Montenegro diz que o Governo acabou e que foi o próprio PS que o admitiu

  • Lusa
  • 30 Abril 2023

O líder do PSD considerou que o Governo acabou e que foi o próprio presidente do PS, Carlos César, que o admitiu quando pediu um "algum refrescamento" no executivo socialista na sequência do caso TAP.

O líder do PSD, Luís Montenegro, considera que o Governo acabou e que foi o próprio presidente do PS, Carlos César, que o admitiu quando pediu um “algum refrescamento” no executivo socialista. “Este Governo, de alguma maneira, acabou. E quem o diz não sou eu. Quem o diz é o presidente do Partido Socialista”, afirmou o presidente social-democrata, em declarações aos jornalistas durante uma visita à feira agropecuária Ovibeja.

Montenegro salientou que quando o presidente do PS diz que “o Governo tem de ser regenerado e refrescado” significa que “está a assumir que aquilo que este Governo fez, nestes 13 meses, foi um falhanço e que estes governantes não servem“. “Nesse aspeto, eu estou de acordo com ele”, sublinhou.

O presidente do PSD disse acreditar que, se houver eleições legislativas antecipadas, os portugueses “escolherão outro partido para liderar o Governo e esse partido é indiscutivelmente o Partido Social Democrata“. Porém, ressalvou, a marcação de eleições antecipadas “está na mão de duas pessoas”, ou seja, está sujeita a decisões do primeiro-ministro ou do Presidente da República, pelo que é preciso “respeitar a posição de um e de outro”.

“Este Governo falhou e acabou do ponto de vista do seu espaço de manobra para motivar e mobilizar a sociedade portuguesa“, insistiu, defendendo que o executivo PS “não pode ficar embrulhado em toda esta bagunça que envolve a sua atividade”.

Advertindo que “ou o Governo muda ou o país tem de mudar de Governo”, Luís Montenegro afiançou que, se houver eleições, o PSD está preparado para “assumir a condução de uma política governativa que transforme a vida das pessoas para melhor”.

Andamos há 13 meses embrulhados em questões internas com um primeiro-ministro que já mostrou não ser capaz de ultrapassar a situação. O que é hoje uma evidência é que o primeiro-ministro perdeu a sua capacidade de liderar o Governo“, realçou.

Questionado pelos jornalistas sobre se o ministro das Infraestruturas tem condições para continuar no cargo, devido à polémica com o seu antigo adjunto, o presidente do PS respondeu que “vários ministros que estão diminuídos politicamente”.

Há muitos que estão diminuídos politicamente e que estão frágeis, mas isso também emana da falta de autoridade e capacidade de liderança do primeiro-ministro“, apontou, acusando o Governo de não ter capacidade para mobilizar os portugueses.

Numa entrevista ao Interesse Público, publicada no Jornal Público, o presidente do PS, Carlos César, defendeu que o primeiro-ministro deve avaliar se há ou não necessidade de “algum refrescamento” no Governo, considerando ser preciso “maior rigor e disciplina” para evitar casos como os que têm envolvido a TAP.

Em conferência de imprensa, no sábado, o ministro das Infraestruturas considerou ter “todas as condições” para estar no Governo, negou contradições e realçou que os factos mostram que houve cooperação com a comissão de inquérito à TAP.

João Galamba disse que informou a ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, sobre a reunião preparatória pedida pelo PS e que podia participar, se quisesse, tendo recebido confirmação do interesse mais tarde, presença à qual não se opôs. O governante afirmou ainda que reportou ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e à ministra da Justiça o roubo de um computador pelo adjunto exonerado Frederico Pinheiro, tendo-lhe sido dito que deveria comunicar ao SIS e à PJ.

O adjunto exonerado acusou o Ministério das Infraestruturas de querer omitir informação à comissão de inquérito à TAP sobre a “reunião preparatória” com a ex-CEO.

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Bruxelas propõe novas regras orçamentais. Como fica Portugal?

Novas regras da União Europeia mantêm limites de 3% do PIB para o défice e 60% do PIB para a dívida pública, mas deixam uma "trajetória" mais flexível para redução.

A Comissão Europeia já avançou com a proposta para as novas regras orçamentais da União Europeia, e poucos ficaram contentes. Mantêm-se os limites de 3% do défice e 60% da dívida face ao PIB, com recomendações específicas para cada país mas também ajustes anuais para todos. Portugal estará seguro no défice, mas ainda tem um longo caminho para andar no que diz respeito ao rácio da dívida pública.

As regras orçamentais estão suspensas desde o início da pandemia, momento em que foi aproveitado pelos Estados-membros para avançarem com a muito esperada reforma.

Bruxelas já apresentou a proposta que vai estar em discussão, tentando ir ao encontro das várias exigências e que acaba por ser menos flexível do que o esperado:

  • Os países com défice superior a 3% do PIB vão ter de fazer ajustes anuais no valor de 0,5% do PIB até que o défice fique abaixo da meta;
  • O rácio da dívida face ao PIB deve ser visivelmente menor ao final do plano quadrienal;
  • Caso o plano seja estendido para sete anos, a maioria das correções fiscais deverá ocorrer nos primeiros quatro anos, ao invés de ser adiada até ao final;
  • A despesa líquida deve permanecer sempre abaixo do crescimento económico potencial.

