Câmara de Comércio e Indústria e Católica criam academia para CEO

Com mais de 1.200 associados, a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa fechou parceria com a universidade Católica para criar uma Academia que apoie empresários no processo de internacionalização.

A Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) quer dar impulso à internacionalização das empresas nacionais e para isso avançou em parceria com a Universidade Católica, através da Católica International Business Platform, para a criação da “Academia CEO Futuro Ready for IB”. O programa “Da exportação à internacionalização” arranca já em outubro e será lecionado na Católica-Lisbon.

“Foi identificada uma lacuna na oferta de formação, tanto pela Católica, como pela CCIP, no que se refere à formação de executivos C-Level, ou seja, de primeira linha de gestão, na área da internacionalização”, começa por explicar João Pedro Guimarães, secretário-geral da CCIP, ao Trabalho by ECO.

Com esta parceria, formalizada esta quarta-feira, a CCPI tem como objetivo “contribuir para acelerar os processos de internacionalização sustentável das empresas portuguesas, sabendo que enfrentam grandes desafios de transformação e que têm constrangimentos de escala, produtividade e notoriedade por resolver, bem como dificuldades no acesso a capital e, cada vez mais, a talento”, continua.

“Pretendemos contribuir, de forma efetiva, para a consolidação da literacia geopolítica, económica e cultural dos participantes, sistematizar os fundamentais da internacionalização sustentável à luz do atual contexto macroeconómico e da alteração dos padrões da globalização, bem como desenvolver core skills para a sua liderança”, sintetiza o responsável da CCIP, organização mais com cerca de 1.200 associados, entre os quais empresas como a Brisa, Sage, Makro ou Logoplaste.

Programa dirigido a líderes C-level

A parceria com a Católica International Business Platform – iniciativa colaborativa de active-learning, criada em 2021 com vista a acelerar a internacionalização sustentável das empresas nacionais – materializa-se já em outubro com o arranque do programa “Da exportação à internacionalização”, lecionado pela Católica-Lisboa.

Os desafios da globalização, governance e responsabilidade ambiental e social para o sucesso da internacionalização; cultura, organização e liderança para uma employer brand internacional; como criar valor e mitigar o risco do investimento na internacionalização; como criar de marcas internacionais e modelos de negócio para acelerar a expansão para novos mercados externos são “as temáticas centrais do programa”.

Queremos contribuir para acelerar os processos de internacionalização sustentável das empresas portuguesas, sabendo que enfrentam grandes desafios de transformação e que têm constrangimentos de escala, produtividade e notoriedade por resolver, bem como dificuldades no acesso a capital e, cada vez mais, a talento.

Pedro Guimarães

Secretário-geral da CCIP

Dividido em três níveis, sendo que o primeiro terá uma duração de 32 horas, o programa “tem como objetivo criar uma moldura estratégica comum entre os responsáveis da primeira linha de gestão das empresas” e, no final, os “participantes deverão estar habilitados a fazer um autodiagnóstico sobre o grau de preparação das suas empresas para a próxima etapa de internacionalização para sustentar o crescimento saudável e a criação de mais valor económico.”

O “curso terá uma parte prática que envolve a visita a duas empresas exportadoras nacionais, uma exportadora e outra que já se internacionalizou, as quais partilharão as suas próprias experiências no âmbito destes projetos”, descreve João Pedro Guimarães.

A Católica International Business Platform está ainda “a promover a monitorização do percurso internacional de empresas portuguesas para dinamizar o debate e a translação de conhecimento, e vai disponibilizar casos de estudo exclusivos deste programa”, destaca ainda.

“Não há atualmente nenhum programa como aquele que estamos a desenvolver, centrado na formação de executivos de primeira linha e focado na internacionalização sustentável das suas empresas. Por outro lado, não temos dúvidas de que esta junção entre a reconhecida experiência da Católica na área do ensino e da CCIP, no ‘terreno’, perto das empresas e, em particular, enquanto especialista em internacionalização, representa uma mais-valia única e diferenciadora“, considera o secretário-geral da CCPI quando questionado sobre o que diferencia este programa de outros de formação executiva.

O curso de formação está aberto a qualquer gestor, mas os associados da CCIP e os antigos alunos da Católica terão de pagar “um valor reduzido caso pretendam proceder à inscrição”. Os valores do mesmo deverão ser conhecidos em setembro.

Missões empresariais

Com o objetivo de agilizar o processo de internacionalização das empresas e contribuir para a diversificação de destinos, a CCPI tem vindo a realizar missões, presenciais ou virtuais, levando as empresas a conhecer mercados externos. Desde 2014 já foram realizadas mais de 100 missões com mais de 600 empresas. Desde o início do ano, mais de duas dezenas destas missões já foram realizadas em mercados tão distintos como Marrocos, China ou México, com mais de uma dezena de outras previstas até ao final do ano.

“Reforçar o peso da exportação é uma meta das empresas e (também) da economia nacional. Sabemos hoje que as exportações já contribuem para cerca de 50% do PIB nacional. No que se refere à internacionalização das nossas empresas, a CCIP contribui há muitos anos para esta realidade, realizando muitas missões internacionais (cerca de 15 por ano), prestando serviços de consultoria nesta área e, entre outras atividades, dando a conhecer novos mercados de destino para as nossas empresas, em especial fora da União Europeia”, comenta Pedro Guimarães. “Somos verdadeiros especialistas e preparamos agendas de reuniões customizadas para os nossos empresários em qualquer um dos 90 mercados onde prestamos este serviço”, diz.

Nigéria, África do Sul, Tunísia, México o Senegal são algumas das missões empresariais presenciais previstas na segunda metade do ano.

Reforçar o peso da exportação é uma meta das empresas e (também) da economia nacional. Sabemos hoje que as exportações já contribuem para cerca de 50% do PIB nacional. No que se refere à internacionalização das nossas empresas, a CCIP contribui há muitos anos para esta realidade, realizando muitas missões internacionais (cerca de 15 por ano).

Pedro Guimarães

Secretário-geral da CCIP

“O nosso plano anual assenta numa série de fatores: a nossa própria análise sobre os mercados que poderão ter mais interesse para as nossas empresas (em termos de crescimento e oportunidades), o feedback que continuadamente recebemos das mesmas, a experiência que temos de muitos anos nesta área e as possibilidades que nos oferecem os consultores com quem trabalhamos”, refere o secretário-geral da CCPI quando questionado sobre os fatores que determinaram a escolha dos países destino das missões.

