Semana de quatro dias, plataformas e idade da reforma. Ouça o podcast “Ao trabalho!”

O podcast "Ao trabalho!" leva até si, todas as quintas-feiras, tudo o que precisa saber sobre o que está a fazer mexer o mercado de trabalho nessa semana.

O que está a fazer mexer o mercado de trabalho? Todas as quintas-feiras, o podcast “Ao trabalho” conta-lhe tudo o que precisa saber. Esta semana falamos sobre os primeiros resultados do teste à semana de trabalho de quatro dias, sobre o trabalho nas plataformas digitais, sobre o futuro da idade da reforma e ainda sobre o ritmo das contratações previsto para 2024.

Ouça o episódio no leitor abaixo ou aqui.

Os primeiros resultados do teste português à semana de quatro dias já são conhecidos e são positivos. De acordo com o relatório divulgado esta semana, 95% das empresas que estão a participar dão nota favorável a essa experiência, apesar das dificuldades. E do lado dos trabalhadores, a frequência de sintomas negativos a nível de saúde mental diminuiu significativamente.

Por outro lado, esta semana o Conselho e o Parlamento Europeu chegaram a acordo provisório sobre uma diretiva europeia para melhorar as condições de trabalho dos trabalhadores das plataformas digitais, como Uber e Glovo. A lei portuguesa já deu alguns passos nessa direção.

Do trabalho para a pensão, dos 38 países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), 20 deverão ver a idade normal da reforma aumentar no futuro, incluindo Portugal. Interessante notar que os oito países que deverão ter as idades da reforma mais elevadas no futuro têm algo em comum: todos fazem depender a evolução desse mínimo etário da trajetória da esperança média de vida.

Por fim, as contratações previstas para 2024. De acordo com as perspetivas da Manpower divulgadas esta semana, num cenário de abrandamento económico, crise política e instabilidade internacional, as empresas portuguesas estão a contar abrandar o ritmo das contratações de trabalhadores no primeiro trimestre de 2024.

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PIB per capita de Portugal é 21% inferior à média europeia

No final do ano passado, Portugal era o 20.º país entre os 27 Estados-membros da União Europeia com o PIB per capita mais baixo e o 16.º país entre as 19 economias que compõem a Zona Euro.

Portugal continua a apresentar níveis de rendimento abaixo da média da Europa. Apesar de ter melhorado face a 2021, o PIB per capita medido em paridades de poder de compra no final do ano passado era de apenas 78,7% da média da União Europeia, segundo dados divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Significa que, em média, o rendimento médio por português é 21,3% inferior à média dos 28 países que constituem a União Europeia, colocando Portugal como o 20.º país com o PIB per capita mais baixo da União Europeia e o 16.º país com o nível de rendimentos por habitante mais baixo entre os 19 países da Zona Euro.

De acordo com o INE, também a despesa de consumo individual per capita, que constitui um indicador mais apropriado para refletir o bem-estar das famílias, apresenta um nível inferior à média europeia. Segundo os dados divulgados esta quinta-feira, despesa de consumo individual fixou-se em 87% da média da União Europeia no final do ano passado.

Apesar de estes valores apresentarem uma melhoria de 2,6 pontos percentuais face observado em 2021, Portugal ocupa a 12.ª posição da Zona Euro e na 15.ª na União Europeia, “tendo melhorado duas e três posições, respetivamente, face ao exercício anterior”, refere o INE em comunicado.

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Lacerda Sales diz que intromissão da Ordem é “clara ofensa ao Estado de Direito”

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2023

O ex-secretário de Estado da Saúde considerou que a "intromissão da Ordem dos Médicos" ao pretender avaliar condutas exercidas fora da profissão é uma "clara ofensa ao Estado de Direito".

O ex-secretário de Estado da Saúde Lacerda Sales considerou esta quinta-feira que a “intromissão da Ordem dos Médicos” ao pretender avaliar condutas exercidas fora da profissão é uma “clara ofensa ao Estado de Direito”.

Lacerda Sales manifesta, num comunicado enviado à agência Lusa, a sua “total discordância pela intromissão inqualificável do senhor bastonário da Ordem dos Médicos na atividade governativa ao vir declarar à imprensa que mandou abrir um processo de averiguação ou de inquérito ao Conselho Disciplinar ‘para avaliar, obviamente, os médicos’ inclusive o ex-secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales”.

No seu entender, “a intromissão da Ordem dos Médicos, a reboque da sua tentativa de evidência nos media com o anúncio da avaliação de condutas que são exercidas fora da profissão de médico, é completamente inaceitável e uma clara ofensa ao Estado de Direito“.

“A Ordem dos Médicos [OM] não tem qualquer competência para avaliar o meu desempenho enquanto secretário de Estado, essa está claramente reservada a outros órgãos democráticos e que são eleitos por sufrágio universal”, defende António Lacerda Sales.

Lacerda Sales cita a lei n.º 117/2015 que define no 1.º artigo que a OM é uma associação pública profissional representativa dos que exercem a profissão de médico, no artigo 3.º define as suas atribuições e no artigo 6.º caracteriza “a sua especialidade nas funções a desempenhar e em nenhum desses preceitos se entende que a Ordem dos Médicos pode sindicar, avaliar ou proceder disciplinarmente sobre um membro do governo”.