O que significa isto para Portugal? Por um lado, a meta do défice não é um problema, tal como o ministro das Finanças já tinha sinalizado.

As contas públicas têm apresentado um défice abaixo dos 3% do PIB e a perspetiva para os próximos anos é que se mantenha assim, sendo que o Conselho das Finanças Públicas estima mesmo que se chegue a um excedente em 2024, três anos antes do projetado por Fernando Medina no Programa de Estabilidade.

Já a questão da dívida é mais sensível. Quando foram conhecidas as orientações da Comissão, pensava-se que a meta de 60% da dívida não iria regressar, algo que Medina apoiava. “Cada país com um certo nível de dívida deve ter um tratamento determinado para esse nível de dívida“, defendeu o ministro numa conferência no início de março, apontando que “o princípio da igualdade” é “tratar de forma diferente o que é diferente, não é aplicar a mesma regra” como atualmente.

Mesmo assim, já se falava de uma possível metodologia de redução de dívida comum, mas o ministro reiterava que levantava questões, já que “um país que tenha uma dívida historicamente mais alta terá menor necessidade de diminuir a sua dívida do que um país que tenha subido a sua dívida e depois tenha tido uma redução muito significativa”.

Apesar dessas reticências, o ministro mostrou-se confiante esta semana relativamente à posição de Portugal. “Se não houver um acordo [sobre a nova proposta da Comissão Europeia para normas orçamentais], as regras que estarão em vigor são as regras que todos nós conhecemos […] e Portugal está confortável com qualquer quadro de regras, na medida em que nós, neste momento, estamos a cumprir escrupulosamente todos os indicadores de todas essas regras”, disse Medina.

Endividamento no espaço do Euro

Olhando para os últimos números do Eurostat, mais de metade dos países da UE não cumpre o limite de 60% do PIB para a dívida pública. Portugal tem o terceiro rácio mais alto, de 113,9% do PIB, ainda que tenha tido também das maiores quedas no ano passado. À sua frente ficam apenas Grécia (171,3%) e Itália (144,4%).

É também possível verificar que seis países da área do euro têm dívida superior a 100% do PIB, sendo que a dívida da Zona Euro é até mais alta do que a média comunitária (que inclui mais países): foi de 91,6% nos países do Euro, no último trimestre de 2022, e 84% na média dos países da União Europeia.

Apesar de Portugal estar acima do limite do rácio da dívida, as novas regras propostas por Bruxelas contemplam uma “trajetória técnica” para países endividados da UE, como Portugal, dando-lhes mais tempo para reduzir o défice e a dívida.

Mesmo assim, é de salientar que, anteriormente, em muitas ocasiões, as regras apertadas acabavam por não ser aplicadas. Agora “é uma exigência mais leve do que a anterior e, por isso, é mais aplicável e pode ser levada mais a sério”, indica Pedro Braz Teixeira, diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, ao ECO.

Assim, tudo dependerá da capacidade de cumprimento de Portugal das regras que serão, em princípio, mais realistas. Mesmo assim, o caminho da redução do rácio da dívida tem-se feito. “Aquilo que tem havido no caso português é uma redução de mais de 1 ponto percentual da dívida por ano e, portanto, estamos a cumprir essa regra, exceto nos anos excecionais que as regras foram suspensas — anos da pandemia com uma subida extraordinária da dívida para todos os países”, salienta o economista.

Mesmo no Programa de Estabilidade, as previsões são de uma redução de 22 pontos percentuais do rácio da dívida entre 2022 e 2027, para culminar em 92% dentro de cinco anos. As estimativas do Governo apontam para que a dívida pública fique abaixo de 100% do PIB já a partir de 2025.

Há, ainda assim, alguns fatores a ter em atenção. Por um lado, está ainda em curso a subida de juros, que aumenta o custo da dívida. Porém, tudo aponta para que esta subida seja apenas temporária, além de que Portugal “está com uma margem grande e uma folga em relação à meta”, nota Pedro Braz Teixeira. No entanto, o economista nota que “se tivermos um problema grave de turbulência bancária e problemas dos bancos contagiarem a dívida pública, isso já pode ser mais complicado”, sinaliza o economista, que destaca ainda assim a incerteza que se vive.

Alemanha, França e Itália contra… por razões opostas

Pouco tempo após ter sido apresentada, a proposta de Bruxelas já foi alvo de críticas de vários países, ainda que por razões diferentes. A Alemanha tem sido exigente com a existência de algumas regras comuns para a redução da dívida, mostrando receios quanto ao caráter mais personalizado das orientações que a Comissão quer dar.

Mesmo com as concessões feitas às exigências alemãs, o ministro das Finanças ainda não está contente. Christian Lindner fez uma conferência de imprensa após a apresentação das regras onde sinalizou que ainda não está contente e que serão necessárias “alterações significativas” para tornar as regras suficientemente sólidas, obrigatórias e transparentes.

