Lucros da TAP são “passo sólido nas perspetivas para o futuro da empresa”, diz Galamba

  • ECO
  • 21 Março 2023

Ministério das Infraestruturas considera que a companhia aérea mostrou "resiliência" num ano ainda afetado pela pandemia, pela guerra na Ucrânia ou pelo disparar dos preços dos combustíveis.

O Ministério das Infraestruturas considera que os resultados anuais da TAP, conhecidos esta terça-feira, provam a “resiliência” da companhia aérea e são um “passo sólido nas perspetivas para o futuro”.

“A TAP divulgou hoje os resultados do ano de 2022, apresentando um resultado líquido positivo de 65,6 milhões de euros, o que configura um crescimento da receita acima do esperado”, nota o comunicado enviado ao início da tarde. Números que “são um passo sólido nas perspetivas para o futuro da empresa e para o País”, sublinha.

“Num ano ainda afetado pela pandemia, pela guerra na Ucrânia, pelo disparar dos preços dos combustíveis e pela mudança do sistema de tráfego aéreo no hub, que condicionou de forma significativa a atividade da TAP, a companhia provou a sua resiliência”, acrescenta o ministério liderado por João Galamba.

Estes resultados decorrem do empenho no processo que visa garantir sustentabilidade operacional e financeira de longo prazo da empresa. A possibilidade de produção de Combustível de Aviação Sustentável (SAF) no hub de Lisboa, a resolução dos constrangimentos aéreos operacionais, bem como a nova solução para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, perspetivam-se como oportunidades de criação de valor acrescentado para a TAP e para Portugal”, diz também o comunicado.

A TAP anunciou esta terça-feira o regresso aos resultados positivos, cinco anos depois. A companhia aérea terminou o exercício de 2022 com lucros de 65,6 milhões de euros e receitas de 3,5 mil milhões, um novo recorde. O resultado operacional saltou para uns inéditos 268,2 milhões.

Com estes números, a companhia põe fim a um longo ciclo de prejuízos, que atingiram os 1.600 milhões no ano passado, devido ao impacto da pandemia. Perdas que levaram ao resgate da companhia com a injeção de 3,2 mil milhões em ajudas de Estado e à aplicação de um plano de reestruturação, com milhares de despedimentos e cortes nos salários.

“Durante o quarto trimestre de 2022 a TAP foi capaz de gerar as receitas trimestrais mais elevadas da sua história e uma rentabilidade recorde, apesar dos contínuos desafios operacionais”, destaca Christine Ourmières-Widener, CEO da TAP, citada no comunicado divulgado pela empresa. O plano de reestruturação só previa o regresso da companhia aérea aos lucros em 2025.

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CFP agrava previsões para inflação e desemprego. Preços sobem 5,9% em 2023

Conselho das Finanças Públicas (CFP) reviu em alta previsões da inflação para 5,9% em 2023 e da taxa de desemprego para 6,4% até ao próximo ano.

Ainda num contexto de muita incerteza, o Conselho das Finanças Públicas (CFP) não mexeu na estimativa de crescimento do PIB este ano, mas reviu em alta as previsões para a inflação e o desemprego. Vê agora o índice harmonizado de preços acelerar 5,9% em 2023 e 3,1% em 2024, enquanto a taxa de desemprego se deverá fixar nos 6,4% nos dois anos.

Estes números representam um agravamento face à taxa de inflação de 5,1% e 2,2% em 2023 e 2024, respetivamente, antecipada pelo CFP nas projeções de setembro. O organismo liderado por Nazaré da Costa Cabral sinaliza que a “normalização da política monetária por parte do Banco Central Europeu, assim como o progressivo desvanecimento das restrições na oferta deverão contribuir para a redução das pressões inflacionistas ao longo do horizonte de projeção”.

A previsão para a aceleração da inflação neste ano fica, assim, ainda mais acima daquela estimada pelo Governo no Orçamento do Estado, de 4% em 2023.

A previsão da taxa de desemprego é também mais elevada face à estimativa de 5,3% e 5,1% no cenário divulgado no ano passado. Tal reflete “a manutenção de uma trajetória de ligeiro aumento na taxa de participação no curto prazo, em linha com a evolução recente desse indicador”, indica o CFP. No entanto, no médio prazo “projeta-se a manutenção do emprego e a redução gradual da taxa de desemprego até 5,8% da população ativa”.

Já no que diz respeito à evolução da economia, o CFP continua a ver um crescimento do PIB de 1,2% em 2023. Já para 2024 a previsão é revista em baixa, de 2% para 1,8%, mas em alta para 2025 de 1,8% para 2%.

“O abrandamento projetado para 2023 resulta da redução quer no contributo da procura interna, quer no contributo das exportações líquidas”, explica o organismo, tendo na base a “desaceleração expressiva do consumo privado” e do investimento. Isto numa altura em que continua a incerteza e a inflação em níveis elevados, tendo também a influência do “agravamento das condições de financiamento, que contribuem para a erosão do poder de compra dos consumidores e para o adiamento das decisões de investimento por parte dos empresários”.

