Sindicato dos inspetores do SEF quer igualdade salarial com Polícia Judiciária

  • Lusa
  • 17 Março 2023

O sindicato dos inspetores do SEF considerou a passagem destes profissionais para a Polícia Judiciária deve respeitar o princípio “trabalho igual, salário igual”.

O sindicato dos inspetores do SEF considerou esta sexta-feira que a passagem destes profissionais para a Polícia Judiciária deve respeitar o princípio “trabalho igual, salário igual”, avançando que esta matéria será uma “linha vermelha” nas negociações com o Governo.

“Não faz nenhum sentido que, quando os atuais inspetores do SEF integrarem a carreira especial de investigação criminal da PJ, passe a haver inspetores com menos anos na carreira a ganhar mais do que outros que têm mais anos de serviço”, afirmou à agência Lusa o presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do SEF (SCIF/SEF), Acácio Pereira.

Esta semana o Governo publicou o projeto de decreto-lei que regula a transferência dos trabalhadores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras para a Polícia Judiciária, para o Instituto de Registos e Notariado (IRN) e para a futura Agência Portuguesa para as Migrações e Asilo (APMA) no âmbito da reestruturação do SEF.

A publicação inicia a fase formal do processo de negociação sindical, ficando o processo da extinção do SEF concluído com aprovação final em reunião de Conselho de Ministros.

O sindicato dos inspetores considera que o projeto de decreto-lei que irá regular a transferência dos inspetores do SEF para a PJ não garante o princípio “trabalho igual, salário igual”, sendo uma “linha vermelha” que tem de ser respeitada e da qual o sindicato “fará ponto de honra nas negociações com Governo” que vão decorrer a partir de agora.

Acácio Pereira disse que “os inspetores do SEF que forem transferidos para a PJ serão colocados nos escalões correspondentes na carreira especial de investigação criminal da PJ e, nesses escalões, terão de ver totalmente respeitados os anos de serviço que já cumpriram como inspetores do SEF“.

Não faz qualquer sentido que, dentro dos mesmos escalões na Polícia Judiciária, haja uns inspetores com menos anos de carreira a ganhar mais do que outros que tenham mais anos de serviço, apenas porque estes últimos acabaram de chegar do SEF”, precisou o dirigente sindical.

A carreira de investigação e fiscalização do SEF integra atualmente cerca de 900 inspetores em efetividade de funções e perto de uma centena em situação de disponibilidade (aposentação).

Os trabalhadores das carreiras gerais e de informática deverão ser distribuídos entre o IRN e a APMA.

A reestruturação do SEF vai permitir que os inspetores permaneçam até dois anos nos postos de fronteira aérea e marítima, os quais vão passar para a responsabilidade da PSP e GNR.

O Ministério da Administração Interna (MAI) explicou, numa nota, que os inspetores do SEF, apesar de serem transferidos para a PJ, vão continuar a desempenhar funções nos postos de fronteira aérea e marítima ao abrigo de um regime de afetação funcional transitório.

Segundo o MAI, estes inspetores vão continuar a dar formação aos elementos da GNR e da PSP em controlo de fronteiras e terão direito à remuneração de origem e à contagem do tempo de serviço prestado nesse regime de afetação.

Com a reestruturação do SEF, as competências policiais vão passar para a PSP, GNR e PJ, enquanto as atuais atribuições em matéria administrativa relativamente a cidadãos estrangeiros passam a ser exercidas pela APMA e pelo Instituto de Registo e Notariado.

A reestruturação do SEF foi decidida pelo anterior Governo e aprovada na Assembleia da República em novembro de 2021, tendo já sido adiada por duas vezes.

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Tribunal da Relação de Évora conclui que Cabrita tinha condições de dizer a motorista para cumprir regras

  • Lusa
  • 17 Março 2023

A Relação de Évora considerou que Cabrita "estava em condições de, no mínimo, dizer ao motorista para cumprir as regras de trânsito", no seu mais recente acórdão sobre o atropelamento mortal na A6.

O Tribunal da Relação de Évora (TRE) considerou que o ex-ministro Eduardo Cabrita “estava em condições de, no mínimo, dizer ao motorista para cumprir as regras de trânsito”, no seu mais recente acórdão sobre o atropelamento mortal na A6.

“O arguido estava em condições de, no mínimo, dizer ao motorista para cumprir as regras de trânsito fora de qualquer urgência, mediante um respeito pelo dever de cuidado que sobre si impendia e, por essa via, evitar o resultado (no caso o homicídio)”, pode ler-se.