Já França expressou a visão oposta, reiterando que os aspetos do regime orçamental eram muito rígidos. Itália, por sua vez, sinalizou que a proposta dava muito pouco espaço para investimentos no crescimento e na transição verde.

Esta proposta ainda tem de ser analisada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da União Europeia, sendo que se perspetivam longas negociações pelo caminho. Certo é que deverão ter de chegar a acordo até ao final do ano, porque em 2024 as regras orçamentais voltam a estar em vigor e, sem consenso, o que se aplica é o quadro antigo.

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Líder do PSD diz que “governo falhou” e aguarda avaliação de Marcelo

  • ECO
  • 30 Abril 2023

Luís Montenegro considera que o Presidente da República já devia ter falado com o primeiro-ministro por causa das polémicas em torno da TAP. "Governo falhou" e está "suspenso", acusou líder do PSD.

O governo falhou” e António Costa “perdeu a capacidade” para liderar um Executivo com vários ministros “diminuídos” e “fragilizados”, acusou o líder do PSD, Luís Montenegro, que aguarda pela avaliação do Presidente da República, depois de ouvir o primeiro-ministro, para resolver a situação de suspensão em que se encontra o país.

“Estamos a atingir um momento de exaustão completa”, disse o presidente dos sociais-democratas em declarações transmitidas pela Sic Notícias, numa visita à feira Ovibeja.

“Enquanto partido alternativo e responsável, aguardamos com serenidade as decisões do primeiro-ministro e do Presidente da República. (…) Se gostaria que o Presidente já tivesse falado com o primeiro-ministro? Gostaria que já tivesse acontecido, pois o país não pode estar suspenso com a ausência do primeiro-ministro. O governo está suspenso por sua incapacidade de lidar”, afirmou.

Para Montenegro, o “governo não pode ficar embrulhado na bagunça que tem envolvido a sua atividade nestes últimos meses”. Então, “ou governo muda ou país tem de mudar de governo, isso far-se-á através dos instrumentos da democracia e da Constituição”.

Enquanto estamos a discutir questões internas do Governo, “devíamos estar a projetar Portugal para um ciclo de crescimento robusto e duradoura e que aproveitasse milhares de milhões da UE”, acrescentou.

Montenegro disse ainda não estar completamente esclarecido sobre o caso que envolve o ministro das Infraestruturas e o ex-adjunto. Nomeadamente em relação à intervenção do Serviço de Informações de Segurança (SIS) na recuperação do computador que Frederico Pinheiro levou do ministério.

“Os serviços de informação não estão à disposição do governo para os trabalhos que entende solicitar”, começou por dizer em relação a este assunto, antes de colocar várias questões que quer ver “cabalmente” respondidas.

“Os serviços de informação têm uma lei própria que rege o seu funcionamento, tem uma secretaria geral que tem de zelar pelo cumprimento e que tem de dar conhecimento daquilo que faz ao PM, que por sua vez tem de dar conhecimento ao Presidente da República. O Presidente da República já foi informado sobre o que andaram a fazer os serviços de informação? Quem é que deu a ordem? O que é a secretária-geral do sistema de informação da República tem para dizer? O que é que o primeiro-ministro tem para dizer?”, questionou Montenegro.

Sobre a TAP, o líder do PSD diz estar há 27 dias à espera de uma resposta de António Costa, mas o primeiro-ministro “há 27 dias que se anda a esconder”.

“Se o primeiro-ministro se esconde, isso é mais uma demonstração que está sem força de liderança para continuar a exercer a função”, reiterou.

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Trabalhadores dos bares dos comboios da CP suspendem luta após contrato com Newrail

  • Lusa
  • 30 Abril 2023

Os trabalhadores dos bares dos comboios suspenderam a luta que mantinham desde 1 de março, após a assinatura de um novo contrato de concessão do serviço de refeições entre a CP e a Newrail.

Os trabalhadores dos bares dos comboios suspenderam a luta que mantinham desde 1 de março, na sequência da assinatura do novo contrato de concessão do serviço de refeições entre a CP e a Newrail.

“A administração da CP informou os representantes dos trabalhadores dos bares dos comboios que assinou um novo contrato de concessão do serviço de refeições dos comboios de longo curso Alfa Pendular e Intercidades com a empresa Newrail — Restauração e Serviços”, lê-se no comunicado enviado pela Federação dos Sindicatos da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht).

Desta forma, os trabalhadores decidiram suspender a luta e as vigílias que mantinham à porta das estações de Campanhã e Santa Apolónia, desde o dia 1 de março, tendo em conta o compromisso da nova empresa de assumir os contratos de trabalho dos trabalhadores no dia 1 de maio, refere a mesma nota.

Segundo a Fesaht, “os trabalhadores passam agora para a nova empresa com todos os direitos e regalias, incluindo a antiguidade, e vão receber os três meses de salários em atraso”.

A federação de sindicatos sublinhou, porém, que os trabalhadores vão continuar a luta até à sua reintegração nos quadros da CP.