Cita ainda o Regulamento Disciplinar da OM que “plasma claramente no artigo 1.º que a Ordem deve avaliar o cumprimento dos deveres dos seus membros, portanto dos médicos”.

Relativamente aos factos que vão sendo revelados sobre o denominado “Caso das gémeas”, Lacerda Sales reafirma “de forma clara” que não marcou qualquer consulta nem fez qualquer telefonema para o hospital sobre este assunto, conforme declarou o ex-diretor clínico, Luís Pinheiro numa entrevista que concedeu na quarta-feira na RTP3.

Mais declaro que não conheço qualquer médico do Serviço de Pediatria desse hospital [Santa Maria] e não tive qualquer contacto com o serviço“, asseguro.

Para Lacerda Sales, estando mencionado que a Secretaria de Estado é que encaminhou as bebés, deve ser o subscritor do relatório clínico do hospital a “vir comprovar objetiva e documentalmente quem encaminhou, como o fez, onde, com quem e porquê”.

Lacerda Sales afirma que “têm sido muitos os ataques à legalidade própria do Estado de Direito num fervor político que ultrapassa em muito o razoávelsim, mas ainda assim desculpáveis por estarem dentro do debate político e da tentativa de ter tempo de antena a todo o custo”.

Defende ser importante apurar “os factos concretos que efetivamente ocorreram e não fazer conjugações indiciárias apenas fundamentadas em jogos lógico-dedutivos que nada apuram em concreto”.

Naturalmente sei o que fiz e o que não fiz, mas reservei as minhas declarações para momento posterior depois de conhecer toda a atuação da secretaria de Estado que dirigi e sobre a qual tenho a respetiva responsabilidade, pois posso não conhecer algum ato que se tenha verificado”, salienta Lacerda Sales.

Diz ainda que, até ao momento, o Ministério da Saúde ainda não lhe forneceu os documentos que estão arquivados na Secretaria de Estado.

“Atendendo a que os mesmos contêm dados nominativos e deverá ficar demonstrado o meu interesse fundamentado e direto na sua obtenção, dai ainda a minha reserva nos esclarecimentos a prestar”, refere.

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É um exit. Watgrid comprada pela italiana Enartis

Com esta operação a Portugal Ventures sai do capital da startup portuguesa, bem como da Spinach Tours, adquirida por um operador turístico internacional.

A portuguesa Watrig acaba de ser comprada pela italiana Enartis, multinacional de bebidas do Esseco Group. A startup portuguesa era uma das participadas da Portugal Ventures que também saiu do capital da Spinach Tours após a sua aquisição por “um grupo internacional no setor dos operadores turísticos”. O valor das operações não foi divulgado.

“A parceria com a Portugal Ventures foi estratégica para o crescimento e desenvolvimento da Watgrid, o que nos permitiu expandir as nossas operações e desenvolver novos produtos. A aquisição pela Enartis irá permitir oferecer a tecnologia inovadora WINEGRID a mais adegas em todo o mundo, e reforçar o nosso portefólio de soluções com a experiência e o know-how da Enartis”, diz Rogério Nogueira, CEO da Watgrid, citado em comunicado.

Liderada por Rogério Nogueira, a Wartrig passou a integrar em julho de 2021 o portefólio da Portugal Ventures através da iniciativa Operação Follow-ons para mitigação do Covid-19. Acaba de ser adquirida pela Enartis, multinacional italiana que setor no setor das bebidas alcoólicas do Esseco Group, com presença global em mais de 50 países.

“Com esta operação a Watgrid ganha acesso à vasta experiência e alcance global da Enartis, a qual irá beneficiar da tecnologia inovadora da Watgrid, solidificando ainda mais a sua posição de liderança na oferta de soluções que aumentam a qualidade e a eficiência dos processos de produção das adegas”, pode ler-se no comunicado.

Portugal Ventures sai da Spinach Tours

A Portugal Ventures anunciou ainda a saída da Spinach Tours, sua participada desde julho de 2022 através da Call Turismo, após a sua aquisição por “um grupo internacional no setor dos operadores turísticos.”

“A entrada da Portugal Ventures no capital da Spinach Tours foi determinante para o crescimento da marca a nível internacional, e para o desenvolvimento da tecnologia e da experiência Spinach. É com enorme entusiasmo e responsabilidade que vemos a entrada dos novos acionistas no capital da Spinach acreditando serem a melhor empresa para exponenciar a nossa marca e do melhor que se faz em Portugal ao nível de experiências turísticas. A saída precoce do capital por parte da Portugal Ventures enche-nos de orgulho e vem reforçar a posição de Portugal como país de referência tecnológica a nível mundial”, diz João Paiva Mendes, CEO da Spinach Tours, citado em comunicado.

A operação “vai permitir ao grupo internacional a consolidação da sua área de atuação com a utilização do software da Spinach Tours e das suas experiências nos seus produtos”, pode ler-se no comunicado. O atual produto da Spinach Tours vai-se manter, bem como a estrutura da sua equipa.

