Taxas Euribor em queda após pausa do BCE

  • Lusa
  • 27 Outubro 2023

A taxa Euribor desceu nos prazos a três, a seis e a 12 meses, depois de o banco central ter anunciado esta quinta-feira uma pausa na subida dos juros diretores, após 10 aumentos.

As taxas Euribor, usadas no cálculo da prestação da casa em contratos com taxa variável e mista, desceram a três, a seis e a 12 meses, depois do Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado uma pausa na subida dos juros diretores, após dez aumentos seguidos.

  • A taxa Euribor a 12 meses, atualmente a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, baixou para 4,104%, menos 0,024 pontos do que na quinta-feira, depois de ter subido em 29 de setembro para 4,228%, um novo máximo desde novembro de 2008.
  • No prazo de seis meses, a taxa Euribor também caiu para 4,102%, menos 0,003 pontos que na sessão anterior e contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,143%, registado em 18 de outubro.
  • No caso da Euribor a três meses, esta recuou para 3,948%, menos 0,004 pontos, depois de ter subido em 19 de outubro para 4,002%, um novo máximo desde novembro de 2008.

As Euribor, que são o principal indexante nos contratos de empréstimo à habitação, começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois de o BCE ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

Na mais recente reunião de política monetária, na quinta-feira, em Atenas, o BCE manteve as taxas de juro de referência pela primeira vez desde 21 de julho de 2022.

E isto depois de a 14 de setembro, o BCE ter subido a subir, pela décima sessão consecutiva, as suas taxas diretoras em 25 pontos base – tal como em 27 de julho, em 15 de junho e 04 de maio –, acréscimo inferior ao de 50 pontos base efetuado em 16 de março, em 02 de fevereiro e em 15 de dezembro de 2022, quando começou a desacelerar o ritmo das subidas.

A próxima reunião de política monetária do BCE, que será a última deste ano, realiza-se em 14 de dezembro.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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70% das reformas já foram aprovadas pela “Pensão na Hora”, adianta Mendes Godinho

No Parlamento, onde está a ser ouvida esta sexta-feira, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social defendeu uma "aposta total na maior eficácia da Segurança Social".

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social adiantou que cerca de 70% das pensões já foram decididas através do “Pensão na Hora”, o serviço que aprova de forma automática o pedido da pensão num prazo de 24 horas.

Ana Mendes Godinho defende que o Governo está a fazer uma “aposta total na maior eficácia da Segurança Social”. A responsável está a ser ouvida esta sexta-feira na Comissão de Orçamento e Finanças, no âmbito da apreciação da proposta de Orçamento do Estado para 2024.

Como exemplo do esforço feito nos serviços da Segurança Social, a governante destaca a “Pensão na Hora”, uma medida desenhada para “garantir rapidez nas pensões, [que] já chega a 70% das pensões que são decididas”.

Este serviço passou a estar disponível na Segurança Social Direta no início de 2021. Contempla a aprovação automática do pedido online da pensão de velhice, no prazo máximo de 24 horas, sendo que informa também relativamente à data de início do pagamento.

No que diz respeito às pensões, Ana Mendes Godinho defendeu também que foi possível um “aumento das pensões”, que simultaneamente cumpria o “compromisso [assumido] com os atuais pensionistas”, mas também “garantindo compromisso com novas gerações”, nomeadamente com o reforço do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social.

Além do serviço da “Pensão na Hora”, a ministra destaca também que no próximo ano, vai estar disponível “o abono de família automático, o subsídio de parentalidade automático, e também um simulador inteligente de prestações sociais para que os jovens consigam saber o que existe e um novo modelo de intervenção e atendimento integrado”.

No Parlamento, a ministra do Trabalho contabilizou que, apesar de o salário mínimo nacional ter aumentado nos últimos anos, a fatia de trabalhadores a recebê-lo na globalidade do mercado de trabalho tem diminuído. Este ano, atingiu mesmo o “menor peso desde 2015”, sublinhou. Atualmente, um quinto dos trabalhadores ganham 760 euros.

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Frederico Pinheiro avança com queixa-crime contra António Costa e Galamba

A queixa de Frederico Pinheiro deu entrada no DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal) na quarta-feira.

O antigo adjunto do Ministério das Infra-Estruturas, Frederico Pinheiro apresentou uma queixa-crime, contra António Costa e João Galamba, na sequência dos acontecimentos de abril, em que foi acusado pelo ministro e pelo primeiro-ministro de “roubo” do computador de serviço que acabou por ser recuperado pelo SIS (Serviço de Informações de Segurança).

Foi esta quarta-feira que a queixa de Frederico Pinheiro deu entrada no DIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal) de Lisboa, avança o Público.