Ainda assim, a “aceleração na absorção dos fundos europeus associados ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)” deve ajudar a impulsionar o crescimento do investimento, ainda que maioritariamente por via na componente pública.

É de sinalizar que esta projeção é feita num cenário de políticas invariantes, ou seja, não considera as novas medidas de política, nem medidas já anunciadas mas não legisladas nem quantificadas. Além disso, estas projeções foram finalizadas antes dos recentes desenvolvimentos em instituições bancárias nos EUA e Suíça e da mais recente decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), alerta o CFP.

Guerra, reabertura da China e fraca execução do PRR são riscos ao cenário

O CFP identifica alguns riscos para este cenário macroeconómico que se prendem em grande medida com a elevada incerteza. Fatores como a guerra na Ucrânia, o impacto da reabertura da China nos preços e a fraca execução do PRR podem comprometer o abrandamento da inflação e dificultar o crescimento económico.

“A continuação da guerra na Ucrânia, o aumento do preço das matérias-primas devido ao processo de reabertura da China, a possível desancoragem das expectativas de inflação no médio prazo e a transmissão da dinâmica inflacionista às componentes menos voláteis do IPC poderão levar a uma taxa de inflação mais elevada e persistente do que a atualmente considerada pelo CFP”, alerta o organismo, sendo estes os principais riscos sobre os preços.

Como consequência, os bancos centrais podem decidir “acelerar os processos de normalização da política monetária, prejudicando quer a procura interna devido ao impacto que a subida das taxas de juro tem numa economia com um elevado grau de endividamento como a portuguesa, quer a procura externa dirigida a Portugal, devido ao abrandamento da atividade económica dos principais parceiros comerciais nacionais”, salienta o CFP.

Além disso, apesar do organismo já estar a prever uma taxa de execução do PRR abaixo dos 100%, essa pode ficar ainda mais abaixo do que o esperado, prejudicando a evolução do investimento e, por sua vez, o crescimento económico.

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CFP admite défice de 0,5% em 2022. Equilíbrio orçamental só em 2025

Organismo prevê défice melhor do que o esperado pelo Governo em 2022 e 2023. Já para a dívida, CFP estima que fique abaixo dos 100% do PIB em 2026.

Ainda não é certo em quanto se cifrou o défice no ano passado, face ao PIB, mas o Conselho das Finanças Públicas (CFP) admite que seja de apenas 0,5%. A previsão do Governo era de um défice de 1,9%, mas o primeiro-ministro e o ministro das Finanças já sinalizaram que vai ficar abaixo, em torno de 1,5%. Já para 2023 o Executivo aponta para um défice de 0,9% do PIB, mas o CFP antecipa que seja de 0,6%, com o equilíbrio orçamental a chegar em 2025.

“O elevado crescimento da atividade económica em 2022 e o efeito da inflação no aumento da receita fiscal contribuíram para um resultado orçamental melhor do que o previsto pelo Ministério das Finanças (MF), que estimava um défice de 1,9% do PIB”, sinaliza o CFP no relatório sobre as Perspetivas Económicas e Orçamentais 2023-2027, estimando, assim, que o défice se tenha fixado em 0,5% do PIB, uma revisão em baixa face aos 1,3% projetados em setembro.

O Governo já admitiu que o défice vai ficar abaixo do previsto no Orçamento do Estado, mas tem apontado para valores à volta de 1,4% ou 1,5%, não chegando a estimar um valor abaixo de 1% como o CFP. Já para 2023, a projeção do CFP indica um défice de 0,6%, “em resultado da forte desaceleração do crescimento económico, do impacto da aplicação de medidas relacionadas com a energia, e do aumento dos vencimentos da função pública”.

No próximo ano, a estimativa é de um défice de 0,1%, sendo que é apenas em 2025 que se atinge uma posição de equilíbrio orçamental. “Esta trajetória eleva a margem de segurança em relação ao limite de 3% do PIB para o défice, permitindo fazer face às flutuações cíclicas normais sem incorrer numa situação de défice excessivo”, aponta o organismo liderado por Nazaré da Costa Cabral.

Fernando Medina também já se mostrou tranquilo face ao regresso das regras com a meta de 3% para o défice, com o levantamento da suspensão das regras da União Europeia em 2024. “Quanto ao défice a nossa projeção é ficar abaixo dos 3%”, disse na semana passada, pelo que a regra “não é problema” para Portugal.

Quanto à dívida, a posição já é diferente. Os Estados-membros estão a negociar mudanças à regra que limita a dívida pública a 60% do PIB, ponderando, nomeadamente, admitir uma trajetória de redução da dívida específica para cada país, com o ministro das Finanças a expressar alguma preocupação quanto a certas métricas a serem consideradas. Mesmo assim, salientou que, “em 2022, houve uma redução de quase 12 pontos percentuais da dívida” para 113,8%.