O acórdão dos juízes desembargadores do Tribunal da Relação de Évora (TRE), datado desta terça-feira e consultado esta sexta-feira pela agência Lusa, é o que deu provimento ao recurso interposto pela Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M).

Esta associação, assistente no processo do atropelamento mortal do trabalhador Nuno Santos na Autoestrada 6 (A6), na zona de Évora, pela comitiva do antigo ministro da Administração Interna (MAI), avançou com o recurso após a rejeição pela juíza de instrução criminal do seu requerimento de abertura de instrução (RAI) visando Eduardo Cabrita.

Com o recurso, a ACA-M pretende que o antigo ministro seja pronunciado para julgamento por um crime de homicídio negligente, por omissão.

Os juízes desembargadores reuniram-se, na terça-feira, em conferência, e consideraram “provido” o recurso.

Já anteriormente o TRE tinha dado provimento parcial a um outro recurso, desta vez apresentado pela família da vítima mortal, sobre a decisão judicial que rejeitou os RAI para responsabilizar Eduardo Cabrita e, neste caso concreto, também o seu chefe de segurança, Nuno Dias, que vão agora responder em fase de instrução por homicídio por negligência e condução perigosa.

Contactado esta sexta-feira pela Lusa, o advogado da ACA-M, Paulo Graça, mostrou-se satisfeito com a decisão da Relação de Évora. “O que é que o despacho recorrido diz? Em linguagem simples, que eu não apresentei o RAI em condições para abrir a instrução. Mas recorri e disse que o requerimento estava bem feito e que não omiti nada”, disse.

E foi também isso que a Relação de Évora concluiu: “Diz que o requerimento está bem feito e, contrariando a juíza de instrução, diz que a associação indicou factos que integram o elemento subjetivo, pelo que o RAI está em condições de ser apreciado”.

A fase de instrução vai, agora, ser aberta para os três arguidos, ou seja, para o motorista do antigo ministro, Marco Pontes, o único acusado no processo, de homicídio por negligência, e cujo debate instrutório até já tinha sido realizado, e também para Eduardo Cabrita e Nuno Dias.

A instrução é aberta com Eduardo Cabrita por dois assistentes, a ACA-M e a família, e vai ser apreciada segundo a perspetiva de ambas, que não é inteiramente coincidente. Há um ponto em que coincidimos, que é a questão do homicídio, mas a família acha que é por ação e que também inclui o chefe de segurança e a ACA-M acha que é por omissão”, explicou Paulo Graça.

O advogado disse esperar que “lá para junho ou julho” esta fase do processo “esteja concluída, com o despacho de pronúncia ou de não pronúncia”.

Já o advogado da família da vítima, Joaquim Barros, disse à Lusa que o facto de o TRE ter dado provimento ao recurso da ACA-M “não altera nada”, pois, Eduardo Cabrita e Nuno Dias “já iam responder em fase de instrução, que vai ser aberta também para o motorista, em consequência dos recursos e do facto de o juiz de instrução não ter ainda tomado uma decisão definitiva” quanto a Marco Pontes.

A instrução, uma fase facultativa do processo de recolha de prova que pode ser requerida pelos arguidos para contestar a acusação, sendo dirigida por um juiz, ao contrário da fase de inquérito, que é dirigida pelo Ministério Público (MP).

A 18 de junho de 2021, Nuno Santos, funcionário de uma empresa que realizava trabalhos de manutenção na A6, foi atropelado mortalmente pelo automóvel em que seguia o então ministro, no concelho de Évora.

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Governo continua a ajudar as pessoas apesar do apelo do BCE para reduzir apoios, diz ministra do Trabalho

  • Lusa
  • 17 Março 2023

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social garantiu que o Governo vai continuar a ajudar as pessoas, nomeadamente as mais vulneráveis, apesar do apelo da presidente do BCE.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social garantiu esta sexta-feira que o Governo vai continuar a ajudar as pessoas, nomeadamente as mais vulneráveis, apesar do apelo da presidente do Banco Central Europeu para os governos reduzirem apoios a famílias.

“Aquilo que temos feito e continuaremos sempre a fazer é procurar em cada momento responder à situação das pessoas, nomeadamente focando-nos nas pessoas que estão em situação de maior vulnerabilidade”, disse Ana Mendes Godinho, no Porto, à margem da Cimeira das Pessoas “Não há Europa Social sem Direitos Sociais”.

A governante disse que o Governo procura sempre mobilizar, a par das medidas excecionais, medidas de investimento estrutural naqueles que são os grandes desafios. “É isso que temos feito e que vamos continuar sempre a fazer”, vincou.