Em declarações ao Público, Frederico Pinheiro explica que esta queixa-crime é “pelo facto de o sr. primeiro-ministro e o sr. ministro das Infra-Estruturas terem proferido graves juízos falsos que me visaram.” Para Pinheiro, as declarações dos dois à comunicação social “configuram graves imputações de factos de génese criminal”.

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Segurança Social vai lançar “simulador inteligente” para as prestações sociais

Segurança Social continua a fazer avanços tecnológicos. Em 2024, o abono de família passa a ser atribuído automaticamente e haverá um simulador inteligente das prestações sociais.

A Segurança Social vai lançar no próximo ano um simulador inteligente das prestações sociais, que ajudará os portugueses a perceberem “de forma fácil” que apoios existem e podem ser pedidos. O anúncio foi feito esta sexta-feira pela ministra do Trabalho, que fez questão também de frisar que a atribuição do abono de família vai passar a ser automática em 2024.

“Vamos ter um simulador inteligente das prestações sociais para que, de uma forma fácil, consigam saber o que existe e o que está à sua disposição“, informou Ana Mendes Godinho, em resposta ao PS, numa audição parlamentar sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2024.

Este simulador é uma das medidas pensadas pelo Governo no âmbito do programa de modernização tecnológica da Segurança Social, denominado Clic.

Também nesse âmbito, para o próximo ano está prevista a atribuição automática do abono de família. Isto é, aquando do nascimento da criança, a Segurança Social, conhecendo já os rendimentos dos pais, vai proativamente verificar se se aplica ou não o abono de família.

A Segurança Social passará, assim, a comunicar às famílias que têm direito ao abono, cabendo as estas confirmarem apenas os dados e a vontade de receberem esta prestação. Em contraste, atualmente o abono de família deve ser pedido pelos pais através da plataforma online da Segurança Social ou nos serviços presenciais.

Ainda no âmbito do programa de modernização tecnológica da Segurança Social, está prevista para o próximo ano a atribuição automática do subsídio de parentalidade, realçou Ana Mendes Godinho durante a audição parlamentar desta sexta-feira.

Também está previsto o lançamento em 2024 de uma prestação social única, que se adaptará às várias circunstâncias dos beneficiários. “Nunca implicará redução alguma” do valor a receber, garantiu a ministra, em resposta ao PCP, na qual assegurou também que o objetivo desta nova prestação é chegar a mais pessoas.

Já na ronda final, o secretário de Estado da Segurança, Gabriel Bastos, explicou que esta prestação única será não contributiva e procurará “reforçar a eficácia dos instrumentos já disponíveis para combater a pobreza”.

No quadro do Clic, este ano, foram registados 15 mil pedidos do subsídio social de desemprego subsequente pela via virtual e 208 mil pedidos online de prestações suplementares, com um tempo médio de deferimento de 2,6 dias, realçou o Ministério do Trabalho, na apresentação feita esta manhã.

Quanto às pensões, 70% das reformas atribuídas já o foram de forma automática, no âmbito do Pensão na Hora. Em causa estão 83 mil pensões, segundo o Governo.

Ainda no que diz respeito às reformas, depois de no passado ter aberto uma discussão polémica sobre o impacto da inflação na sustentabilidade da Segurança Social, o Governo veio agora passar uma “mensagem de tranquilidade e confiança”, nas palavras de Gabriel Bastos.

Governo admite cruzar dados para facilitar acesso das vítimas de violência doméstica ao subsídio de desemprego

Também na audição parlamentar desta sexta-feira, a ministra do Trabalho adiantou ao deputado único do Livre que, no que diz respeito ao recentemente aprovado alargamento do subsídio de desemprego às vítimas de violência doméstica, o Governo está disponível para fazer campanhas de informação e até cruzar dados. “Pode ser um bom caminho”, admitiu Ana Mendes Godinho, mostrando-se disponível para que esse cruzamento de dados seja tratado já na especialidade do Orçamento do Estado para 2023.

A 19 de outubro, o Governo aprovou o decreto-lei que alarga o subsídio de desemprego às vítimas de violência doméstica que se demitam para refazerem a sua vida. Já tinha passado mais de um ano desde que o PS tinha aprovado, no âmbito do Orçamento do Estado para 2022, esta proposta do Livre.

Fonte do Ministério do Trabalho explicou ao ECO que serão aplicadas as mesmas regras que são praticadas no caso dos demais desempregados. Ou seja, estes trabalhadores terão também de ter, pelo menos, 360 dias de descontos feitos para a Segurança Social, nos últimos dois anos, para ter acesso a apoio e este poderá durar até ano e meio.