“Este ano com o anúncio destes dois desinvestimentos a Portugal Ventures já desinvestiu em nove startups”, precisa fonte oficial da Portugal Ventures ao ECO.

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Fed abre a porta a mais descidas de juros e domínio dos touros nos mercados

Uma Fed surpreendentemente suave abriu caminho para os investidores descontarem ainda mais cortes de juros em 2024 e para as ações reforçarem o movimento de alta que está a marcar 2023.

A Reserva Federal (Fed) surpreendeu investidores e economistas com uma mensagem muito mais branda do que era esperado, na conclusão de uma reunião que ficará para a história como o momento em que o banco central dos Estados Unidos sinalizou a inversão da sua política monetária.

A Comité de Política Monetária da Fed (FOMC, na sigla em inglês) deixou explícito que chegou ao fim o ciclo de agravamento de juros mais agressivo em 40 anos (11 aumentos entre 2022 e julho deste ano, num total de 525 pontos base). Em vez de subidas de juros que marcaram os últimos meses, a discussão está agora focada nos cortes e a partir de quando vão surgir.

O banco central foi além do que era aguardado pelos economistas, ao antever três cortes de juros de 25 pontos base em 2024. As medianas das projeções dos 19 membros do FOMC apontam para as Fed Funds baixarem para 4,6% no final de 2024 e 3,6% no final de 2025, o que representa uma revisão em baixa de 50 pontos base face ao que o banco central antecipava em setembro. A taxa foi mantida em 5,25%-5,50% na reunião desta quarta-feira.

As novas estimativas ainda ficam aquém do que estava a ser descontado nos mercados, mas a discrepância é agora mais ténue, o que abriu caminho para os investidores ficarem ainda mais agressivos na perspetiva de alívio da política monetária em 2024. Passaram a atribuir uma probabilidade de 80% ao primeiro corte juros já na reunião de março, precificando uma redução total de 140 pontos base no próximo ano.

A atualização das projeções económicas também jogou a favor de um alívio considerável das taxas de juro no próximo ano. A Fed elevou a estimativa para o crescimento do PIB este ano (2,6%), mas antecipa um abrandamento em 2024 (1,4%). A inflação foi revista em baixa para 2,8% este ano e 2,4% em 2024.

Até aqui a Fed tem focado todas as atenções no controlo da inflação, que atingiu um máximo de 40 anos próxima dos dois dígitos. Agora está claramente a alterar a estratégia, dando prioridade ao objetivo de orquestrar uma aterragem suave da maior economia do mundo. Uma mudança que nos mercados é conhecida por pivot e que visa alcançar o ambicionado soft landing da economia.

Fed já está a discutir timing de corte de juros

Fica assim para trás a narrativa que a Fed repetiu até há poucas semanas de que as taxas de juro iriam ficar em níveis restritivos por um período prolongado (higher for longer). Se o comunicado e as projeções da Fed já indiciavam esta alteração significativa de mensagem, a conferência de imprensa de Jerome Powell deixou bem claro qual é o novo posicionamento do banco central.

Ao contrário do que era esperado, o presidente de Fed não fez qualquer esforço para contrariar as perspetivas agressivas de cortes de juros por parte dos mercados. De forma discreta, mencionou que o banco central mantém em cima da mesa a possibilidade de subida de juros, mas fez questão de revelar que o corte de juros já foi tema de discussão na reunião de hoje.

A questão de quando será apropriado começar a reduzir a quantidade de restrições de política [monetária] em vigor, que começa a estar em vista e é claramente um tópico de discussão no mundo e também uma discussão para nós na nossa reunião de hoje,” afirmou Powell na conferência de imprensa. Uma declaração que contrasta com os alertas proferidos no início deste mês de que era prematuro discutir cortes de juros.

Jerome Powell e os seus colegas do banco central surpreenderam significativamente, pelo simples facto que indicarem um cenário de juros nos 4,6% no próximo ano. O expectável será um início do ciclo de descidas dos juros nos EUA, que pode começar já no início do segundo trimestre de 2024.

Mário Martins, analista da ActivTrades

“Mudança surpreendente” abre porta a ciclo de descida de juros

Mercados, analistas e economistas aguardavam uma mensagem menos agressiva (hawkish) devido à extensão da queda da inflação, mas o discurso da Fed foi bem mais suave (dovish) do que era expectável, gerando uma reação de surpresa por parte dos especialistas.

“Jerome Powell e os seus colegas do banco central surpreenderam significativamente, pelo simples facto que indicarem um cenário de juros nos 4,6% no próximo ano”, comenta Mário Martins, analista da ActivTrades, considerando que agora é “expectável um início do ciclo de descidas dos juros nos EUA, que pode começar já no início do segundo trimestre de 2024”.

O ING também se mostrou surpreendido com a abordagem dovish da Fed, considerado que o banco central “aumentou as expectativas de grandes cortes nas taxas de juro em 2024”. Os economistas do banco dos Países Baixos salientam que a Fed “pondera fortemente as implicações do que diz”, pelo que esta “mudança surpreendente” no discurso “​​deu ao mercado luz verde para pressionar por mais” cortes de juros.