Temos procurado ainda expandir os horizontes das exportações portuguesas para fora dos mercados mais tradicionais (o que ajuda, também à dissolução do risco das suas atividades). Os objetivos das empresas passam, naturalmente, por aumentar vendas, por encontrar parceiros para as suas atividades, que as ajudem a crescer (sendo que o nosso mercado é reconhecidamente de reduzida dimensão)”, acrescenta.

“Nos últimos anos”, mais de 6.500 pessoas participaram em 140 eventos sobre mercados internacionais, tendo sido realizadas mais de 135 missões empresariais (entre o formato presencial e virtual) com 655 empresas, com “uma média de sete reuniões de qualidade por empresa (em cada missão)”, revela o responsável da CCPI.

Eventos de apresentação de novos mercados com diferentes objetivos e designações (One to One, Meet the Market, etc.) – “sempre com o objetivo de ajudar as empresas a conhecerem novas realidades e potenciais novos mercados, dando-lhes acesso à informação de que precisam” – são outras das atividades desenvolvidas pela CCPI com vista a impulsionar a expansão internacional das empresas.

Este ano arrancaram com uma nova iniciativa: o “Exportador do Mês”. “Oferecemos aos nossos empresários a possibilidade de conhecerem por dentro empresas líderes exportadoras nacionais, que dão a conhecer aos participantes a sua cultura, boas práticas e experiência nos processos de internacionalização, garantindo um contacto direto com os líderes/responsáveis dessas mesmas empresas”, diz.

AutoEuropa, Central de Cervejas e Bebidas, The Navigator Company ou a Delta são algumas das empresas que já abriram as suas portas no âmbito dessa iniciativa.

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5 coisas que vão marcar o dia

Serão conhecidos dados relativos à avaliação bancária das casas, bem como aos empréstimos e depósitos bancários. Esta quarta-feira, EDP Renováveis e Jerónimo Martins apresentam contas ao mercado.

Esta quarta-feira, o INE vai divulgar os dados relativos à avaliação bancária das casas, enquanto o Banco de Portugal dá a conhecer a evolução dos empréstimos e depósitos bancários. A época de resultados continua, com a EDP Renováveis e a Jerónimo Martins a divulgarem as contas ao mercado. Fed deverá subir os juros.

Avaliação das casas continua a abrandar?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga os resultados do inquérito à Avaliação Bancária na Habitação referentes ao mês de junho. Em maio, o valor mediano de avaliação bancária na habitação em Portugal foi de 1.510 euros por metro quadrado, 1,27% acima do valor registado em abril. Foi o quarto mês consecutivo de abrandamento.

BdP divulga dados sobre os empréstimos

O Banco de Portugal (BdP) divulga os dados sobre os empréstimos e depósitos bancários referentes ao mês de junho, coincidindo com o mês em que entrou em vigor as novas regras para os certificados de aforro. Em maio, o montante total de empréstimos para habitação era de 99,5 mil milhões de euros, menos 118,3 milhões de euros (-0,12%) do que no final de abril. Foi o quinto mês consecutivo em que o volume de crédito à habitação concedido pela banca registou taxas mensais negativas.

EDP Renováveis e Jerónimo Martins apresentam contas ao mercado

A época de resultados continua. Esta quarta-feira, é a vez da EDP Renováveis e da Jerónimo Martins apresentarem os resultados referentes ao segundo trimestre do ano. No primeiro trimestre, a empresa de energias renováveis registou um resultado líquido foi de 65 milhões de euros, enquanto a empresa dona do Pingo Doce lucrou 140 milhões de euros nos primeiros três meses de 2023.

Eurostat divulga dados sobre impostos ambientais

O Eurostat vai divulgar dados relativos aos impostos ambientais cobrados pelos países da UE por atividade económica, referentes a 2021. De acordo com os dados divulgados pelo INE, o valor dos impostos com relevância ambiental ascendeu a cerca de 5 mil milhões de euros em 2021, representando 6,6% da receita fiscal e contribuições sociais em Portugal naquele ano

Fed sobe as taxas de juro

Termina esta quarta-feira a reunião de dois dias de política monetária da Reserva Federal dos Estados Unidos. Após uma pausa na última reunião, é esperado que Jerome Powell anuncie esta quarta-feira uma nova subida dos juros, colocando-as no intervalo entre 5,25% e 5,5%.

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Investigação a Carlos Alexandre não suspende promoção do juiz. Pelo menos para já

Como "o processo de averiguações ainda se encontra a decorrer e este procedimento não tem caráter disciplinar", não há "de momento qualquer impedimento à promoção", diz órgão que fiscaliza os juízes.

A averiguação disciplinar que está a ser realizada pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM) contra Carlos Alexandre não suspende, pelo menos para já, a promoção do juiz de instrução a desembargador com funções no Tribunal da Relação de Lisboa. Pelo menos essa foi a garantia dada pelo órgão que fiscaliza os juízes, que avança ao ECO/Advocatus que, como “o processo de averiguações ainda se encontra a decorrer e este procedimento não tem caráter disciplinar”, não há, “por isso, de momento, qualquer impedimento à promoção do senhor juiz Carlos Alexandre”. Carlos Alexandre foi colocado, no início de Junho, numa secção criminal do Tribunal da Relação de Lisboa, para exercer funções a partir de setembro.

Carlos Alexandre está a ser investigado pelo CSM por eventual violação do dever de acatamento das decisões de tribunais superiores. Segundo o que CSM sublinhou, há um mês, “a situação participada justifica uma averiguação no quadro do disposto no art.º 123.º-A do Estatuto dos Magistrados Judiciais, com vista a aferir se esta conduta é suscetível de constituir infração disciplinar”. O processo de averiguações é uma fase preparatória do processo disciplinar em si. Se, no final se concluir que há infração disciplinar, o que tiver sido apurado vale como instrução do processo disciplinar e avança se logo para acusação.

Em causa está um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa que acusa o juiz de instrução Carlos Alexandre de não acatar uma decisão de um tribunal superior, ao ter mantido, a 28 de outubro de 2022, o arresto da pensão de Manuel Pinho, arguido no caso EDP. O que aconteceu quinze dias depois dos juízes desembargadores – com graduação superior à de Carlos Alexandre, à data – terem decretado que essa pensão do ex-ministro da Economia deveria ser ‘libertada’.