Notícia atualizada às 13h00

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No centro da estratégia da Madeira

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  • 27 Outubro 2023

Confesso a minha genuína admiração pela inteligência e pelo alcance da estratégia de longo prazo da Região Autónoma da Madeira na conceção, desenvolvimento e promoção do CINM ao longo destes anos.

Não é apenas pelo facto de a dita estratégia ter permitido diversificar estruturalmente a morfologia económica da Madeira, construindo em cima de um posicionamento diferenciador do seu turismo de qualidade e de outras fileiras laterais ou adicionais.

Não é apenas por se ter sabido construir um regime competitivo devidamente acordado com a União Europeia de forma transparente e com base na ordem jurídica nacional e europeia, sob o escrutínio permanente e saudável da Comissão Europeia.

Não é apenas pelo facto de os resultados falarem por si ao evidenciarem uma enorme adesão nos três eixos estratégicos daquele “modelo de negócio” bem conseguido: quer na zona franca industrial, onde estão instaladas cerca de 50 empresas dos mais variados setores (que vão da produção e transformação ao armazenamento e distribuição orientados quer para o mercado externo quer para o doméstico) na área alimentar, farmacêutica e cosmética, telecomunicações, biotecnologia e indústria química, reciclagem e engenharia etc.

Quer, ainda, as cerca de 1500 empresas na área de serviços internacionais ligadas a subsetores tão diversos como a consultoria, a gestão de ativos, o trading, o cluster de desenvolvimento de software, novas tecnologias, inteligência artificial, comércio eletrónico etc

Quer, por fim, a mais recente área de registo internacional de navios, que permitiu, num relativamente curto espaço de tempo, angariar cerca de 900 embarcações de armadores de dimensão que passam a constituir uma interessante marinha mercante com expressão digna de nota.

Pedro Reis, Presidente da Assembleia Geral da SDM

Não é também e apenas pelo Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM) ser responsável por um importante contributo para a geração de receita fiscal da Região Autónoma da Madeira (RAM), trazendo assim à sua comunidade uma fonte fundamental de sustentabilidade orçamental e financeira, para além da criação de mais de 3500 empregos qualificados diretos com base numa malha de projetos e empresas com assinalável Valor Acrescentado Regional.

E acreditem que certamente não o afirmo por ter sido convidado há poucos meses para ser Presidente da Assembleia Geral da SDM. Tal aspeto apenas me permitiu reforçar a firme opinião, que já tinha desde os tempos em que fui Presidente da Aicep, de que estamos perante um exemplo extremamente interessante de captação de investimento e de fomento da internacionalização.

É mesmo, e acima de tudo, porque o Centro Internacional de Negócios (em particular) e a Madeira (em geral) são um caso notável, a nível nacional, e mesmo europeu, de como se desenha e se implementa uma estratégia de fundo de posicionamento internacional e de crescimento sustentável.

Se atentarmos bem, a Madeira tem hoje um modelo e uma estratégia muito consistente e ambiciosa que, de forma integrada e focada, lhe permite fomentar as exportações, apostar na internacionalização, atrair investimento externo, captar e reter talento, integrar serviços de alta tecnologia com indústria inovadora, ser um gigante do turismo e do hospitality: tudo com base num modelo arrojado de competitividade fiscal e de agilidade em termos de decisão sem burocracia desnecessária.

Ora isso é exatamente a “proposta de valor” que uma economia moderna, nomeadamente no espaço europeu, deve encarnar e assumir.

Pedro Reis, Presidente da Assembleia Geral da SDM

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Peso do salário mínimo no mercado de trabalho é o mais baixo desde 2015

Ministra do Trabalho revelou que peso do salário mínimo na globalidade do mercado de trabalho caiu para mínimos de 2015. Já número de trabalhadores a descontar para a Segurança Social atingiu recorde.

O salário mínimo nacional tem aumentado, ano após ano, mas a fatia de trabalhadores a recebê-lo na globalidade do mercado de trabalho tem diminuído. Este ano, atingiu mesmo o “menor peso desde 2015”, indicou esta sexta-feira a ministra do Trabalho, numa audição no Parlamento. Hoje um quinto dos trabalhadores ganham 760 euros.

“Temos conseguido uma diminuição do peso do número de trabalhadores com salário mínimo no global dos trabalhadores em Portugal, atingindo este ano o menor peso desde 2015“, afirmou a governante, na intervenção inicial da audição sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2024.

Em janeiro, o salário mínimo vai subir 7,9%, chegando aos 820 euros, aumento que é maior “alguma vez ocorrido“, tanto em termos absolutos como relativos. Mas desde 2015 que a retribuição mínima garantida tem crescido, embora, segundo a ministra do Trabalho, a fatia dos trabalhadores a recebê-la tenha estado em queda.

