Trabalhadores da Segurança Social obrigados a declarar o que fazem os familiares

  • ECO
  • 15 Fevereiro 2023

Novo código de conduta obriga funcionários da Segurança Social a declarar atividades profissionais e de tempos livres de cônjuges, pais, avós, filhos, netos e irmãos. CNPD duvida da legitimidade.

Os trabalhadores da Segurança Social vão passar a ter de declarar as atividades profissionais e de tempos livres de cônjuges, pais, avós, filhos, netos e irmãos que possam representar “potenciais conflitos” de interesse e pôr em causa a imparcialidade das decisões que venham a tomar. A notícia, avançada esta quarta-feira pelo Jornal de Negócios (acesso pago), resulta da revisão do Código de Ética e Conduta do instituto, publicada no final do mês de janeiro, e a declaração fica sujeita a compromisso de honra.

Ao Jornal de Negócios, o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Sintap) diz que vê os detalhes pedidos como uma ameaça à “reserva da vida privada dos trabalhadores”. Já a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) entende que não há suporte na lei para que esta recolha e tratamento de dados possa ser feita e alerta que “um código de conduta interno” não é “bastante como condição de licitude” para tratar dados pessoais ao abrigo do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD).

O Ministério do Trabalho e da Segurança Social ainda não explicou que tipo de atividades profissionais e lúdicas poderão ser consideradas uma situação de conflito de interesses. Para José Abraão, secretário-geral do Sintap, a situação tem gerado algumas questões, que serão colocadas ao conselho diretivo do instituto português na próxima semana.

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Contribuições dos imigrantes para Segurança Social batem recorde e atingem 1.500 milhões de euros

  • Lusa
  • 15 Fevereiro 2023

Em 2022, as contribuições dos imigrantes para a Segurança Social atingiram os 1.500 milhões de euros, isto é, um aumento de 19% face a 2021, segundo revelou a vice-presidente da Segurança Social.

As contribuições dos imigrantes para a Segurança Social atingiram os 1.500 milhões de euros em 2022, um aumento de 19% em relação a 2021, revelou na terça-feira no parlamento a vice-presidente do Instituto de Segurança Social (ISS).

Numa audição na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, Catarina Marcelino avançou dados de 2022 relativos aos imigrantes que são contribuintes líquidos para o sistema de segurança social, precisando que os 630 mil trabalhadores que contribuíram com 1.500 milhões de euros representam 13% dos trabalhadores registados na segurança social portuguesa.

A responsável do ISS, juntamente com responsáveis da Autoridade Tributária, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Autoridade para as Condições do Trabalho, foi ouvida no parlamento numa audição pedida pelo PCP no âmbito do combate ao tráfico de seres humanos e auxílio à imigração ilegal para exploração de trabalhadores imigrantes.

Catarina Marcelino destacou que “a evolução nos últimos sete anos é muito positiva”, dando conta que desde 2015 “o peso dos trabalhadores com nacionalidade estrangeira aumentou de 3% para 13%”.

“Em 2021, o saldo entre as contribuições e prestações sociais pagas relativas à população estrangeira foi (positivo em) quase 1.000 milhões de euros face a 2015, que nesse ano eram 350 milhões”, disse, frisando que estes resultados e esta evolução, sobretudo no último ano, “tiveram também o efeito de mecanismos de facilitação de inscrição e adesão ao sistema”.

Para a vice-presidente do ISS, estes dados mostram objetivamente que “os imigrantes são uma mais-valia para o sistema e que contribuem positivamente para a sustentabilidade da segurança social”.

No entanto, salientou os casos de imigração, em particular de países fora da Europa, com “vulnerabilidades sociais” por não falarem português, por falta da rede social e familiar, descontextualização cultural, desconhecimento da organização social e das instituições do país de acolhimento, que apresentam fragilidades e que, por vezes, são vítimas de exploração laboral e ficam à mercê de situações de grande carência.

Segundo Catarina Marcelino, estes fluxos de imigrantes são maioritariamente provenientes da Ásia, Marrocos e mais recentemente de cidadão oriundos de Timor-Leste.

A segurança social traçou o perfil destes imigrantes em situações de fragilidade como sendo pessoas isoladas, homens, em idade ativa, sem rede primária de apoio, sem fontes de rendimento ou rendimentos muito baixos, trabalho irregular, não elegíveis para prestações sociais, baixo nível do domínio da língua portuguesa e baixa escolaridade.

“Nestas situações de maior vulnerabilidade e exclusão social, o ISS presta apoio no âmbito do subsistema da ação social, que se materializa em alojamento, alimentação, acesso a medicação e a outros bens de primeira necessidade, bem como apoio psicossocial”, disse, indicando que o ISS abriu sete espaços de acolhimento nos distritos de Beja, Braga, Bragança, Porto e Santarém com capacidade para 230 pessoas.

Desde a criação do primeiro centro de acolhimento, em Beja em agosto de 2022, que estes equipamentos têm tido uma ocupação de 100%.

Catarina Marcelino afirmou ainda que 23% dos contactos feitos para a linha de emergência social em 2022 foram de imigrantes, num total de 848, e no mês de janeiro telefonaram 116 estrangeiros, representando 31% do total.

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Hoje nas notícias: Patrões, professores e Segurança Social

  • ECO
  • 15 Fevereiro 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Os patrões admitem rever o acordo de rendimentos devido às alterações à lei laboral feitas no Parlamento. Todos os concursos de professores vão passar a realizar-se anualmente. Mais de oito mil trabalhadores da Segurança Social terão de declarar as atividades profissionais e de tempos livres dos familiares. Conheça estas e outras notícias em destaque.

