabalhador temporário (por motivo que não lhe possa ser imputado) de recorrer ao outsourcing para externalizar serviços, para o mesmo posto ou para a mesma atividade profissional, sem que tenha decorrido, pelo menos, um terço da duração do contrato, incluindo renovações. A regra aplica-se não só ao empregador, mas também a todas as empresas do mesmo grupo.

As cinco confederações patronais que integram o novo conselho nacional das confederações “já se mostraram muito insatisfeitas com a redação final do acordo, referindo-se a esta medida em concreto como “inaceitável”. “Naquelas medidas, há muitas situações que não são positivas para as empresas e que não têm grande mais-valia, antes pelo contrário. É o caso dos contratos de trabalho e a questão do outsourcing”, afirma João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), em declarações à ECO Pessoas.

Tal como foi concebida, esta proibição (de recorrer ao outsourcing) fere princípios basilares como o da gestão empresarial ou da livre iniciativa económica das empresas. Uma visão ‘cega’ deste tema, sem criar qualquer tipo de exceção ou linha de enquadramento, penalizando as empresas que já estão no mercando e excecionando as que se acabam de instalar, demonstra um profundo desconhecimento daquela que é a ‘vida’ destes operadores económicos e da complexidade das suas necessidades mais básicas de funcionamento.

Joana de Sá

Partner e head of labour department da PRA - Raposo, Sá Miranda & Associados, Sociedade de Advogados

Os especialistas em direito consideram esta medida inconstitucional. “Tal como foi concebida, esta proibição fere princípios basilares como o da gestão empresarial ou da livre iniciativa económica das empresas. Uma visão ‘cega’ deste tema, sem criar qualquer tipo de exceção ou linha de enquadramento, penalizando as empresas que já estão no mercando e excecionando as que se acabam de instalar, demonstra um profundo desconhecimento daquela que é a ‘vida’ destes operadores económicos e da complexidade das suas necessidades mais básicas de funcionamento algumas das quais, pelas mais diversas razões, tantas vezes só podem ser efetivamente supridas pela via do outsourcing”, considera Joana de Sá, partner e head of labour department da PRA – Raposo, Sá Miranda & Associados, Sociedade de Advogados, em declarações à ECO Pessoas.

Também Pedro Antunes, partner da CCA Law firm, considera que a medida vai contra um mercado flexível e livre. “Estas alterações vão todas na linha da proteção do trabalhador, numa altura em que voltamos a ter necessidades extremas de reestruturações das empresas, o legislador decide impor um aumento do valor das indemnizações, o que contraria o que foi feito há cerca de dez anos com a troika, mas pior do que isso cria normas como a proibição do outsourcing ou o alargamento de poderes da ACT para fiscalizar os despedimentos que, na nossa opinião, não fazem qualquer sentido, não só por estar em causa uma efetiva intromissão no princípio da liberdade de gestão empresarial, mas porque efetivamente o mercado quer-se mais flexível e livre. É primordial para a nossa economia nos tempos que correm não continuar a pensar que o trabalhador pode continuar acomodado a cumprir com o seu horário (quando o cumpre) e que não esteja preocupado em cumprir com o resultado”, comenta.

O economista João Cerejeira confessa que não percebeu bem a lógica da medida. “Quer dizer, percebi a lógica, que é tentar limitar o recurso à subcontratação após um despedimento coletivo. Mas é retirar um instrumento de gestão da empresa, porque a maioria dos casos de subcontratação fazem sentido que vão além do custo salarial. É todo o custo que a empresa tem para ter um serviço dentro da empresa que muitas vezes não tem em escala suficiente. É muitas vezes o caso da contabilidade ou a parte informática ou até de RH. É algo que pode ser passado para outras empresas que têm esse serviço”, defende.

“Se uma empresa estiver num processo de reestruturação que envolva, por exemplo, um despedimento coletivo que seja necessário para a sobrevivência da própria empresa, estar a limitar a empresa que nesse processo não consiga também reestruturar a sua organização e aquilo que precisa não poder ‘comprar fora’ acho que é uma limitação que não tem efeito nenhum prático”, continua.