Esse é assim o valor assumido pelo CFP nestas previsões, que, para 2023, vê o rácio reduzir-se para 109,2%, ficando abaixo dos 100% em 2026. “Entre 2023 e 2027, a trajetória da dívida é determinada essencialmente por um efeito dinâmico favorável, que evidencia um contributo do crescimento do PIB (de -22 p.p. do PIB em acumulado) superior ao da taxa de juro (11,9 p.p. do PIB em acumulado)“, explica a entidade.

É de salientar que esta projeção é feita num cenário de políticas invariantes, ou seja, não considera as novas medidas de política, nem medidas já anunciadas, mas não legisladas nem quantificadas.

Efacec, TAP e despesa com pessoal ameaçam saldo orçamental

Neste campo, o CFP alerta que existem alguns riscos para estas previsões, devido à incerteza quanto às projeções macroeconómicas. Destacam-se as pressões sobre as prestações sociais e despesa com pessoa, bem como o processo de reestruturação da TAP e SATA e da alienação da participação da Efacec.

Nas projeções pesa, então, a “possibilidade de a trajetória para o saldo das Administrações Públicas se revelar menos favorável, desde logo por efeito dos estabilizadores automáticos, num contexto de elevada incerteza quanto às projeções macroeconómicas” com destaque para as pressões sobre a despesa corrente primária.

Além disso, há mais riscos que podem penalizar o saldo orçamental, segundo o CFP:

  1. Pedidos de reposição do equilíbrio financeiro por parte de concessionárias de parcerias público-privadas;
  2. Possibilidade de incumprimento por parte dos beneficiários de garantias públicas;
  3. Processo de reestruturação em curso dos grupos TAP e SATA poder implicar apoios financeiros adicionais;
  4. Litígios quanto ao montante atribuível a ativos por impostos diferidos;
  5. Possível utilização, ainda que parcial, do montante remanescente de 485 milhões de euros ao abrigo do Acordo de Capitalização Contingente do Novo Banco, ainda que tenha sido já dado como finalizado o processo de reestruturação;
  6. Tempestividade e termos definitivos da alienação da participação pública na Efacec.

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AssetFloow recebe 1,5 milhões de euros da GED Ventures Portugal

O montante servirá para triplicar a equipa de I&D em território nacional, acelerar a expansão na Europa e na América Latina, bem como consolidar a posição no mercado de análise comportamental.

A AssetFloow, que desenvolveu tecnologia com base em IA para prever comportamento de consumidores em loja, recebeu 1,5 milhões de euros de financiamento da GED Ventures Portugal. O montante servirá para triplicar a equipa de I&D em território nacional, acelerar a expansão na Europa e na América Latina, bem como consolidar a posição no mercado de análise comportamental.

“A AssetFloow está a revolucionar a forma como os retalhistas analisam o que se passa dentro das lojas físicas. Nunca existiu uma solução no mercado capaz de ajudar os retalhistas a perceber o comportamento dos consumidores por loja, ou cluster de lojas, em tempo-real e em grande escala, sem comprometer a privacidade”, afirma Katya Ivanova, cofundadora e CEO da AssetFloow, startup fundada em 2021 com Ricardo Santos.

A AssetFloow desenvolveu uma tecnologia de inteligência artificial capaz de descrever o comportamentos dos consumidores dentro de uma loja, sem necessidade de câmaras ou sensores.

“Um dos nossos clientes na Europa, por exemplo, precisava de contratar uma equipa para seguir manualmente os consumidores nas suas lojas, gerando mapas de calor manuais com base no percurso das pessoas, o que custava dezenas de milhares de euros por semana. Com a AssetFloow, esse mesmo cliente conseguiu obter resultados iguais em segundos. No Brasil, a plataforma foi capaz de detetar mudanças comportamentais com três meses de antecedência em relação à equipa do retalhista, o que contribuiu para aumentar as vendas em um cenário de forte impacto da inflação”, exemplifica, citada em comunicado.

Através desta solução de software, que combina inteligência artificial com análise comportamental, diretamente a partir dos dados anónimos das vendas dos retalhistas, a plataforma gera os percursos usados pelos consumidores em loja e as suas interações com os produtos, permitindo uma compreensão de padrões de compra e comportamentos.

A AssetFloow disponibiliza uma ferramenta para criar um Digital Twin da loja atual ou simulada, fornecendo informações como mapas de calor, percursos mais usados por diferentes segmentos de consumidores, sugestões de onde colocar os produtos/categorias para aumentar as vendas, estratégias de campanhas promocionais, anomalias de vendas, produtos novos a adicionar à loja, entre outros.

