Açores apresenta melhor execução de sempre no 1.º semestre, diz secretário das Finanças

  • Lusa
  • 11 Julho 2023

Os Açores registaram no primeiro semestre a "melhor execução de sempre", diz secretário regional das Finanças.

O secretário regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública, Duarte Freitas, revelou, esta terça-feira, que no final do primeiro semestre de 2023 a região conheceu “a maior execução dos últimos 10 anos“, em resposta à intervenção do deputado do IL, José Luís Parreira, o qual acusou o Governo de criar “ilusão de uma região mais rica“.

“Um valor de 40,3% de execução do plano em ternos relativos e, em termos absolutos, o segundo maior valor do primeiro semestre da história, só ultrapassado em 2020 por causa da Covid-19. (…) A melhor execução de sempre do plano regional”, assegurou o secretário regional das Finanças.

Duarte Freitas acrescentou que os Açores apresentam “a maior população ativa da história, a maior população empregada da história, um crescimento há 24 meses consecutivos, um turismo pujante, a agricultura e as pescas a fortalecerem-se, as exportações a crescerem”.

Um valor de 40,3% de execução do plano em ternos relativos e, em termos absolutos, o segundo maior valor do primeiro semestre da história, só ultrapassado em 2020 por causa da Covid-19. (…) A melhor execução de sempre do plano regional”, assegurou o

Duarte Freitas

Secretário regional das Finanças do Governo dos Açores

“Isto é a economia dos Açores em 2023. E aqueles que proclamam sempre a vinda do diabo, que diziam que a Tarifa Açores era impossível, que diziam que a descida de impostos era catastrófica, continuam a anunciar dia a dia o diabo e o que veem é o sol a raiar da economia dos Açores”, vincou.

O governante também respondeu ao líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro, que alertou segunda-feira para o “descontrolo evidente e profundo” das finanças regionais, e criticou a “incapacidade” do Governo Regional para executar fundos comunitários e realizar o investimento público projetado.

“Aquilo que o senhor deputado Vasco Cordeiro disse ontem [segunda-feira] é falso, é falso”, afirmou o secretário das Finanças. E referiu que, quando Vasco Cordeiro estava no poder, “era especialista em contas de sumir: Fez sumir o capital da SATA, fez sumir o capital de muitas empresas do setor público empresarial, fez sumir milhões e milhões e milhões. Agora é especialista em somar, mas em somar à moda de um antigo dono de um restaurante micaelense que ao valor da comida somava a mesa e a data”.

“E o senhor deputado Vasco Cordeiro faz um pouco isto hoje em dia. É que ele acusa este Governo de aumentar a dívida, somando nessa dívida aquilo que este Governo (PSD/CDS-PP/PPM) teve que acomodar das dívidas que herdámos dele [quando liderou o Governo Regional]”, apontou.

O deputado da IL, José Luís Parreira, afirmou, durante a sua intervenção, que “priorizar a alocação de recursos é primordial e reduzir a dívida para garantir mais condições de futuro é urgente”. O deputado avisou ainda que, “a longo prazo, serão necessárias novas linhas de crédito governamentais ou novos quadros comunitários para os sustentar. Com isso, o Governo cria a ilusão de uma região mais rica, tal como adicionar água ao leite cria a ilusão de que há mais deste bem. E os fundos comunitários, repito, são como recursos naturais não renováveis”.

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Parlamento Europeu aprova “quarteto” de leis ambientais

Diretiva das Emissões Industriais, Regulamento do Portal das Emissões Industriais, Criação de uma infraestrutura para combustíveis alternativos e Combustíveis marítimos sustentáveis foram aprovados.

O Parlamento Europeu aprovou, esta terça-feira, quatro diplomas que foram votados debaixo do “chapéu” do Objetivo 55, isto é, de reduzir as emissões poluentes em 55% até 2030.

O diploma menos consensual foi a Diretiva das Emissões Industriais, que passou pelo crivo do plenário com 96 votos a favor, 102 contra e 131 abstenções. Este diploma estabelece regras sobre a prevenção e o controlo da poluição causada pelas emissões de grandes explorações agroindustriais para a atmosfera, a água e o solo. A proposta “irmã”, de Regulamento do Portal das Emissões Industriais, seguiu com 563 votos a favor, 51 votos contra e 18 abstenções.

Os eurodeputados apoiaram a proposta da Comissão de alargar a diretiva às instalações da indústria extrativa (minas) e às grandes fábricas de baterias (exceto aquelas que montam exclusivamente módulos de baterias e conjuntos de baterias).

Já a questão que foi alvo de maior discussão no debate que precedeu a votação, e decorreu na segunda-feira, foi o alargamento das exigências da diretiva às explorações pecuárias, um ponto que não passou. Os eurodeputados propuseram excluir a “agricultura extensiva”. O Parlamento está agora pronto para encetar negociações com o Conselho sobre a forma final da legislação.

Carregamentos elétricos e a hidrogénio vão multiplicar-se

Na mesma sessão, as novas regras relativas à infraestrutura para combustíveis alternativos foram adotadas por 514 votos a favor, 52 votos contra e 74 abstenções.