O ING estima uma redução acumulada de 150 pontos base nas Fed Funds em 2024, com a primeira descida a surgir em maio, ao que se seguirá mais cortes de 100 pontos base no início de 2025. A Capital Economics tem uma perspetiva muito semelhante, apontando a 175 pontos base de descidas no próximo ano. A primeira descida em março e depois cortes de 25 pontos base em todas as reuniões até final do ano.

Mercados festejam

Se os economistas ficaram surpreendidos com a mensagem dovish da Fed, os investidores aproveitaram para a reforçar o apetite pelos ativos de risco e o movimento de alta que está a marcar este final de ano nas ações e obrigações. Os touros, que simbolizam o movimento de alta nas ações, ganharam ainda mais força para dominar os mercados nos próximos tempos, sobretudo se a perspetiva de abrandamento suave da economia se confirmar.

A convicção de que a descida de juros em 2024 vai suportar a avaliação das ações levou o índice Dow Jones a fechar pela primeira vez acima dos 37 mil pontos, o primeiro máximo histórico em dois anos. O índice S&P500 renovou máximos de 20 meses, acumula ganhos de 22,6% em 2023 e está a apenas 2% de atingir o nível mais elevado de sempre. O Nasdaq 100, que agrupa as maiores tecnológicas, já valoriza perto de 50% este ano.

No mercado de dívida o movimento de alta foi ainda mais expressivo, refletindo as perspetivas mais agressivas de cortes de juros da Fed. “Parcialmente, a Fed aprovou a visão de que as taxas vão descer com força em 2024”, comentam os economistas da Lloyds, que justificam a descida agressiva das yields das obrigações com o facto de a Fed “não ter aproveitado a oportunidade para corrigir as previsões do mercado”.

A taxa de juro das obrigações a dois anos (mais sensível às Fed Funds) afundou 30 pontos base para 4,4%, na queda diária mais acentuada desde março. A yield dos títulos de referência a 10 anos cedeu 18 pontos base a caminho dos 4%. Os analistas do ING consideram que este é o valor justo para taxa destes títulos, mas admitem que o caminho está aberto para um recuo até 3,5% no próximo ano.

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Banco Crédit Agricole vai deixar de financiar novos projetos de extração de energias fósseis

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2023

O banco Crédit Agricole comprometeu-se a não financiar novos projetos de extração de combustíveis fósseis e a reduzir em 75% as emissões de CO2 dos projetos de petróleo e gás financiados até 2030.

O banco Crédit Agricole comprometeu-se esta quinta-feira a não financiar novos projetos de extração de combustíveis fósseis e a reduzir em 75% as emissões de dióxido de carbono (CO2) dos projetos de petróleo e gás financiados até 2030.

Decidimos (…) cessar todo o financiamento de novos projetos de extração de combustíveis fósseis e adotar uma abordagem seletiva para apoiar as empresas de energia envolvidas nesta transição“, afirmou Philippe Brassac, presidente do conselho de administração do grupo bancário, um dos maiores em França e na Europa, num comunicado em que anuncia a atualização da política climática, na sequência do acordo alcançado na COP28 no Dubai.

Como resultado, “as emissões de gases com efeito de estufa deste setor serão reduzidas duas vezes mais rapidamente do que o cenário Net Zero 2050 publicado pela Agência Internacional da Energia”, acrescentou.

Em pormenor, a nova política climática do grupo compromete-se a “reduzir as emissões financiadas do setor do petróleo e do gás em 75% até 2030 (em relação a 2020), em comparação com a redução de 30% anunciada para 2022″.

Em dezembro passado, o Crédit Agricole já tinha anunciado que deixaria de financiar novos projetos de extração de petróleo e especificou alguns dos objetivos climáticos.

Numa investigação do jornal Le Monde sobre “bombas de carbono”, ou locais de extração de petróleo, gás e carvão que são superemissores de CO2, o Crédit Agricole foi classificado em sétimo lugar entre os bancos que dão apoio indireto significativo a este tipo de projetos.

“O mercado bancário é tal que os bancos muito raramente financiam diretamente projetos de extração de combustíveis fósseis. Preferem conceder empréstimos às empresas de extração”, declarou, na altura, o diário.

O Crédit Agricole também se comprometeu a triplicar o “financiamento anual em França” para “energias renováveis entre 2020 e 2030”.

Este compromisso está em conformidade com o acordo do Dubai, assinado no dia anterior, que pediu a “triplicação da capacidade das energias renováveis a nível mundial” até 2030.

O banco também apresentou objetivos climáticos para cinco novos setores: transportes marítimos, aviação, aço, imobiliário residencial e agricultura.

Muitas vezes criticados por organizações não-governamentais pelo apoio aos combustíveis fósseis, os bancos atualizam regularmente políticas, limitando o impacto no aquecimento global.

Vários bancos aproveitaram a COP28 para o fazer: o BNP Paribas anunciou, a 23 de novembro, que vai deixar de financiar o carvão metalúrgico, utilizado principalmente na indústria siderúrgica, e, alguns dias antes, o Société Générale clarificou os compromissos assumidos em setembro, acrescentando uma secção sobre a descarbonização do setor imobiliário comercial.