Resta saber se o CSM vai exercer o seu poder disciplinar da mesma forma que fez com Ivo Rosa, juiz de instrução até ao ano passado no Ticão, que tem neste momento dois processos disciplinares contra ele, um já arquivado e outro precisamente por ter alegadamente violado o dever de acatamento de decisões de tribunais superiores. Processos esses que o impediram, até agora, de subir a juiz desembargador do Tribunal da Relação de Lisboa.

No acórdão de maio, os juízes dizem que houve uma “violação do dever de acatamento das decisões proferidas em via de recurso pelos tribunais superiores”, previsto no artigo 4º da Lei de Organização do Sistema Judiciário. Esta conclusão está presente na decisão, em que o Tribunal da Relação de Lisboa deu razão a uma parte do recurso apresentado pelo antigo ministro da Economia Manuel Pinho no âmbito do processo EDP. Assim, o arguido vai voltar a receber a reforma de 26 mil euros líquidos mensais.

Carlos Alexandre, 62 anos, juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, chamou a si, nos quase 20 anos que esteve colocado no chamado Ticão, os mais mediáticos processos de criminalidade económica e financeira. Terminou a suas funções como juiz de instrução criminal esta terça-feira e, em setembro, começará as suas funções como juiz desembargador na Relação de Lisboa. Pelo caminho ficou a vontade de ser procurador Europeu já que na semana passada foi tornado público que será o magistrado do Ministério Público, José Ranito, o novo procurador europeu de Portugal na Procuradoria Europeia, sucedendo no cargo a José Guerra.

Pelas mãos do futuro juiz desembargador passaram processos como o da Operação Furacão, BPN, Máfia da Noite, Face Oculta, Remédio Santo, CTT , a Operação Labirinto, Operação Marquês, caso EDP, Operação Lex, processo que envolve Joe Berardo, morte do agente da PSP, processo de Tancos, processo de Álvaro Sobrinho e, mais recentemente, o processo que envolve o cofundador da Altice, Armando Pereira. E foi precisamente com este caso, e a decisão das medidas de coação aplicadas aos arguidos da chamada Operação Picoas, que o juiz de instrução termina a sua (longa) carreira no Ticão.

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Ivo Rosa (lado esquerdo) e Carlos Alexandre (lado direito)Fotomontagem: Lídia Leão / ECO

Carlos Alexandre, nascido em Mação, distrito de Santarém, esteve no TCIC desde 2004. Ganhou adeptos junto de vários atores judiciários, como investigadores da PJ e procuradores do Ministério Público (MP), por raramente discordar das teses da acusação. Foi muito bem tratado por (alguma) comunicação social, apesar do magistrado sempre se ter oposto, publicamente, à violação do segredo de Justiça. Até 2015, esteve sozinho no tribunal durante mais de uma década, mas nesse ano Ivo Rosa é nomeado como juiz de instrução do Ticão, para dividir trabalho com o superjuiz. E aí nasce a rivalidade, pública e notória, entre ambos os juízes (ver texto abaixo).

Já entre advogados e magistrados, a sua fama não é das melhores. Há quem considere que as suas decisões mereciam um maior distanciamento das posições do Ministério Público. Mas a verdade é que Carlos Alexandre tem uma minoria de decisões revogadas pela Relação. São também conhecidos os pedidos de afastamento do juiz Carlos Alexandre pelas defesas de António Mexia e Manso Neto, no processo EDP e de José Sócrates, no âmbito da Operação Marquês. Mas também é verdade que um grande número de advogados dos ditos processos mediáticos fez queixa ao Conselho Superior da Magistratura (CSM) por atos ou comportamentos do magistrado.

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EMEL admite dificuldades em responder ao aumento da procura pelas bicicletas GIRA

O aumento da procura por bicicletas GIRA representam um "sucesso" da operação mas também dificultam a capacidade de resposta. Dificuldades na app e falta de bicicletas entre as principais queixas.

A Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), responsável pela gestão de frota das bicicletas elétricas GIRA, reconhece que o aumento da procura pelo serviço tem dificultado o poder de resposta da empresa que, recentemente, tem sido alvo de queixas da parte dos utilizadores. À Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi) têm chegado diversas reclamações ligadas à utilização das GIRA, entre elas, dificuldades no acesso à app e também a falta de bicicletas para o número de utilizadores ativos.

Ao ECO/Capital Verde, a MUBi detalha que a “não existência de estações e docas em toda a cidade, em particular em zonas da cidade mais desfavorecidas e pior servidas por transporte público”, tem provocado dificuldades, que se agravam com os “problemas” na aplicação do serviço. Entre elas, a “autenticação repetida” – algo que a EMEL considera ser uma medida de segurança, ainda que reconheça o “incómodo” que possa provocar nos utilizadores. “É um tema que estamos a acompanhar e contamos que brevemente seja corrigido”, informa ao ECO/Capital Verde.

Ademais, a MUBi indica que a aplicação sugere a existência de “bicicletas fantasma”, isto é, “bicicletas que estão na doca assinaladas a ‘verde’ (disponíveis) mas que não aparecem na app” e ainda a ocorrência de “viagens virtuais”. Neste cenário, detalha a associação, a app informa que a bicicleta se encontra desbloqueada, “todavia a doca não emite o som de desbloqueio e o utilizador não consegue tirar a bicicleta”.

Estas dificuldades foram comunicadas diretamente à EMEL numa reunião que decorreu entre ambas as partes e da qual a MUBi saiu com a promessa de que a entidade “estaria a resolver a situação”.

Ao ECO/Capital Verde, a EMEL confirma o encontro e justifica que tem “tentado diariamente”, através das equipas e do conhecimento no terreno, que “o balanceamento seja efetuado de acordo com padrões que acompanham a procura real de bicicletas por zona”. No entanto, reconhece que “esse trabalho não é perfeito”, na medida em que “as bicicletas estão limitadas à quantidade disponível e por outro lado, existe um rápido crescimento do número de utilizadores e de viagens diárias realizadas pela GIRA, resultante do sucesso da operação”, explica a entidade.

Atualmente, a EMEL garante disponibilizar diariamente cerca de 1.100 bicicletas de uma frota de cerca de 1.500, estando em curso a aquisição de mais 500 bicicletas até ao final do ano. Estas bicicletas encontram-se distribuídas pelas 146 estações GIRA distribuídas por Lisboa “e estamos neste momento a planear com a Câmara Municipal de Lisboa as suas futuras localizações”.