A proposta aprovada dita a instalação de estações de carregamento elétrico para automóveis pelo menos a cada 60 quilómetros (km) ao longo da rede principal de transporte europeia (RTE-T) até 2026, aumentando a potência da rede até 2028. Para os camiões e autocarros, as estações de carregamento têm de ser disponibilizadas a cada 120 km e ser instaladas em metade das principais estradas da UE até 2028.

Os Estados-membros têm de assegurar que a instalação de estações de abastecimento de hidrogénio ao longo da rede principal da RTE-T, pelo menos, a cada 200 km até 2031. Além disso, prevê-se que o pagamento seja facilitado com a opção de cartão e sem necessidade de subscrição.

Os eurodeputados garantiram que a Comissão Europeia criará uma «base de dados» sobre os combustíveis alternativos até 2027, para informar os consumidores europeus sobre a disponibilidade, os tempos de espera ou o preço em diferentes estações.

Já as novas regras relativas aos combustíveis marítimos sustentáveis foram apoiadas por 555 votos a favor, 48 votos contra e 25 abstenções. Os navios terão de reduzir gradualmente as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), reduzindo a quantidade de GEE na energia que consomem (abaixo do nível de 2020) em 2% a partir de 2025 até 80 % a partir de 2050.

Além disso, os navios porta-contentores e os navios de passageiros serão obrigados a utilizar a alimentação elétrica em terra, para todas as necessidades de eletricidade quando atracados no cais dos principais portos da UE, a partir de 2030.

Após o Conselho ter aprovado ambas as leis (da infraestrutura para combustíveis alternativos e de combustíveis sustentáveis para navios), as regras relativas à infraestrutura para combustíveis alternativos serão aplicáveis seis meses após a sua entrada em vigor e as regras relativas aos combustíveis marítimos sustentáveis serão aplicáveis a partir de 1 de janeiro de 2025.

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Cerveira integra rede europeia para valorizar castelo

"Castelo de Vila Nova de Cerveira vai ser apresentado, a nível europeu, como um caso de reflexão sobre o modo de encarar o futuro de um património", no âmbito de uma rede europeia.

A Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira integra até 2025 uma das 30 Redes de Planeamento de Ação do Programa Urbact – AR.C.H.ETHICS — Architecture (arquitetura), Citizenship (cidadania), History and Ethics (história e ética). Este projeto coloca o património “dissonante” da União Europeia (UE) no centro da agenda de desenvolvimento local urbano de modo a tornar as cidades/vilas mais atraentes e inclusivas. No caso de Cerveira, o objetivo do município é transformar este monumento nacional “num espaço de participação dos jovens e da comunidade local”.

Esta rede integra nove municípios europeus de “diferentes dimensões que partilham a presença de um património dissonante desafiante e muito diversificado”, explica a autarquia liderada pelo socialista Rui Teixeira. Por património dissonante entenda-se aquele que transmite uma ligação problemática entre os elementos físicos – edifícios, ruas, praças, bairros – e o contexto histórico e político, e os valores que os produziram no passado, elucida a câmara local.

“O Castelo de Vila Nova de Cerveira vai ser apresentado, a nível europeu, como um caso de reflexão sobre o modo de encarar o futuro de um património que faz parte de uma comunidade, mas que acaba por servir apenas os interesses dos turistas“, adianta o município.

Transformar o castelo num espaço de participação dos jovens e da comunidade local.

Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira

No caso de Vila Nova de Cerveira, o castelo de Cerveira surge como um elemento central da comunidade. “Em conjunto com os principais atores da comunidade local, a proposta é pensar e ativar novas dinâmicas inclusivas que equilibrem a adaptação à mudança, mantendo o sentido de pertença e a utilização deste monumento nacional, articulando uma nova reutilização com os valores históricos, relacionais e as características identitárias da comunidade local”, resume a autarquia.

A Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira prevê, com esta rede, recuperar a relação social e restaurar a centralidade do castelo na vida da comunidade dentro e fora das muralhas. Além de desenvolver conhecimentos holísticos sobre a gestão e reabilitação deste património fortificado, a autarquia quer ainda “transformar o castelo num espaço de participação dos jovens e da comunidade local”.

Nesta rede, o município tem a oportunidade de trocar experiências, impulsionando a partilha e a capacitação para a gestão sustentável do património “dissonante”.

Além de Vila Nova de Cerveira, fazem ainda parte do projeto o município de Cesena (Itália) – como coordenador – e as cidades de Kazanlak (Bulgária), Cracóvia e Gdansk (Polónia), Bétera (Espanha), Leros (Grécia), Leipzig (Alemanha) e Permet (Albânia).

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“Não existem dúvidas que o Governo interferiu na gestão da TAP”, diz Paulo Moniz

PSD considera que a interferência do Governo na gestão da TAP é "evidente" e acusa o relatório preliminar da CPI de "branquear" a ação do Executivo. Social-democratas vão votar contra relatório.

O coordenador do PSD na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP, Paulo Moniz, considera que “não existem dúvidas que o Governo interferiu na gestão da TAP”, contrariando as conclusões do relatório preliminar da CPI, apresentadas na semana passada pela relatora do PS Ana Paula Bernardo.