Do ponto de vista do economista, a medida tem um efeito mais negativo no aumento da litigância do que propriamente positivo em termos disciplinar do despedimento coletivo. “Até porque este tipo de despedimento em Portugal, apesar de ser possível, não é um recurso muito frequente. Portanto, isto parece mais uma coisa comunicacional, no sentido de dar um recado, do que propriamente efetivo do ponto de vista económico.”

“O fim do outsourcing é mais um fator de entropia para as empresas. Portugal, comparando com os outros países, tem taxas de precariedade – de contratos a termo – muito superiores à média europeia. Portanto, ou dão apoios em termos fiscais ou de subsídios à contratação sem termo, alguns até já existem. Mas simultaneamente penalizar a contratação a termo. Se o objetivo é diminuir o peso e relevância da contratação a termo na economia portuguesa, acho que é um passo no sentido certo. Mas há o risco de fazer crescer outras formas de contratação ainda mais informais, como é o caso dos recibos verdes.”

Novas regras para plataformas digitais soam a “coisa mal amanhada”

O Artigo 12.º-A foi um dos mais controversos de toda a negociação. Trata-se de uma adenda ao Código do Trabalho que vem definir novas regras laborais no domínio das plataformas digitais (como, por exemplo, a Uber ou a Glovo). Em linhas gerais, o diploma define seis características que podem levar a que um tribunal determine quem deve ser considerado o patrão de um motorista ou estafeta, caso se verifique a ocorrência de, pelo menos, uma dessas seis – por exemplo, nos casos em que é a própria plataforma que fixa a retribuição pelo trabalho efetuado ou define limites máximos e mínimos à mesma.

No entanto, Ricardo Rodrigues Lopes, partner da Caiado Guerreiro, considera que, no final de contas, o que ficou criado foi “uma espécie de regime híbrido”. “Diz que é um contrato de trabalho, mas depois lista apenas as normas em que se vão aplicar. Parece que cria três tipos de contrato: os contratos de trabalho normais; passamos a ter uma espécie de contrato de trabalho das plataformas digitais, em que só se aplicam algumas normas e não é exatamente claro quais é que são; e, depois, temos os contratos de prestação de serviços com dependência económica, em que também vem aqui prever a aplicação de algumas normas de aplicação do contrato de trabalho. Tudo isto cria uma certa confusão, principalmente nestes casos de prestação de serviços dependente e das plataformas digitais, sobre o que efetivamente se irá aqui aplicar“, explica o partner da Caiado Guerreiro.

RODRIGO ANTUNES/LUSARODRIGO ANTUNES/LUSA

“O que parece é que se quer assumir que é contrato de trabalho, mas sem assumir todas as consequência de decidir que isto é um contrato de trabalho. Soa-me a uma coisa mal amanhada. Poderia haver um regime específico de flexibilidade ou outro regime mais específico para a questão das plataformas digitais, em termos de horário de trabalho e de remuneração, talvez”, sugere.

Redação sobre período experimental é “atroz”

Ricardo Rodrigues Lopes classifica ainda a redação da norma sobre o período experimental — que determina que o período experimental para jovens à procura do primeiro emprego e para desempregados de longa duração, atualmente de 180 dias, deverá ser reduzido ou até mesmo excluído, caso a duração do anterior contrato de trabalho a termo, celebrado com um empregador diferente, tenha sido igual ou superior a 90 dias — como “muito infeliz” e mostra-se reticente quanto à interpretação da mesma.

“Da forma como está escrito, parece que nos casos em que o contrato de trabalho ou de estágio tenha durado mais de 90 dias poderá permitir, inclusivamente, a exclusão do período experimental. Penso que a intenção é que, nesses casos, não se aplique o período de 180 dias do período experimental previsto para essa situação, mas apenas a diferença entre os 90 dias previstos na regra geral e os 180 dias. Ou seja, se a pessoa trabalhou 90 dias, em vez de se aplicar os 180 dias, aplicar-se-ia apenas os 90 dias do regime geral. Mas não é isso que está escrito.”