O novo contrato de concessão tem início a 1 de maio e termo em 31 de dezembro deste ano.

Os trabalhadores têm o objetivo de passar para os quadros da CP, “no mínimo, no dia 1 de janeiro de 2024”, realçou a Fesaht.

A CP, a nova empresa de prestação de serviços e a Fesaht reúnem-se na terça-feira, no Ministério do Trabalho, a pedido dos sindicatos, “para esclarecer alguns pontos pendentes”.

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Zelensky discute com Macron medidas de próxima campanha da guerra

  • Lusa
  • 30 Abril 2023

Zelensky e Macron discutiram por telefone as medidas a tomar tendo em vista o início iminente da campanha da primavera na guerra ucraniana, especialmente nos meses de maio e junho.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, discutiram por telefone as medidas a tomar tendo em vista o início iminente da campanha da primavera na guerra ucraniana, especialmente nos meses de maio e junho.

De acordo com um comunicado da Presidência ucraniana, Zelensky “relatou em pormenor a situação na frente de batalha e as perspetivas de evolução” durante a conversa de mais de uma hora com o Presidente francês.

O chefe de Estado ucraniano explicou também as “necessidades prioritárias das forças de defesa ucranianas”, depois de várias semanas a pedir aos seus aliados internacionais mais equipamento militar, nomeadamente munições, para se defenderem dos ataques russos.

Os dois líderes discutiram ainda os preparativos para a Cimeira da NATO em Vilnius (Lituânia), em 11 e 12 de julho, “em que serão tomadas decisões firmes e concretas sobre as garantias de segurança para o país e será iniciado o processo de convite à adesão da Ucrânia à NATO”, de acordo com o comunicado da Presidência.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dimitro Kuleba, afirmou esta semana que a aceitação da Ucrânia na cimeira de Vilnius seria “histórica”, embora reconhecesse que o país se contentaria com passos menos ambiciosos, como a adesão à NATO. “Seria uma conquista”, afirmou, de acordo com a agência noticiosa Ukrinform.

“A nossa ambição é ir o mais longe possível para atingir este objetivo. Se fôssemos aceites na NATO já na cimeira de Vilnius, seria completamente histórico, mas mesmo que déssemos um passo importante para a adesão, considerá-lo-íamos uma conquista”, afirmou.

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Greves já tiveram alguns resultados mas contestação social veio para ficar

Sindicatos sinalizam que há ainda setores sem resposta às reivindicações, pelo que a luta vai continuar. CCP salienta que alterações à lei laboral complicam e colocam limitações à contratação.

Professores, inspetores da PJ, trabalhadores da CP, funcionários judiciais e ainda trabalhadores da easyJet e até EDP. As greves multiplicam-se e parece não haver fim à vista. Ainda que a luta dos trabalhadores já tenha dado alguns resultados, com várias empresas a ceder e o Governo a avançar com um aumento extra da Função Pública, há setores que continuam na luta e a contestação social vai manter-se, como sinalizam a CGTP e a UGT ao ECO. Do lado dos patrões, João Vieira Lopes admite que o Acordo de Rendimentos não foi suficiente, mas reitera que as alterações à lei laboral “não facilitam a vida às empresas”.

Depois de meses intensos de manifestações e greves, os trabalhadores vão sair à rua no 1º de Maio para reivindicar melhores salários e mais direitos. A CGTP tem marcadas iniciativas um pouco por todo o país, sendo que, na capital, além da tradicional corrida (que já vai na 40.º edição), também está marcada uma manifestação do Martim Moniz até à Alameda.

“A imensa luta que tem vindo a ser desenvolvida pelos trabalhadores, com maior intensidade ao longo dos últimos meses, para exigir uma resposta a uma situação que não é inevitável,” vai assim ser trazida para as celebrações do dia dos Trabalhadores, destaca a secretária-geral da CGTP, ao ECO.

Precisamos que os aumentos sejam generalizados e isso obriga a que se aumente a luta para o Governo perceber que os trabalhadores não aceitam continuar a ser os que pagam as crises.

Isabel Camarinha

Secretária-geral da CGTP

Num cenário ainda de elevada inflação, verificou-se uma “grande mobilização para o 1º de Maio”, com mais de 30 iniciativas em todo o país, “onde os trabalhadores dos vários setores convergirão tanto com reivindicações mais concretas como com uma reivindicação mais geral que garanta o aumento dos salários, melhoria dos direitos, aumento das pensões”, salienta Isabel Camarinha.

Já a UGT vai “regressar a Belém”, como aponta Carlos Alves, secretário executivo da central sindical, ao ECO, que espera uma “boa adesão: os sindicatos estão mobilizados e é um regresso a casa onde a UGT já fez vários 1º de Maio”. Mas não vai ser só um dia de celebração, sendo que está marcada também “alguma luta de alguns sindicatos e alguns setores”, salienta.

Nos últimos tempos, o setor que tem estado mais em luta é a educação, nota, mas há também reivindicações na Justiça e também noutras áreas. Algumas das revindicações têm dados frutos, já que “tem havido greves, mas muitas vezes há acordos e negociação”, salienta.