Em detalhe, em 2022, 24,3% dos trabalhadores recebiam o salário mínimo nacional, enquanto hoje 20,8% dos trabalhadores estão nessa situação (ver gráfico).

Isso reflete, sublinhou esta manhã Ana Mendes Godinho, o esforço de também aumentar o salário médio dos portugueses. Por exemplo, para o próximo ano, o referencial para o aumento dos salários do privado será de 5%, realçou a governante. “E os 5% não são teto nenhum”, notou a ministra, respondendo ao Bloco e Esquerda. “São a base que ativa o incentivo fiscal” para as empresas que aumentarem os salários, esclareceu.

Por outro lado, frisou também que os jovens qualificados que estão a mudar de emprego estão a conseguir hoje um prémio salarial de 19% entre contratos.

Por sua vez, na ronda final, o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, realçou que o mercado de trabalho está a “crescer na direção certa“, o que se vê nos dados mais recentes, nomeadamente, da valorização salarial. “Toda a estrutura salarial aumentou“, declarou.

Número recorde de trabalhadores a descontar

Na audição desta manhã, a ministra do Trabalho aproveitou também para assinalar que o mercado de trabalho tem tido “não só grande capacidade de resiliência, mas também de crescimento“.

Daí que em agosto tenha sido ultrapassada, pela primeira vez, a fasquia de cinco milhões de trabalhadores a descontarem para a Segurança Social. Destes, 720 mil são trabalhadores estrangeiros, valor que também é um recorde.

Este dinamismo do mercado de trabalho tem reforçado as receitas do sistema, sublinhou Ana Mendes Godinho, e, consequentemente, a capacidade de fazer investimento social. “Quando temos um mercado de trabalho, também temos um sistema de proteção social forte”, afirmou a governante.

No que diz respeito às contribuições, a previsão do Governo é de chegar ao fim do ano com um montante acima de 24 mil milhões de euros, um aumento de 13% face a 2022, o que traduz a subida dos salários e do número de trabalhadores a descontar.

Ainda assim, também a despesa está a crescer. “No Orçamento do Estado para 2024, temos o maior investimento social permanente e estrutural“, realçou, a propósito, a ministra do Trabalho, referindo-se, por exemplo, ao aumento do abono de família.

Na audição desta sexta-feira, Ana Mendes Godinho fez ainda um balanço da medida que garante a quem tem o Complemento Solidário para idosos uma desconto imediato nos medicamentos: só no primeiro mês, 85 mil pessoas beneficiaram deste apoio.

(Notícia atualizada às 13h05 com mais informação)

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Governo abre 2.242 vagas para formar médicos especialistas em 2024

  • Lusa
  • 27 Outubro 2023

O Governo vai abrir 2.242 vagas para formação de médicos especialistas em 2024. Destas, 617 vagas são destinadas à formação de médicos de família, a especialidade que reúne o maior número de vagas.

O Ministério da Saúde anunciou esta sexta-feira a abertura de 2.242 vagas para formação médica especializada em 2024, “o maior mapa de vagas de sempre”, sendo a especialidade de Medicina Geral e Familiar a área com maior número de vagas.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), vão ser abertas mais 188 vagas do que em 2023, quando foram colocados a concurso 2.054 lugares, permitindo “ir ao encontro das expectativas dos jovens médicos, maximizando-se a capacidade de formação do SNS [Serviço Nacional de Saúde], sobretudo nas especialidades mais carenciadas”.

O MS refere em comunicado que, “correspondendo ao compromisso político de alargar o número de cidadãos com equipa de família, a especialidade de Medicina Geral e Familiar é a que reúne o maior número de vagas, precisamente 617, mais 43 (+8%) em relação a 2023, correspondendo ao “maior número de vagas de sempre nesta especialidade central para o sistema de saúde”.

O mapa conta ainda com o maior número de vagas de sempre em especialidades como Pediatria (110), Anestesiologia (98) e Ginecologia/Obstetrícia (67).

O Governo realça que, este ano, pela primeira vez, o mapa foi desenhado de forma a reforçar a capacidade de formação dos hospitais das zonas de baixa densidade populacional. “Estes hospitais nem sempre conseguem ter idoneidade formativa para abrir vagas nas especialidades em que têm carências, por não conseguirem assegurar a diferenciação da formação nos vários e anos e fases necessários para adquirir os conhecimentos e técnicas das diferentes especialidades”, refere no comunicado.