A opinião de Guilherme Dray vai ao encontro do raciocínio de Ricardo Rodrigues Lopes. Para o advogado, “há normas que poderiam estar mais bem redigidas, do ponto de vista técnico” e percebe-se que “o trabalho feito pelos deputados, a diversas mãos e por vezes sob pressão do tempo, nem sempre conduziu aos melhores resultados em termos de técnica legislativa.”

Podemos ter uma maior redução ou nenhum período experimental para um primeiro trabalhador, que vai trabalhar pela primeira vez, do que para um trabalhador com 20 anos de prática. Não é isso que se pretende, mas a redação [da norma] é atroz.

Ricardo Rodrigues Lopes

Partner da Caiado Guerreiro

Em última instância, com esta medida, poderão criar-se até situações de desigualdade. “Podemos ter uma maior redução ou nenhum período experimental para um primeiro trabalhador, que vai trabalhar pela primeira vez, do que para um trabalhador com 20 anos de prática. Não é isso que se pretende, mas a redação [da norma] é atroz“, explica Ricardo Rodrigues Lopes.

E prevê que a situação “vai criar algumas dificuldades de interpretação e, possivelmente, implicar até a revisão ou retificação da norma na redação final”.

Pedro Antunes, por sua vez, considera a alteração ao período experimental nos primeiros empregos “totalmente incompreensível”. “Em nada ajuda na introdução do mercado dos mais jovens, pelo contrário”, afirma.

Alargamento da licença parental do pai pode traduzir-se numa “diminuição dos dias”

O documento contém ainda outra medida que, na opinião de Joana de Sá, não foi bem conseguida no plano do reforço das garantias, referindo-se à alteração ao regime da licença parental do pai. O pai vê-se obrigado pela lei a gozar a licença de 28 dias, “seguidos ou em períodos de no mínimo sete dias, nos 42 dias seguintes ao nascimento”, lê-se no documento. Destes 28 dias, sete devem ser gozados de modo consecutivo logo após o nascimento.

“Os dias de licença deixam de ser úteis, passam a sobrepor-se aos de descanso e a não considerarem os dias de feriado. Na prática, podem ocorrer situações em que o ‘aumento’ para 28 dias seguidos de licença represente mesmo uma diminuição do número total de dias em que pai e filho poderão efetivamente privar”, alerta.

Já Pedro Antunes considera que o legislador ficou aquém do que podia na revisão do regime da parentalidade. “A alteração de 20 dias úteis para 28 dias seguidos ou interpolados beneficia pouco o pai, quando na restante Europa chegamos a ter regimes de equiparação da parentalidade-maternidade. Em Espanha, por exemplo, o pai já tem direito às mesmas 16 semanas que a mãe. Impunha-se um alargamento do período de forma mais clara“, refere.

A alteração de 20 dias úteis para 28 dias seguidos ou interpolados beneficia pouco o pai, quando na restante Europa chegamos a ter regimes de equiparação da parentalidade-maternidade. Em Espanha, por exemplo, o pai já tem direito às mesmas 16 semanas que a mãe. Impunha-se um alargamento do período de forma mais clara.

Pedro Antunes

Partner da CCA

Ainda nesta senda, o advogado destaca o regime de justificação de faltas para acompanhamento de filhos menores (doentes oncológicos ou outras doenças crónicas), onde permanece “injustificadamente” o limite dos 30 dias por ano.

Uma oportunidade perdida para…

A convicção de que esta “agenda” deixa de fora várias medidas e temas igualmente relevantes é transversal aos especialistas ouvidos pelo ECO Pessoas. Joana de Sá, apesar de admitir que a agenda era ambiciosa ao nível das mudanças preconizadas, considera que “se perdeu a oportunidade” de tocar temas “como os ligados às (novas e velhas) formas de organização do trabalho“.

