Salvador Caetano e Stadler vão construir fábrica de comboios em Ovar
Calendário para construção da fábrica de comboios em Ovar depende do concurso dos 117 novos comboios da CP. "Aliança estratégica" luso-suíça prevê ainda nova oficina em Guifões.
A Salvador Caetano e os suíços da Stadler vão unir esforços para instalar uma fábrica de comboios em Ovar, na região de Aveiro, anunciaram as empresas num comunicado, salientando que o projeto “irá contribuir para a criação de emprego qualificado nesta região”. O montante total do investimento não foi revelado.
“O principal objetivo do futuro investimento é a produção, entre outros, dos 117 comboios que estão previstos no âmbito de um concurso que a CP lançou em 2021”, referem os grupos português e suíço. Além da fábrica, que será a primeira fábrica de comboios em Portugal, é intenção das empresas construir uma oficina de manutenção em Guifões, no Porto.
A opção de fabricar comboios em Portugal é um dos critérios valorizado no concurso para o fornecimento de 117 novos comboios para a CP, que deverá ficar concluído no primeiro semestre deste ano. A situação interfere no calendário para a construção da fábrica em Ovar e no fornecimento dos 22 novos comboios para o serviço regional, que poderão vir a ser produzidos na unidade do distrito de Aveiro.
“Não nos podemos pronunciar porque dependerá de quando a fábrica estiver operacional, embora o fabrico dos 22 comboios regionais que a CP nos atribuiu no passado seria o nosso objetivo e gostaríamos de o poder fazer”, esclarece ao ECO fonte oficial da Stadler. Outubro de 2025 é o prazo para a chegada das primeiras novas automotoras para o serviço regional da CP.
No concurso para fornecer 117 novos comboios estão ainda o consórcio franco-português Alstom/DST – que também prevê uma fábrica de comboios – e ainda os espanhóis da CAF.
Impulso industrial
As duas companhias dizem ter “interesses mútuos no setor da mobilidade”. Para a Salvador Caetano, a parceria representa “uma maior diversificação das suas linhas de negócio” e a estreia no setor ferroviário de uma empresa mais conhecida pelo automóvel, que, em 2022, alcançou um volume de negócios de 2,9 mil milhões de euros.
O acordo deverá “dar um impulso considerável à indústria ferroviária portuguesa”, consideram as empresas, ao acelerar “a participação de empresas portuguesas no fornecimento de componentes de outros setores industriais”. As perspetivas para o setor também são positivas, com a Salvador Caetano e a Stadler a salientarem que “a indústria ferroviária é uma das indústrias com melhor perspetiva a longo prazo face à importância dos caminhos-de-ferro na mobilidade futura”, até à luz da descarbonização dos transportes.
No dia 24 de março, o Jornal Económico já avançava que a Stadler estava a avaliar a construção de uma fábrica de comboios em Portugal, poucos dias depois de o ministro das Infraestruturas, João Galamba, ter assegurado no Parlamento que o país irá receber uma infraestrutura deste tipo, independentemente de quem vencer o concurso da CP. O jornal salientava que a “decisão final” iria ser anunciada nas semanas seguintes, “numa altura em que a sua unidade fabril na cidade espanhola de Valência dá sinais de estar no limite da capacidade”, referia.
Tomada a decisão, “a Stadler, que alcançou um volume de negócios de 3,8 mil milhões de francos suíços em 2022, irá acrescentar esta fábrica à divisão responsável da Península Ibérica consolidando, assim, a sua presença em Portugal”.
Em comunicado, a empresa suíça recorda que, em novembro de 2020, assinou com a CP um contrato para “projetar e construir 22 comboios regionais do modelo FLIRT. “O acordo inclui dez carruagens elétricas, 12 unidades bimodais, serviço de manutenção por um mínimo de quatro anos, assim como a prestação de serviços de formação”. “O contrato pressupõe a renovação da frota ferroviária regional e integrou parte do plano de renovação do material circulante do operador português”, acrescenta.
Já em maio de 2021, o metro de Lisboa “adquiriu 14 metros de três carruagens à Stadler, uma encomenda que incluía também a manutenção preventiva e corretiva de todo o equipamento durante os primeiros três anos do projeto, bem como o fornecimento de peças sobressalentes e de peças para a frota por mais dois anos”, aponta a empresa. Este material circulante já não poderá ser fabricado em Portugal porque o projeto “encontra-se numa fase avançada”, refere ao ECO a mesma fonte.
Ainda no mesmo ano, em novembro, “a Stadler assinou um contrato com o operador ferroviário de carga Medway para a compra de 16 locomotivas elétricas e de dupla voltagem interoperáveis EURO6000, com a maior capacidade de tração disponível no mercado”, recorda.
(Notícia atualizada às 13h51 com mais informação)
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