Assim, o mapa agora aprovado conta com um total de 10 vagas para internos que serão fixados nos hospitais de zonas de baixa densidade, mas que farão a sua formação em colaboração com outras unidades hospitalares, um “primeiro passo do programa Mais Médicos”, anunciado no início do ano pelo Ministro da Saúde, Manuel Pizarro.

Em causa está uma vaga de Anestesiologia para a Unidade Local de Saúde (ULS) do Baixo Alentejo, uma vaga de Ortopedia e uma de Pediatria para a ULS do Norte Alentejano, uma de Anestesiologia e uma de Ginecologia/Obstetrícia para o Centro Hospitalar da Cova da Beira, uma de Ginecologia/Obstetrícia e uma de Radiologia para a ULS da Guarda, uma de Radiologia e uma de Ortopedia para a ULS de Castelo Branco e uma de Anestesiologia para a ULS do Nordeste.

Segundo o Ministério da Saúde, os internos iniciarão a sua formação especializada a 1 de janeiro de 2024. Para o concurso que vai agora decorrer estão inscritos 1.833 jovens médicos, que são candidatos pela primeira vez, por estarem a terminar o ano de formação geral, “o que significa que o número de vagas supera largamente o número de médicos que se formaram recentemente no país”.

Há, ainda, outros médicos que se candidatam estando neste momento fora do sistema de saúde ou que querem mudar de especialidade. “Este aumento do número de vagas, construído em estreita cooperação com a Ordem dos Médicos, consolida o compromisso do Ministério da Saúde de reforçar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde e de assegurar a renovação dos profissionais das diferentes áreas”, salienta no comunicado.

A elaboração do mapa de vagas resulta de “um trabalho intenso” da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), com o apoio e cooperação da Ordem dos Médicos e o envolvimento do Conselho Nacional do Internato Médico.

O Ministério da Saúde assegura que “continuará a incentivar esta colaboração, de modo a instituir uma cultura de planeamento e previsibilidade, que permita alinhar a formação de médicos especialistas com a necessidade do país nas diferentes especialidades”.

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Lucro do Santander Portugal dispara 61,5% para 621,7 milhões até setembro

Subida das taxas de juro impulsiona resultados do banco liderado por Pedro Castro e Almeida: margem financeira acelerou quase 90% para mais de mil milhões de euros nos primeiros nove meses.

O Santander Portugal registou lucros de 621,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, o que representa uma subida de 61,5% em comparação com o mesmo período do ano passado, anunciou o banco esta sexta-feira.

Fruto da escalada das taxas de juro, a margem financeira (diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos) do banco liderado por Pedro Castro e Almeida superou os mil milhões de euros até setembro, subindo 88,5% em termos homólogos e compensando a queda de 3,6% das receitas com comissões líquidas para 345,7 milhões. Com efeito, o produto bancário aumentou 50,8% para 1,42 mil milhões de euros.

A instituição adianta que se mantém “um contexto concorrencial bastante competitivo” e “um quadro de elevada liquidez no sistema bancário”, o que ajuda a explicar as dinâmicas do negócio nos últimos meses. Designadamente, o facto de existir uma guerra de spreads entre bancos no mercado.

Ao nível do balanço, a carteira de crédito aumentou 3,4% para 44,9 mil milhões de euros, sendo que o impacto do aperto do Banco Central Europeu (BCE) se está a fazer sentir sobretudo no segmento do crédito da casa, que quebrou 4% para 22,1 mil milhões devido ao facto de muitas famílias estarem a pagar os seus empréstimos antes do tempo para contornar a subida das taxas de juro. O crédito ao consumo caiu 4% para 1,75 mil milhões. No que toca às empresas, a evolução da carteira foi positiva em 13% para 20,7 mil milhões.

Do lado dos recursos, o banco registou um decréscimo de 7,5% para 43,2 mil milhões, devido a saída de depósitos de clientes: caiu 9,7% para 35,4 mil milhões de euros. O que acontece é que muitas famílias utilizaram as suas poupanças para amortizar antecipadamente as suas dívidas ou então decidiram apostar noutros produtos de poupança, como os Certificados de Aforro mas não só. Os recursos fora de balanço (fundos de investimento, por exemplo) do Totta cresceram 4,2%.

Em face do atual contexto marcado pela alta dos juros e da inflação, o banco adiantou que pôs de lado mais de 60 milhões de euros para se proteger de problemas com o incumprimento nos empréstimos. Ainda que o rácio de exposições problemáticas, que inclui malparado, tenha registado uma decida para 1,6% do ativo.

Quanto aos rácios de liquidez e de solvabilidade, o Santander frisa que se mantém uma posição de liquidez sólida e os níveis de capitalização cumprem confortavelmente as exigências dos reguladores.