Apesar das queixas, a EMEL garante que esta frota tem conseguido dar resposta “adequada” aos cerca de 28 mil utilizadores com passe ativo, porém, adianta que o reforço de 500 bicicletas “permitirá dar resposta aos níveis de crescimento de utilizadores” que tem vindo a registar. No primeiro semestre, a EMEL registou um aumento de 7% no número utilizadores e de 3% no número de viagens realizadas, face ao período homólogo de 2022.

Por sua vez, a MUBi rejeita que a EMEL tenha conseguido dar conta do recado. “Continua a haver zonas da cidade que não são servidas pelo sistema” e, mais recentemente, com a garantia de acesso gratuito para os residentes de Lisboa com passe Navegante,não se garantiu o proporcional aumento do número de bicicletas”, especialmente numa altura de maior procura devido ao verão. “Neste momento, julgamos imprescindível que se aumente o número de bicicletas disponíveis – não sendo aceitável a constante elevada proporção de bicicletas para reparação”.

Mas a EMEL também aponta o dedo aos utilizadores. Ao ECO/Capital Verde a empresa responsável pela gestão das GIRA relata um “aumento anormal” de avarias nas bicicletas que se prendem com “situações de má utilização” caracterizadas por utilizações “abusivas e irregulares”. A título de exemplo, a EMEL refere o transporte de dois ou mais indivíduos, “prática que tem causado danos substanciais” nas bicicletas.

Entre os danos mais comuns, a EMEL destaca, a quebra dos quadros das bicicletas, “que provocam a diminuição do número de bicicletas em operação e colocam em causa a segurança de quem as utiliza”. Perante este cenário, a EMEL revela que está a preparar ações que sensibilizem os utilizadores “para uma utilização correta das bicicletas GIRA”.

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Reclamações contra seguradoras sobem 11%. Conheça as piores e as melhores

  • ECO Seguros
  • 26 Julho 2023

Relatório da ASF identifica as companhias mais visadas por queixas formais e indica que 1 em cada 3 reclamações é favorável ao segurado. Seguro automóvel reúne 38% dos reclamantes.

São as médias e as pequenas seguradoras em Portugal as que mais sofrem reclamações de clientes, segundo a análise do Relatório de Regulação e Supervisão da Conduta de Mercado 2022, produzido e agora divulgado pela ASF, entidade supervisora do setor dos seguros e dos fundos de pensões. O documento revela uma subida de 11% no número de reclamações recebidos pelas companhias, com um crescimento de 14% nos ramos gerais não totalmente compensada por uma descida de 15% das queixas no ramo Vida.

Fonte: ASF – RRSCM2022

 

Os ramos Não Vida representaram 91% do total das reclamações recebidas 26.738 pelas seguradoras em 2022 com destaque para o seguro automóvel, o seguro de doença, o seguro de assistência e o seguro de incêndio e outros danos (IOD) que inclui os seguros multirriscos. A ASF alterou a metodologia aplicada na análise da distribuição das reclamações, passando a ser analisadas as reclamações reportadas pelas seguradoras e não apenas as reclamações tratadas pela ASF, pelo que universo abrangido passou a ser total.

A ASF faz notar que 36% das reclamações apreciadas nos ramos Não Vida resultaram em respostas favoráveis aos reclamantes. O desfecho favorável face ao total foi superior nas reclamações relativas aos seguros de assistência e de doença (47% e 39%, respetivamente) e inferior nas relativas aos seguros de perdas pecuniárias diversas (15%), de incêndio e outros danos (25%), de responsabilidade civil geral (29%) e de acidentes (28%).

Fonte: ASF – RRSCM2022

 

A primeira conclusão é que 2022 manteve a tendência de as reclamações apreciadas incidirem maioritariamente sobre os seguros dos ramos Não Vida, representando 91% do total das reclamações. Face ao ano anterior, o número de reclamações apreciadas no segmento de negócio Não Vida aumentou 14%, tendo o ramo Vida registado uma diminuição de 15%.

Fonte: ASF – RRSCM2022

Dentro dos ramos Não Vida, o seguro automóvel foi o que registou o maior número de reclamações apresentadas (38% do total), seguido pelo seguro de doença (20%), pelo seguro de assistência (16%) e pelo seguro de incêndio e outros danos (15%). O conjunto das reclamações destes quatro seguros representou 88% do total das reclamações. Os principais motivos que estiveram na origem das reclamações foram resultantes de sinistros (53%) e com o conteúdo ou vigência do contrato (24%).

Seguro automóvel: CA Seguros com menos, Euro Insurances com mais

CA Seguros, Generali (Tranquilidade) e Fidelidade são as seguradoras que, proporcionalmente à dimensão da sua carteira, menos reclamações receberam. A ASF classifica as companhias através de um rácio que relaciona o número de reclamações com o número de veículos seguros por essa companhia.

Por exemplo, a menos visada, a CA Seguros sofreu 34 reclamações em 2022 e tinha, deduzindo-se pelo estudo, 212 mil veículos na sua carteira automóvel. Já a Tranquilidade (Generali), teve 547 reclamações para um parque seguro de mais de 2 milhões de veículos. A Fidelidade, que é a maior do ramo automóvel, sofreu 784 queixas formais, mas tem seguros cerca de 1,9 milhões de veículos.

Em conjunto, as seguradoras do ramo automóvel sofreram 9.134 reclamações de 2022, para um número de veículos seguros de quase nove milhões de veículos, os que aparentemente circulam em Portugal. As queixas foram de 1,02 por cada 1.000 veículos, ou seja, 0,1% dos potenciais casos para conflito.

Fonte: ASF – RRSCM2022

 

CA Seguros, Tranquilidade, Fidelidade, Liberty, Caravela, Lusitania, Allianz e Mapfre ficaram melhor que a média do setor. Já a UNA, Mapfre Santander, Ok Seguros! (Via Directa), Victoria, Zurich. Ageas Seguros, Mudum ficaram acima da média de reclamações. A pior nesta análise foi a Euro Insurances dac, uma seguradora ligada à Lease Plan, que opera em Portugal em Livre Prestação de Serviços (LPS).