Na quinta-feira, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, apelou aos governos da Zona Euro para começarem “rapidamente” a reduzir os apoios orçamentais às famílias e às empresas, para travar a inflação.

“É importante começar rapidamente a reduzir essas medidas de forma concertada” para evitar “aumentar as pressões inflacionistas a médio prazo”, declarou Lagarde, em conferência de imprensa, após a reunião de política monetária do BCE. Lagarde disse também que o BCE “está pronto a agir, se for necessário” para “preservar a estabilidade financeira”.

Questionada sobre a greve desta sexta-feira, da função pública, Ana Mendes Godinho recusou fazer comentários por não ter dados sobre a adesão, reforçando, contudo, que a greve é um direito de todos.

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Lisboa acusa Governo de “solução de descarte” ao atirar arrendamento coercivo para autarquias

  • Ana Petronilho
  • 17 Março 2023

No parecer enviado ao Governo sobre o Mais Habitação, a autarquia de Lisboa defende que as propostas mais polémicas, como o arrendamento coercivo ou as medidas para o AL, “devem ser reavaliadas".

A Câmara de Lisboa acusa o Governo de atirar para os municípios o arrendamento coercivo sendo “uma solução de descarte” e junta-se às várias vozes que já apontaram que a generalização desta medida põe em causa “o direito fundamental à propriedade privada”.

No parecer enviado ao Governo, a propósito da consulta pública ao pacote Mais Habitação, a autarquia defende que as propostas mais polémicas “devem ser reavaliadas” e sublinha que o Estado deve dar o exemplo antes de “exigir dos privados” uma resposta. É o caso das medidas previstas para o arrendamento coercivo — que a vereadora da Habitação, Filipa Roseta, já fez saber, em entrevista ao Público, que “não vai acontecer” — e para o alojamento local.

A autarquia, liderada por Carlos Moedas, avisa que o “pecado original” do Governo é a falta de envolvimento dos municípios, criticando um “centralismo excessivo”. E afirma que o problema da habitação não se resolve com “obstinação ideológica”.

O executivo municipal aproveita mesmo o documento para lembrar que entre 2010 e 2020 – período dos mandatos de António Costa e de Fernando Medina – se assistiu a uma “autêntica década perdida na habitação” com o número médio anual de 17 habitações públicas construídas na capital. Um número “dramaticamente baixo” quando comparado com as “991” casas públicas construídas “na década antecedente”.

Esta “inércia”, lê-se ainda no documento, “não se ficou pela capital e estendeu-se ao país” sendo, por isso, “imperativo” recuperar “o tempo perdido”.

Para encontrar a resposta, é necessário “juntar todos os esforços de todas as partes: seja o setor público, o setor privado, e o setor social ou cooperativo”, defende a autarquia.

“Não podemos resolver o problema com obstinação ideológica e o seu consequente alheamento da realidade. Pelo contrário, exige que o Estado dê o exemplo, que promova a confiança com todos os parceiros e que envolva efetivamente o poder local e as suas diferentes realidades e assimetrias na procura de soluções”, lê-se no documento da CML.

Sobre a proposta de arrendamento forçado de casas devolutas, o município de Lisboa evoca a Lei de Bases da Habitação, lembrando que “para garantir a função social da habitação, o Estado recorre prioritariamente ao património edificado público”. Com esta proposta, o Governo está a “desvirtuar” a lei, frisando que “o Estado não dá o exemplo porque exige dos privados aquilo que prioritariamente deveria fazer: colocar à disposição das pessoas, em programas de habitação pública, o extenso repertório de imóveis públicos devolutos”.

A lei em vigor já prevê o arrendamento coercivo, mas a regra é aplicada apenas a imóveis devolutos localizados em zonas de pressão urbanística. A proposta do Governo generaliza a aplicação do arrendamento forçado. E o município de Lisboa entende que, desta forma, o mecanismo passa a ser “um instrumento geral de ação pública que poderá colocar em causa o conteúdo essencial do direito fundamental à propriedade privada”.

No caso das propostas do Governo para o alojamento local, a CML considera que provocam “incerteza e disrupção”, quando a competência para regulação do setor cabe aos municípios, acrescentando que a criação de um novo regime fiscal para o AL “gera uma situação de desigualdade injustificada”. A atribuição de benefícios fiscais previstos para os casos de transição de imóveis afetos a AL para arrendamento habitacional e a contribuição extraordinária sobre o AL, resultam num “ónus sobre os atuais proprietários de estabelecimentos de alojamento local que não recai sobre outros de natureza similar”.