Uma opinião partilhada por Pedro Antunes. “Ficam a faltar muitas medidas, o código do trabalho encontra-se desajustado da nossa atual realidade e parece que não houve a devida preocupação com a realidade e com as vicissitudes do dia a dia, mas sim em alargar o regime de proteção dos trabalhadores”, defende.

“Do lado das empresas continuamos a sentir que o código do trabalho não apresenta soluções para uma maior flexibilização dos horários; medidas que possam fomentar a semana de quatro dias; possibilitar os despedimentos por baixa performance e sem que seja um critério dentro de um extinção de posto de trabalho; benefícios fiscais para determinados pagamentos da remuneração em espécie“, enumera o partner da CCA.

Por outro lado, Guilherme Dray destaca, pela positiva, “o reforço da conciliação entre a vida profissional e a vida profissional, no domínio da proteção do cuidador informal, em matéria de parentalidade ou mesmo quanto ao alargamento aos trabalhadores economicamente dependentes de benefícios resultantes da negociação coletiva”.

Além disso, o documento “atualiza as compensações em matéria de cessação do contrato a termo, do trabalho temporário e no domínio do despedimento coletivo”, antecipando ainda “o que consta da proposta de Diretiva da União Europeia sobre o trabalho prestado nas plataformas digitais”.

Patrões aguardam audiência com António Costa

O Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP) partilhou esta segunda-feira as suas preocupações no âmbito da Agenda do Trabalho Digno com Marcelo Rebelo de Sousa. João Vieira Lopes, presidente da CCP, mostra-se expectante. “Ficámos com a ideia de que o Presidente da República valoriza a concertação social e que refletirá sobre algumas destas preocupações que apresentámos”, assegura.

As confederações patronais pediram também uma reunião de emergência ao primeiro-ministro, que ainda não tem data marcada, mas deverá acontecer durante este mês.

Não houve acordo relativamente à Agenda do Trabalho Digno. A agenda não foi aprovada por nenhum parceiro social e, inclusivamente, as confederações suspenderam a sua participação na concertação social.

João Vieira Lopes

Presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal

“Não é um conjunto de medidas que favoreça as empresas. De maneira geral, até vai dificultar a atividade das empresas”, resume o líder da CCP. E salienta: “É importante dizer que não houve acordo relativamente à Agenda do Trabalho Digno. A agenda não foi aprovada por nenhum parceiro social e, inclusivamente, as confederações suspenderam a sua participação na concertação social.”

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Professores do quadro também vão poder mudar de escola todos os anos

  • ECO
  • 15 Fevereiro 2023

Nova proposta do Ministério da Educação prevê que os concursos de professores passem a realizar-se todos anualmente, incluindo o que se destinam à movimentação de docentes do quadro.

Os concursos de professores vão passar a realizar-se todos anualmente, incluindo o que se destinam à movimentação de docentes do quadro (concurso interno), segundo uma nova proposta do Ministério da Educação entregue aos sindicatos dos professores, noticiada pelo Público (acesso pago).

“A abertura dos concursos para satisfação de necessidades de pessoal docente tem uma periodicidade anual”, lê-se no anteprojeto de decreto-lei entregue pelo Ministério da Educação na terça-feira aos sindicatos e disponibilizado no site da Fenprof, referente aos concursos concursos internos e externos dos professores.

O concurso interno permite que os docentes do quadro que estão colocados longe da sua área de residência possam concorrer a escolas mais perto, sendo que desde o mandato da antiga ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues que este concurso se realiza de quatro em quatro anos.

Esta medida era há muito contestada pelos sindicatos dos professores, mas defendida pelas escolas, nomeadamente as mais isoladas, por conseguir assegurar a presença de docentes por tempos mais longos. A verificar-se esta alteração, trata-se de um recuo considerável, dado que, inicialmente, a tutela tinha proposto que o concurso interno fosse alargado de quatro para cinco anos.