Seguros de Saúde: Fidelidade melhor, Asisa a pior

Nos seguros de saúde, a ASF relaciona o número de 4.748 reclamações em 2022 com o número de cerca de 3,8 milhões de pessoas seguras e a Fidelidade, sem considerar as reclamações específicas da Multicare, sai a ganhar na análise. Também a mgen e a Bupa não são considerados pela ASF por apresentarem resultados enviesados em relação ao mercado.

Fonte: ASF – RRSCM2022

 

Fidelidade, UNA, Tranquilidade, Allianz, Aegon Santander, Planicare, Lusitania e Victoria estão melhor que a média do setor, enquanto Real, Ageas Seguros, Chubb, Cardif, Mudum, Médis e Asisa apresentam, em crescendo, piores resultados.

Seguro de Assistência: Tranquilidade menos reclamada, ARAG a mais

Os seguros de assistência podem abranger produtos de diversas linhas de negócio, como acidentes pessoais, mas é na assistência em viagem automóvel que estão mais difundidos. Para este segmento a ASF relaciona reclamações recebidas e 1.000 contratos realizados por cada companhia, o que deu um valor de 0,59 para o mercado. No total registaram-se 3.897 reclamações para cerca de 6,6 milhões de contratos.

Fonte: ASF – RRSCM2022

 

A Tranquilidade (Generali sem Europ Assistance e Advance Care) foi a menos visada por queixas dos clientes ficando ainda abaixo de média do mercado a CA Seguros, Fidelidade, Caravelae e InterPartner (ligada a AXA). Pior que a média ficaram Allianz Partners, OK! Seguros, Lusitania, Mapfre Assistência, RNA e ARAG.

Seguros Multiriscos: Tranquilidade melhor, Ok! Seguros, pior

Nos ramos de Incêndio e Outros Danos, onde se destacam os seguros multiriscos, a ASF compara o número de reclamações com o número de locais de risco segurados por cada companhia. Estes são superiores a cinco milhões em Portugal.

Fonte: ASF – RRSCM2022

 

Tranquilidade é a menos fustigada por reclamações, logo seguida pela Caravela, Zurich, Allianz, e Fidelidade, estas todas abaixo da média do mercado. As mais reclamadas acima de média são, da melhor para a pior, Mapfre, Liberty, Lusitania, Aegon Santander, Victoria, Mudum, Ageas Seguros, UNA e Ok Seguros.

O relatório completo pode ser visto aqui.

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Deco avisa que taxa fixa não resolve problema das famílias em stress

Medina prepara medida para que as famílias possam fixar a prestação da casa durante dois anos ou mais. Deco diz que bancos já estão a oferecer estas soluções nas renegociações.

O Governo prepara uma medida que permitirá às famílias com crédito da casa fixar a prestação mensal durante pelo menos dois anos, algo que “trará maior estabilidade”, de acordo com o ministro das Finanças. Mas a Deco considera que os bancos já estão a oferecer este tipo de soluções e duvida da eficácia em relação às famílias em maior stress.

“Não conhecemos a proposta em detalhe, mas parece-nos, mais uma vez, uma mão cheia de nada”, refere Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco, em declarações ao ECO.

“Pelo acompanhamento que temos feito das renegociações, os bancos já estão a propor aos clientes que mudem para um regime de taxa mista, em que se fixa a taxa durante dois ou três anos e depois passa para taxa variável. Se for isto que o ministro vai anunciar, é algo que o mercado já está a dar resposta”, acrescenta a responsável.

Fernando Medina revelou em entrevista ao jornal Público (acesso pago) que está a negociar com os bancos uma proposta, que será apresentada em setembro, que visará “alargar significativamente a oferta de regimes de taxa fixa” no sentido de disponibilizar “àqueles que já têm os créditos à habitação, que são, no fundo, o grosso do stock do crédito”.

Segundo explicou na terça-feira “é muito importante todas as pessoas tenham acesso a taxa fixa durante um período de pelo menos dois anos para que possam optar e avaliar uma solução que lhes trará estabilidade”.

A Deco duvida da eficácia da medida. “Para as famílias que já têm um esforço elevado com a casa porque a prestação subiu muito ou porque tem um baixo rendimento, esta medida não resolve o seu problema”, frisa Natália Nunes. Poderá fazer a diferença, ainda assim, para as famílias que estão agora a atingir o esforço limite e não querem que a prestação suba mais, concede a responsável da associação de defesa dos consumidores.

Falta atratividade e transparência na taxa fixa

Natália Nunes observa ainda que o Governo tem colocado o foco do problema do impacto da subida dos juros na questão da taxa fixa, mas falta que este regime seja mais competitivo e mais transparente para que tenham a adesão das famílias. Apesar da subida dos juros, as famílias continuaram a preferir a taxa variável no ano passado, de acordo com os últimos dados revelados pelo Banco de Portugal.

“De alguma forma, os clientes já sabem que a taxa variável é composta por um spread e por um indexante que pode ser a 3, 6 e 12 meses. Mas não sabem como é que os bancos fixam as taxas, como chegam ao valor da taxa fixa”, refere.

Por outro lado, também costumam ser mais elevadas quando um cliente vai ao banco e pede para comparar as prestações com a taxa variável. “Portanto, enquanto não existir maior atratividade e maior transparência na taxa fixa, os portugueses continuarão a optar pela taxa variável”, remata a responsável.

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Qual é a melhor taxa de juro para comprar casa este ano?

Numa altura em que as taxas Euribor continuam a subir, a contratação de um crédito à habitação com taxa fixa é tentador, mas está longe de ser a melhor solução.

No final do ano passado, mais de 92% dos 1,5 milhões de contratos de crédito à habitação existentes nos balanços dos bancos estavam indexados à taxa variável e apenas 1,7% dos contratos era de taxa fixa.

Segundo também dados do Banco de Portugal, em 2022, quando as taxas Euribor abandonaram um longo período de taxas negativas para escalarem acima dos 3%, os portugueses não deixaram de comprar casa recorrendo ao crédito à habitação à taxa variável: “a taxa de juro variável representou 80,8% dos contratos celebrados em 2022 e 79,3% do montante de crédito concedido”, refere o regulador no “Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito” publicado este mês.

Os dados do Banco de Portugal mostram que, no ano passado, o número de contratos à taxa fixa, e sobretudo os contratos com taxa mista, aumentaram, mas continuam a representar uma pequena franja do mercado: cerca de 6,9% e 12,3% do total de contratos, respetivamente.