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Fed provoca “rally” nas bolsas. Lisboa sobe mais de 1,5%

Decisão da Fed de manter os juros e confirmação de que o corte das taxas foi discutido nos EUA está a dar gás às bolsas europeias. EDP Renováveis sobe quase 6%.

As bolsas europeias abriram animadas esta quinta-feira, com o português PSI a subir mais de 1,5%.

Os investidores estão a reagir positivamente à decisão da Fed de manter inalterados os juros nos EUA no final da tarde desta quarta-feira, com o presidente do banco central, Jerome Powell, a confirmar que foram discutidos cortes nas taxas.

Apesar de o Banco Central Europeu (BCE) se preparar para anunciar a sua própria decisão relativa a juros, por volta da hora de almoço, as negociações estão a dar ganhos aos principais índices do Velho Continente. O Stoxx 600 soma 0,5%.

Lisboa é uma das praças europeias que mais sobem esta quinta-feira de manhã. A cotar acima dos 6.555 pontos, o PSI é impulsionado pela subida de quase 6% da EDP Renováveis, enquanto a EDP soma quase 4%. O pódio dos melhores desempenhos é encerrado pela Jerónimo Martins, a subir 2,13%.

No sentido inverso, além da Ibersol (-0,3%), o banco BCP regista perdas na ordem dos 1,23%, negociando novamente abaixo dos 30 cêntimos por ação.

Entretanto, pela Europa, o britânico FTSE 100 soma 0,9%, o francês CAC-40 ganha 0,3% e o espanhol IBEX-35 avança 1,3%, enquanto o alemão DAX valoriza 1,1%.

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Rui Rio sugere demissão da Procuradora-Geral da República

  • ECO
  • 14 Dezembro 2023

Ex-líder do PSD, Rui Rio, considera numa entrevista que a Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, “deveria abandonar o cargo” no seguimento do que aconteceu depois da Operação Influencer.

Rui Rio defende ser “evidente que a Procuradora-Geral da República deveria abandonar o cargo”, depois de tudo o que se sucedeu com a Operação Influencer, que culminou na queda do Governo. Ainda assim, em entrevista ao Jornal de Notícias, diz acreditar que a permanência de Lucília Gago “não será assim tão fora do comum”.

“A senhora PGR não só não foi clara, como até assumiu que não se sente responsável por coisa nenhuma. Pior ainda, abriu um processo contra a procuradora Maria José Fernandes, que ousou corajosamente dar a sua opinião crítica sobre o funcionamento do Ministério Público (MP). Mais grave ainda, sabe-se que o MP manteve um membro do Governo sob escuta quatro anos”, detalhou o ex-presidente do PSD.

Para o político, tudo isto seria inaceitável num “verdadeiro” regime democrático, salientando que, perante o “famoso” parágrafo do comunicado da PGR que levou à demissão de António Costa, o primeiro-ministro “não podia fazer outra coisa”. Rui Rio acredita que a origem da crise política deve-se, por isso, ao MP, “que faz o que quer e como quer e nem se digna dar uma explicação aos portugueses”. “O MP tem de manter a sua autonomia, mas, para vivermos verdadeiramente em democracia, não pode haver nenhum poder sem escrutínio democrático”, acrescentou.

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União Europeia acorda reforma do mercado da eletricidade

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2023

A União Europeia chegou a um acordo para reformar o mercado comunitário da eletricidade, a fim de impulsionar a implantação de energias renováveis e promover preços estáveis e acessíveis.

A União Europeia (UE) chegou esta quinta-feira a um acordo político para reformar o mercado comunitário da eletricidade, a fim de impulsionar a implantação de energias renováveis e promover preços estáveis e acessíveis aos consumidores.

“Está feito“, reagiu à agência de notícias EFE o principal negociador do Parlamento Europeu (PE), Nicolás González Casares, ao falar sobre o acordo político alcançado entre o PE, Conselho da UE e a Comissão Europeia, ao fim de dez horas de negociações em Estrasburgo, França.

Acordo que tem ainda de ser validado pelo Conselho da UE, que representa os Estados-Membros, e pelo PE.

Trata-se de um ajustamento do mercado concebido no pico da crise dos preços da energia de 2021 e 2022, que visa aproximar a UE dos objetivos climáticos e afastar os 27 dos hidrocarbonetos da Rússia.

O pacto inclui várias medidas para reforçar a proteção dos consumidores e estabelece critérios que permitam ao Conselho, sob proposta da Comissão, declarar uma crise energética.

Os Estados devem adotar medidas para baixar os preços para os clientes vulneráveis e desfavorecidos, com disposições para evitar “distorções indevidas do mercado interno”, afirmou o Conselho, em comunicado.

“A proteção dos consumidores é consideravelmente reforçada”, explicou González Casares, acrescentando que o pacto também impede as empresas de “alterarem unilateralmente os contratos” e afirma que “os Estados-membros vão garantir que os consumidores estão totalmente protegidos contra cortes”.

O maior obstáculo do processo surgiu antes da negociação final entre o Conselho e o Parlamento Europeu e surgiu no confronto entre Paris e Berlim sobre os contratos por diferença (CfD, na sigla em inglês) e a aplicação destes às centrais nucleares em funcionamento.