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Comissão Europeia propõe 10.º pacote de sanções e castiga Irão por vender drones à Rússia

Von der Leyen revelou no Parlamento Europeu que o 10.º pacote de sanções contra a Rússia vai abranger exportações tecnológicas no valor de 11 mil milhões. E, pela primeira vez, vai atingir o Irão.

Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.Parlamento Europeu 2023

Travar exportações de tecnologia usada nos equipamentos militares da Rússia e castigar o Irão pelo fornecimento de drones “que estão a matar civis ucranianos”. São os dois alvos do décimo pacote de sanções que a Comissão Europeia vai propor por causa da guerra russa na Ucrânia, revelou esta quarta-feira a presidente Ursula Von der Leyen no Parlamento Europeu.

“Com nove pacotes de sanções em vigor, a economia russa está a retroceder. E para manter essa pressão forte, propomos um décimo pacote de medidas com novas proibições comerciais e controlos de exportação de tecnologia para a Rússia. Este pacote tem um valor total de 11 mil milhões de euros”, adiantou Von der Leyen aos eurodeputados no debate sobre o ano que passa desde o início da invasão da Rússia em território ucraniano.

Segundo explicou, as novas sanções visam restringir a “exportação de vários componentes eletrónicos usados ​​em sistemas armados russos, como drones, mísseis, helicópteros”.

“Mas também existem centenas de drones de fabricação iraniana usados ​​pela Rússia nos campos de batalha na Ucrânia”, prosseguiu. “Esses drones fabricados pelo Irão matam civis ucranianos. Isso é atroz! Então, pela primeira vez, também estamos a propor sancionar entidades iranianas, incluindo aquelas ligadas à Guarda Revolucionária do Irão”, afirmou.

Von der Leyen considerou que é dever da UE “sancionar e confrontar o Irão” por causa do “fornecimento de drones e da transferência de know-how [conhecimento] para construir locais de produção na Rússia”.

“Putin já perdeu a guerra da energia”

Com as sanções contra o Kremlin, a Comissão Europeia quer “minar a máquina militar russa”. “Putin já perdeu a guerra da energia”, declarou Von der Leyen. As receitas da Rússia com as vendas de gás para a Europa encolheram dois terços, sendo que teto no preço do petróleo está a impor perdas de 160 milhões de euros em receita todos os dias, disse. E, enquanto a economia europeia “apresenta hoje um desempenho significativamente melhor do que o previsto” e reviu em alta as previsões no início desta semana, em contraste, “o Kremlin tem de vender reservas de ouro para preencher as lacunas deixadas pela falta de receita do petróleo”.

“A tentativa de Putin de chantagear a Europa usando a energia foi um fracasso”, atirou.

A estratégia da Comissão inclui mais dois pilares: apoiar a resistência ucraniana e forjar o futuro da Ucrânia na Europa, segundo elencou a chefe do executivo europeu em Estrasburgo.

Von der Leyen deu conta dos apoios que já seguiram para Kiev: 67 mil milhões de euros em ajuda económica, humanitária e militar. E assegurou que a União Europeia vai continuar a prestar apoio: “Putin queria o colapso do Estado ucraniano. Ajudamos a Ucrânia a permanecer operacional, mesmo durante as horas mais difíceis. A Europa galvanizou a resistência da Ucrânia e continuará a fazê-lo. Garantiremos um fluxo constante de ajuda financeira ao longo de 2023”.

No final do ano passado, a UE aprovou um pacote de 18 mil milhões de euros de assistência macrofinanceira. “A primeira parcela já chegou à Ucrânia. O nosso apoio continuará estável e previsível, todos os meses. Foi isso que a Europa prometeu e mantemos a nossa promessa”, afirmou.

Quanto ao futuro da Ucrânia na UE, Von der Leyen disse que honrar o sonho dos ucranianos de pertencer ao projeto europeu passa por defendê-los “pelo tempo que for necessário” para que um dia os seus representantes tenham seu lugar “nesta mesma casa”.

(Notícia atualizada às 9h53)

*O jornalista viajou a Estrasburgo a convite do Parlamento Europeu

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