A reduzida oferta de soluções de taxas fixa por parte dos bancos nos últimos anos e, principalmente, a pouca atratividade dessa oferta, não ajudou a expandir esta solução junto das famílias. Porém, com a recente subida das taxas Euribor, que nos últimos meses gerou aumentos de 50%, 60% e até de 70% da prestação do empréstimo da casa, por conta da atualização das taxas de juro dos contatos, tem levado muitas famílias a questionarem se devem rever o crédito à habitação, com o intuito de passarem de uma solução de taxa variável para uma solução de taxa fixa ou de taxa mista.

Esta dúvida é legítima, particularmente junto das famílias que sentiram um forte estrangulamento das suas finanças com o aumento da prestação da casa. O próprio ministro das Finanças, Fernando Medina, em entrevista ao Público, deu nota dessa solução, reforçando a necessidade de os bancos alargarem a sua oferta de taxa fixa aos clientes que já têm crédito à habitação.

Mas será que numa altura em que a inflação continua a abrandar e com o ciclo inflacionista a entrar na sua fase final, como antecipa o Fundo Monetário Internacional e outras entidades, que levará também a um resfriamento do ciclo de subida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), fará sentido fixar hoje uma taxa de juro acima dos 4% num contrato de crédito à habitação para os próximos 20 ou 30 anos, quando nas últimas duas décadas apenas em dois períodos curtos as taxas superaram essa barreira?

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Comportamento passado e futuro das taxas Euribor

Há cerca de um mês, à margem do Fórum do BCE em Sintra, o economista Ricardo Reis referiu ao ECO que antecipava mais duas ou três subidas das taxas diretoras do BCE, num montante global de 50 a 75 pontos base que, a acontecer, levará a taxa de depósitos para os 4,25% ou 4,5%.

Atualmente, a Euribor a 12 meses está a negociar nos 4,16%, estando por isso a descontar quase dois aumentos de 25 pontos base das taxas diretoras — o primeiro deverá já ser anunciado esta semana na reunião do Comité de Política Monetária do BCE, que terá lugar na quinta-feira em Frankfurt.

Por essa razão, Ricardo Reis refere também que a maior parte do impacto gerado pela galopante subida das taxas de juro no último ano já foi “encaixado” pelas famílias com crédito à habitação. Atualmente, também os forward rate agreements (contratos financeiros negociados em mercado secundário que permitem a fixação de uma taxa de juro no futuro e que são utilizados pelos profissionais para antecipar as oscilações das taxas de juro no longo prazo) sobre a Euribor a 3 e a 6 meses apontam para que as taxas comecem a ceder no final deste ano e a partir de 2025 permaneçam abaixo dos 3%.

Para quem receia que o surto inflacionista pode demorar a passar, a taxa mista será provavelmente a melhor opção.

Filipe Garcia

Economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros

É certo que estes instrumentos financeiros estão longe de se mostrarem certeiros quanto a estas projeções, sobretudo quando se olha para um horizonte temporal de mais longo prazo. Mas podem servir como referência. O mesmo sucede ao observar-se a evolução das taxas Euribor ao longo das últimas duas décadas, desde que foi criada e adotada pelo sistema bancário nacional.

Tomando essa abordagem como referência, observa-se, por exemplo, que a taxa média da Euribor a 6 e a 12 meses (as taxas mais utilizadas no crédito à habitação) nos últimos 23 anos foi de 1,52% e 1,68%, respetivamente. Recorde-se que neste período houve alturas de taxas negativas (como ocorreu nos seis anos anteriores a abril de 2022) como também houve períodos em que as taxas estiveram acima de 5%, como sucedeu em 2008.

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Ao longo das últimas duas décadas, as taxas Euribor oscilaram bastante, mas em nenhum período de observação se aproximaram da taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação a taxa fixa (4,19%) celebrados em maio, segundo dados do Banco de Portugal. Mas não só.

Mesmo considerando a aplicação de um spread de 1,1% (spread médio dos novos contratos celebrados em 2022) num crédito à habitação de taxa variável a 30 anos, uma família que compre hoje uma casa e assuma que a Euribor a 6 ou 12 meses ao longo deste período tenha um comportamento semelhante ao registado nos últimos 2, 5, 10, 15 ou 20 anos, irá pagar menos do que celebrando hoje um crédito à habitação à taxa fixa junto de qualquer um dos cinco maiores bancos a operar no mercado nacional que, segundo as ofertas recolhidas pelo ECO junto dos seus simuladores de crédito à habitação, apresenta uma mediana de 4,7% da Taxa Anual Nominal.

Tudo isto leva a crer que a solução de taxa fixa não seja a solução mais indicada para a carteira das famílias. Mas pode não ser assim. Basta, por exemplo, que as taxas Euribor tenham um comportamento totalmente díspar daquele que tiveram nas últimas décadas e venham a renovar máximos constantes ao longo dos próximos 20 anos, por exemplo.

Mas a decisão sobre um contrato de taxa fixa ou de taxa variável vai para lá disso também. “Tem a ver com a preferência das pessoas”, refere Pedro Brinca, professor da Nova SBE, notando o importante papel da disponibilidade financeira e da relevância do conceito de bem-estar de cada uma família. Isto significa, por exemplo, que uma família pode lidar bem em deixar de ir de férias para o Algarve durante dois ou três anos por conta da subida da prestação da casa durante este período, e por isso não está disponível a comprar um prémio ao fixar a taxas.

Mas pode haver outra família que não está disposta a isso, preferindo garantir uma estabilidade sobre as suas finanças para o longo prazo fixando no presente a prestação para todo o contrato, mesmo que isso se possa traduzir num custo mais elevado no presente e no final do empréstimo.

Se quiser estar descansado com subidas da taxa de juro ou se tiver problemas de liquidez numa situação de subida da taxa, então aí, pago o serviço [prémio da taxa fixa] para ficar coberto do risco.

Pedro Brinca

Professor da Nova SBE

O preço a pagar pela tranquilidade

A solução de taxa fixa é “naturalmente” mais cara no presente porque ao optar por esta solução as famílias estão a comprar um serviço, uma proteção. É o preço a pagar pela tranquilidade de não terem de se preocupar com o sobe e desce da taxa de juro durante a vigência do contrato.

Mesmo ficando mais cara, a solução de taxa fixa pode, por exemplo, ser a opção certa para quem já esteja numa situação de “aperto financeiro” marcada por uma elevada taxa de esforço e que uma ligeira subida das Euribor pode condicionar a viabilidade do contrato de crédito.