Segurança Social quer saber o que fazem familiares dos funcionários

Após a revisão do Código de Ética e Conduta do Instituto de Segurança Social, publicada no fim de janeiro, mais de oito mil trabalhadores do instituto terão de declarar as atividades profissionais e de tempos livres de cônjuges, pais, avós, filhos, netos e irmãos que possam representar um conflito de interesses que ponha em causa a imparcialidade de decisões tomadas. Para o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Sintap), os detalhes que a Segurança Social pede são uma ameaça à “reserva da vida privada dos trabalhadores”. Ao mesmo tempo, a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), considera que não há suporte na lei para que a recolha e tratamento de dados possam ser feitos.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

20 fornecedores faturam 60% da despesa do Estado com PRR

Há 97 empresas que já faturam com projetos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Destas, 20 já ultrapassaram os dez milhões de euros em faturação. Somando as receitas destas 20, verifica-se que este reduzido lote arrecadou 61% de todos os pagamentos do Estado ao abrigo do PRR. Em causa estão empresas a quem foram comprados bens importados, como computadores para escolas, helicópteros para Proteção Civil e carros para apoio domiciliário, ou serviços.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Patrões admitem rever acordo de rendimentos devido às alterações à lei laboral

As Confederações Patronais defendem que algumas alterações ao Código do Trabalho, aprovadas na semana passada, adulteram o acordo de rendimentos e competitividade” assinado em outubro do ano passado e limitam a autonomia de gestão das empresas. Por isso, admitem pedir para rever esse acordo e já pediram uma reunião de emergência ao primeiro-ministro.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

Professores do quadro também vão poder mudar de escola todos os anos

Os concursos de professores vão passar a realizar-se todos anualmente, incluindo o que se destina à movimentação de docentes do quadro (concurso interno), segundo uma nova proposta do Ministério da Educação. O concurso interno permite que os docentes do quadro que estão colocados longe concorram a escolas mais perto da sua residência e desde o mandato de Maria de Lurdes Rodrigues que se realiza de quatro em quadro anos. Esta alteração é um recuo considerável, dado que, inicialmente, a tutela tinha proposto que o concurso interno fosse alargado de quatro para cinco anos.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Supermercados apanhados a cobrar mais em caixa

Após as irregularidades detetadas nas inspeções da ASAE em setembro, novembro e dezembro de 2022, o mesmo se verificou agora em janeiro e no início de fevereiro. Há supermercados que publicitam e afixam preços baixos nas prateleiras, mas, no momento do pagamento, cobram valores mais elevados (e a diferença chega a superar os 50%). A prática continua a ser detetada em vários estabelecimentos, inclusive grandes operadores de retalho. Até ao momento, a ASAE já analisou 256 operadores do setor e concluiu que 4,2% está a cobrar, em caixa, valores superiores aos anunciados. A maior incidência destas situações é nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (ligação indisponível).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 15 de fevereiro

  • ECO
  • 15 Fevereiro 2023

Ao longo desta quarta-feira, 15 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Mais de 400 empresas estrangeiras vêm comprar fios e roupa a Portugal

De Espanha ao Japão, mais de 400 compradores estrangeiros participam no Modtissimo, que a partir de hoje junta toda a fileira têxtil portuguesa, desde produtores de fio a confecionadores de vestuário.

É com a lotação esgotada por cerca de 200 expositores divididos pelas áreas de tecidos e acessórios, agentes de tecidos, confecionadores de adulto e criança e serviços, num total de 346 coleções em exposição numa área maior do que nas últimas edições, que o único salão têxtil português e o mais antigo da Península Ibérica abre portas esta quarta-feira no Pavilhão 5 da Exponor, em Matosinhos.

A edição 60+1 do Modtissimo, como é apresentada pelos organizadores, conta com um orçamento a rondar os 350 mil euros, 10% acima da última iniciativa realizada em setembro de 2022. Um em cada dez expositores são de origem estrangeira — da Turquia, Brasil, Itália, França, Espanha e Grécia –, mas a maior parte dos mais de 5.000 visitantes chegam ao Norte atraídos pelas novidades da indústria portuguesa do têxtil e vestuário.

Manuel Serrão, presidente da Selectiva Moda, adianta ao ECO que são esperados “mais de 400 compradores internacionais”, a avaliar pelos pré-registos e com a ajuda das delegações da AICEP, o que seria um número recorde. As maiores comitivas de clientes chegam de países europeus, com destaque para Espanha, Alemanha e Países Baixos. Por outro lado, a maior novidade é o regresso dos japoneses, “agora que as regras da Covid no país tornam a vinda menos complicada”.

Feira têxtil MODtissimo, na Alfândega do Porto - 23SET20
Manuel Serrão, diretor do Modtissimo e da Associação Selectiva ModaRicardo Castelo

“A exemplo dos bons resultados da participação das nossas empresas do [projeto de internacionalização] From Portugal nas feiras Première Vision [França], Milano Unica [Itália] e Momad Madrid [Espanha], também temos boas expectativas para o Modtissimo — e isso também acontece com os nossos expositores, que esgotaram o espaço de exposição disponível”, sublinha o responsável da feira, que junta toda a fileira têxtil portuguesa, desde produtores de fio a confecionadores de vestuário.

Esta espécie de “montra” para um dos maiores clusters têxteis na Europa, que se estende por dois dias na Exponor, arranca poucos dias depois da confirmação oficial, com os dados do comércio internacional disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), de que as exportações de têxteis e vestuário ascenderam a 6.122 milhões de euros. Um novo registo máximo para o setor, correspondente a um aumento de 13% no valor exportado em relação ao ano anterior.

No entanto, os industriais portugueses, pela voz de Mário Jorge Machado, presidente da associação do setor (ATP), descreveram um “resultado histórico com sabor amargo”. É que as quantidades vendidas para o exterior encolheram quase 1% no ano passado, em termos homólogos, sobretudo devido a uma “forte contração” superior a dois dígitos (-11%) no último trimestre do ano.

Na agenda do Modtissimo, que tenta dar um novo impulso às encomendas perdidas pelo setor com o arrefecimento do clima económico na Europa, estão previstas várias conferências sobre temas como a digitalização e a bioeconomia, que se irão concentrar no iTechstyle Showcase, organizado pelo CITEVE em conjunto com a Associação Selectiva Moda, para “permitir maior networking entre empresas e compradores”.

Numa sala fora do pavilhão haverá a apresentação de tendências da WGSN – Worth Global Style Network, que está em overbooking; e o Fórum de Tecidos e dos Novos Talentos — este último de regresso depois da paragem devido à pandemia. Em estreia está a iniciativa “Luxo do Lixo”, feita em colaboração com os expositores que cedem desperdício têxtil que vai ser transformado por uma artista numa obra de arte, que posteriormente será leiloada, com 50% das receitas a reverterem para uma causa solidária.

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Caem as quotas para bancos acederem à linha de 600 milhões

Tanto o BCP como o Montepio revelam que já esgotaram a dotação inicial da linha de apoio ao aumento dos custos de produção que lhes coube. Mercado critica complexidade da linha.