A startup começou por ganhar um Hackathon de Inteligência Artificial em 2021 na Finlândia, e foi reconhecida em 2022 como a Startup Mais Promissora em Portugal pela Entrepreneurship Awards. Este ano, recebeu ainda a certificação de idoneidade pela Agência Nacional de Inovação, pelo seu trabalho de investigação e desenvolvimento em Portugal. Hoje, a AssetFloow atua na Europa (Portugal, Espanha, Reino Unido, Itália) e no Brasil.

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Resifluxo transforma resíduos em plásticos na fábrica de Famalicão

Empresa de Famalicão, que fatura quatro milhões de euros, aposta na economia circular através da transformação de "lixo" em perfis de plástico 100% reciclado, como floreiras ou bancos de jardim.

Dar uma nova vida a resíduos que acabariam num aterro ou na incineração, transformando-os em perfis de plástico 100% reciclado, como floreiras, bancos de jardim, passadiços ou outro mobiliário urbano. É esta a aposta da Resifluxo, empresa de transformação situada em Arnoso Santa Maria, no concelho de Vila Nova de Famalicão, de olhos postos na economia circular e na redução da pegada ecológica.

“O lixo chega-nos em bruto, fazemos a triagem e transformação, selecionando o que será a nossa matéria-prima, que resulta num perfil de plástico, num princípio de economia circular que usa matérias que, de outra forma, ficariam no ambiente em aterros ou seriam incineradas”, descreve o diretor da área de negócio da Resifluxo, Joaquim Carvalho.

Esta empresa — que começou a atividade na gestão global de resíduos em aterros de Fafe e de Lousada — transforma este “lixo” em matéria-prima para a produção de um novo produto ecológico e “com características que permite múltiplas aplicações”, na unidade industrial de Vila Nova Famalicão.

O lixo chega-nos em bruto, fazemos a triagem e transformação, selecionando o que será a nossa matéria-prima, que resulta num perfil de plástico, num princípio de economia circular que usa matérias que, de outra forma, ficariam no ambiente em aterros ou seriam incineradas.

Joaquim Carvalho

Diretor da área de negócio da Resifluxo

No último ano, a Resifluxo teve um volume de negócios que rondou os quatro milhões de euros, prevendo crescer ainda mais este ano. “Com a introdução da marca WUUD no mercado, esperamos crescer nesta área de negócio cerca de 60%”, adiantou o diretor da área de negócio da empresa, apoiando-se na qualidade, elevado grau de resistência e durabilidade deste produto.

“O desenvolvimento das características deste perfil de plástico, que permite estar no mercado com um produto de qualidade e com novas soluções e aplicações, certamente vão gerar um crescimento da marca nos próximos anos”, sustentou Joaquim Carvalho.

Durante uma visita à empresa, o autarca famalicense, Mário Passos, destacou a importância da aposta da Resifluxo no âmbito da inovação, investigação e desenvolvimento, além de ainda ter “uma elevada preocupação e responsabilidade ambiental”.

A empresa tem ainda em mãos o projeto D’ECO, de investigação e desenvolvimento de produtos inovadores para soluções de arquitetura e construção civil, numa pareceria com a Universidade do Minho, envolvendo um investimento de quase 854 mil euros, com apoio de fundos comunitários na ordem dos 582,5 mil euros.

Trata-se da conceção e desenvolvimento de um compósito de plásticos mistos, que incorpora areias de fundição a partir de resíduos resultantes do setor industrial, da construção e da indústria de fundição. “Esperamos a concretização de uma dezena de novos produtos e soluções a colocar no mercado”, frisou o responsável.

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Bruxelas limitou financiamento de bolsas de doutoramento pelo Portugal 2030

“O que temos de dotação no programa para o financiamento das bolsas é menos de um terço das necessidades identificadas pela FCT", disse Joaquim Bernardo, gestor do POCH.

Bruxelas torceu o nariz ao financiamento de bolsas de doutoramento pelo Portugal 2030. Portugal não pôde alocar os montantes que gostaria, para ir ao encontro das necessidades identificadas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), e teve de negociar até à última, revelou no Parlamento o gestor do Programa Operacional Capital Humano (POCH) do Portugal 2020.

Joaquim Bernardo, ouvido esta terça-feira na subcomissão de acompanhamento dos fundos europeus no Parlamento, contou aos deputados as dificuldades em negociar aquele que será o programa sucessor do POCH. “As bolsas de doutoramento foram das coisas mais difíceis de negociar com a Comissão Europa”, revelou. Bruxelas “teve uma grande resistência ao financiamento das bolsas de doutoramento neste período de programação [2021-2027], porque Portugal, para a sua dimensão económica, já tem doutorados q.b.”, acrescentou, em jeito de “caricatura” ao argumento das autoridades comunitárias com quem esteve a negociar.

“Foi das áreas mais difíceis de negociação, com discussão quase até ao fim, e com uma série de condicionantes em matéria de um mínimo de bolas em ambiente não académico”, ou seja, “50% das bolsas a financiar têm de ser com entidades não académicas”, disse o gestor do POCH.