Os CfD permitem ao Estado acordar com um produtor um preço estável para a compra e venda de eletricidade num prazo fixo, e reembolsar automaticamente a diferença, consoante o preço final seja superior ou inferior ao acordado.

A reforma inclui, em paralelo, um regulamento (REMIT) para melhorar a proteção contra a manipulação do mercado, acordado em novembro passado.

Em março deste ano, a Comissão Europeia apresentou uma proposta de conceção do mercado, que foi previamente trabalhada com os Estados-membros para facilitar a rápida tramitação.

Nove meses depois, foi alcançado um acordo para a primeira reforma profunda do mercado da eletricidade em duas décadas, um pacto que, se não houver surpresas, será oficialmente aprovado no início de 2024.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ao referir-se aos seis meses da presidência espanhola do Conselho da UE perante a sessão plenária do Parlamento Europeu, na quarta-feira, descreveu o ajustamento como uma “reforma histórica do mercado da eletricidade”.

“Além de promover a necessidade de impulsionar as energias renováveis, vai fazer com que os preços da eletricidade sejam mais baixos, mais estáveis, dará maior transparência ao sistema e, portanto, mais informação aos consumidores” e “vai proteger os cidadãos de possíveis abusos por parte das multinacionais da energia”, afirmou.

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Cadete de Matos lança “repto” ao grupo Altice para que “invista mais”

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2023

Presidente cessante da Anacom insiste que Meo está a ficar para trás no investimento 5G e lança o "repto" ao grupo Altice para que "invista mais" no país.

O presidente da Anacom, no último dia à frente do regulador, insiste em entrevista à Lusa que a Meo está a ficar para trás no investimento 5G e lança o “repto” ao grupo Altice para que “invista mais”.

A Anacom publicou recentemente o investimento em estações de 5G que as operadoras de telecomunicações fizeram no mercado português durante os últimos dois anos, o qual tem sido feito “progressivamente”, refere João Cadete de Matos. Atualmente, são “cerca de 8.200 novas estações 5G com antenas 5G a emitir”, o que mostra “que os três operadores fizeram já esse investimento”, prossegue o responsável.

Os dados “revelam que a empresa Nos foi a que criou mais estações, também era aquela que tinha antes menos estações do 4G, mas tem procurado compensar esse défice com maior investimento em estações 5G”, com “praticamente neste momento 3.900 estações” de quinta geração.

A Vodafone Portugal “tem quase 3.000 estações e a Meo tem apenas 1.400 estações, portanto, são 17% em termos do total, mas se compararmos a maior com a Vodafone são menos de metade e, se compararmos com a Nos, são praticamente um quarto de estações”, detalha, reafirmando as declarações que tinha feito há uma semana aos jornalistas.

“Objetivamente, os números do investimento revelam que a Meo tem feito um investimento substancialmente inferior ao investimento da Nos e da Vodafone”, mas “também é verdade que no leilão do 5G a NOS e a Vodafone” foram as que compraram mais frequências, tendo ficado com obrigações de investimento maiores, prossegue.

“Também é verdade que a Anacom criou nas condições do leilão do 5G possibilidade das empresas acordarem entre si e partilhar as antenas, fazerem roaming nacional”, recorda João Cadete de Matos.

A Nos e a Vodafone Portugal têm um acordo de partilha das antenas, o que “potencia” que os consumidores “tenham um maior grau de satisfação”. Portanto, “aquilo que assinalei e que reafirmo [é que] os números são absolutamente inequívocos quanto a esse respeito” e que, de facto, “a Meo está a ficar para trás no investimento no 5G”.

Com isto, “aquilo que estou a fazer é lançar um repto para que o grupo Altice/Meo invista mais, portanto, não fique para trás e reforce o investimento”, insiste Cadete de Matos, que cumpre hoje o último dia à frente da Anacom, sublinhando a sua total isenção relativamente a todas as empresas do setor.

Sobre a notícia de que nos próximos dias será publicada a adjudicação do investimento nos cabos submarinos, o responsável classifica de “uma excelente notícia para o país”. “Aliás, o leilão do 5G, os seus fundos também permitiram financiar o novo anel de cabos submarinos que vai ligar o continente aos Açores e à Madeira”, aponta.

Por vezes, “pensa-se que o anel é só relevante para os Açores e para a Madeira, não, o anel é extremamente relevante para toda a zona marítima do nosso país”, para que este seja “de grande dimensão, com toda a zona atlântica, mas ainda por cima este cabo vai ser um cabo submarino inovador que vai ter sensores no fundo do Atlântico a atravessar as várias placas tectónicas”, os quais permitem identificar os movimentos das placas.

Ou seja, pode “fazer alertas sísmicos e isto é extremamente importante”, prossegue, salientando ainda a importância do novo cabo submarino ser um “cabo público”, o que “vai garantir a acessibilidade em termos de preço para todos os operadores”.

Relativamente ao concurso para a cobertura das zonas brancas, destaca o facto de Portugal “ser o primeiro país europeu a beneficiar do investimento público, quer de fundos europeus, quer também de fundos do leilão do 5G para levar a fibra ótica a todas as casas do nosso território, quer no continente, quer nos Açores, quer na Madeira”.