A partir desta quarta-feira será levantado o sistema de quotas na distribuição dos 600 milhões de euros da linha de apoio ao aumento dos custos de produção do Banco Português de Fomento. Os bancos passam assim a ver as suas candidaturas aprovadas por ordem de entrada. No início de fevereiro a presidente executiva do banco promocional revelou que já estava alocada quase metade da linha, mas o ECO sabe que as primeiras aprovações só foram dadas na semana passada. A complexidade desta nova linha justifica as dificuldades sentidas.

Esta linha destina-se a micro, pequenas e médias empresas (PME), assim como small mid cap e mid cap (empresas de pequena-média capitalização, que empregam até 500 trabalhadores, e média capitalização, que empregam até três mil). Pode ser concedida por prazos que variam entre um e oito anos. Tem um período de carência de 12 meses e a amortização de capital é feita em prestações iguais, sucessivas e postecipadas com periodicidade mensal.

À semelhança de edições anteriores, os 600 milhões de euros de dotação foram distribuídos pelos bancos num sistema de quotas, ou seja, cada banco recebeu uma percentagem em função da sua quota de mercado. Mas, a partir desta quarta-feira, a distribuição passa a ser feita na lógica tradicional do first come, first served. “A partir de 15 de fevereiro será levantado o sistema das quotas e passa a ser por ordem de entrada, a forma mais tradicional”, anunciou Albertina Rodrigues, diretora de garantias do Banco de Fomento, num webinar para explicar dúvidas sobre o funcionamento da linha.

São essas dúvidas que têm motivado os atrasos na chegada das verbas às empresas. Ao que o ECO apurou as próprias sociedades de garantia mútua têm enviado pedidos de esclarecimento ao Banco de Fomento e nem todas parecem seguir os mesmos procedimentos.

O ECO questionou os principais bancos a operar no mercado nacional para perceber os níveis de utilização desta linha, anunciada em setembro pelo Governo, no âmbito do pacote de medidas Energia para Avançar. Mas apenas recebeu respostas do Millennium bcp, o banco que tem a maior quota de mercado, e do Montepio.

O Millennium bcp já financiou 110 milhões de euros no âmbito da Linha de Apoio ao Aumento dos Custos de Produção, encontrando-se praticamente esgotada a sua quota inicial”, disse ao ECO fonte oficial da instituição liderada por Miguel Maya.

“Com o objetivo de apoiar as empresas, especialmente afetadas pelo aumento acentuado dos custos, o banco continua comprometido em financiar o reforço de fundo de maneio das empresas através desta linha, dado que ainda há procura por parte do tecido empresarial”, acrescentou a mesma fonte, sendo por isso expectável que continue a apresentar candidaturas na nova lógica do first come, first served.

Já o Montepio revela que lhe foi “atribuída uma quota de 6%”, de cerca de “36 milhões de euros” que já consumiram “na totalidade”. “Até ao momento, já apoiámos mais de 160 empresas”, avança fonte oficial do banco, acrescentando que acreditam “que existe potencial” para mais empresas se candidatarem à linha agora que o sistema de quotas vai desaparecer.

Para além das críticas em torno da demora na operacionalização da linha, fontes do mercado apontaram ao ECO o preço bastante mais levado face às linhas anteriores lançadas pelo BPF. As empresas podem optar por taxa fixa ou variável. Neste último caso, o custo é calculado em função da taxa Euribor escolhida (a um, três, seis ou 12 meses) a que acresce um spread máximo de 2,5%. Assim, na pior das hipóteses, as empresas terão de pagar mensalmente 6,01%, isto porque a taxa Euribor a 12 meses é a mais elevada (3,518%, esta terça-feira).

Ao contrário da linha anterior, nesta não existe a possibilidade de parte do capital ser convertida em apoio a fundo perdido. Os spreads praticados são substancialmente mais elevados do que na última linha que tinha um teto máximo de 1,85%, as empresas voltam a ser obrigadas a ter uma posição acionista na sociedade de garantia mútua que garante a operação (algo que tinha sido suspenso no tempo da pandemia) e o custo da garantia pode chegar aos 2%.

“Para algumas empresas as soluções, que a banca comercial apresenta, podem ser mais vantajosas”, desabafou uma fonte ouvida pelo ECO.

“Esta linha é muito mais exigente do que as empresas estavam à espera”, frisou outra, recordando que “os critérios de enquadramento são muito mais apertados e subjetivos” o que tem desincentivado as empresas.

“Se as coisas fossem mais simples, haveria muito mais operações”, defendeu outra fonte de mercado. O elevado número de questões, colocadas pelos participantes no webinar de esclarecimento do funcionamento da linha, são uma prova das dúvidas geradas.

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Hoje é o último dia para atualizar o agregado familiar nas Finanças

A atualização do agregado familiar, necessária para situações como nascimento, divórcio ou mudança de residência permanente, pode ser feita através do Portal das Finanças.

A entrega do IRS só arranca em abril mas até lá há vários passos a completar para assegurar que os detalhes da declaração estão todos corretos. Um deles é a atualização do agregado familiar, que tem de ser feita até esta quarta-feira, caso tenham existido alterações relevantes. Esta informação é depois utilizada na declaração, nomeadamente para o pré-preenchimento.

A atualização do agregado familiar pode ser feita através do Portal das Finanças, sendo este o momento para indicar também as situações em que os filhos ultrapassam a idade a partir da qual deixam de ser considerados dependentes para efeitos do IRS. Os dados dizem respeito à situação verificada a 31 de dezembro de 2022.

Apenas têm de atualizar o agregado as pessoas que tenham tido alterações na composição no ano anterior, por exemplo devido a nascimento, divórcio, alteração de acordo parental, óbito de um dos elementos do casal ou mudança de residência permanente. É o contribuinte que tem de informar a Autoridade Tributária destas situações.

Se mudar de residência para o interior do país, esta data é também o prazo limite para comunicar os encargos com rendas que decorrerem da mudança, para beneficiar dos incentivos.

Têm também de prestar esta informação os pais com dependentes em guarda conjunta e um Acordo de Regulação das Responsabilidades Parentais que determine o regime de residência alternada, bem como a percentagem de partilha das despesas por cada um dos responsáveis quando não seja igualitária.

Ao completar este passo e validar o agregado familiar, será possível beneficiar do IRS automático, sendo também útil para determinar que as pessoas dispensadas da entrega da declaração do IRS possam ser abrangidas por isenções ou de apoios sociais. Além disso, conta ainda para efeitos de matrícula nas escolas do ensino público.