De acordo com os dados mais recentes da DGERT, foi na Administração Pública que se entregaram mais avisos prévios de greve, correspondendo a 28% do total em fevereiro. Seguem-se as indústrias transformadoras e os transportes e armazenagem, sendo de destacar neste setor as greves da CP, que levaram à supressão de seis mil comboios num mês, segundo o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses.

Fonte: DGERT

O sindicalista também aponta que a “contestação social existe sempre, vai existir porventura cada vez mais em setores específicos mas também onde haja maior incapacidade e dificuldades negociais”, já que a situação não tem sido “igual em todos os setores do Governo nem do privado”. Carlos Alves admite também que neste contexto “de perda grande de rendimentos e de inflação, em que o rendimento disponível é mais comprimido, é natural que as pessoas estejam mais insatisfeitas”.

Assim, é previsível que a contestação social continue, nomeadamente “em alguns setores em que se sente que não há resolução a vista”. Ainda assim, deixa a ressalva de que para os “sindicatos da UGT não haverá luta pela luta, será sempre uma via para reabrir diálogo”.

Isabel Camarinha aponta também que “já se conseguiram resultados: há setores onde se negociaram contratos coletivos e empresa a empresa onde se estão a conseguir aumentos”, mas é preciso que “seja generalizado e isso obriga a que se aumente a luta, para o Governo perceber que os trabalhadores não aceitam continuar a serem os que pagam as crises”.

Do lado do patronato, o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) também admite que a contestação social deverá continuar e que “é provável que exista maior participação do que é habitual nestas comemorações do 1º de Maio”. Tal reflete também “preocupação das pessoas com os problemas de poder de compra devido à inflação, que apesar das medidas tomadas se mantém elevada”, aponta, ao ECO.

Acordo de rendimentos é insuficiente mas levou a aumentos maiores dos salários

É de recordar que o Governo assinou no ano passado um Acordo de Rendimentos com os patrões e a UGT, onde ficou definido o compromisso para um aumento médio dos salários de 5,1%. Este valor fica, no entanto, abaixo da inflação, que foi ainda mais alta do que o esperado, o que motivou até o Executivo a atualizar o aumento da Função Pública em 1%.

Contudo, o acordo não foi revisto, apesar dos sindicatos defenderem essa possibilidade. “Os pressupostos que levaram à assinatura deste acordo estão já um pouco ultrapassados”, salientou Mário Mourão, líder da UGT, no mês passado.

Ao ECO, Carlos Alves relembrou também que há uma “cláusula de salvaguarda inserida no acordo para mexer se necessário”. “Neste momento estamos a acompanhar, apesar tudo os salários estão a evoluir de forma positiva”, destaca. Apesar desta nota positiva, assegura que se for necessário vão acionar este mecanismo de revisão.

Já João Vieira Lopes aponta que “o Acordo de Rendimentos provocou, apesar de tudo, uma tendência para o aumento em termos médios dos salários acima do que tem sido habitual nos últimos anos”. Apesar desta subida, o presidente da CCP admite que, “provavelmente, não é suficiente porque o país está com um problema estrutural que os governos não estão a conseguir ultrapassar”. “Se prevemos crescimento médio de 1,9% por ano, significa que não vai haver uma grande capacidade de ultrapassar as limitações de rendimento das pessoas”, salienta.

Independentemente do Acordo de Rendimentos, que teve valências positivas, apesar de insuficientes, o Governo aprovou um conjunto de alterações à lei do trabalho que não vieram facilitar a vida às empresas.

João Vieira Lopes

Presidente da CCP

“Não se está a conseguir colocar o centro de gravidade numa maior valorização em termos do valor acrescentado nacional e da produtividade e isso é que permite maiores salários”, argumenta.

Além do acordo, que “teve valências positivas, apesar de insuficientes”, Vieira Lopes destaca que “o Governo aprovou um conjunto de alterações à lei do trabalho que não vieram facilitar a vida às empresas”. Estas medidas “complicam”, acusa, nomeadamente com “limitações à contratação e a temática do outsourcing“.

Apesar disso, o Governo tem escolhido destacar o “sucesso” do acordo de rendimentos, com Ana Mendes Godinho a avançar que os dados referentes às remunerações de janeiro e fevereiro, apontam para um aumento médio de 8% (dos salários). É de salientar, no entanto, que a subida do salário mínimo também poderá influenciar os números, já que passou de 705 em 2022 para 760 em 2023, uma subida de 7,8%.

E apesar da inflação estar a abrandar, mantém-se ainda a um nível elevado, ao fixar-se nos 7,4% em março e 5,7% em abril, segundo as estimativas provisórias. O ministro das Finanças admitiu também que a subida dos preços ia ser maior do que o esperado este ano, pelo que reviu a previsão de 4% para 5,1% em 2023, no Programa de Estabilidade apresentado este mês.

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Maior sindicato alemão exige semana de trabalho de quatro dias

  • Lusa
  • 30 Abril 2023

O IG Metall, que representa dois milhões de trabalhadores, exigiu a implementação da semana de trabalho de quatro dias, sem cortes salariais.