De acordo com o relatório divulgado pelo grupo parlamentar do PSD (GPPSD), o partido de Luís Montenegro considera a avaliação apresentada pela relatora como “leve e parcial”, “omitindo factos importantes e atenuando as responsabilidades do Governo” que “apaziguará o primeiro-ministro António Costa” de tirar “consequências políticas”.

Numa conferência de imprensa, esta terça-feira, na Assembleia da República, Paulo Moniz explicou que GPPSD irá votar contra um relatório que considera um “branquear das responsabilidades do Governo na gestão da TAP”, optando por apresentar “um conjunto de conclusões” apuradas pelo partido mediante as audições que decorreram no âmbito da CPI e os respetivos documentos entregues aos deputados.

Os social-democratas concluem que a interferência do Governo na gestão da TAP “é evidente” em diversos momentos, entre eles, “quando pediu para desviar o voo do Presidente da República“, “quando se envolveu na gestão da frota automóvel” e “na atribuição de prémios a administradores

É impossível não reconhecer um padrão errático e irresponsável, e branquear este facto objetivo é impedir o regular escrutínio das decisões do Governo“, considerou Paulo Moniz, esta tarde, aos jornalistas.

As acusações de interferência são estendidas ao grupo parlamentar do PS, que, segundo os social-democratas, “interferiu de forma nefasta nos trabalhos da Assembleia da República“, em duas ocasiões. Quando se reuniu com a então CEO da TAP previamente a uma reunião na Comissão de Economia, “para combinar perguntas e respostas”, mas também quando Brilhante Dias acusou os partidos de direita de uma fuga de informação, “sem qualquer evidência, razoabilidade ou inteligência”.

Além desta, o GPPSD conclui que o relatório “optou por não colocar” “o rol de alegados e potenciais crimes”, que ocorreram na noite do dia 26 de abril de 2023, e que envolveram membros do Ministério das Infraestruturas e o ex adjunto de João Galamba, Frederico Pinheiro. Entre os crimes, os social-democratas enumeram abuso de poder, ameaça à integridade física, sequestro, acusação de roubo com responsabilidade criminal, acesso a histórico de chamadas de trabalhadores sem a sua permissão, coação, ação ilegal do SIS e desobediência qualificada.

Segundo Ana Paula Bernardo, os desacatos foram omitidos do documento por estarem fora do âmbito dos motivos que levaram a TAP à CPI . “Este é um relatório sobre a TAP. Não pretende ser um diário da CPI. É um relatório sobre a gestão da empresa e gestão da tutela politica da TAP. Aqui importa ter presente que foi isso que nos foi exigido”, referiu a relatora socialista, numa conferência de imprensa de apresentação da versão preliminar.

Ademais, as conclusões alternativas do GPPSD colocam a responsabilidade do pagamento da possível “futura indemnização” a Christine Ourmières-Widener e Manuel Beja nos ministro das Finanças e das Infraestruturas, Fernando Medina e João Galamba, respetivamente, caso sejam “alicerçadas no processo formal do despedimento”.

Por fim, o relatório inclui nas 26 conclusões do GPPSD que João Galamba e de António Mendonça Mendes “faltaram à verdade” perante a CPI considerando que as declarações de ambos são “antagónicas”.

Notícia atualizada às 16h51 com mais informações

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Nova FCSH arranca com piloto de mentoria. Alunos acompanham recém-chegados

O programa interpares arranca no início do próximo ano letivo, em setembro. Os estudantes interessados em serem mentores têm de se inscrever até amanhã, 12 de julho.

A Nova FCSH arranca no próximo ano letivo, com o Programa de Mentorias Interpares 2023/2024, um piloto que coloca os alunos da faculdade a receber novos estudantes, nacionais e internacionais, de Licenciatura, acompanhando-os na sua integração.

Coordenado pelo Gabinete de Desenvolvimento Pessoal e de Inclusão Social, o programa visa “apoiar à integração e inclusão dos novos alunos na comunidade, estimular o desenvolvimento pessoal e académico e promover a capacidade de análise, o pensamento crítico e a participação cívica”, refere a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em comunicado.

Através de uma relação interpares – os estudantes de 2.º ou 3.º anos assumem o papel de mentor de um recém-inscrito na faculdade – pretende-se prevenir “situações de discriminação”, bem como a “aquisição de competências transversais e sociais”.

O programa de está aberto a todos os alunos, independentemente do ano em que se encontrem inscritos. Os estudantes, que tenham interesse em serem mentores, devem inscrever-se até ao dia 12 de julho.

Os interessados têm de ter disponibilidade para realizar formação (12 horas), no início do ano letivo 2023/2024, sendo valorizado características como empatia e o respeito pela diversidade cultural, de género, religiosa, linguística, entre outras.

Para os futuros alunos, a inscrição para Mentorado arranca em setembro.

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Amazónia deve ser “instrumento de negociação” com o mundo desenvolvido, diz Lula da Silva

  • Lusa
  • 11 Julho 2023

O objetivo de Lula é "juntar" os países da América do Sul, mais a República Democrática do Congo, a República do Congo e a Indonésia, que também têm florestas tropicais, e formar uma frente comum.