Sobre a medida de suspensão de novas licenças até 2030 ou a possibilidade de os condomínios porem termo às licenças emitidas sem a sua aprovação, a autarquia liderada por Carlos Moedas diz que “criam uma insustentável indefinição quanto ao futuro do setor”, numa altura em que a CML já está a trabalhar em medidas que mitigam o aumento de estabelecimentos de AL na capital.

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BCE sem sinais de contágio da turbulência nos EUA e Credit Suisse

  • ECO
  • 17 Março 2023

Apesar da turbulência, os depósitos nos bancos da Zona Euro continuam estáveis, com as autoridades de supervisão sem sinais de contágio dos problemas nos EUA e Credit Suisse.

O Banco Central Europeu (BCE) não vê sinais de contágio nos bancos da Zona Euro da turbulência no setor, apesar de os resgates ao Credit Suisse e ao First Republic Bank não terem restabelecido a confiança dos investidores, que voltam a castigar os títulos da banca.

Por conta destas tensões, o BCE realizou uma reunião de emergência esta sexta-feira para avaliar a instabilidade e volatilidade no setor.

Ainda assim, as autoridades de supervisão receberam a informação de que os depósitos continuam estáveis em toda a Zona Euro e que a exposição dos bancos da região ao Credit Suisse era imaterial, segundo adiantou uma fonte à agência Reuters. O porta-voz do BCE não quis fazer qualquer declaração sobre o tema.

Tanto o Credit Suisse e como o First Republic Bank foram “resgatados” esta semana, mas continuam sob pressão na bolsa. O banco suíço recebeu um empréstimo de 50 mil milhões de francos suíços do banco central para reforçar liquidez e comprar obrigações no mercado, mas chegou a tombar mais de 10% nesta sessão, para novo mínimo histórico.

Já o americano First Republic Bank — banco que está agora no centro das atenções, depois das falências do Silicon ValleyBank e o SignatureBank há uma semana — teve uma “boia de salvação” de 30 mil milhões de dólares lançada pelos principais bancos de Wall Street, incluindo o Bank of America, JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citigroup, mas os títulos afundaram mais de 20% no arranque da sessão nova iorquina.

Dados do BCE mostram que os bancos da Zona Euro têm cerca de 4 biliões de euros em excesso de liquidez, dinheiro que querem devolver ao banco central pois estes empréstimos tornaram-se mais caros.

Um responsável do governo alemão afastou comparações entre a atual situação dos bancos europeus com a crise financeira de 2008, acrescentando que não há motivo para preocupação com o setor bancário do país.

Por cá, os bancos nacionais também asseguram ter uma exposição irrelevante ao Credit Suisse.

Esta quinta-feira, depois de ter avançado com nova subida das taxas de juro em 50 pontos base, o BCE assegurou que os bancos da Zona Euro estão “muito, muito mais fortes do que em 2008”, segundo Christine Lagarde.

(Notícia atualizada as 14h51)

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Filme da Turismo Centro de Portugal premiado no Japão

Filme da Turismo Centro de Portugal premiado com "Silver Award" no 5.º Festival Mundial de Filmes de Turismo do Japão.

Centro de Portugal, Um Destino e Tanto“, filme promocional da Turismo Centro de Portugal, arrecadou o “SilverAward” — o equivalente ao segundo lugar –, na categoria Região Turística, no 5.º Festival Mundial de Filmes de Turismo do Japão.

Premiado pelo júri internacional do 5.º Festival Mundial de Filmes de Turismo do Japão, que teve lugar na cidade de Shiga, o filme foi produzido para a Turismo Centro de Portugal pela Lobby Films and Advertising, no âmbito da campanha promocional com o mesmo nome, lançada em junho de 2022.

Temos uma expectativa elevada em relação ao mercado asiático, que estava a crescer no Centro de Portugal antes da pandemia e que será cada vez mais importante para a região nos próximos anos.

Pedro Machado

Presidente da Turismo Centro de Portugal

O presidente da Turismo Centro de Portugal, Pedro Machado, sublinhou que este filme promocional, apresenta o Centro de Portugal como um destino diversificado, que oferece experiências para todos os gostos e para todos os perfis de turistas”. Aliás, sustentou, “os números positivos de visitantes, em 2022, demonstram que este é o caminho certo”.

“Temos uma expectativa elevada em relação ao mercado asiático, que estava a crescer no Centro de Portugal antes da pandemia e que será cada vez mais importante para a região nos próximos anos”, frisou Pedro Machado.