(Notícia atualizada às 9h45)

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Altice prepara saída de quadros suspensos após Operação Picoas

  • ECO
  • 27 Outubro 2023

A empresa comandada por Ana Figueiredo está a preparar o processo de rescisão de quadros de topo com funções suspensas na sequência da Operação Picoas.

A Altice Portugal está a avançar com o processo de rescisão de quadros de topo com funções suspensas na sequência da Operação Picoas, avança o Expresso (acesso pago). Quem são e quantos são, a empresa liderada por Ana Figueiredo não revela, alegando o sigilo inerente às investigações em curso. Contudo, de acordo com o semanário, estarão em causa cerca de uma dezena de funcionários, a maioria deles diretores ligados à área de compras.

Em julho, Alexandre Fonseca, na altura co-CEO do grupo Altice a nível internacional, e ex-CEO da Altice Portugal, decidiu suspender funções executivas e não-executivas na empresa. Também foi conhecida a suspensão do seu chefe de gabinete André Figueiredo e do administrador para a área corporate da operação portuguesa, João Zúquete da Silva.

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Produtores de mirtilos “colhem” 38 milhões de euros de exportações

Portugal conta com cerca de 1.300 produtores de mirtilo, que produzem mais de 19 mil toneladas. No ano passado, as exportações renderam 38 milhões de euros. Setor reúne-se em Penalva do Castelo.

Mais de 300 produtores juntam-se esta sexta-feira em Penalva do Castelo para o 12º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo. No ano passado, esta indústria produziu 19.051 toneladas e exportou 6.998 toneladas de mirtilo, o que corresponde a 38 milhões de euros, de acordo com os dados da Associação Nacional de Produtores de Mirtilo. O evento tem a duração de dois dias.

A área de produção de mirtilos em Portugal passou de 43 hectares (equivalente a uma produção de 530 toneladas) em 2010, para 2.620 hectares (19 mil toneladas) no ano passado, segundo os dados preliminares apurados pelo Instituto Nacional de Estatística, fornecidos ao ECO/Local Online pela Associação Nacional de Produtores de Mirtilo. Em 2022, 37% da produção nacional seguiu para os mercados internacionais, com os Países Baixos, Espanha, França e Alemanha entre os principais destinos. O preço médio na exportação ascendeu a 5,40 euros por quilo.

Fonte: INEINE

O presidente da Associação Nacional de Produtores de Mirtilo, Carlos Adão, estima ao ECO/Local Online que há mais de 1.300 produtores de mirtilo no país, estando a maior parte localizada nas regiões Norte e Centro, mas com áreas bastantes mais reduzidas. “A sul do país temos menos produtores, mas com áreas muito superiores”, explica.

É precisamente nesta zona do país que está a produtora Logofruits, liderada por Lourenço de Botton, que estará presente neste encontro nacional. O gestor conta ao ECO/Local Online que “todos os anos [faz] questão de estar presentes no encontro”. Botton justifica que, sendo a empresa “uma referência a nível europeu, e sendo o objetivo ajudar esta fileira, a participação é obrigatória”.

Lourenço de Botton, dono da LogofruitsLogofruits

Em apenas cinco anos, a Logofruits tornou-se o maior produtor de mirtilos em Portugal e um dos maiores da Europa. A empresa de Alcácer do Sal produz cerca de duas mil toneladas de mirtilos por ano e exporta 95% da produção, essencialmente para Espanha e para o Norte da Europa.

Com uma produção muito mais pequena e localizada em Sátão, no distrito de Viseu, Carlos Almeida, acionista da NBerry, é outro dos participantes no encontro que acontece em Penalva do Castelo. “É sempre importante para adquirimos conhecimento, conhecer novas técnicas de cultivo e perceber como está o mercado externo”, realça ao ECO/Local Online o gestor, que detém a empresa juntamente com Nuno Pais.

O encontro é sempre importante para conhecermos novas técnicas de cultivo e percebermos como está o mercado externo.

Carlos Almeida

Fundador da NBerry

Fundada em 2019, a NBerry tem produção própria, mas nasceu também com o propósito de ajudar os produtores da região a comercializar os mirtilos. A empresa agrega cerca de 40 produtores locais e comercializa perto de 250 toneladas de mirtilo. Toda a produção é destinada aos mercados externos, principalmente para o Reino Unido, Alemanha e Países Baixos.

Área de produção da NBerryNBerry

Este ano, a NBerry, que emprega cinco pessoas e exporta 100% da produção, vai chegar às dez toneladas nos dez hectares de produção própria. Mas conta daqui a dois anos ter uma produção “na ordem das cem toneladas”. Já os 40 produtores agregados somam 50 hectares em produção.