Reconhecendo que existe “uma limitada penetração destes bolseiros fora do mercado académico”, tema também “muito discutido com a Comissão Europeia”, Joaquim Bernardo sublinhou que no Portugal 2030 se vai tentar reforçar a relação com o mercado de trabalho. “Para que mais doutorados se possam inserir no mercado de trabalho que não só no sistema científico e tecnológico”, disse.

“O que temos de dotação no programa para o financiamento das bolsas é menos de um terço das necessidades identificadas pela FCT para este período de programação”, revelou o responsável. “Foi o que a Comissão Europeia nos permitiu lá colocar”, desabafou.

“Para a Comissão Europeia esta não era uma prioridade do Fundo Social Europeu”, que neste período de programação tinha de ter afetos 25% a intervenções na área da inclusão social para os grupos mais desfavorecidos.

A formação de adultos continua ter cabimento nos mesmos moldes, porque estão em causa pessoas com muito baixas qualificações, precisou.

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Professores vão pedir à Comissão Europeia que intervenha junto do Governo

  • Lusa
  • 21 Março 2023

Plataforma de nove sindicatos do setor da Educação vai pedir a Bruxelas que intervenha sobre docentes "com contrato a termo, mas também entre docentes dos quadros, com ultrapassagens" e nos concursos.

A plataforma de nove sindicatos de profissionais de educação vai levar na quarta-feira os problemas dos docentes à representação da Comissão Europeia em Lisboa, pedindo-lhe que intervenha junto do Governo português.

De acordo com informação da Federação Nacional de Educação (FNE), as nove organizações sindicais vão ser recebidas pela coordenadora e coordenador-adjunto da representação em Lisboa da Comissão Europeia, a quem vão dar a conhecer “desigualdades persistentes”.

“Nomeadamente em relação aos docentes com contrato a termo, mas também entre docentes dos quadros, com ultrapassagens na carreira e nos concursos para colocação de docentes”, refere a FNE.

Vão também abordar outras questões, como as “restrições ao exercício de atividade sindical, com algumas escolas a imporem serviços mínimos quando se realizam reuniões sindicais, e ao direito à greve”.

As organizações sindicais entendem que há “lugar a diligências que as instâncias europeias poderão desenvolver”, apesar de considerarem que “os problemas que afetam os professores tenham de ser resolvidos pelas instâncias de poder nacional, designadamente Governo e Assembleia da República”.

“Em relação ao Parlamento Europeu, os contactos serão feitos através dos partidos políticos que elegeram eurodeputados, tendo já sido pedidas reuniões a todos eles; já esta reunião destina-se a fazer chegar à Comissão Europeia diversas informações, solicitando uma intervenção junto do Governo português”, refere a FNE.

Para os sindicatos, um eventual recurso a instâncias jurídicas europeias só será possível depois de esgotadas as instâncias nacionais, “junto das quais estão a desenvolver as indispensáveis ações, pelas quais procuram resolver os problemas das ultrapassagens na carreira, assim como contestar os serviços mínimos ilegais que foram impostos aos professores em dias de greve”.

Além da FNE, a plataforma inclui a ASPL – Associação Sindical de Professores Licenciados, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Pró-Ordem, Sindicato Nacional E Democratico dos Professores (Sindep), Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU), a partir das 15h00.

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Perdas em investimentos fazem Lloyd’s regressar aos prejuízos

Subida dos juros desvalorizou a carteira de investimentos e ofusca aumento do negócio e dos resultados de subscrição. Dólar forte e prémios em alta compensaram guerra na Ucrânia e furacão Ian.

A Lloyd’s of London deve apresentar na próxima quinta-feira prejuízos para o ano de 2022 no valor antes dos impostos de aproximadamente 800 milhões de libras em 2022, contra um lucro de 2,1 mil milhões em 2021.

Apesar de um melhor resultado técnico, com um rácio combinado de 91,9%, uma perda potencial em investimentos de 3 mil milhões de libras arrastou as contas de novo para prejuízo.

A melhoria do resultado de subscrição existiu – o rácio combinado melhorou 1,6% – apesar de um aumento do valor de sinistros de 12,7%, que incluem perdas relacionadas à invasão da Ucrânia pela Rússia e com o furacão Ian.

Apesar deste aumento, o rácio de sinistralidade melhorou de 48,9% em 2021 para 48,4% em 2022, enquanto o rácio de despesas caiu de 35,5% para 34,4%.

Os prémios brutos subscritos aumentaram mais de 19%, para mais de 46 mil milhões de libras, o que, segundo a Lloyd’s, reflete o crescimento do dólar forte (8%), aumentos diretos de preços (8%) e crescimento orgânico (3 %).