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Investimento de 100 milhões prepara Lisboa para novo aeroporto

A NAV Portugal inaugurou oficialmente esta terça-feira o novo sistema de gestão do tráfego aéreo e uma sala de operações renovada. Investimentos permitirão fazer face ao aumento da procura.

Filas de computadores com écrans de grandes dimensões ocupam uma sala branca e ampla, à média luz, nas instalações do Centro de Controlo de Tráfego Aéreo de Lisboa. Lá dentro, os controladores vigiam quer os aviões que se fazem à pista do Humberto Delgado quer os que apenas sobrevoam o espaço aéreo nacional, importunados esta terça-feira pela visita do ministro das Infraestruturas, de administradores da ANA e da TAP e de outras personalidades do setor para a inauguração oficial.

INAUGURAÇÃO OFICIAL DO NOVO SISTEMA DE GESTÃO DE TRÁFEGO AÉREO - TOPSKY - 14FEV23
O ministro João Galamba na inauguração do sistema de gestão de tráfego aéreo “Topsky” na sala de operações de controlo de tráfego aéreo.Hugo Amaral/ECO

A nova sala representou um investimento de cinco milhões e melhorou as condições de quem nela trabalha, mas ainda mais relevante é o novo sistema de controlo de tráfego aéreo, o TOPSKY, que corre agora nos computadores, e custou 83 milhões. O projeto inteiro de implementação chegou aos 100 milhões, mas para Pedro Ângelo, justifica cada cêntimo.

“Acreditamos que a empresa está capacitada para responder aos novos desafios, como seja dar resposta à demanda com a construção do novo aeroporto de Lisboa”, afirmou o administrador da NAV Portugal, manifestando disponibilidade “para ajudar nos processos de decisão visitando as soluções já estudadas, e admitindo o estudo do espaço aéreo e procedimentos aeronáuticos em soluções até agora não consideradas”. Um trabalho que o Governo confiou a uma Comissão Técnica Independente, que tem até ao final do ano para entregar a Avaliação Ambiental Estratégica para o alargamento da capacidade aeroportuária da região de Lisboa.

Se o novo sistema está preparado para o aumento futuro da procura, também já dá resposta aos desafios do presente. “A implementação do TOP SKY faz com que estejamos alinhados do ponto de vista tecnológico e da inovação com os outros aeroportos a nível mundial”, aponta Gonçalo Vale, também administrador da NAV Portugal. “O sistema TOPSKY é um dos mais modernos sistemas de gestão de tráfego aéreo, introduzindo novas ferramentas mais expeditas, que permitem gerir o fluxo de tráfego de forma organizada”, acrescenta Pedro Ângelo.

INAUGURAÇÃO OFICIAL DO NOVO SISTEMA DE GESTÃO DE TRÁFEGO AÉREO - TOPSKY - 14FEV23
Sala de operações de controlo de tráfego aéreo.Hugo Amaral/ECO

O novo software permite ganhos de eficiência, reduzindo atrasos, poupando combustível às companhias aéreas, logo reduzindo a sua pegada carbónica. Permite “um acompanhamento mais preciso, para decisões mais rápidas e eficientes na gestão do tráfego por parte dos controladores”, explica Pedro Ângelo, destacando que uma das funcionalidades é a antecipação de eventuais conflitos entre aeronaves a 20 minutos de distância, o que compara com dois minutos no anterior sistema“. A comunicação com os aviões passa também a poder usar o Data Link, assegurando maior eficácia e diminuindo o congestionamento das frequências.

Outra valência é a possibilidade de equacionar novos setores para uma maior otimização do espaço aéreo. Os setores são como caixas no espaço aéreo onde circulam os aviões. Podendo acrescentar caixas no futuro, será também possível ter mais tráfego.

O sistema anterior, o LISATM, foi desenvolvido internamente pela engenharia da NAV, tendo entrado em funcionamento em 2001. “No entanto, num cenário de elevados aumentos de tráfego aéreo, a arquitetura do sistema, começou a revelar sinais de obsolescência técnica com constrangimentos ao nível do aumento da capacidade, do processamento de dados e da introdução de novas funcionalidades”, explica o administrador da NAV.

INAUGURAÇÃO OFICIAL DO NOVO SISTEMA DE GESTÃO DE TRÁFEGO AÉREO - TOPSKY - 14FEV23
Vista geral da sala de operações de controlo de tráfego aéreo.Hugo Amaral/ECO

A discussão iniciou-se ainda em 2010, mas só em 2018 a NAV veio a aderir à aliança COOPANS, que junta prestadores de serviços de navegação aérea da Áustria, Croácia, Dinamarca, Irlanda e Suécia. A fase crítica de transição para o TOPSKY ocorreu entre 18 de outubro e 28 de novembro do ano passado, com limitações no tráfego aéreo em Lisboa. “Fizemos uma migração em seis semanas enquanto outros levaram seis meses”, sublinhou Pedro Ângelo. A 29 de novembro consumou-se a migração. O velho LISATM continua, no entanto, a estar disponível como redundância caso o novo venha a falhar. “Basta carregar num botão”, diz um funcionário da NAV.

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Portugal é o 6.º país que mais fundos recebeu do PRR, mas executa pouco

Aos destinatários finais do PRR chegou apenas 9% do total, mas aos beneficiários intermédios chegaram 70% (11,65 mil milhões de euros). Marcelo diz que é preciso acelerar. Costa vai explicar atrasos.

Com o pagamento do segundo cheque do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Portugal passou a ser o sexto país que mais verbas comunitárias recebeu ao abrigo dos planos de resiliência. Está quase 12 pontos percentuais acima da média comunitária. Mas os atrasos na execução da bazuca continuam a fazer soar os alarmes e o primeiro-ministro vai esta quarta-feira explicar ao Presidente da República o que vai fazer para evitar que o país perca esta oportunidade.

Um dia antes do encontro, que vai assumir um formato idêntico ao das reuniões no Infarmed nos tempos da pandemia, mas mais concentrado nos especialistas da Casa Civil, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a pressionar sublinhando que o problema se situa ao nível dos beneficiários intermédios, já que a diferença entre as verbas pagas aos beneficiários intermédios e aos finais é quase quatro vezes superior.