Em competição estiveram, neste festival, 418 filmes de mais de 100 países. O vencedor do prémio máximo foi um filme promocional da Indonésia. O Festival Mundial de Filmes de Turismo do Japão é, desde 2021, membro do Comité Internacional de Festivais de Filmes de Turismo (CIFFT).

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Ministra garante que exposição do Fundo da Segurança Social à queda do Credit Suisse é “ínfima”

  • Lusa
  • 17 Março 2023

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social garantiu que a exposição do Fundo de Estabilização Financeiro da Segurança Social à queda histórica em bolsa do Credit Suisse é "ínfima".

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social garantiu esta sexta-feira que a exposição do Fundo de Estabilização Financeiro da Segurança Social à queda histórica em bolsa do Credit Suisse é “ínfima”.

“O que lhe garanto é que, de facto, a exposição é mínima ou ínfima (…) fruto de uma grande capacidade de diversificação das próprias aplicações. É isso que temos sempre de salvaguardar através do Fundo de Estabilização que é exatamente a não dependência excessiva do mercado”, afirmou Ana Mendes Godinho à margem da Cimeira das Pessoas, no Porto.

A governante reagia assim a uma notícia da TVI/CNN que adiantava que a Segurança Social está a perder dinheiro com o Credit Suisse. “Há dinheiro das pensões aplicado nas ações do banco e ainda antes do que aconteceu esta quarta-feira já havia perdas de quase um milhão de euros”, refere a TVI/CNN.

Ana Mendes Godinho reafirmou que a exposição é mínima relativamente a esta situação e que há sempre uma gestão “muito prudente” por parte da entidade gestora do Fundo de Estabilização. E acrescentou: “como está previsto nas próprias regras para garantir exatamente que não há riscos de exposição que ponham em causa o próprio fundo”.

A ministra salientou que ainda há pouco tempo se discutia por que não se arriscava mais, realçando que é “precisamente por uma lógica de prudência”.

As ações da instituição bancária Credit Suisse abriram esta sexta-feira em alta na Bolsa de Zurique com uma subida de 2,8%, mas baixaram 1,2% em poucos minutos, relativamente aos valores de quinta-feira. Na sessão anterior tinha-se registado uma subida de 19% que, em parte, compensou a queda de 24% ocorrida na quarta-feira.

Os investidores continuam atentos à cotação do segundo maior banco da Suíça, uma das 20 maiores instituições bancárias da Europa, depois de o Banco Nacional da Arábia Saudita — o principal acionista — ter anunciado que ia cessar os investimentos no Credit Suisse.

Esta semana, a decisão do Banco Nacional Saudita levou o Banco Nacional da Suíça a prestar ajuda contribuindo, desta forma, para a recuperação em bolsa do Credit Suisse, na quinta-feira.

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Les Roches começa open days para atrair novos estudantes de hotelaria

Em Crans-Montana, os dias abertos estão marcados para 30 e 31 de março, 21 e 22 de abril e 20 de maio. No campus de Marbella terão lugar a 21 de abril, 26 de maio e 23 de junho.

A Les Roches acaba de anunciar os seus open days para o semestre da primavera de 2023. No campus de Crans-Montana, na Suíça, os dias abertos estão marcados para 30 e 31 de março, 21 e 22 de abril e 20 de maio. Paralelamente, no campus de Marbella, em Espanha, terão lugar a 21 de abril, 26 de maio e 23 de junho.

“Este é o primeiro passo para os estudantes mergulharem numa das indústrias mais excitantes do planeta”, começa por afirmar o CEO da Les Roches, Carlos Díez de la Lastra.

“Profissionais com melhor formação são cada vez mais necessários na indústria da hospitalidade e turismo de luxo, equipados com qualificações que refletem as suas competências e conhecimentos do setor. Os programas da Les Roches são concebidos para desenvolver talentos com valores baseados no multiculturalismo, liderança e empreendedorismo. A nossa taxa de colocação profissional excede os 94% e os nossos licenciados gozam de tremendas oportunidades de crescimento. Temos atualmente 14.000 ex-alunos em todo o mundo que são excelentes profissionais e gestores na indústria hoteleira e que mantêm contacto uns com os outros graças à associação de ex-alunos que criaram”, acrescenta, em comunicado.

Os candidatos serão imersos na indústria da hospitalidade durante a sua visita aos campus, conhecendo em primeira mão as instalações e desfrutando da gastronomia preparada pelos atuais estudantes. Além disso, estudantes e conselheiros educacionais estarão disponíveis para explicar como é a vida na escola, o currículo, os estágios, bem como toda a experiência de aprendizagem no campus.