“Se quiser estar descansado com subidas da taxa de juro ou se tiver problemas de liquidez numa situação de subida da taxa, então aí, pago o serviço [prémio da taxa fixa] para ficar coberto do risco”, refere Pedro Brinca.

A opção entre escolher taxa variável ou taxa fixa é assim mais do que antever o movimento futuro do mercado. É, sobretudo, uma decisão que deve ser tomada com base na análise da saúde financeira do agregado familiar no presente. E é nesse sentido que Filipe Garcia, economista da IMF – Informação de Mercados Financeiros, aponta para uma situação intermédia.

“Para quem receia que o surto inflacionista pode demorar a passar, a taxa mista será provavelmente a melhor opção”, refere o economista ao ECO. Fixar a taxa durante dois ou três anos pode assim garantir uma proteção contra surpresas no curto prazo, sobretudo numa altura em que a perspetiva de grande parte dos especialistas é de que as taxas de juro se mantenham elevadas por um período mais longo do que era esperado anteriormente.

Para quem procura hoje comprar casa recorrendo a crédito bancário, é também importante não descurar uma série de outros aspetos que podem condicionar a gestão do orçamento familiar. Um desses elementos é a comissão de amortização antecipada do empréstimo.

Os contratos à taxa fixa têm uma comissão de amortização antecipada do capital de 2%, enquanto nos contratos à taxa variável essa comissão é de 0,5%. E, para este ano, o Governo decidiu eliminar esta comissão somente nos contratos indexados à taxa variável, no âmbito de uma das medidas do programa “Mais Habitação”. Para quem preveja reduzir a dívida ao longo do período do contrato, esta diferença pode fazer diferença sobre o montante final a pagar ao banco pelo empréstimo.

Outra diferença que deve ser ponderada na hora de optar entre um contrato de taxa fixa ou de taxa variável é a margem financeira que cada um dos contratos oferece. Entre os vários indicadores exigidos pelo Banco de Portugal aos bancos para estes garantirem uma concessão de crédito prudente, os clientes têm de apresentar um DSTI (debt service-to-income ratio) não superior a 50%. Isto significa que, para uma família obter um crédito, o total das prestações mensais de todos os empréstimos detidos pelo agregado familiar não pode ser superior a 50% do seu rendimento mensal líquido.

Para efeitos do cálculo do DSTI nos empréstimos à habitação de taxa variável a mais de 10 anos, os bancos devem considerar um aumento de 3 pontos percentuais da taxa Euribor (teste de stress) – algo que não acontece nos contratos de taxa fixa, porque nestes casos não há lugar a alterações da taxa de juro ao longo do contrato. Desta forma, é possível obter um montante de financiamento superior contratando um crédito à habitação de taxa fixa face a um com taxa variável.

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Lucro Marsh McLennan impulsionado por rendimentos de fundos de clientes

  • ECO Seguros
  • 25 Julho 2023

Os lucros da Marsh McLennan, no segundo trimestre, foram impulsionados por rendimentos elevados em fundos de clientes e pelo forte desempenho em serviços de risco e seguros nos mercados dos EUA.

A Marsh McLennan anunciou lucros no segundo trimestre acima das expectativas nesta quinta-feira, impulsionados pelos rendimentos mais altos que a empresa obteve a partir dos fundos dos clientes.

A empresa reporta um lucro de 2.20 dólares por ação, excluindo custos únicos, para o período de três meses encerrado a 30 de junho. De acordo com dados da Refinitiv, os analistas previam um lucro de 2.12 dólares por ação.

O segmento de serviços de risco e seguros da Marsh McLennan, que representa a maior parte da receita da empresa, obteve um desempenho sólido nos mercados dos EUA, Canadá e internacionais. Mas o maior impulso para o segmento veio de um aumento de oito vezes nos rendimentos de juros fiduciários, totalizando 108 milhões de dólares.

Dez aumentos sucessivos de taxas pela Reserva Federal dos EUA têm ajudado as empresas a obter rendimentos de juros mais elevados a partir dos fundos que detêm em nome dos clientes. O otimismo com a recuperação dos mercados este ano, em conjunto com a expectativa de que a Fed tenha encerrado a maior parte dos aumentos de taxas, também tem impulsionado os ânimos, mesmo com receios de uma possível recessão no final do ano. Estes fatores impulsionaram as empresas a retomar os gastos com prémios de seguro e soluções de consultoria após reduzirem esses custos no ano passado.

A receita da Marsh McLennan aumentou 9%, totalizando 5.88 mil milhões de dólares no trimestre.

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Médis reforça apoio a doentes oncológicos

  • ECO Seguros
  • 25 Julho 2023

A Médis, marca do Grupo Ageas Portugal, reforça compromisso com os seus clientes, oferecendo proteção personalizada e serviço dedicado por enfermeiros para enfrentar a doença oncológica.

A Médis, marca do Grupo Ageas Portugal, está a investir na proximidade e no acompanhamento personalizado dos seus clientes, fatores que considera “essenciais para apoiar os seus clientes na jornada da doença oncológica”, escreve a marca em comunicado.

A aposta da Médis no reforço da sua cobertura oncológica “é uma resposta direta à dimensão que o cancro atinge na população portuguesa e é mais um passo rumo à humanização dos cuidados de saúde no país”, reforça Paula Galvão, Responsável da Rede Clínica da Médis.

Em Portugal, segundo dados da Direção-Geral de Saúde (DGS), registam-se cerca de 60 mil novos casos de doença oncológica por ano. A Médis estabeleceu como uma das suas prioridades a proteção dos seus clientes com doença oncológica, reforçando a sua oferta e criando um serviço dedicado e personalizado, para um acompanhamento especializado.

A oferta da Proteção Oncológica Reforçada (POR) permite reforçar as coberturas através do aumento de capitais e dar acesso a novos serviços assistenciais. A Médis posiciona-se no mercado, também, com a oferta de um serviço de apoio clínico e administrativo diferenciado, feito por enfermeiros e acessível através da Linha Médis.