A este alerta juntam-se as recomendações da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, que no seu relatório preliminar defende a necessidade de acelerar os processo de avaliação das candidaturas e aumentar a taxa de adiantamento e de pagamentos da bazuca.

A Comissão Europeia pagou a Portugal a segunda tranche de 1,8 mil milhões de euros do PRR, elevando para 4,07 mil milhões de euros a fatia dos 16,6 mil milhões do PRR que o país já recebeu, ou seja, 30,9%. É agora o sexto país que mais verbas comunitárias recebeu ao abrigo dos planos de resiliência e está 11,3 pontos percentuais acima da média comunitária. Espanha, Grécia e Croácia são os países que ocupam o topo da tabela com as percentagens mais significativas, mas com envelopes financeiros muito distintos.

Espanha, Grécia e Croácia no “top”

Percentagem dos envelopes do PRR já pagos pela Comissão Europeia. Valores em %. Fonte: Comissão Europeia

Como sublinhou na segunda-feira o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Espanha “está na dianteira” já que, “nos próximos dias”, Bruxelas irá decidir sobre o pedido de pagamento do terceiro cheque da bazuca de seis mil milhões de euros, solicitado a 11 de novembro. Madrid tem um PRR de 69,51 mil milhões de euros – maior só de Itália que chega aos 191,48 mil milhões – e já recebeu de Bruxelas 31,04 mil milhões de euros (44,65% do bolo total) por ter cumprido as várias metas e marcos a que se comprometeu. De sublinhar que a totalidade destas verbas são a fundo perdido, porque Espanha não recorreu a empréstimos. Recebeu 9,03 mil milhões de euros como pré-financiamento a que se somam um primeiro cheque de dez mil milhões de euros, recebido a 27 de dezembro de 2021, e um segundo de 12 mil milhões, a 29 de julho este ano. No cômputo global, a vizinha Espanha cumpriu 22% das metas e marcos definidos.

Já Portugal tem 16,6 mil milhões de euros (13,94 mil milhões são subvenções e 2,7 mil milhões empréstimos), ou seja, o oitavo maior PRR. Como adiantamento recebeu 2,2 mil milhões mas, no seguimento do cumprimento dos 38 marcos e metas de 2020 e 2021, pediu o desembolso do primeiro cheque de 1,2 mil milhões de euros (recebidos a 9 de maio). A 30 de setembro voltou a pedir um outro, desta feita de 1,8 mil milhões de euros que foi pago a 8 de fevereiro.

Mas os pagamentos efetivos aos beneficiários públicos e privados estão muito aquém deste registo. De acordo com o último balanço da Estrutura de Missão Recuperar Portugal, aos destinatários finais chegou 9% do PRR, mas aos beneficiários intermédios chegaram 70% (11,65 mil milhões de euros). E, por isso, o Presidente da República considera que é a este nível que é necessário acelerar a execução.

Além disso, significa que só 28% das verbas recebidas de Bruxelas chegaram efetivamente ao terreno. Em termos políticos, o Executivo tem sempre sublinhado que Bruxelas privilegia a ótica do cumprimento das metas e dos marcos como a métrica correta para aferir a execução do PRR, mas com a economia nacional a travar a fundo – este ano deverá crescer 1% depois dos 6,7% de 2022 – o próprio Chefe de Estado chama a atenção para a necessidade de injetar dinheiro diretamente na economia para que a bazuca possa potenciar o crescimento. Não basta apenas executar a totalidade das verbas, é fundamental “não deixar derrapar no tempo os efeitos” da bazuca, alerta Marcelo Rebelo de Sousa.

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Porto avança com oito medidas para baixar as rendas na cidade

Pacote do Governo deve incluir menos impostos para habitação acessível privada ou agilização do registo predial. Conheça a estratégia da Câmara do Porto para reduzir os custos com o arrendamento.

No concelho do Porto, tal como acontece no resto do país, o preço da habitação tem vindo a “aumentar muito mais do que o rendimento dos agregados familiares”, com a oferta disponível a ser “insuficiente” para a procura atual, o que, reconhece o vereador da Câmara do Porto com o Pelouro da Habitação, origina uma “crise de acessibilidade à habitação com preços muitas vezes incomportáveis para o bolso dos portugueses”.

Em declarações ao ECO, Pedro Baganha assume que é “imprescindível uma política orientada para a classe média e para o mercado de renda acessível”, estando a autarquia portuense a avançar com as suas próprias “ferramentas” para atacar este problema na habitação. Entre elas, estão oito medidas com que, a par da iniciativa municipal, procura “atrair o investimento privado no aumento da oferta da habitação para renda acessível”.

  1. No Plano Diretor Municipal (PDM) está a introduzir um conjunto de incentivos à promoção privada, como a densificação estratégica de algumas partes da cidade, a majoração de índices, a redução das taxas urbanísticas e o zonamento inclusivo, que obriga as maiores operações urbanísticas no centro da cidade a uma dotação específica destinada à habitação para arrendamento acessível.
  2. O programa municipal “Porto com Sentido” proporciona às famílias o acesso ao arrendamento habitacional a preços inferiores aos de mercado em todas as freguesias do concelho. Procura captar alojamentos privados para o mercado de arrendamento a custos acessíveis, tendo como destinatários famílias da classe média, tendo até ao momento contemplado 310 beneficiários nas cerca de 165 habitações entregues.
  3. Dirigido às habitações destinadas ao arrendamento acessível de iniciativa privada que se encontram ainda em fase de projeto, construção ou requalificação, o “Build to Rent, inserido no mesmo programa, tem como vantagens para o promotor privado a segurança no cumprimento contratual, a redução do risco e benefícios fiscais, como a isenção total de IRS/IRC e do IMI. Nesta modalidade tem 55 fogos em Campanhã com aprovação prévia e 40 com propostas em curso nas freguesias de Paranhos e Cedofeita.
  4. Ainda no mercado de renda acessível, o município tem em curso quatro projetos para a construção de novas habitações: em Lordelo do Ouro com cerca de 300 habitações, Faria de Guimarães com 80 fogos, e Monte Pedral e Monte da Bela com 330 e 232 fogos, respetivamente, num total aproximado de mil novas casas.
  5. A reabilitação da propriedade municipal, por outro lado, vai contribuir para o reforço de oferta de habitação ao mercado de arredamento acessível com cerca de 200 novos fogos, nas contas da autarquia liderada pelo independente Rui Moreira.
  6. Ainda de iniciativa municipal, encontram-se em curso outros projetos enquadrados no programa das ilhas do Porto para renda condicionada, com operações na Ilha da Lomba para 47 fogos, Rua das Antas com quatro fogos e São João Novo com três fogos.
  7. A sociedade de reabilitação urbana Porto Vivo criou recentemente o Balcão da Habitação Acessível, para informar e apoiar os interessados na instrução de candidaturas que visem a reabilitação de núcleos degradados (ilhas) e de habitação própria e permanente, nos termos do 1º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação e da Estratégia Local de Habitação. Só no primeiro mês houve cerca de 600 consultas.
  8. Para responder à “fragilidade económica”, o Porto Solidário – Fundo Municipal de Emergência Social atribui apoios à renda no mercado livre de arrendamento. Visa “promover a manutenção dos agregados familiares nas suas habitações arrendadas e casas próprias, combatendo o desenraizamento e contribuindo para a redução do endividamento familiar, diminuindo a asfixia financeira de muitas famílias”. Desde 2014 já ajudou 4.500 famílias, num investimento superior a 13 milhões de euros.