O líder do maior sindicato da Alemanha, o IG Metall, que representa dois milhões de trabalhadores, exigiu este domingo, véspera do 1.º de Maio, a implementação da semana de trabalho de quatro dias, sem cortes salariais.

“Para quem tem de trabalhar um dia de madrugada, depois à tarde e depois à noite, um fim de semana de três dias é uma boa pausa”, disse o presidente do IG Metall, Jörg Hofmann, em entrevista à edição de domingo do jornal Bild, citada pela EFE.

Para o sindicalista, a semana de quatro dias deve ser introduzida primeiro para os cargos com componente física e onde se realiza trabalho por turnos e depois, talvez, para outras tarefas, como as que permitem o teletrabalho.

Neste sentido, o sindicato pretende iniciar as ações em novembro, quando começa a negociação do acordo coletivo da siderurgia.

Hofmann destacou que, se a medida for implementada, o volume total de horas de trabalho aumentará, já que, por exemplo, muitas mulheres que atualmente trabalham meio período estariam dispostas a aceitar uma jornada completa de 32 horas semanais, segundo inquéritos aos associados, por ser um modelo que favorece a conciliação do trabalho com a vida pessoal.

Segundo o sindicato, se apenas 10% das mulheres que trabalham meio período dessem esse passo, o volume total de horas de trabalho aumentaria mais do que a contratação de 400.000 imigrantes qualificados, que o Governo pretende atrair para fazer face à escassez de mão-de-obra.

Adicionalmente, para as novas gerações, o tempo de trabalho é um critério mais relevante do que o salário, defendeu o sindicalista, acrescentando que, por isso, é necessário adaptação à mudança dos tempos.

Os empregadores, no entanto, rejeitaram a afirmação de Hofmann, chamando-a de “conto de leiteira”.

Em declarações ao Bild, a Associação Federal de Empregadores Alemães (BDA) manifestou-se a favor da flexibilização do horário de trabalho, mas afirmou que uma redução geral do horário de trabalho não é a solução adequada na situação atual.

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📹 Bruxelas quer definir regras claras para evitar o greenwashing

  • ECO
  • 30 Abril 2023

Metade das alegações ambientais dos produtos na União Europeia são enganosas ou infundadas.

Já olhou para a prateleira de um supermercado repleta de rótulos “eco”, “amigo do planeta”, “bio” e se questionou se está mesmo a ajudar o ambiente ao colocar este tipo de produtos no carrinho de compras? Já ouviu falar de greenwashing?

A Comissão Europeia quer definir regras claras para a forma como as empresas devem comprovar as suas alegações ambientais.

Veja este vídeo.

http://videos.sapo.pt/tRmcSotHbi8qOYGKwzR7

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Anacom alcança lucro recorde de 50 milhões em 2022

Regulador fechou o ano passado com um resultado líquido de quase 50 milhões de euros, fruto, sobretudo, das taxas cobradas a operadoras. Excluindo ganhos com juros, propõe entregar 90% ao Estado.

A Anacom, o regulador das comunicações, fechou o ano passado com um resultado líquido recorde de quase 50 milhões de euros, que compara com os lucros de 32,5 milhões registados no ano anterior. O aumento está relacionado, sobretudo, com a subida das receitas com taxas pagas pelas operadoras de telecomunicações. A esmagadora maioria deste dinheiro deverá ser entregue aos cofres do Estado.

De acordo com o Relatório e Contas de 2022, publicado esta sexta-feira, o resultado líquido da Anacom em 2022 foi, exatamente, de 49,14 milhões de euros, mais 51% do que em 2021. A entidade presidida por João Cadete de Matos justifica a subida com o “aumento do valor faturado relativo às taxas de utilização de frequências e às taxas de atividade das comunicações eletrónicas”.

Segundo o documento, no total, as receitas com comunicações eletrónicas, enquanto regulador, subiram 12% em 2022 e totalizaram 113,2 milhões de euros, o que representa, em termos absolutos, quase mais 12,5 milhões do que no ano precedente. Este incremento tem em conta o “aumento verificado na média dos custos suportados com provisões nos últimos cinco anos”, que a Anacom justifica com os “processos de impugnação intentados pelos prestadores” relativamente às taxas de regulação.

“A constituição de provisões tem aumentado de ano para ano, não só pelo surgimento de novos processos de impugnação de taxas por parte dos prestadores de serviços, como pelo reforço da cobertura dos processos de anos anteriores”, refere a entidade reguladora no relatório.

Ou seja, à medida que as operadoras vão impugnando as taxas de regulação, acabam a pagar mais à Anacom, que constitui provisões para fazer face a esses processos. No final do ano a Anacom tinha quase 168,2 milhões de euros de parte para esse efeito, contra 150 milhões no final de 2021.

Além disso, as empresas do setor pagaram à Anacom mais dez milhões de euros em taxas de utilização de frequências, num total de 71,95 milhões, no ano em que as operadoras acentuaram os esforços para desenvolver o 5G em Portugal, depois de um longo leilão em 2021 que levou o Estado a arrecadar 566,8 milhões de euros com a venda de licenças.