“O ensino presencial é parte do nosso ADN. Os nossos alunos não só aprendem os melhores conceitos técnicos enquanto interagem diretamente com as últimas inovações, como também aprendem a gerir conflitos, a lidar com equipas e a ter uma visão de outras culturas e modos de vida. Esta experiência é essencial se se quiser trabalhar num ambiente tão diverso como a indústria da hospitalidade. Criamos um microclima que engloba o que eles vão ver e experimentar no mundo real”, explica Carlos Díez de la Lastra.

Os licenciados Les Roches compreendem quase 100 nacionalidades e gozam de uma inserção quase total no seu campo de interesse, recebendo uma média de três ofertas de emprego após a conclusão dos seus estudos, garante a escola de gestão hoteleira.

Os interessados devem registar-se aqui (para participar nos open day de Crans-Montana) ou aqui (no caso de escolherem o campus de Marbella).

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DBRS alerta para impacto nas previsões económicas se volatilidade nos mercados continuar

  • Lusa
  • 17 Março 2023

A instabilidade nos mercados financeiros Europa será contida, aponta a DBRS, mas alerta que um prolongamento da volatilidade terá impacto nas perspetivas económicas.

A agência de notação financeira DBRS considerou hoje que a instabilidade nos mercados financeiros Europa será contida, mas alerta que um prolongamento da volatilidade terá impacto nas perspetivas económicas, colocando alguns desafios políticos.

Os analistas da DBRS recordam que a falência do SVB Financial Group e do Signature Bank nos Estados Unidos, bem como a crise do Credit Suisse levaram a um aumento da volatilidade nos mercados financeiros europeus, com as ações dos bancos europeus a serem particularmente atingidas.

“Na nossa opinião, se a volatilidade do mercado financeiro for prolongada, isso provavelmente afetará as perspetivas económicas da Europa e apresentará alguns desafios políticos”, referem num comentário divulgado.

Ainda assim, dizem esperar que o impacto da instabilidade do mercado financeiro na economia da União Europeia (UE) seja contido, embora os riscos para as perspetivas tenham aumentado.

“As preocupações do mercado devem diminuir, refletindo os fundamentos dos bancos europeus e uma resposta oportuna das autoridades europeias. Os bancos europeus em conjunto parecem bem capitalizados, financiados e com uma base de depósitos estável. Os requisitos de liquidez são rigorosos”, justificam.

No entanto, alertam que “a confiança no sistema bancário pode enfraquecer e os riscos de liquidez podem aumentar caso ocorra um grande levantamento de depósitos e as autoridades não agirem prontamente, exacerbando os receios de contágio e prolongando a volatilidade nos mercados”.

Para os analistas, nesse cenário, desempenho económico europeu será afetado devido a uma menor confiança dos consumidores e dos investidores, reduzindo o consumo e o investimento e a uma diminuição do crédito à economia, à medida que os bancos reduzem os empréstimos em resposta a um aumento nos custos de financiamento.

“A decisão mais recente do BCE de aumentar as taxas de juros em 50 pontos base em março de 2023 pode ser seguida por um ritmo mais moderado de aperto ou mesmo uma pausa, pois avalia os potenciais riscos para a estabilidade financeira”, disse Carlo Capuano, responsável no departamento de ‘rating’ dos soberanos na DBRS.

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Líder da maior gestora de ativos do mundo antecipa uma retração na concessão do crédito dos bancos

O líder da Blackrock prevê também um período marcado de grandes desafios na gestão da liquidez dos balanços de muitas empresas, por conta de algumas políticas de investimento tomadas nos últimos anos.

A falência do Silicon Valley Bank (SVB) é visto por Larry Fink, presidente do conselho de administração e CEO da Blackrock, a maior gestora de ativos do mundo, como um ponto de viragem no setor bancário.

Parece inevitável que alguns bancos precisem agora de recuar na concessão de empréstimos para apoiar os seus balanços, e é provável que vejamos padrões de capital mais rigorosos por parte dos bancos”, refere o líder da Blackrock numa carta enviada recentemente aos investidores.

A insegurança criada junto dos investidores e empresários pela falência do SVB foi tão grande que Larry Fink chega a escrever que “hoje, muitos financeiros de empresas pensam em retirar os seus depósitos dos bancos ao final do dia para reduzirem o risco da contraparte durante a noite.”