Regras simples e menos impostos para habitação acessível

A poucos dias de o Governo socialista aprovar um novo pacote legislativo sobre habitação, na reunião de Conselho de Ministros agendada para esta quinta-feira, Pedro Baganha lembra que “a resolução da carência ou dificuldade de acesso à habitação passa efetivamente pela adoção de medidas concretas, com o intuito específico de aumentar a oferta de habitação disponível”.

O detalhe das medidas ainda não é conhecido, mas o primeiro-ministro, António Costa, antecipou, em entrevista à RTP, que desse pacote devem constar a disponibilização de mais solos para construção de habitação, incentivos à construção por parte de privados e aos proprietários para colocarem casas no mercado de arrendamento, além de apoios para os jovens conseguirem arrendar casa. Os proprietários duvidam da eficácia do novo pacote.

Pedro Baganha, vereador da Câmara do Porto com o pelouro do Urbanismo e Espaço Público e da HabitaçãoMiguel Nogueira / CM Porto

Como é que os municípios devem ser incluídos e participar neste dossiê? “O direito constitucional à habitação deve ser garantido, em primeiro lugar, pelo Estado. No entanto, as autarquias, por estarem mais próximas do território e das populações, são imprescindíveis para a implementação das políticas públicas de habitação. O Estado Central deve garantir o devido enquadramento jurídico-regulamentar, mas também financeiro, delegando o mais possível a implementação em concreto das soluções habitacionais que vierem a ser previstas”, responde o vereador.

O autarca que tem igualmente o pelouro do urbanismo e do espaço público sublinha que, no que respeita à promoção privada, “uma das medidas necessárias passaria por um regime regulamentar e fiscal mais favorável à disponibilização de habitação acessível privada, bem como um pacote de incentivo ao terceiro setor e ao setor cooperativo”, notando que “neste momento é crítica a adoção de mecanismos de compensação dos proprietários privados de habitação com renda acessível pelo teto imposto à subida das rendas”.

Uma medida muito necessária seria a adoção de mecanismos de agilização do registo predial das propriedades municipais, muitas delas omissas nas conservatórias por serem antigas.

Pedro Baganha

Vereador da Câmara do Porto com o pelouro da habitação

No que respeita à promoção pública financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Pedro Baganha sublinha ao ECO que “uma medida muito necessária seria a adoção de mecanismos de agilização do registo predial das propriedades municipais, muitas delas omissas nas conservatórias por serem antigas”, notando que esse registo é “imprescindível” para garantir o financiamento através da chamada bazuca europeia.

Finalmente, o responsável máximo pela habitação na cidade Invicta reclama uma revisão das regras para a “elegibilidade de financiamento complementar” no PRR, cuja execução pode ser acelerada com a “desburocratização do processo de apresentação, avaliação e aprovação de candidaturas, que é ainda moroso e complexo”. “Devem ser garantidas condições de agilidade procedimental, de forma a que os apoios cheguem rapidamente aos municípios, para que assim possam cumprir as metas e eixos definidos na política de habitação”, conclui.

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Gás na Europa passa a ser negociado com limite, mas preços só deverão atingi-lo no verão

Teto aos preços do gás na Europa já entrou em vigor, mas a tendência do mercado, em 2022, sugere que mecanismo só será acionado no verão, altura em que os países precisarão de reabaster os stocks.

Depois de quatro meses de longas negociações, os ministros da União Europeia concordaram em adotar aquela que se viria a tornar uma das medidas que mais alarmes fez soar entre os principais agentes dos setores financeiro e energético. O teto aos preços do gás no mercado europeu entra em vigor esta quarta-feira, 15 de fevereiro. Os riscos já foram apontados, mas existe a possibilidade de o mecanismo só vir a ser ativado no verão, isto se o mercado tiver um comportamento semelhante ao do ano passado.

A 19 de dezembro, a Comissão Europeia e os ministros da Energia concordaram em ativar um limite temporário nos contratos de gás no mercado europeu, se se verificarem duas condições em simultâneo. Por um lado, o limite é ativado se o preço nos contratos de gás natural para o mês seguinte forem, durante três dias úteis consecutivos, superiores a 180 euros por megawatt-hora (MWh) na plataforma holandesa TTF (Title Transfer Facility), a referência nos mercados europeus de gás natural.

Ao mesmo tempo, para efetivar o limite, terá de se verificar que o preço de referência no TTF é 35 euros mais elevado que o preço de referência para o gás natural liquefeito (LNG), também durante três dias úteis consecutivos.

Acrescente-se que este limite de preço do gás apenas se aplica ao preço mensal, trimestral e anual do índice TTF, que é o preço a que o gás natural é cotado no hub de Roterdão. Não se aplica em prazos mais curtos, como o preço diário ou semanal.

Mas olhando para os preços do gás negociados no TTF, é preciso recuar até 5 de outubro de 2022 para encontrar contratos futuros de gás natural negociados acima dos 180 euros/MWh. Desde essa altura, que o preço deste recurso tem estado em queda, estando a ser transacionado abaixo dos 100 euros/MWh desde o final de 2022. Esta terça-feira, os contratos para entrega em março estiveram a negociar na ordem dos 53 euros/MWh.