Em sentido inverso, do lado das despesas, a Anacom conseguiu diminuir os gastos em 5%, para 67,56 milhões de euros.

Perante estes resultados, o conselho de administração da Anacom já propôs um destino para os quase 50 milhões de euros de lucros do exercício de 2022. A equipa de João Cadete de Matos quer entregar aplicar pouco mais de 4,9 milhões em “reservas de investimento” com “a finalidade de ser utilizado na constituição do capital estatutário”, correspondendo aos juros obtidos com investimentos no IGCP e 10% do resultado.

Os restantes 90%, correspondendo a 44,2 milhões, serão entregues aos cofres do Estado. “A Anacom recomenda que a parcela que vai entregar ao Estado (…) seja preferencialmente utilizada no desenvolvimento das comunicações em Portugal em benefício dos utilizadores finais”, refere o relatório anual do regulador.

Este deverá ser o último relatório anual da Anacom a abranger a liderança de João Cadete de Matos, dado que o mandato do presidente termina no próximo dia 15 de agosto. Segundo a lei, pode permanecer no cargo até ser substituído pelo Governo, embora já tenha reconhecido publicamente aos jornalistas que prefere terminar o mandato no final do período regular.

Não é a única alteração este ano na administração do regulador. Ainda esta semana, o Governo oficializou a designação de Manuel Cabugueira para o cargo de vogal. Além do mais, antes mesmo de Cadete de Matos terminar o seu mandato, a 30 de junho, acaba o do vogal Sandro Mendonça e, a 31 de dezembro, do vice-presidente, João Miguel André Monteiro Coelho.

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Regulador convida bancos a avançarem para compra do First Republic

  • ECO
  • 30 Abril 2023

Ações do First Republic perderam 97% do seu valor este ano. Com o banco sob pressão, autoridades americanas decidiram desencadear um processo de venda que deverá ficar fechado este domingo.

O regulador americano convidou bancos e grupos financeiros como o JPMorgan e PNC a avançarem com propostas para a compra da totalidade ou parte do First Republic, que poderá ser o terceiro banco a falir nos EUA em dois meses.

Além do JPMorgan e do PNC Financail Services Group, também o Citizen Financial Group e o US Bancorp estarão entre os interessados no processo de venda do First Republic que está a ser gerido pelo fundo de garantia de depósitos americano, o FDIC, de acordo com fontes citadas pelas agências Reuters e Boomberg.

As ações do First Republic perderam 97% do seu valor este ano, pressionadas pelos receios de perdas na sua carteira de crédito e outros ativos e pela intensa fuga de depósitos que registou desde o colapso do Silicon Valley Bank, no dia 10 de março.

Para conter a pressão, o FDIC avançou com o processo de venda esta semana. Os interessados tiveram até sexta-feira para apresentarem propostas não vinculativas e estiveram a estudar o balanço do banco durante o fim de semana.

A conclusão da operação deverá ser anunciada este domingo, antes da abertura dos mercados asiáticos, esperando-se que o FDIC anuncie ao mesmo tempo uma intervenção no banco.

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Lucros dos bancos crescem com subida dos juros no crédito e baixas taxas nos depósitos

  • Lusa
  • 30 Abril 2023

Santander, Novobanco e Montepio tiveram lucros de quase 370 milhões de euros no primeiro trimestre. Resultados beneficiaram em grande medida do aumento da margem de juros entre crédito e depósitos.

Os lucros dos bancos estão a ser beneficiados pelas altas taxas de juro nos empréstimos e lenta subida nos depósitos, segundo analistas contactados pela Lusa, que avisam para o risco de algum crescimento a médio prazo do crédito problemático.

Na semana passada, Santander Totta, Novobanco e Montepio já apresentaram resultados e os lucros cresceram, alicerçados sobretudo na subida da margem financeira (a diferença entre os juros pagos nos depósitos e os juros cobrados no crédito).

Segundo o Banco de Portugal, em fevereiro, a taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação subiu para 3,52% e a taxa de juro média dos empréstimos às empresas avançou para 4,77%. Já nos depósitos, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou para 0,65% e nas empresas subiu para 1,50%.

“Neste momento, o que está a acontecer é que as taxas de juro dos depósitos estão muito baixas face às taxas de juro dos empréstimos. A margem do banco fica enorme e por isso os bancos estão a aumentar muito os seus lucros dada a discrepância”, afirmou à Lusa o analista Vítor Madeira, da corretora XTB.

Por outro lado, o aumento da taxa de juro faz com que “cada vez mais haja pressão sobre as pessoas e podem não conseguir cumprir as obrigações de crédito, quer famílias quer empresas”, o que significa um risco para o balanço dos bancos.

A eventual materialização deste risco (os clientes não conseguirem pagar créditos) ainda demora, avisou, pois os efeitos na economia demoram alguns meses a acontecer. Também depende da evolução da economia se famílias e empresas vão aguentar, sobretudo do desemprego.