O Presidente brasileiro, Lula da Silva, disse esta terça-feira que pretende unir todos os países amazónicos para transformar a maior floresta tropical do planeta num “instrumento de negociação com o mundo desenvolvido”. A afirmação, feita no seu programa semanal “Conversa com o Presidente”, marca um objetivo para a cimeira de líderes da região que terá lugar na cidade brasileira de Belém, nos próximos dias 8 e 9 de agosto.

Queremos unir toda a Amazónia, na América do Sul, e fazer dela um instrumento de negociação com o mundo desenvolvido para que possamos desenvolver e gerar emprego para as pessoas que vivem na Amazónia: indígenas, pescadores, povos ribeirinhos”, explicou Lula da Silva.

O Presidente ressaltou a importância da população que vive no bioma, que no caso do Brasil é de cerca de 30 milhões de pessoas, a maioria em condições precárias, “ter dignidade nas suas vidas e ganhar um salário razoável”. “Precisamos discutir isso com o mundo desenvolvido”, insistiu Lula, que voltou a reclamar que as grandes potências não têm cumprido os seus compromissos ambientais no que respeita à libertação de recursos para os países em desenvolvimento.

Neste contexto, reforçou ser seu objetivo “juntar” todos os países da América do Sul e acrescentar a República Democrática do Congo, a República do Congo e a Indonésia, que também possuem áreas significativas de florestas tropicais, e formar uma frente comum nos fóruns internacionais. “Temos de criar a consciência de que a questão ecológica não é uma coisa sofisticada para meia dúzia de pessoas, é um bem económico extraordinário” e “queremos usar isso para negociar com o mundo”, frisou.

Lula da Silva considera ser possível tirar partido económico da Amazónia de uma forma sustentável, porque “com a investigação certa” é possível encontrar “coisas extraordinárias” para as indústrias farmacêutica e cosmética, entre outras. “Há um mundo inteiro à nossa frente e não devemos ter medo de o desbloquear. Temos de aproveitar este oceano de oportunidades”, disse, acrescentando: “O nosso maior património é a nossa floresta em pé”.

No passado sábado, juntamente com o seu homólogo colombiano, Gustavo Petro, Lula encerrou uma reunião técnica com representantes dos países do arco amazónico na cidade de Letícia, que serviu para preparar a cimeira de Belém.

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Governo fixa regras para Galp e EDP como operadores dominantes do gás

  • Lusa
  • 11 Julho 2023

O despacho vem “estabelecer condições de prestação de serviço", nomeadamente quanto aos produtos abrangidos, volumes de gás natural e ao diferencial de preços entre ofertas de compra e de venda.

O Governo fixou regras de operação para a Galp e a EDP, que foram escolhidas como operadores dominantes do sistema nacional de gás, incluindo de transações máximas e oferta mínima, segundo um despacho publicado esta terça-feira.

O diploma, assinado pela secretária de Estado da Energia e Clima, Ana Cláudia Fontoura Gouveia, recorda que no ano passado um decreto-lei “estabeleceu a categoria de operador dominante no sistema nacional de gás, bem como o procedimento aplicável à sua identificação”, sendo que estes “podem ficar sujeitos a um conjunto de obrigações específicas”.

Estas obrigações incluem “a celebração de acordo de criação de mercado no âmbito do mercado organizado de gás com referência para Portugal, que estabeleça a obrigação de apresentação de ofertas de compra e de venda sob determinadas condições”.

No contexto deste decreto-lei, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) aprovou “as regras relativas à operacionalização da constituição da lista de operadores dominantes, com base nas quais apurou, como operadores dominantes, as empresas Galp Gás Natural, S. A., e EDP GEM Portugal, S. A., pertencentes aos grupos Galp e EDP, respetivamente”.

Assim, “com vista à sujeição dos operadores dominantes à obrigação de criação de mercado no âmbito do mercado organizado de gás”, o despacho vem agora “estabelecer as condições de prestação desse serviço, nomeadamente quanto aos produtos abrangidos, aos volumes de gás natural e ao diferencial de preços entre ofertas de compra e de venda”.

Segundo o despacho, no âmbito de criação de mercado, “os criadores de mercado obrigatórios devem” “manter um volume de oferta de compra e de venda de gás no mercado organizado com entrega no dia seguinte (produto diário), de acordo com as condições constantes do presente despacho”, apresentar “ofertas divisíveis que permitam a transação de apenas parte do volume da oferta”.

Devem também constituir, “junto do operador de mercado organizado, uma carteira de negociação específica e exclusiva para o desempenho do serviço de criação de mercado” e “repor, no prazo máximo de cinco minutos, as quantidades de oferta que tenham sido transacionadas”.

O despacho determina ainda os volumes máximos de transação diária e os mínimos das ofertas, bem como o diferencial dos preços, sendo que este, “entre as ofertas de compra e de venda de cada criador de mercado obrigatório deve ser, para 2023, igual ou inferior a 3% do preço de referência do dia anterior, com um valor mínimo de 0,5 (euro)/MWh [megawatts hora] e um valor máximo de 1,26 (euro)/MWh”.