Title Transfer Facility (TTF) – Intercontinental Exchange (ICE)

No dia em que a proposta foi aprovada, o ex-secretário de Estado da Energia, João Galamba, esperava que o mecanismo nunca viesse a ser ativado “por boas razões”. “Não por um desenho errado da proposta”, esclareceu, mas sim, porque seria sinal de que o mercado do gás na Europa estaria estabilizado.

E, apesar dessa não ser uma garantia uma vez que a guerra na Ucrânia ainda não tem fim à vista, existe de facto a possibilidade de o mecanismo só ser acionado depois do inverno.

Ao ECO/Capital Verde, Daniel de Nicolás, Energy Optimization & Market Studies Consultant da Schneider Electric, relembra as estimativas da S&P Global Commodity Insights: “se esta medida tivesse estado ativa durante 2022, o limite do preço do gás teria sido ativado durante 40 dias no verão“, altura em que os preços do gás ultrapassaram o limite dos 180 euros/MWh, a 26 de julho, e atingiram um pico, um mês mais tarde, de 338 euros/MWh.

“Com estes dados, acreditamos que o momento de pico será no verão de 2023, quando as instalações subterrâneas [na União Europeia] de armazenamento de gás tiverem de ser novamente recarregadas”, antecipa o responsável.

Olhando para os dados da Gas Infrastructure Europe (GIE), associação que representa os operadores europeus de infraestruturas de gás, citados pela Comissão Europeia, é possível verificar que o nível de enchimento das reservas do bloco europeu esteve sempre abaixo dos 80% até agosto, tendo atingido um máximo de 96% em novembro.

A partir daí, altura em que as temperaturas se tornaram mais frias, devido à chegada do inverno, as reservas de gás começaram a ser utilizadas, mas nunca desceram abaixo dos 80%. A 2 de fevereiro, data da última atualização, os stocks de gás natural na União Europeia, referentes a janeiro, situavam-se nos 82%.

Gas Infrastructure Europe

As reservas de gás dos 27 Estados-membros começaram a ser monitorizadas em agosto, altura em que o executivo comunitário apelou aos restantes países que cortassem no consumo de gás, para a produção de eletricidade, em 15%, até março de 2023. Desta forma, e sem acesso ao gás russo, seria possível assegurar que o bloco europeu enfrentaria a época mais fria em segurança. Portugal foi uma das exceções e até ao final do inverno está comprometido em reduzir esse consumo em 7%.

Mas os níveis altos de armazenamento de gás podem significar que “o esforço de armazenamento durante o verão será menor do que em 2021”, prevê o analisa Gonçalo Aguiar, engenheiro electrotécnico e especialista em energia ao ECO/Capital Verde.

“Os níveis de armazenamento de gás natural na Europa estão hoje muito mais elevados do que há um ano atrás” altura em que se verificou um mínimo histórico de 35% e o nível médio registado, entre 2014 e 2019, rondava nos 45%, explica.

Havendo falta de oferta de gás para a procura existente, o preço pode chegar aos níveis do verão de 2022 ou pior. No entanto, existem alguns fatores que importam referir que indiciam que estes níveis de preços não se vão observar em 2023.

Gonçalo Aguiar, engenheiro electrotécnico e especialista em energia

Além das reservas cheias serem um fator que pode aliviar os preços no verão deste ano, Aguiar aponta ainda as temperaturas amenas, os períodos intensos de chuva e as medidas de médio prazo de substituição do gás russo assumidas pelos 27 Estados-membros, nomeadamente, a inauguração de novos terminais de GNL, na Alemanha, a diversificação da oferta e os níveis de poupanças de gás para produzir eletricidade devido ao crescimento da energia produzida por energias renováveis, enumera.

Mecanismo terá riscos se for acionado

O limite deste mecanismo foi um dos motivos que levou a que as negociações entre os ministros da Energia se arrastassem por vários meses.

Antes de assentar nos 180 euros/MWh, a proposta inicial da Comissão Europeia pedia que o limite fosse acionado se o preço do gás negociado no TTF fosse superior a 275 euros/MWh, ao mesmo tempo que o preço de referência no TTF fosse 58 euros mais elevados que o preço de referência para o LNG, durante 10 dias consecutivos de negociação. A proposta foi fortemente contestada entre os 27 Estados-membros.

Mas agora, com esse limite reduzido, existem riscos que foram apontados pelos principais intervenientes do mercado financeiros e energético na União Europeia, entre eles o Banco Central Europeu (BCE), a Agência de Cooperação dos Reguladores da Energia (ACER) ou o próprio Intercontinental Exchange (ICE).

“Um dos principais riscos que podem existir seria no mercado over the counter (OTC)“, isto é, os contratos bilaterais negociados diretamente entre comprador e vendedor e que não são abrangidos por este teto.

Se o mecanismo for acionado, os operadores podem mudar os seus contratos para o mercado OTC e isso terá consequências difíceis de identificar neste momento. Os alertas levantados são sem dúvida legítimos, mas será necessário observá-los ao longo do tempo, porque, caso o mecanismo seja ativado, só mesmo aí teremos noção das suas consequências reais“, ressalva Daniel de Nicolás.

Entre os alertas, surgem preocupações do banco liderado por Christine Lagarde associados ao risco estabilidade financeira na zona euro, referindo que o mecanismo de correção de preços “pode aumentar a volatilidade e as chamadas de margem, desafiar a capacidade dos bancos centrais na gestão dos riscos financeiros e incentivar a migração das negociações para o mercado secundário de gás”.

Se o mecanismo for acionado, os operadores podem mudar os seus contratos para o mercado OTC e isso terá consequências difíceis de identificar neste momento. Os alertas levantados são sem dúvida legítimos.

Daniel de Nicolás, Energy Optimization & Market Studies Consultant, Schneider Electric

Mas precisamente por causa desses riscos, que foram sendo divulgados durante o período de negociações entre os 27 Estados-membros, foram também asseguradas um conjunto salvaguardas que permitem suspender o mecanismo de limite aos preços do gás, no dia seguinte a estas se verificarem. Por exemplo, o teto é desativado se se verificar um aumento do consumo de gás de 15% em dois meses ou de 10% num mês, ou se se registar uma quebra nas compras de gás no TTF ou entre os Estados-membros, ou mesmo se houver uma diminuição trimestral na importação de LNG no bloco europeu.