“A Médis, como seguradora de saúde, tem um papel fundamental na promoção da prevenção do cancro, seja pelo apoio que proporcionam ao nível de coberturas, seja através de campanhas que promovam a informação e um maior conhecimento sobre a doença”, diz Paula Galvão, Responsável da Rede Clínica da Médis. A aposta da Médis no reforço da sua cobertura oncológica “é uma resposta direta à dimensão que o cancro atinge na população portuguesa e é mais um passo rumo à humanização dos cuidados de saúde no País”, reforça a responsável.

O acompanhamento é realizado por uma equipa de enfermeiros, disponível todos os dias úteis das 8h às 20h, fazendo a gestão de todos os contactos telefónicos destes clientes, identificando necessidades, estabelecendo planos de acompanhamento e prestando orientações adequadas a cada cliente. Muitas vezes este acompanhamento é feito proativamente dando a conhecer a oferta da Médis.

A seguradora de saúde do Grupo Ageas Portugal tem desenvolvido várias iniciativas no âmbito da oncologia, como o Movimento 50+, com o objetivo de sensibilizar para a prevenção da doença.

 

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Duas centenas de motores da Airbus têm de ser inspecionados até setembro

  • Lusa
  • 25 Julho 2023

Cerca de 200 motores Pratt PW1100 vão ser retirados e inspecionados até meados de setembro e outros 1.000 motores têm de ser inspecionados nos próximos nove a 12 meses.

Os motores de grande número de aviões de passageiros da Airbus vão ser removidos e inspecionados nos próximos meses, depois de o fabricante de motores Pratt & Whitney ter descoberto um problema que pode provocar um desgaste mais rápido das peças.

As ações da RTX Corp., empresa-mãe da Pratt & Whitney, caíram esta terça à tarde 11%, depois de a empresa ter divulgado o problema, que aumentará potencialmente o stress das companhias aéreas durante o resto da agitada época de viagens de verão.

A RTX afirmou que uma “condição rara” no pó metálico utilizado para fabricar certas peças produzidas entre finais de 2015 e meados de 2021 exigirá uma aceleração das inspeções à frota. O motor envolvido é mais frequentemente utilizado para alimentar o Airbus A320neo, um avião de médio porte popular para voos de curta e média distância.

A empresa declarou que prevê que cerca de 200 motores Pratt PW1100 terão de ser retirados e inspecionados até meados de setembro e que outros 1.000 motores terão de ser inspecionados nos próximos nove a 12 meses.

Muitos aviões da família Airbus A320 utilizam motores da CFM, mas cerca de 800 A320 e A321 têm motores Pratt, segundo a empresa de dados aeronáuticos Cirium. A companhia aérea indiana de baixo custo IndiGo tem quase 140, a Air China tem 43, a alemã Lufthansa tem 37 e a mexicana Volaris tem 35.

Entre as transportadoras americanas, a Spirit Airlines recebeu 34 aviões, a Hawaiian Airlines tem 18 e a JetBlue Airways 16, segundo a Cirium. Numa reunião com analistas, o diretor de operações da RTX, Christopher Calio, afirmou que o problema não afecta a produção atual e que a Pratt vai continuar a fabricar aviões.

A Pratt tinha planeado programar “inspeções reforçadas” durante as paragens normais de manutenção, mas com base em descobertas recentes, decidiu que as inspeções – centradas em discos de turbina de alta pressão – precisavam de ser aceleradas, disse Calio.

Calio afirmou que a empresa está a desenvolver planos para realizar as inspeções o mais rapidamente possível. A divulgação foi feita no momento em que a RTX, anteriormente conhecida como Raytheon Technologies, apresentou lucros no segundo trimestre de 1.300 milhões de dólares, mais 2% do que no ano anterior.

As receitas aumentaram 12% para 18.300 milhões de dólares, superando a previsão dos analistas de menos de 17.700 milhões de dólares, de acordo com um inquérito da FactSet. A Pratt foi responsável por cerca de um terço das vendas.

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Medina anuncia fim das cativações no Orçamento do Estado para 2024

  • ECO
  • 25 Julho 2023

O Orçamento do Estado do próximo ano não terá cativações, pelo que o Ministério das Finanças terá menos poder para controlar os gastos dos restantes ministérios.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, anunciou esta terça-feira que vai abrir mão das cativações no Orçamento do Estado do próximo ano, tendo assim menos poder para controlar os gastos de outros ministérios. “O Orçamento (do Estado) para 2024 será o primeiro orçamento em muitos anos a não ter cativações. Isto é, os ministérios terão disponíveis as verbas que estarão orçamentadas e construídas com o realismo do que é a execução dos anos anteriores”, afirmou, em entrevista ao programa “Tudo É Economia”, da RTP.

A proposta orçamental para o próximo ano deverá incluir ainda uma descida do IRS. “O que nós apresentaremos em setembro é uma proposta de desagravamento do IRS, fundamentalmente focado nas classes médias”, disse.

Para setembro, em relação às medidas para apoiar quem paga prestação de crédito à habitação, Medina repetiu o que tinha dito em entrevista ao Público. “O que vai acontecer é que as famílias que tenham uma taxa de esforço superior a 50%, que cumpram do ponto de vista do acesso as condições que estão descritas no decreto-lei, do ponto de vista dos rendimentos e do ponto de vista da inexistência de património financeiro que lhes permita amortizar empréstimos, terão um apoio a partir do momento em que o indexante ultrapasse os 3% – o que significa, neste momento, todas as maturidades – e esse apoio será de 75% do adicional“.

Ainda no âmbito dos apoios ao pagamento de empréstimos à habitação, o governante adiantou que vai propor que os bancos assegurem uma oferta de taxa fixa, à qual “todos os clientes possam aceder” e “com, pelo menos, dois anos”.

O ministro das Finanças admitiu também avaliar a continuação da isenção do IVA do cabaz de bens alimentares essenciais para 2024, depois de este mês já ter anunciado que a medida, que entrou em vigor no dia 18 de abril, será prolongada até ao final deste ano.

(Notícia atualizada às 21h31)

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Protagonistas explicam presença no 2º Fórum Nacional de Seguros

  • ECO Seguros
  • 25 Julho 2023

Os depoimentos que de responsáveis da Mapfre, SPS, Prévoir, RandTech, Sammy Free, Fidelidade, IBK e AQS ajudam a compreender o que os levou a estar no 2º FNS.

Num terceiro bloco de depoimentos realizados pelos presentes no 2º Fórum Nacional de Seguros, continuamos a compreender o fenómeno de participação do 2º Fórum Nacional de Seguros.

Veja aqui:

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