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X Encontro Anual APEG 2023: O gás como pilar na transição energética

  • ECO
  • 11 Julho 2023

O décimo encontro anual da APEG reuniu vários especialistas do setor de energia e indústria para debaterem os desafios e as oportunidades que a transição energética traz aos produtores e consumidores.

A Associação Portuguesa de Empresas de Gás (APEG) organizou, na Fundação Centro Cultural de Belém, o X Encontro Anual APEG 2023, que decorreu durante a manhã do dia 29 de junho. Nesta edição, os debates centraram-se nos desafios atuais e futuros, assim como nas oportunidades, que os gases renováveis, como o hidrogénio e o biometano, representam para o futuro do setor gasista, na ótica da descarbonização da economia.

Na abertura do evento, Jorge Lúcio, presidente da APEG, começou por enaltecer o trabalho feito no último ano em relação à gestão do gás na Europa, fruto da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

"Devido à agressão à Ucrânia, houve uma inflação de preços e uma dificuldade de fornecimento de gás. O gás foi utilizado como arma política e toda a Europa se viu confrontada com uma situação inimaginável em termos de segurança de fornecimento. Por isso, a UE e Portugal decidiram de uma forma solidária fazer um esforço que tornou possível ultrapassar o inverno. Hoje olhamos para o futuro de forma menos preocupada, mas temos de pensar o que aprendemos para evitar que situações semelhantes tornem a acontecer.”

Jorge Lúcio, presidente da APEG

Nesse sentido, o presidente da APEG destacou a necessidade de se avançar para a descarbonização da sociedade, “mas de forma controlada”. “O sistema de gás natural também está suportado por uma rede de infraestruturas em excelente estado e era interessante reaproveitar estas infraestruturas para outro tipo de gás, como o hidrogénio ou o biometano“, acrescentou.

Desafios regulatórios

No entanto, a introdução de hidrogénio na rede está dependente de vários processos regulatórios, que se tornam um desafio para a transição. “Isto é mais que uma transformação, isto é uma metamorfose energética. O modelo que teremos em 2050 não terá nada a ver com o que temos hoje e isso levanta questões como: A liberalização da concorrência será colocada nessa altura? Existirá mercado interno europeu? Como mudamos o modelo, como é que os consumidores são envolvidos?”, questionou Pedro Verdelho, presidente da ERSE. E como tudo isto se torna real? De acordo com o responsável da ERSE, do lado da procura, é necessário adaptar toda a tecnologia que vai substituir os combustíveis fósseis.

"Estas tecnologias também são motivadas por razões económicas porque elas são mais baratas. O acesso a capital é mais acessível, as taxas de financiamento são mais baratas em tecnologias renováveis.”

Pedro Verdelho, presidente da ERSE

Os passos para essa transição energética, segundo Pedro Verdelho, são a integração de sistemas energéticos e a economia circular de energia (como o Green Deal e H2 e Gás renovável; integração de sistemas; novos atores de tecnologias e negócio; sociedade neutra em carbono; e eficiência energética), a integração de proximidade e a economia circular local da energia (através do Pacote de Energia Limpa; do empoderamento dos consumidores; do auto consumo; das comunidades de energia; e do peer-to-peer), e do aprofundamento da integração de mercados e a economia global de energia (através dos 1º, 2º, 3º pacotes legislativos da UE; da liberalização; do unbundling; do mercado interno de energia; de novas entidades europeias e códigos de rede).

Os objetivos são, de acordo com o presidente da ERSE, “facilitar a integração de gases renováveis em redes existentes; fomentar o desenvolvimento de infraestruturas e mercado de hidrogénio; promover o planeamento integrado de eletricidade, gás e hidrogénio; melhorar a resiliência e a segurança de abastecimento, estendendo-as também aos gases renováveis; promover o envolvimento dos consumidores e alargar ao gás os direitos previstos na Diretiva de Eletricidade”.

Geopolítica e Energia

Por sua vez, Felipe Pathé Duarte, investigador e professor na Nova School of Law, apresentou o impacto que esta transição energética pode trazer ao sistema geopolítico: “Quando falamos de geopolítica, falamos de geografia e uma das formas de ter poder sobre as geografias é aproveitá-las para poder controlar recursos para favorecer a sua soberania“. O professor garantiu mesmo que “a geopolítica está indissociada da energia“, mas explico que nos últimos 10/15 anos há duas tendências que têm transformado a relação das duas, nomeadamente as alterações climáticas e a digitalização. “Com o game changer da invasão russa, estas duas tendências foram resfriadas”, acrescentou.

Felipe Pathé Duarte destacou, por isso, dois vetores que considera que terão um impacto nesta relação. O primeiro está relacionado com a alteração do comércio energético que, na sua opinião, vai estar cada vez mais regionalizado, e o segundo tem a ver com uma consequente alteração das tensões conflituais normais.

"A mudança mais profunda pode ocorrer numa regionalização da energia. Pode haver uma nova tendência que leve a que países com potencial abundante de produção de energia renovável possam tornar-se exportadores através de redes regionais de energia. Isto vai promover o aumento da interdependência energética. Por outro lado, isso pode dar origem a uma competição por recursos sustentáveis, o que pode ser igualmente um fator de instabilidade.”