O 12º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo vai contar com intervenções de especialistas dos Estados Unidos da América, Marrocos, Itália, mas também de vários investigadores, comercializadores e produtores nacionais. “Este encontro tem vindo a a aumentar sucessivamente o número de produtores inscritos”, refere o presidente da Associação Nacional de Produtores de Mirtilo.

Já na sessão de abertura vão participar Carlos Adão, presidente da Associação Nacional de Produtores de Mirtilo); Francisco Lopes de Carvalho, presidente da Câmara Municipal de Penalva do Castelo; e Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura e da Alimentação.

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Vem aí um trimestre repleto de greves. “Tem tudo para ser um período caótico”

Greves na saúde, na educação, nos transportes, na justiça. O ano de 2023 tem sido quente ao nível da contestação social e esse cenário só deverá piorar nos próximos meses. Maioria absoluta pesa.

Escolas encerradas. Hospitais em serviços mínimos. Centros de saúde e lojas de cidadão de portas fechadas. Esta sexta-feira, dia 27 de outubro, os funcionários públicos estão em greve. E a contestação social não deverá acalmar nos próximos meses. Os politólogos ouvidos pelo ECO antecipam que os protestos e paralisações deverão continuar (e até aumentar) até ao final do ano, alimentados também pelo anúncio do ministro das Finanças de que, em paralelo às dificuldades sérias com que se confrontam atualmente os trabalhadores portugueses, o país vai ter um excedente orçamental. O último trimestre tem tudo, assim, “para ser caótico“, avisam os especialistas.

Embora o fim do ano esteja ainda a alguma distância, já deram entrada quase tantos pré-avisos de greve como no conjunto do último ano. Até agosto, foram entregues mais de mil avisos prévios, sendo que a maioria diz respeito à Administração Pública.

A manter-se o atual ritmo, segundo as contas do ECO, 2023 está a caminho não só de superar o ano passado, como também de chegar a máximos de 2013, altura em que Portugal vivia o terceiro ano consecutivo de recessão e estava submetido ao programa de ajustamento acordado com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Aliás, agora que a proposta de Orçamento do Estado para 2024 já foi entregue ao Parlamento – e está a gerar duras críticas por parte de múltiplos quadrantes da sociedade –, os politólogos projetam que este último trimestre do ano ficará marcado por um agravamento dessa contestação social.

É previsível que [as paralisações] aumentem. O final do ano tende a ser mais conflitual devido às medidas que se anunciam para o ano seguinte com o Orçamento do Estado. Os sindicatos procuram colocar maior pressão sobre o Governo e ganhar maior visibilidade pública para as suas reivindicações”, sublinha Tiago Carvalho, professor e investigador do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE).

Regista-se a perceção de que este caminho [o das greves] é o único disponível para pressionar o Governo.”

Bruno da Costa

Universidade da Beira Interior

Bruno da Costa, professor da Universidade da Beira Interior, frisa que o aumento da inflação e a “não correspondência entre as propostas do Governo e as exigências das centrais sindicais” criam um “ambiente promotor para a continuidade da contestação social”.

“Embora o Governo esteja a fazer um esforço ao nível do aumento do salário mínimo e da redução da carga fiscal sobre os rendimentos, verifica-se um aumento dos impostos indiretos e da carga fiscal global, o que faz as famílias perderem poder de compra“, realça ainda Bruno Costa. E atira: “Por sua vez, regista-se a perceção de que este caminho [o das greves] é o único disponível para pressionar o governo.

Perante este cenário, Miguel Rodrigues, da Universidade do Minho, é claro: “O último trimestre tem tudo para ser um período caótico”. De que modo? Com os portugueses a ficarem à espera de consultas nos centros de saúde, a terem cirurgias adiadas, a ficarem com os filhos em casa e a sentirem dificuldades para usarem transportes públicos, enumera.

“O que pode acontecer, decorrente do momento do ano, é termos uma maior pressão, quer pelo aumento da procura nos serviços públicos, quer seja de natureza política para exercer pressão no momento da discussão do Orçamento do Estado“, antecipa o mesmo especialista.

No caso da greve desta sexta-feira, a convocatória partiu da Frente Comum, que está a contar com uma “adesão grande“. Os aumentos salariais são um dos principais motivos que levam os funcionários públicos a parar. O Governo prometeu reforços remuneratórios que vão dos 3% aos 6,84%. Ora, para este ano, o Executivo está a apontar a inflação para 4,6% e para 2024 para 2,9%.

Para novembro estão já marcadas também várias greves setoriais. O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses anunciou uma greve nacional para o dia 10 desse mês. Os trabalhadores das empresas da distribuição param a 11 de novembro. E há a possibilidade de os professores protestarem desta forma no dia em que o ministro da Educação for ao Parlamento explicar o Orçamento do Estado para essa área.

