Lucros da Sonae caíram 38,3% nos primeiros três meses do ano
Num período marcado pelo aumento do preço dos alimentos, o grupo que detém o Continente registou lucros de 26 milhões de euros e faturou 1,9 mil milhões de euros. Margem EBITDA desce ligeiramente.
A Sonae reportou um resultado líquido atribuível aos acionistas de 26 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, uma diminuição de 38,3% que justifica com o “esforço para apoiar as famílias, a pressão inflacionista, o aumento dos custos de financiamento e fiscais, imparidades de ativos e por depreciações mais elevadas na sequência do investimento na expansão e digitalização dos negócios”. Nos primeiros três meses de 2022, que coincidiram com o início da guerra na Ucrânia, o grupo liderado por Cláudia Azevedo tinha lucrado 42 milhões de euros.
Entre janeiro e março, o volume de negócios consolidado atingiu 1,9 mil milhões de euros, o que significou um crescimento de 12% que diz ter sido suportado pelos ganhos de quota de mercado e pelos investimentos na expansão dos negócios. Impactada pelos “esforços contínuos para apoiar as famílias e absorver a pressão inflacionista, sobretudo nos formatos de retalho alimentar” – e apesar da redução dos custos de energia –, a margem EBITDA subjacente diminuiu 9 pontos base em termos homólogos, para 7,3%.
“Continuámos a trabalhar arduamente para mitigar os impactos desta situação nas nossas comunidades, absorvendo uma parte significativa da inflação nos preços que oferecemos aos nossos clientes. Neste contexto desafiante, os nossos negócios de retalho mantiveram-se focados em garantir uma oferta de qualidade aos preços mais baixos, com um foco redobrado na sua eficiência operacional”, destaca Cláudia Azevedo, em comunicado enviado à CMVM.
Continuámos a trabalhar arduamente para mitigar os impactos desta situação nas nossas comunidades, absorvendo uma parte significativa da inflação nos preços que oferecemos aos nossos clientes.
Num trimestre em que passou a deter a totalidade do capital social da Sierra – comprou a restante participação de 10% por 89 milhões de euros –, em que realizou três novas aquisições de participações minoritárias na área tecnológica através da BrightPixel, e em que assinou uma parceria com o Bankinter para criar um operador líder no crédito ao consumo em Portugal, o EBITDA cresceu 9%, para 161 milhões de euros. Apesar de a margem ter sido impactada, “com a redução dos custos de energia a não ser suficiente para compensar os investimentos de preço nas operações de retalho”.
Cláudia Azevedo contabiliza que o desempenho operacional do grupo, juntamente com a atividade de gestão de portefólio, conduziu a um free cash flow de 181 milhões de euros nos últimos 12 meses, implicando uma ligeira redução da dívida líquida em termos homólogos, para 922 milhões de euros. Já em abril, os acionistas aprovaram o pagamento de um dividendo de 5,37 cêntimos por ação, uma subida de 5% em termos homólogos, “em linha com a política de dividendos” da Sonae.
Por outro lado, o conglomerado sediado na Maia reforçou neste período a participação na Sonaecom no seguimento da OPA que acabou por ser chumbada, detendo atualmente 88,837% do capital social e 90,456% dos direitos de voto da empresa. Entre janeiro e março, a empresa de tecnologias, telecomunicações e media do grupo encolheu os lucros em 75%, para 5,2 milhões de euros.
Retalho alimentar, de eletrónica e shoppings fortalecem resultados
No retalho alimentar, a MC (dona do Continente) disparou as vendas em 13,5% nos primeiros três meses do ano, para um volume de negócios de 1,5 mil milhões de euros. Em termos de rentabilidade, no entanto, a margem foi “impactada pela absorção parcial pela MC da pressão inflacionista, pelo efeito de mix e agravamento dos movimentos de trading down, e por aumentos de custos operacionais essencialmente devido à inflação”.
No entanto, sustenta o grupo nortenho que o desempenho do volume de negócios, o resultado das ações de melhoria de eficiência e a redução, em termos homólogos, dos custos de energia (devido a menores preços e aumentos de eficiência), permitiram que a MC atingisse uma margem estável de 8,4%, com um EBITDA subjacente de 124 milhões de euros no primeiro trimestre.
No retalho de eletrónica, a Worten ganhou quota de mercado e cresce 9%, com o online a pesar 15% das vendas totais de 284 milhões de euros. A Zeitreel (retalho de moda) manteve vendas de 96 milhões de euros neste período e no retalho de desporto, a ISRG viu as receitas subiram 24%. A Bright Pixel investiu 14 milhões em empresas de tecnologia, o Universo (serviços financeiros) aumentou a produção em 6%, enquanto a Nos aumentou o contributo para os resultados da Sonae em 3,1 milhões, com reforço de posição nas telecomunicações.
Na Sierra, as vendas dos lojistas dos centros comerciais ultrapassaram os níveis pré-pandemia, “demonstrando a resiliência e elevada qualidade dos seus ativos”. Na gestão de investimentos, concluiu a aquisição de sete supermercados e está a trabalhar em novos veículos de investimento. Na promoção imobiliária está a avançar a construção de um edifício prime de uso misto e da terceira torre de escritórios no Colombo. Face ao desempenho operacional positivo, os lucros da Sierra melhoraram 58%, para 16 milhões no final do primeiro trimestre.
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