Felipe Pathé Duarte, investigador e professor na Nova School of Law

Preços e competitividade

Depois das duas primeiras intervenções sobre os desafios regulatórios e geopolítica e energia, seguiu-se um painel de debate com o tema “Preços e Competitividade”, moderado por Rosália Amorim, diretora do Diário de Notícias. O debate, antecedido por uma breve apresentação do keynote speaker Eduardo Teixeira, diretor de mercados e concorrência da ERSE, contou com a presença deste responsável, mas também de Vítor Machado, responsável pelas áreas de produtos e serviços da DECO; José Costa Pereira, administrador da VEOLIA; e Vera Vicente, Head of Interprise Iberia da Galp.

“Quando nos perguntam se a crise já passou, temos que questionar: Qual crise? Temos que nos lembrar que nós também temos uma crise climática. E esta é o pano de fundo que nos faz mover para este processo transformacional e para esta transição energética. E esta é uma crise mais presente. Depois temos crises conjunturais, como a pandemia ou a guerra na Ucrânia, que são aquelas que não se podem prever. Ainda assim, eu acho que um elemento de esperança é o facto de que alguns fatores mostram que temos aprendido alguma coisa no caminho e há um grau de reorganização”, começou por dizer Eduardo Teixeira.

Quando questionada se o pior, em termos de preço, já tinha passado, Vera Vicente, Head of Interprise Iberia da Galp, explicou que, atualmente, os preços estão relativamente estáveis. “Temos os stocks europeus com um armazenamento de 76%, o que significa que estamos com um avanço de dois meses face ao que se verificou no ano passado. Por isso, eu diria que, no Verão, não havendo nenhuma alteração de circunstância inesperada, podemos esperar um nível de estabilização de preços nestes níveis que temos atualmente, o que não significa que isto seja um garante para os preços de inverno”, disse.

Já Vítor Machado realçou a oportunidade que foi dada aos consumidores para regressarem às tarifas reguladas para o gás que, no entanto, na sua perspetiva, não foi bem aproveitada: “A medida foi transitória, por 12 meses. Em setembro será reavaliada, mas ficou aquém das expectativas. Os últimos números apontam para cerca de 150 mil clientes, o que é pouco para aquilo que era expectável”.

Por sua vez, José Costa Pereira, administrador da VEOLIA, garantiu que não é possível não introduzir gases de origem renovável. “Para isso não acontecer, temos de conseguir ter a possibilidade de conseguir introduzir gás renovável num sistema circular dentro do processo industrial. Isto já está a acontecer nas cervejeiras e nas cidades. A má notícia é que parte disto não vai passar pelas redes de gás, vai ser consumido diretamente pela empresa que produz o resíduo”, explicou.

O papel do hidrogénio e do biometano na regeneração do futuro

Sérgio Goulart Machado, Head of Hydrogen na Galp, aprofundou o tema do hidrogénio e enalteceu que a Galp vê esta opção como um substituto de combustíveis fósseis tradicionais, que pode ser aplicado na mobilidade, “sempre e só quando não se conseguir uma melhor solução, ou seja quando a eletrificação não for a melhor solução”, na produção de calor, “sobretudo para processos industriais, em que são necessárias fontes calor de altas temperaturas que dificilmente se conseguem eletrificar”.

Nesse sentido, o responsável da Galp apresentou os vários projetos em que a empresa já está a apostar, com vista à descarbonização. A grande aposta tem sido a descarbonização da central de Sines, uma vez que esta é o maior emissor, enquanto unidade, de CO2 em Portugal. “Temos um projeto-piloto, de 2MW, no coração da refinaria de Sines. O objetivo é injetar este hidrogénio verde e utilizá-lo nas unidades onde hoje utilizamos hidrogénio. Temos, também, um projeto de 100MW, mais a longo prazo, também na refinaria de Sines, que visa substituir o hidrogénio cinzento pelo hidrogénio verde. Depois há, ainda, outro projeto de 100MW, desenvolvido num consórcio com mais cinco empresas e co-liderado com a EDP, nos terrenos da antiga central de carvão em Sines“.

Além do hidrogénio verde, há outras opções que podem ser usadas sem tantos desafios regulatórios, como é o caso do biometano, que substitui diretamente o gás natural. Paulo Preto dos Santos, diretor executivo da Dourogás Renovável, trouxe para a discussão os vários projetos que a empresa tem desenvolvido para a utilização de biometano em substituição de combustíveis fósseis.

“O primeiro projeto-piloto, iniciado em 2017 pela Dourogás, trata-se de um biogás de aterro. Aquilo que a Dourogás fez foi instalar uma purificação desse biometano e esse biometano está hoje a ser injetado na rede local. O segundo projeto, iniciado em 2022, faz a conversão de lamas de ETAR em biometano, na estação de tratamento de águas residuais de Loures”, disse.