“Portanto, vamos ter rede fixa, vamos ter um novo anel de cabos submarinos, vamos ter esta rede móvel [5G] com estas características e, já agora, também convém não esquecermos que temos já uma rede de satélites que nos permite ter comunicações com velocidades e preços competitivos em todo o território”, sintetiza.

Questionado sobre a inteligência artificial (IA), Cadete de Matos sublinha que “quer na União Europeia quer em Portugal há claramente o interesse em aproveitar esse potencial e, portanto, tirar as vantagens” da tecnologia “para muitas atividades humanas”. Trata-se de uma tecnologia que também tem riscos, “necessita de facto de ser regulada”, defende João Cadete de Matos.

A Anacom “está disponível dentro de toda esta transformação digital para contribuir para essa regulação” e “depois supervisionar todo o trabalho que é feito nessa área, de forma a proteger os cidadãos a proteger os países e evitar os riscos que, de facto, a inteligência artificial, nalguns casos, também pode potenciar”.

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Exclusão de empresas como Huawei do 5G não foi “surpresa” para as operadoras, garante Cadete de Matos

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2023

Presidente cessante da Anacom assegura que a decisão da Comissão de Avaliação de Segurança que exclui empresas como a Huawei das redes 5G estava "pré-anunciada" e que não pode ter sido "surpresa".

O presidente da Anacom afirma, em entrevista à Lusa, que as decisões da Comissão de Avaliação de Segurança (CAS) estão pré-anunciadas e que as orientações aprovadas não constituem “surpresa” para as empresas de telecomunicações.

Em maio, a CAS, no âmbito do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, divulgou uma deliberação sobre o “alto risco” para a segurança das redes e de serviços 5G do uso de equipamentos de fornecedores que, entre outros critérios, sejam de fora da UE, NATO ou OCDE e que “o ordenamento jurídico do país em que está domiciliado” ou ligado “permita que o Governo exerça controlo, interferência ou pressão sobre as suas atividades a operar em países terceiros”.

A deliberação não refere nomes de empresas ou de países, mas a Huawei é apontada como alvo, nomeadamente porque a tecnológica chinesa foi banida das redes 5G em outros países europeus.

Questionado sobre se não considera a decisão da Comissão de Avaliação de Segurança precipitada, o presidente cessante da Anacom foi perentório: “Não, absolutamente pelo contrário”.

Isto é, “estas decisões que têm vindo a ser tomadas pela Comissão de Avaliação de Segurança estão pré-anunciadas, desde logo no que tem a ver com as frequências do 5G, portanto, com a introdução do 5G em Portugal e a Anacom, desde logo no regulamento do leilão”, aponta João Cadete de Matos, que cumpre hoje o último dia no cargo.

Portanto, “quem adquiriu frequências sabia na altura que as adquiriu que devia de zelar pela aplicação das regras europeias nesta matéria”, sublinha.

“Portugal não foi bem, pelo contrário, dos primeiros países a aplicar estas regras, tivemos que esperar pela aprovação da Lei das Comunicações Eletrónicas [LCE) e pela criação desta comissão, que só aconteceu no ano passado, mas que fez o seu trabalho, emitiu as suas orientações, transmitiu essas orientações em termos públicos e, enfim, tem vindo a tratar desta matéria com as empresas de comunicações”, prossegue João Cadete de Matos.

Trata-se “de garantir em toda a União Europeia esta preocupação com a segurança das comunicações, com a soberania nacional e isso é muito importante em Portugal como nos outros países europeus”, acrescenta.

Aliás, “os operadores sabiam desde a primeira hora que este assunto seria também ele um aspeto que tinham que observar e, portanto, não é de maneira nenhuma para nenhuma empresa uma surpresa que estas orientações tenham vindo a ser aprovadas”, defende.

Questionado se isto não afeta a concorrência, o que leva a repercussão dos preços nos consumidores, João Cadete de Matos afirma que “no mercado das comunicações em Portugal existe competição nos fornecedores das empresas e as empresas que querem fazer essas ofertas fazem-nas e os operadores de comunicações em Portugal contratam livremente as opções que entendem para os equipamentos que necessitam para prestar o serviço de comunicações”.

Agora, “aquilo que em Portugal nós vamos ter que observar são regras que estão consensualizadas a nível da União Europeia e que também em Portugal foram refletidas numa decisão da Comissão de Avaliação de Segurança em decurso da lei aprovada no Parlamento”, insiste.

“Existem, sim, preocupações e orientações que estão definidas relativamente à contratação de fornecimentos e serviços que possam ter implicações na segurança das comunicações, na segurança das comunicações a todos os níveis, nomeadamente um ponto de vista que é essencial para o futuro, que é a soberania nacional, que é garantir que as comunicações em situação alguma podem ter um impacto disruptivo que seria obviamente muito grave não só para a população como para a economia”, conclui João Cadete Matos.

A Comissão Europeia já tinha “dado uma orientação no sentido dessa preocupação de segurança ser refletida no fornecimento e aquisição de serviços com a pluralidade de fornecedores que existem, mas evitando desde logo o risco estratégico para o país de haver um único fornecedor dominante que tivesse um custo substancial deste ponto de vista da preservação da segurança das comunicações do país”, remata.