No entanto, o resultado negativo do investimento mais do que compensou o melhor desempenho de subscrição da Lloyd’s em 2022. As perdas potenciais de investimento resultaram para a Lloyd’s, como para outros players financeiros, de taxas de juros crescentes com impacto nas suas carteiras de rendimento fixo. Houve uma desvalorização de ativos mas, uma vez que não foram vendidos, é projetado que resultem em maiores rendimentos e retornos de investimento no futuro.

Para o ano passado a perda em investimentos relatada é de aproximadamente 3 mil milhões de libras, em comparação com o superavit de 900 milhões em 2021. A Lloyd’s afirma ainda que essa perda em investimento não tem impacto na liquidez e será revertida nos próximos anos, à medida que os ativos atingirem a maturidade.

Apresentamos um desempenho na subscrição e uma posição de capital tão bons quanto os apresentados nos tempos mais recentes”, afirmou o chief Executive Officer do Lloyd’s, John Neal, referindo ainda que no ano de 2022 “a Lloyd’s registou um forte crescimento de prémios e uma queda contínua nas despesas, o que, juntamente com um balanço de alta qualidade, demonstra que estamos na melhor forma de oferecer um retorno atraente ao capital e aos investidores”, concluiu.

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Nossa ganha comunicação do Abanca Portugal

A agência de Nuno Cardoso, Duarte Durão e Vasco Teixeira-Pinto fica responsável pela comunicação 360º do banco em Portugal. Na consulta, sabe o +M, estiveram mais três agências. 

A Nossa ganhou a conta de comunicação do Abanca Portugal. A agência de Nuno Cardoso, Duarte Durão e Vasco Teixeira-Pinto fica responsável pela comunicação 360º do banco em Portugal. Na consulta, sabe o +M, estiveram mais três agências.

Esta parceria pretende fortalecer a marca em Portugal, apostando no aumento de notoriedade e no crescimento do número de clientes, através de uma comunicação integrada com particular foco no digital”, diz Cristina Peixoto, diretora de marketing do Abanca, citada em comunicado.

“Esta conquista representa também o reconhecimento do trabalho consistente que a Nossa tem vindo a realizar na comunicação integrada de marcas em todos os canais digitais e é uma oportunidade para a Nossa voltar a trabalhar um setor que conhece bem, numa altura em que volta a estar no centro da vida das pessoas“, acrescenta Duarte Durão, managing partner da agência fundada em 2008 e que hoje conta com cerca de 50 profissionais.

O regresso à agência de um banco acontece dois anos após a saída do Santanter, trabalhado pela Nossa em 2020 e 2021. Entre 2010 e 2019 a agência assegurou a conta de criatividade do ActivoBank. Audi, Carlsberg, DIA/Minipreço, Disney/Fox, Grupo Renascença, Globo, Somersby, Microsoft, Santa Casa Misericórdia de Lisboa, Unicre e WWF são alguns dos clientes que integram o portfólio da Nossa.

O Abanca era trabalhado pela O Escritório desde 2019, agência que não participou nesta consulta.

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Trabalhadores da TAP exigem fim dos cortes salariais

  • Ana Petronilho
  • 21 Março 2023

Em uníssono os trabalhadores de todas as áreas da companhia avisam que com os resultados anuais "não há nenhum motivo" para que a TAP continue a aplicar um corte salarial de 20%.

O novo CEO da TAP ainda não assumiu funções mas os trabalhadores de todas as áreas da companhia deixam já, em uníssono, um aviso: com lucros de 65,6 milhões de euros e com receitas recorde em 3,5 mil milhões de euros, “não há motivo nenhum” para que continuem a ser aplicados cortes de 20% aos trabalhadores da companhia.

Esta é a posição transversal dos principais sindicatos que representam os funcionários da transportadora. E caso não exista abertura da futura administração da TAP – que a partir de abril vai ser liderada por Luís Rodrigues – para que os cortes salariais deixem de ser aplicados no imediato, ao ECO os tripulantes de cabine avisam que pode estar em cima da mesa uma greve. Os pilotos admitem unir-se a iniciativas da plataforma sindical, caso exista concertação das 12 entidades que representam os trabalhadores da TAP.

Ao ECO, o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), Tiago Faria Lopes frisa que os resultados anuais de 2022 – que marcam o regresso da companhia aos lucros ao fim de cinco anos – foram conseguidos “através de cortes na massa salarial”, com o despedimento de trabalhadores e da redução dos salários.

“Em três anos a TAP cortou 870 milhões em massa salarial”, que desceu o peso de 11,5% em 2021 para 14% em 2022, salientou ao ECO o dirigente do SPAC.

E um dia depois de o sindicato ter chegado a um pré-acordo com a companhia para um novo Acordo de Empresa, Tiago Faria Lopes frisa que com estes resultados “não há nenhum motivo para que a companhia continue a cortar 20% nos salários”, previstos até ao final de 2024, quando termina o prazo dos acordos temporários de emergência.