Sentem-se sobretudo nos setores da educação, saúde e transportes, dada a diminuição do investimento público nos últimos anos, constrangimentos orçamentais e consequente agravamento das condições laborais.

Tiago Carvalho

ISCTE

Entre os quatro especialistas ouvidos pelo ECO, a avaliação é comum: educação, saúde e transportes são, neste momento, os setores mais afetados pela intranquilidade social. “Isto dada a diminuição do investimento público nos últimos anos, constrangimentos orçamentais e consequente agravamento das condições laborais”, analisa Tiago Carvalho.

“No quadro da competitividade europeia, um país que não consegue assegurar o funcionamento pleno e eficaz destes setores, nomeadamente em todos os quadrantes geográficos no país, tem pouca ou nenhuma margem para enfrentar os desafios da contemporaneidade e fugir à cauda da Europa”, atira, por sua vez, Bruno da Costa.

Maioria absoluta tem “relação direta” com aumento das greves

Além da inflação e do consequentemente agravamento do custo de vida, também a maioria absoluta do PS ajuda a explicar este aumento da contestação social, identificam os politólogos.

Por exemplo, José Palmeira, professor da Universidade do Minho, salienta que a contestação social “costuma aumentar em contextos de maioria absoluta“, uma vez que tende a transferir-se do Parlamento para a rua. “No passado era fundamentalmente a CGTP que organizava e liderava essa contestação, mas, desde que o PCP apoiou um Governo do PS, aquela central sindical parece ter perdido alguma da sua capacidade de mobilização social para novos movimentos, ditos inorgânicos, por natureza mais radicais no plano das reivindicações e dos métodos de ação”, explica o especialista.

“Há uma relação direta” entre a contestação e a maioria absoluta, corrobora Miguel Rodrigues. “Não pondo em causa a situação de falta de condições e as justas reclamações de algumas classes sociais, há algumas greves que resultam no enfraquecimento do poder político de algumas forças partidárias. No caso específico do PCP, parece evidente que fruto da maioria absoluta do PS e da sua exígua representatividade no parlamento, haja uma alteração na estratégia política. É uma espécie de prova de vida“, assinala o professor.

Já Bruno da Costa acrescenta que a maioria absoluta deu ao PS e ao governos “os instrumentos necessários para implementar um quadro global de transformação do país“, mas, passados oito anos de “desgaste” e tendo em conta a “inoperância de alguns membros do Executivo”, a afirmação dessa maioria está hoje com dificuldades. “E este cenário não pode ser justificado, apenas, pelo contexto internacional“, ressalva o politólogo da Universidade da Beira Interior. Aliás, à parte do impacto dos conflitos em curso na Ucrânia e no Médio Oriente e da instabilidade internacional, os trabalhadores continuam a considerar que o Governo pode ir mais longe.

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Banco polaco do BCP lucra mais de 100 milhões de euros até setembro

Bank Millennium passou de um prejuízo superior a 276 milhões de euros até setembro do ano passado para um lucro de mais de 100 milhões nos primeiros nove meses de 2023.

O Bank Millennium, banco polaco controlado pelo BCP, lucrou o equivalente a 100,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano (461 milhões de zlótis), uma melhoria significativa em comparação com o prejuízo de 276,1 milhões de euros no mesmo período do ano passado, excluindo o efeito cambial, revelou esta sexta-feira.

Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BCP revela que o Bank Millennium conseguiu duplicar, em termos homólogos, a margem financeira nesse período, que corresponde à diferença entre os juros pagos dos depósitos e os juros recebidos dos contratos de crédito. As receitas com comissões diminuíram 2% e os custos encolheram 10%.

Analisando o desempenho no terceiro trimestre, o banco teve lucros equivalentes a 23,4 milhões de euros, “apresentando assim resultados positivos nos quatro últimos trimestres, após um período alargado de trimestres com resultados negativos”, destaca o BCP.

Contudo, os resultados “mantiveram-se condicionados pelos encargos relacionados com a carteira de créditos hipotecários denominados em CHF [francos suíços], que totalizaram 743 milhões de zlótis (166,5 milhões de euros)”, acrescenta a nota.

O banco fechou os primeiros nove meses do ano com mais clientes — 2,98 milhões de clientes ativos, um aumento de 122 mil face a setembro de 2022 —, enquanto os depósitos de clientes particulares engordaram 11% na comparação homóloga. Em simultâneo, os das empresas aumentaram 3%.

Na vertente dos empréstimos a particulares, estes caíram 4%, enquanto o crédito às empresas teve uma quebra de 12%.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h37)

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