De acordo com o responsável da Dourogás Renovável, esta é “uma energia renovável, armazenável, eco sustentável e economicamente viável“. Atualmente, a Dourogás tem em desenvolvimento mais nove projetos de desenvolvimento de biometano e Paulo Preto dos Santos apresentou os desafios e as oportunidades que têm observado neste percurso: “Os desafios estão relacionados com a complexidade do licenciamento, com a utilização de biogás para produção de eletricidade, com o pouco investimento e conhecimento no aproveitamento dos resíduos, sobretudo no setor agrícola; com a falta de cobertura de rede de distribuição de gás; e com os custos de produção. Já as oportunidades passam por um enquadramento legal cada vez mais favorável para a produção de gases renováveis; pela utilização de recursos endógenos para a produção de energia; pela segurança de abastecimento e independência energética; pela descarbonização e alargamento das redes de gás e pela descarbonização da mobilidade”.

Infraestruturas para gases renováveis

O último painel de debate do evento, moderado por António Costa, diretor do ECO, teve como tema “Infraestruturas para gases renováveis” e, à semelhança do que aconteceu no primeiro, também foi antecedido por um keynote speaker, nomeadamente Pedro Palencia, diretor de Relações Institucionais da Sedigas.

Além do keynote speaker, esta mesa-redonda também contou com a presença de Pedro Furtado, diretor de Regulação e Estatística da REN; Paulo Martins, da Divisão do Estudo de Investigação e Renováveis da Direção Geral de Energia e Geologia; e António Dias, diretor- geral do Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro.

“O sistema só fará sentido se conseguirmos facilitar a competitividade e se houver uma digitalização do mesmo. A futura rede de hidrogénio será uma evolução da rede de gás”, começou por dizer Pedro Palencia.

A complementar a ideia do keynote speaker, Pedro Furtado também ressalvou a importância das redes enquanto pontes para o mercado, de forma a permitirem a livre escolha de produtores e consumidores. E, no mesmo âmbito, o responsável da REN também mencionou o papel da regulação: “A regulação tem um papel particular na regulação económica. Há a regulação técnica e há um quadro legal: no quadro legal, o governo português já teve a antecipação de colocar em lei a utilização do blending como solução de transição para o sistema nacional. Mas há todo um caminho para que se passe da produção e consumo locais e para perceber como será o acesso dos consumidores ao mercado e como o hidrogénio e gases renováveis entram na equação”.

“Neste momento temos muitas intenções de projetos, mas temos muito poucos projetos no terreno. A nossa estratégia nacional para o hidrogénio vai duplicar ou triplicar a nossa ambição em termos de capacidade, em função das intenções de investimento já conhecidas”, disse, por sua vez, Paulo Martins, da Divisão do Estudo de Investigação e Renováveis da Direção Geral de Energia e Geologia.

Do lado da indústria, António Dias, diretor-geral do Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, revelou que, por serem consumidores intensivos de energia, “há uma pressão muito grande para a descarbonização sobre indústria da cerâmica e do vidro“. E, na sua opinião, o caminho para conseguirem descarbonizar este setor passa pela eficiência energética e pela substituição dos combustíveis, no entanto, o responsável também ressalvou que uma substituição na medida que está a ser pensada poderá não ser suficiente.

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Mineiro Aires afirma que pressão sobre comissão do novo aeroporto “vai aumentar”

Carlos Mineiro Aires, presidente da comissão de acompanhamento da Avaliação Ambiental Estratégica do novo aeroporto, garantiu que a coordenadora foi escolhida de forma independente do Governo.

O presidente da comissão de acompanhamento da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) do novo aeroporto, Carlos Mineiro Aires, antecipa que a pressão sobre a Comissão Técnica Independente vai aumentar nos próximos meses. Garante também que a coordenadora, Rosário Partidário, “não foi escolha de nenhum ministro”.

Até ao período de finalização dos estudos a pressão vai aumentar”, afirmou Carlos Mineiros Alves no arranque da II Conferência sobre a AAE para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa. “A pressão já existe”, acrescentou o presidente da comissão de acompanhamento.

No mês passado o ministro das Infraestruturas, João Galamba, pareceu descartar a opção Santarém, dizendo que ficava demasiado longe. O que suscitou protestos por parte dos promotores do projeto aeroportuário para aquela cidade, uma das opções que será estudada pela Comissão Técnica Independente (CTI).

O antigo bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Mineiro Aires, quis também deixar claro que a escolha de Rosário Partidário para liderar a CTI não teve intervenção do Governo, mas apenas das pessoas previstas na resolução de conselho de ministros: o presidente do Conselho Superior de Obras Públicas (CSOP), do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS) e do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).

A coordenadora não foi escolha de nenhum ministro, foi escolha das três pessoas que referi“, garantiu o também presidente do Conselho Superior de Obras Públicas. “As mentiras é que não são aceitáveis. Estive na génese deste assunto com o primeiro-ministro no gabinete dele. Não posso aceitar que ponham em causa a idoneidade” das personalidades que escolheram Rosário Partidário.

Até ao fim o processo vai ser pautado por independência e transparência total“, assegurou Mineiro Alves, que antes já tinha elogiado e agradecido o trabalho que está a ser feito pela CTI.

O presidente da comissão de acompanhamento apontou ainda às críticas sobre a ausência dos custos nos critérios iniciais para a seleção das opções para o novo aeroporto. “Achar que se iriam esquecer de perguntar quanto é que custa é passar um atestado de menoridade às pessoas”, afirmou.