Também o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal da Aviação Civil (SNPVAC), Ricardo Penarroias, que representa os tripulantes de cabine diz ao ECO que em seu entender “a conta é muito simples”. Com a antecipação em dois anos dos resultados da companhia, “deixa de haver argumentos para manter os cortes salariais” até 1 de janeiro de 2025. Caso a TAP decida manter as reduções nos vencimentos “admitimos consultar os nossos associados para tomar medidas concretas”, salienta Ricardo Penarroias.

Já o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), um dos maiores do universo TAP, salienta que os resultados conseguidos pela TAP são “fruto dos cortes salariais e do aumento das cargas de trabalho” que estão a ser “violentamente impostas”. Este é “um resultado conseguido todo ele à custa do sacrifício dos trabalhadores sem olhar a meios”, frisa em comunicado o Sitava.

Desde fevereiro que a TAP aliviou de 25% para 20% o corte salarial em vigor para os trabalhadores com remunerações mensais acima de 1.520 euros (o valor corresponde a dois salários mínimos).

Apesar de olhar para os resultados como um sinal “positivo” para a empresa, Tiago Faria Lopes considera que o nível de receitas conseguidas “ainda é muito pouco” no setor da aviação. Para o dirigente sindical as receitas da TAP podem subir se houver paz social na companhia e se reduzir o “nível de insatisfação dos clientes”, que, neste momento, “é muito alto”.

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Feira Empresarial ATEC em Matosinhos e Palmela aproxima alunos de mercado de trabalho

A Feira Empresarial ATEC - Academia de Formação regressa, de 29 e 30 de março, às instalações de Palmela e de Matosinhos, com dezenas de empresas para potenciar a ligação entre os alunos e empresas.

Com o objetivo de potenciar a ligação entre os alunos da ATEC – Academia de Formação e o mercado de trabalho, alavancando a sua integração profissional, a Feira Empresarial ATEC regressa de 29 e 30 de março às instalações de Matosinhos e Palmela, com dezenas de empresas dos mais variados setores de atividade.

“O nosso principal objetivo é construir um elo de ligação entre os nossos formandos e o mercado de trabalho, potenciando desta forma a sua integração profissional”, sustenta o diretor de formação da ATEC, Pedro Miguel Oliveira.

O nosso principal objetivo é construir um elo de ligação entre os nossos formandos e o mercado de trabalho, potenciando desta forma a sua integração profissional.

Pedro Miguel Oliveira

Diretor de formação da ATEC

A feira surge, assim, como uma oportunidade para os formandos da ATEC estabelecerem um contacto mais próximo com algumas das principais empresas dos setores de atividade da sua área de formação. Assim como terem um melhor conhecimento do mercado de trabalho e dos processos de recrutamento de cada entidade.

Já as entidades empregadoras passam, por sua vez, a ter um contacto direto com diferentes perfis de formandos.

“Estamos francamente satisfeitos com o sucesso da Feira Empresarial e com a adesão das empresas. Nas edições de 2022 contámos com mais de 80 empresas participantes no conjunto das duas feiras”, sublinha o diretor de formação da ATEC.

Este certame conta com espaços de exposição, sessões de apresentação e entregas de prémios.

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Ambientalistas exigem moratória “imediata” à produção elétrica a partir de biomassa e apontam impactos

Ambientalistas alertam para os impactos da produção de eletricidade a partir de biomassa, em particular no caso das empresas do setor da celulose.

As associações ambientalistas querem que o Governo introduza uma moratória “imediata” sobre a nova capacidade de produção de eletricidade a partir de biomassa, e que estes projetos deixem de ser elegíveis aos subsídios de energias renováveis. Para os ambientalistas, as empresas da indústria papeleira estão a queimar madeira numa taxa superior em relação a qualquer outro setor em Portugal, e dizem que esta tecnologia é responsável por mais emissões poluentes do que as alternativas de geração de eletricidade com base em combustíveis fósseis, como as centrais de gás natural.

Esta terça-feira, Dia Internacional da Floresta, a Quercus, a Acréscimo, a Biofuelwatch, a Environmental Paper Network (EPN) e a Associação Nacional de Ambiente (IRIS) afirmam que as fábricas de celuloses estão a queimar mais madeira para produzir energia do que qualquer outro setor em Portugal.

As associações ambientalistas, argumentam que, apesar das duas empresas afirmarem que a queima de biomassa para produção de energia ajuda a combater as alterações climáticas e a reduzir o risco de incêndios florestais, a análise feita por estas associações revela o contrário. A The Navigator Company e a Altri, como representantes do setor em causa e detentoras de centrais de biomassa, foram contactadas pelo ECO/Capital Verde, mas não apresentaram o contraditório até à publicação deste artigo.