Além disso, a Comissão garante que o limite também será desativado automaticamente, a qualquer momento, se o executivo comunitário declarar emergência regional ou da União Europeia, tal como prevê o regulamento de segurança do abastecimento.

Em qualquer dos casos, a ACER, que ficou encarregue de monitorizar a evolução dos preços do gás na Europa, publicará uma ‘nota de desativação’ na sua página web a formalizar a decisão.

A boa notícia agora seria que o mecanismo não tivesse de ser aplicado, e se fosse, que tal acontecesse de forma limitada e temporária”, defende o analista.

Notícia atualizada às 10h18

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TAP pediu avaliação legal para contestar contrato com a Airbus em Londres

Companhia pediu a uma das maiores sociedades de advogados do mundo que avaliasse a possibilidade de o contrato com a Airbus para 53 aviões ser considerado nulo pelo tribunal arbitral de Londres.

A TAP pediu ao escritório de advogados britânico Norton Rose Fulbrigt para avaliar a possibilidade de o contrato de leasing de 53 novos aviões Airbus, negociado por David Neeleman, vir a ser contestado e declarado nulo no tribunal arbitral em Londres. Segundo uma consultora irlandesa, a companhia aérea portuguesa está a pagar muito mais pelas aeronaves do que os concorrentes.

A compra de 61% da TAP pela Atlantic Gateway na privatização de 2015 envolveu a capitalização da companhia com 226,75 milhões de dólares. Dinheiro que a empresa de David Neeleman e Humberto Pedrosa recebeu diretamente da Airbus, como indica uma análise legal da Serra Lopes Cortes Martins & Associados feita em agosto de 2022 para a companhia aérea e (SLCM) revelada pelo ECO.

A quantia terá sido entregue em contrapartida de um negócio de leasing de 53 aviões pelo fabricante europeu, fechado pelo próprio David Neeleman, e que segundo os advogados pôs a companhia aérea a pagar a sua própria capitalização, violando o Código das Sociedades Comerciais.

Uma análise pedida pela TAP à consultora irlandesa Airborne, entregue a 10 de agosto de 2022, estima que o custo cobrado à transportadora portuguesa pelas aeronaves supere em 254 milhões de dólares o valor pago pelas concorrentes para os mesmos modelos. A companhia desistiu ainda da encomenda de 12 aviões A350, que segundo a Airborne poderia ter adquirido por menos 190 milhões do que o valor de mercado.

A companhia aérea não ficou por aqui e contratou a Norton Rose Fulbright, uma sociedade de advogados anglo-americana que está entre as dez maiores do mundo, para avaliar a viabilidade legal de contestar em Inglaterra o acordo celebrado inicialmente entre uma empresa de David Neeleman (DGN) e a Airbus, com a TAP a substituir o empresário americano no contrato um dia depois de o Conselho de Ministros aprovar a privatização da TAP SGPS e 61% do capital ser transmitido para a Atlantic Gateway (12 de novembro de 2015). A encomenda de 15 aeronaves A320 Neo, 25 A321 Neo e 14 A330-900 Neo estende-se até 2025, faltando receber 14 aviões, incluindo os previstos para este ano.

A Norton Rose Fulbright entregou a análise legal à TAP a 7 de setembro, concluindo existir a possibilidade de os “Contratos NEO” poderem ser considerados nulos. A avaliação parte da premissa de que os contratos serão ilegais à luz da legislação portuguesa e da União Europeia, como conclui a Serra Lopes Cortes Martins & Associados (SLCM).

Segundo esta última, a capitalização da TAP com os fundos da Airbus configura uma situação de assistência financeira, proibida pelo artigo 322.º do Código das Sociedades Comerciais, argumentando que a capitalização da companhia aérea foi, na prática, feita com fundos reembolsados pela própria.

Uma conclusão em sentido contrário a um parecer jurídico entregue pela Vieira de Almeida à TAP, e para consulta da Parpública, no dia em que se consumou a privatização. A SLCM defende ainda que foram violadas as regras da Concorrência portuguesas e Europeias, considerando ter existido um abuso de posição dominante por parte da Airbus.

Porquê em Inglaterra? Os Contratos NEO estipulam que eventuais disputas terão de ser dirimidas no Tribunal de Arbitragem Internacional de Londres (LCIA, na sigla inglesa). Uma das questões que os advogados britânicos avaliam é se, mesmo após o Brexit, a legislação europeia é aplicável. Ora o acordo de saída do Reino Unido da UE prevê que o regulamento europeu sobre a lei aplicável às obrigações contratuais, conhecido como Roma 1, continue a ter força legal.

Para a Norton Rose Fulbright, “a linha de argumentação mais forte à disposição da TAP” para tentar defender que os Contratos NEO não são aplicáveis surge do regulamento Roma 1, se for considerado que a legislação alegadamente violada pela Airbus faz parte das normas de aplicação imediata, cujo respeito é considerado fundamental pelo país para a salvaguarda do interesse público.

“É argumentável que um tribunal com sede em Inglaterra que aplique as regras da LCIA determinasse que os Contratos Neo não são aplicáveis em resultado do regulamento Roma 1”, sustenta a análise legal a que o ECO teve acesso.

A sociedade anglo-americana elabora sobre as possíveis consequências de o tribunal arbitral decidir a favor da TAP. Ainda que o contrato possa ser considerado nulo, como se nunca tivesse existido, considera mais provável que LCIA se foque nas condições ainda não cumpridas, como a entrega dos aviões ainda em falta.

O tribunal arbitral pode ainda decidir pela retirada de provisões do contrato consideradas ilegais. Pode ser o caso da cláusula que prevê o pagamento pela companhia aérea portuguesa de novation fees, na prática uma penalidade que terá de ser paga caso não receba um ou mais aviões da Airbus ou resolva o respetivo contrato quanto a um ou mais aviões.

Ainda que ao abrigo do regulamento Roma 1 fosse aplicada a legislação portuguesa, a Norton Rose Fulbright nota que o facto de a legislação inglesa também proibir a situação de assistência financeira e dispor de regras idênticas quanto ao Direito da Concorrência, pode ajudar a convencer o tribunal arbitral de que os contratos não são aplicáveis.

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) tem já a decorrer um inquérito com base nos indícios apurados nas avaliações legais. O ECO questionou a TAP e o Ministério das Infraestruturas sobre se os contratos com a Airbus estavam a ser renegociados ou se tinha avançado alguma ação em tribunal, mas não obteve resposta.

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