No próximo dia 4, é esperado que o Banco Central Europeu (BCE) suba novamente as taxas de juros de referência, podendo chegar a 4%, e volte a subir em junho. E se a “inflação continuar alta, o BCE pode decidir subir mais, o que asfixia as famílias e há maior probabilidade de as pessoas não conseguirem cumprir com as obrigações ao banco”, disse.

O presidente da consultora financeira Informação de Mercados Financeiros (IMF), Filipe Garcia, minimiza que a subida das taxas de juro venha a ter muito impacto no crédito à habitação.

Filipe Garcia admite que há famílias que não conseguirão pagar os créditos, mas considera que, genericamente, quem aguentou até agora deverá aguentar até pois prevê estabilização das taxas de juro diretoras do BCE (analistas têm falado na barreira dos 5%), isto salvo situações mais grave do ponto de vista pessoal como desemprego.

Contudo, do ponto de vista macro, o crédito à habitação não deverá ser um problema para os bancos (o problema maior podem ser os novos créditos, com dívidas mais altas, mas aí o colateral — a casa — também vale mais).

“Onde o risco é maior é nas empresas”, considerou, explicando que a subida das taxas de juro e eventual desaceleração económica em alguns setores pode pôr muitas empresas aflitas.

Filipe Garcia afirmou que já se nota os bancos cautelosos no crédito a empresas e que isso pode ter efeitos na economia a médio prazo por queda do investimento.

“A subida das taxas de juro é benéfica porque aumenta a receita, mas aumenta igualmente risco da carteira de crédito”, afirmou, por seu lado, o analista da ActivTrades Mário Martins.

O analista recordou os recentes anos de taxas de juro em zero, em que os bancos estavam limitados aos lucros do ‘spread’. Agora, “voltam a ser beneficiados de serem remunerados além do ‘spread’, pela globalidade da taxa de juro de referência mais o spread.

Já sobre eventuais riscos da carteira de crédito, admitiu que aumentam à medida que aumentarem as taxas de juro e também pela evolução da economia. Contudo, para já o cenário central não é de agravamento significativo do crédito problemático, o que é visível nos níveis de constituição de imparidades e provisões, que continuam semelhantes aos que vinham sendo feitos, considerando o analista que a situação da banca “não é de fragilidade” por esta via para já.

O Novobanco teve lucros de 148,4 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, com a margem financeira a crescer 85% para 246,3 milhões de euros, um aumento que o banco disse ter sido ajudado pelo “ambiente favorável” das taxas de juro com efeitos na carteira de crédito, pois esta é “maioritariamente indexada à taxa de juro variável”. Assim, a melhoria da taxa de juro média dos ativos “superou o aumento do custo de financiamento”, nomeadamente depósitos.

Ainda antes de estes resultados serem conhecidos, numa análise, a agência de rating Moody’s disse esperar que o banco se mantenha lucrativo este ano, beneficiando de taxas de juro mais elevadas no crédito enquanto o custo do financiamento cresce de modo mais moderado, e que isso irá “compensar as pressões negativas decorrentes da alta inflação nos custos operativos e o maior custo do risco”, devido, sobretudo, a eventual subida de crédito malparado.

O Santander Totta teve lucros de 185,9 milhões de euros, mais 19,6% face ao primeiro trimestre de 2022, com a margem financeira a crescer 38,1% para 267,7 milhões de euros. O banco admitiu que essa melhoria reflete “as medidas de política monetária implementadas pelo BCE desde julho de 2022 em termos de subida das taxas de juro de referência”, mas também diz que se manteve “um contexto concorrencial bastante competitivo, que continuou a pressionar em baixa os spreads de crédito”.

Já o Banco Montepio teve lucros de 35,3 milhões de euros no primeiro trimestre de 2023, mais do triplo face aos 11,4 milhões de euros do mesmo período de 2022, tendo a margem financeira crescido 70,4% para 90,2 milhões de euros.

BCP, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e BPI apresentarão em maio os resultados do primeiro trimestre.

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Presidente do PS defende remodelação no Governo

  • ECO
  • 30 Abril 2023

Carlos César recomendou ao primeiro-ministro que avalie a necessidade de "algum refrescamento" no seu Executivo, porque "alguns ministros não cumpriram as expectativas".

O presidente do PS defende uma remodelação do Governo. Carlos César recomendou ao primeiro-ministro que avalie a necessidade de “algum refrescamento” no seu Executivo, porque “alguns ministros não cumpriram as expectativas”.

Em entrevista ao Público (acesso pago), Carlos César alertou o governo tem de evitar casos como da TAP, onde admitiu haver “procedimentos imprudentes e inapropriados no tratamento de diversos aspetos e detalhes”, pois pode ser penalizado quando for a eleições.

Talvez usando maior rigor e disciplina, sob pena de ser penalizado mais tarde no final da legislatura quando ocorrerem eleições“, sugeriu o dirigente socialista.

Em todo o caso, para Carlos César, “é tempo de convocar outras pessoas para a atividade do governo, de o fazer de forma ponderada e lenta no equilíbrio saudável, associando a experiencia de uns ao entusiasmo de outros”.

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