O líder da Blackrock, uma sociedade gestora que tem mais de 1,6 biliões de euros em ativos sob gestão (quase sete vezes mais que o PIB de Portugal), classifica a falência do SVB como “o maior falhanço do sistema bancário americano” dos últimos 15 anos.

No entanto, Larry Fink salienta que, no longo prazo, “a atual crise bancária terá uma grande importância no papel dos mercados de capitais” porque, segundo o gestor, como resultado de uma contração na concessão de crédito por parte dos bancos, as empresas procurarão os mercados de capitais para financiar as suas operações, através de operações de abertura do capital em bolsa (IPO) ou por via de emissões obrigacionistas, por exemplo.

Além da contração da concessão do crédito, o gestor antecipa também a possibilidade de o mercado viver um período de “desajustes de liquidez” por parte dos balanços das empresas.

Segundo Larry Fink, uma política de taxas de juro muito baixas por parte dos bancos centrais “teve o efeito de conduzir muitos investidores a procurar investimentos em ativos ilíquidos – ativos com menos liquidez e com maior potencial de retorno; e agora existe o risco de um ‘descasamento’ de liquidez para estes proprietários de ativos, especialmente aqueles com carteiras alavancadas.”

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Ministro da Educação promete “nova fase de diálogo” e diz que vagas e quotas do 5.º e 7.º escalões estarão “em cima da mesa”

"Nas propostas que vamos apresentar, a questão das progressões no 5.º e no 7.º escalão estará em cima da mesa", disse João Costa, antecipando uma "nova fase de diálogo" com os sindicatos.

O ministro da Educação admite que o “descontentamento” dos professores está relacionado “com outras matérias” que não o novo modelo de recrutamento e colocação de docentes e garante que o Governo está a iniciar uma “nova fase de diálogo” com os sindicatos. “Nas propostas que vamos apresentar, a questão das progressões no 5.º e no 7.º escalão estará em cima da mesa”, afiançou.

“Este ponto de chegada tem grandes contributos dos professores e dos seus representantes, ou seja, este diploma que aprovámos é muito diferente em várias das suas premissas face àquilo que foi a nossa proposta inicial”, afirmou o ministro da Educação, em conferência de imprensa esta sexta-feira sobre o decreto-lei que regula o novo modelo de recrutamento e colocação de professores.

No entanto, João Costa admite que o “descontentamento” dos professores “diz respeito até mais a outras questões que têm estado na ordem do dia do que relativamente ao modelo de recrutamento”, pelo que o Ministério da Educação convocou para a próxima quarta-feira uma reunião com as 12 estruturas sindicais que representam o setor da Educação.

Na semana passada, João Costa já tinha adiantado que esta nova reunião iria visar quatro temas: a correção dos efeitos assimétricos da carreira que decorrem do período de congelamento que terminou em 2018; a redução da desburocratização, questões de monodocência e a regularização da situação profissional dos técnicos especializados.

“Sempre com algum otimismo que me caracteriza, mas também com realismo, nós estamos a iniciar uma nova fase de diálogo com os sindicatos”, elencou o governante, referindo que “idealmente vamos conseguir encontrar pontos de encontro” com os sindicatos e “idealmente chegaremos a um terceiro período com muito mais tranquilidade”.

Questionado pelos jornalistas sobre se já recebeu a proposta da plataforma que agrega nove estruturas sindicais do setor da Educação sobre o descongelamento das carreiras, o ministro afiança que já recebeu o documento e que este “não é diferente” daquilo que tem sido apresentado pelos sindicatos. “Face àquilo que sabemos que são as pretensões das organizações sindicais vamos na quarta-feira começar a trabalhar”.

Além da recuperação integral do tempo de serviço, o fim das quotas e vagas no acesso 5.º e 7.º escalões são também uma das reivindicações e o ministro admitiu discutir o tema. “Nas propostas que vamos apresentar a questão das progressões no quinto e no sétimos escalão estará em cima da mesa”. Nestes escalões só entram os professores que tiverem “muito bom” ou “excelente”, sendo que as vagas para entrada no 5.º escalão são de 50% e as do 7.º de 33% dos docentes em condições de transitar para cada um desses escalões.

O acordo sobre o novo modelo de recrutamento e colocação dos professores foi aprovado em Conselho de Ministros na quinta-feira, sendo que entre as medidas previstas consta a reconfiguração dos QZP (quadros de zona pedagógica) de dez para 63, a vinculação de mais de 10 mil docentes em setembro desde ano, a abertura de, pelo menos, 20 mil vagas para quadros de escola em 2024 e a criação de dois novos índices remuneratórios para os professores contratados.