Segundo as associações, o setor da pasta e do papel em Portugal é responsável por quase 80% da eletricidade produzida anualmente em Portugal a partir da biomassa, o equivalente a 6% da produção total de eletricidade em Portugal. Para tal, revelam, o setor queimou 2,9 milhões de toneladas de biomassa em 2021, quase 60% das quais provenientes diretamente de operações de exploração florestal, “principalmente das extensas plantações de monoculturas de eucalipto em Portugal”, explicam. Segundo o relatório, mais de 70% de toda a biomassa queimada para produção de eletricidade em Portugal em 2021 foi classificada como resíduos de eucalipto.

Dessas toneladas, mais de um milhão era referente a biomassa florestal primária (ou seja, madeira retirada diretamente de florestas ou de plantações de árvores).

Nenhuma das empresas mencionadas neste relatório torna pública a informação sobre o abastecimento de biomassa, e todas se recusaram a fornecer informações como a quantidade e o tipo de biomassa que queimam”, escrevem as associações ambientalistas.

"Os incentivos à eletricidade a partir da queima de biomassa incentivam a intensificação da exploração florestal e a expansão das plantações de monoculturas de árvores, muitas vezes no lugar dos ecossistemas naturais. Estamos a ver esta tendência preocupante desenvolver-se, não só em Portugal, mas em todo o mundo”

Sophie Bastable, da Environmental Paper Network

Alexandra Azevedo, Presidente da Quercus, indica que nos últimos anos os “lucrativos” subsídios às energias renováveis encorajaram a construção de “grandes e ineficientes centrais termoelétricas dedicadas à queima de biomassa”. Exemplo disso, apontam, é a central elétrica de biomassa de 34,5 megawatts (MW) da Altri na Figueira da Foz, e a caldeira de biomassa da The Navigator Company, na mesma localidade, que substituiu uma central de cogeração (produção combinada de calor e eletricidade) a gás fóssil.

Em teoria, explicam, apenas a eletricidade produzida através da queima de resíduos florestais (tal prevê a legislação portuguesa) e subprodutos industriais é elegível para o regime de subsídios de Portugal. No entanto, segundo as associações, não é isso que acontece.

Na nota onde é citada, Alexandra Azevedo alerta ainda que “essas centrais precisam de muito mais madeira do que a que é produzida“, como os sobrantes florestais ou os resíduos de celulose, o que obriga a que “grandes quantidades de madeira adicional sejam trazidas diretamente das operações de exploração florestal”.

Ambas [Navigator e Altri] dependem de grandes volumes de biomassa lenhosa diretamente de sobrantes das operações florestais“, como ramos, pequenos troncos ou arbustos secos, “e têm sido financiadas como desenvolvimentos “verdes“, acusam as organizações.

Capacidade instalada de eletricidade de biomassa quase duplicou… e área ardida não diminuiu

Uma das justificações apresentadas pelas papeleiras com centrais de biomassa (existem 13 em Portugal) é que a prática reduz o risco de incêndio através da remoção de resíduos florestais em áreas de alto risco.

Contudo, os ambientalistas sublinham que existem muito poucas provas de que esta estratégia esteja a funcionar e citam um relatório elaborado para o Parlamento, em 2013. No documento, é referido que “a ideia de que a construção de centrais de biomassa por todo o país iria resolver decisivamente a redução do risco de incêndio…não corresponde totalmente à realidade“.

Desde 2007, que a capacidade instalada de eletricidade de biomassa quase duplicou em Portugal e a área ardida tem vindo a aumentar. Em 2017, atingiu o valor mais elevado.

"Se [a redução do risco de incêndio] fosse verdade, então a gravidade dos incêndios deveria diminuir à medida que mais biomassa florestal é queimada em centrais termoelétricas ou transformada em pellets de madeira. ”

Acréscimo, Biofuelwatch, EPN, IRIS e Quercus

Ambientalistas querem fim de subsídios e moratória sobre nova capacidade elétrica

As cinco associações rejeitam os benefícios ambientais defendidos pelas fábricas de celulose, argumentando que os dados recolhidos indicam que eletricidade produzida a partir de biomassa resulta “frequentemente” em maiores emissões do que os equivalentes de combustíveis fósseis. Além disso, alertam que a extração excessiva desta matéria-prima “está a prejudicar a saúde do solo” e a aumentar “a pressão para a expansão de perigosas plantações de eucalipto”.

Assim, defendem que deve ser introduzida “de imediato” uma moratória sobre a nova capacidade elétrica a partir de biomassa, defendendo também o fim da sua elegibilidade para subsídios de energias renováveis, privilegiando que esses apoios sejam redirecionados para o investimento em energias “verdadeiramente verdes” e no sequestro de carbono.

Além disso, pedem que as centrais de biomassa nas fábricas de celulose deixem de recorrer à biomassa florestal primária, isto é, qualquer matéria-prima lenhosa de origem vegetal que seja proveniente diretamente de florestas e plantações de árvores, e dependam apenas da biomassa secundária (subprodutos do processamento da madeira) para a produção de energia.

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