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Cadete de Matos defende participação do Estado no capital dos CTT

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2023

De saída da Anacom, presidente cessante lamenta não ter conseguido inverter "a degradação da qualidade" do serviço dos CTT e defende a necessidade do Estado ter uma participação na empresa.

O presidente da Anacom, que cumpre esta quinta-feira o último dia no cargo, lamenta não ter conseguido inverter “a degradação da qualidade” do serviço dos CTT e defende a necessidade do Estado ter uma participação na empresa.

Questionado sobre o que ficou por fazer, João Cadete de Matos refere que “não foi possível fazer tudo aquilo que era a ambição” do mandato, que foi de seis anos e quatro meses. “Diria que olhando para trás, sem dúvida, uma das áreas em que” a Anacom “não conseguiu inverter (…) foi a degradação da qualidade de serviço dos Correios em Portugal”, lamenta.

“Já estamos a ter muito boas notícias no setor das telecomunicações que nós regulamos, também como autoridade espacial há boas notícias, mas enquanto regulador do setor postal assistimos durante estes anos a uma degradação progressiva da qualidade de serviço na distribuição do correio”, salienta, apontando que a Anacom recebe “praticamente todas as semanas cartas das câmaras municipais e das juntas de freguesia, queixando-se do atraso na entrega do correio”.

Ora, esta é uma situação que, relata, “foi-se agravando ao longo dos anos” e que “os indicadores de qualidade de serviço denotam precisamente essa degradação da entrega do correio”, uma situação que precisa de “encontrar uma resposta”, já que há uma “grande parte da população portuguesa” que ainda usa este serviço.

Os cidadãos “deviam receber nos prazos” as cartas importantes, de acordo com a prática que é seguida nos outros países europeus, diz.

“Claro que nós tivemos o período da pandemia em que os carteiros prestaram um serviço louvável de continuar a entregar o correio”, reconhece. No entanto, a situação degradou-se e “ainda é mais grave quanto temos ouvido da administração dos CTT pouca, poderia às vezes [dizer] quase nenhuma, disponibilidade para corrigir a situação”, prossegue, salientando que muitas vezes invocaram que os critérios de qualidade eram muito exigentes, mas estes eram o que já estavam em vigor há anos.

“Temos assistido da administração dos CTT, dos responsáveis dos CTT uma preocupação em corrigir esta situação (…). Invocam a dificuldade em contratar carteiros, mas aquilo que nós verificamos e os sindicatos queixam-se disso é que as condições remuneratórias também não são atrativas”, aponta.

Além disso, “verificamos que a empresa tem sido lucrativa ao longo dos anos e, portanto, não há razão para que uma empresa lucrativa e, de facto, com uma remuneração dos seus acionistas, que tem sido muito positiva, não faça não só o investimento em termos de modernização da empresa, mas na contratação e na remuneração dos carteiros e dos outros trabalhadores da empresa para garantir a qualidade de serviço”.

Ainda é “mais incompreensível quando a empresa tem não só questionado os indicadores de qualidade que não tem cumprido como perante a decisão que a Anacom propôs de simplificar os indicadores”, alinhando os critérios de exigência com os europeus, ter vindo “manifestar-se contra a aplicação” dos mesmos, critica.

“Merece uma preocupação do meu lado no fim do meu mandato não ter conseguido inverter esta situação, mas devo dizer mais: é uma situação que durante estes anos eu tenho dialogado com os congéneres dos outros países europeus” – foi durante um ano presidente dos reguladores postais europeus – e “é uma situação que não tem paralelo”. Não se verifica em Espanha, França, Alemanha e Itália “com esta gravidade”, acrescenta.

“Não, não houve de facto esta evolução e só pode haver uma explicação e essa explicação eu tenho que partilhar com convosco: que é o facto de Portugal ser um dos poucos países – são três da União Europeia – em que o Estado não tem nenhuma intervenção na empresa”, aponta. Em França, Espanha, Itália, a empresa é totalmente pública, como sempre foi historicamente, ou por exemplo, na Alemanha, o Estado tem uma participação na empresa.

A degradação da qualidade do serviço dos CTT acontece porque, “contrariamente às telecomunicações”, onde há concorrência, “aqui não há”, portanto, “se o cidadão ver o correio chegar atrasado não pode recorrer a outra empresa”, sublinha.

Portanto, “eu sou forçado a concluir que, de facto, há aqui uma situação anómala no nosso país com o facto de o Estado não ter intervenção na empresa, porque no passado a empresa tinha os critérios de qualidade como critérios importantes da gestão da empresa”, mas “hoje não o tem”, afirma.

Por outro lado, “também há uma situação que é atípica, que é os instrumentos que são dados ao regulador não se têm mostrado efetivos, portanto, de facto, a empresa não tem incentivos para cumprir a qualidade de serviço para não haver uma demora tão excessiva do correio”, considera.

“Penso que é necessário o país pensar se não tem que ter uma participação na empresa, no mínimo como existe na Alemanha, em que não sendo a empresa totalmente pública essa participação permite que a empresa não continue a trajetória (…) de desrespeito por aquilo que são os objetivos do contrato de concessão, que exigem que o contrato de concessão seja feito com qualidade de serviço”, remata.

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