Entre as alterações feitas que não constavam no último documento entregue aos sindicatos, o ministro disse que no que respeita à vinculação dinâmica ficou previsto que os docentes à medida que “reúnam os requisitos poderão vincular todos os anos” e que uma proposta anterior ditava que para a progressão nos escalões dos professores contratados estes não podiam recusar horários, mas “essa condição caiu”. “É mais uma aproximação com os sindicatos”, conclui.

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Quase todo o Baixo Alentejo está sujeito à desertificação. Em 80 anos, valor médio de precipitação caiu para metade

Clima e as más práticas agrícolas fizeram com que 94% do Baixo Alentejo se tornasse suscetível à desertificação e, em Mértola, essa percentagem chega aos 96%.

A poucos dias do início da primavera, o país começa a “pintar-se” de verde mas, no Baixo Alentejo, o fenómeno é outro, dado que a seca é uma realidade presente, oscilando ao longo do ano. Mesmo após os períodos intensos de chuva, em dezembro, Beja não se viu livre deste “carimbo”, tendo registado níveis de seca fraca e moderada, de acordo com os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), daquela altura.

Mas agora, os dados divulgados pelo REA Alentejo (projeto que pretende ajudar recuperar a produtividade agrícola e florestal na região) dão conta que, nesta região fustigada pela seca — onde, em 80 anos, o valor médio de precipitação na região caiu para metade –, o clima e as más práticas agrícolas fizeram com que 94% do Baixo Alentejo se tornasse suscetível à desertificação. A região de Mértola chega mesmo a registar 96% de suscetibilidade a este fenómeno.

A informação foi divulgada esta sexta-feira pelo REA Alentejo, iniciativa promovido pela Associação de Defesa do Património de Mértola (ADPM). Este dá conta de que a Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS) do Baixo Alentejo, (padrão de geocódigo que serve para referenciar as subdivisões de países para fins estatísticos e que compreende 13 concelhos, entre os quais Beja, Mértola e Serpa), apresenta 38% do seu território com suscetibilidade crítica à desertificação, 35% muito elevada e 21% elevada. Apenas 5% conta com níveis moderados e 1% com níveis reduzidos.

Já na margem esquerda do Guadiana, os valores sobem quase aos 100%, com 96% da área suscetível à desertificação (32% crítica, 37% muito elevada e 27% elevada).

Temos vindo a assistir, nos últimos anos, a um elevado grau de degradação dos solos nesta região, como consequência da desertificação“, cita o comunicado as declarações de María Bastidas, coordenadora do REA Alentejo.

Em 80 anos, o valor médio de precipitação na região caiu para metade

Os dados recolhidos pela Estação Meteorológica de Vale Formoso, e partilhados pela REA Alentejo, pintam um cenário claro: entre 1940 e 2022 assistiu-se a uma diminuição acentuada na média de precipitação anual, por décadas.

Se na década de 40 o valor médio anual de precipitação era de quase 800 (755,4 milímetros), na década de 2010 o valor diminuiu para 474,2 mm. Em particular em Mértola, é clara a diminuição da precipitação registada. De 1940 a 1970, a média anual de precipitação foi de 601 mm, enquanto nos últimos 30 anos (de 1991 a 2021) o valor desce para os 446 mm.

 

Maria José Roxo, investigadora da NOVA FCSH, sublinha que, naquela região, “a aridez tem aumentado”, resultado das temperaturas altas e do declínio acentuado na precipitação nas últimas décadas, “o que contribui para uma alteração na estrutura dos solos e nas quantidade e qualidade dos recursos hídricos”. Mas a agricultura intensiva também contribuiu para o agravamento do fenómeno, “uma vez que esta prática não tem em vista a proteção do mesmo e este vai perdendo qualidade”, acrescenta ainda a investigadora.

Além destes, existe ainda uma responsabilidade a ser atribuída à questão climática, alerta a investigadora da NOVA FCSH que produziu dados sobre esta matéria.

Se por um lado, apontam os dados, o último ano climático (de setembro de 2021 a agosto de 2022) trouxe a seca mais severa de que há registo — apresentando o valor total anual de precipitação na ordem dos 398mm –, por outro , só no período de inverno (de dezembro de 2022 a fevereiro de 2023) choveram mais 200mm.

“Esta enorme irregularidade na precipitação e na distribuição pelas estações do ano, contribui para uma grande incerteza em termos agrícolas e para o desencadear de episódios de erosão que favorecem a degradação dos solos, quando ocorrem chuvas intensas ”, esclarece Maria José Roxo.

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