A CTI divulgou este fim de semana os fatores críticos de decisão para avaliar a melhor solução para o novo aeroporto, que vão estar em consulta pública até 4 de agosto. As opções em cima da mesa para o reforço da capacidade aeroportuária da região de Lisboa são: Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Campo de Tiro de Alcochete, Santarém, Portela + Santarém, Vendas Novas, Portela + Vendas Novas e Rio Frio + Poceirão.

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Parlamento Europeu quer duplicar produção de semicondutores. Há 3,3 mil milhões para investir

Um novo regulamento, aprovado no Parlamento Europeu, prevê uma aposta reforçada da União Europeia nos semicondutores.

O Parlamento Europeu aprovou, esta terça-feira, o Regulamento para os Circuitos Integrados na União Europeia, um regulamento que pretende impulsionar esta indústria a nível europeu e que assegura 3,3 mil milhões de euros para investigação e inovação relacionadas com circuitos integrados.

Um circuito integrado é um conjunto de circuitos eletrónicos instalados numa pequena peça plana de material semicondutor. Pode captar, armazenar, processar e ter efeitos sobre os dados, e estão presentes em aparelhos do quotidiano como telemóveis, computadores, frigoríficos, máquinas de lavar a roupa ou luzes LED, mas também em equipamento médico, automóveis e aeronaves.

Para ilustrar, a Comissão Europeia indica que um telemóvel inteligente contém cerca de 160 circuitos integrados e um automóvel elétrico híbrido contém até 3 500 circuitos integrados. Além disso, integram infraestruturas fundamentais na área da energia, dados e comunicação.

O objetivo do Regulamento para os Circuitos Integrados na União Europeia é aumentar a capacidade de produção e semicondutores da UE de menos de 10% para 20%. Desta forma, procura-se criar capacidade em larga escala nos países do bloco, garantir que a UE tem abastecimento próprio a níveis muito superiores e que a União Europeia consegue reagir rapidamente em situações de crise de abastecimento.

Nesta proposta, os eurodeputados garantiram 3,3 mil milhões de euros para a investigação e inovação relacionadas com circuitos integrados, bem como a criação de uma rede de centros de competências.

Em paralelo, os eurodeputados defenderam um mecanismo de resposta a crises, assim como medidas de emergência que incluem priorizar o fornecimento de produtos afetados pela escassez e a realização de compras comuns para os Estados-Membros.

A legislação foi adotada com 587 votos a favor, 10 votos contra e 38 abstenções. Terá agora de ser aprovada pelo Conselho de Ministros para se tornar lei.

Mas porquê investir nestes circuitos?

No último ano, a Europa assistiu a perturbações no aprovisionamento de circuitos integrados, o que conduziu a uma escassez em vários setores económicos e teve consequências potencialmente graves para a sociedade, lê-se na proposta. Muitos setores europeus, incluindo a indústria automóvel, a energia, as comunicações e a saúde, bem como setores estratégicos como a defesa, a segurança e o espacial, encontram-se ameaçados por estas perturbações no aprovisionamento.

Prevê-se que a procura de circuitos integrados duplique entre 2022 e 2030, e estima-se que a indústria dos semicondutores tenha um valor de aproximadamente um bilião de dólares em 2030.

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5 perguntas e respostas sobre a OPA de mil milhões da EDP no Brasil

EDP tenta hoje ficar com 100% do negócio no Brasil. Mas quanto é que vale a operação brasileira? Qual o objetivo da OPA? E quanto é que a empresa portuguesa oferece?

Hoje é o Dia D na Oferta Pública de Aquisição (OPA) de mil milhões de euros que a EDP lançou sobre a EDP Brasil. Mas o que representa esta operação? Qual é o objetivo? Um guia com 5 perguntas e respostas por detrás de mais um negócio milionário da elétrica liderada por Stilwell d’Andrade.

O que é hoje a EDP Brasil?

A EDP Brasil é uma das maiores companhias elétricas privadas a operar no Brasil. Foi fundada em 2000 e, cinco anos depois, estreou-se na bolsa de São Paulo, no Novo Mercado da BM&F Bovespa (designada por B3).

Atualmente, a EDP detém 56% das ações da EDP Brasil, enquanto 41,3% estão dispersas na bolsa (free float) e 2,6% estão em tesouraria.

A elétrica liderada por João Marques da Cruz está presente em 15 Estados brasileiros. Opera no mercado da distribuição e transmissão e ainda na produção hídrica, térmica e solar. Tem uma capacidade instalada de 2,7 GW (menos de 10% do total do grupo).

Fechou 2022 com um EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 5,3 mil milhões de reais, quase mil milhões de euros, representando mais de 20% do EBITDA gerado pelo grupo no ano passado.

Por que é que a EDP quer 100% do negócio no Brasil?

A EDP quer tirar a EDP Brasil da bolsa e justifica a OPA com o objetivo da “simplificação da estrutura corporativa e organizacional” do grupo, o que permitirá “maior flexibilidade na gestão financeira e operacional das suas operações no Brasil, e alinhado com a sua estratégia de foco em energias renováveis e redes de eletricidade”, segundo explicou no anúncio da oferta.

Qual é estratégia para o Brasil? Reduzir a contribuição do negócio para 14% em 2026 face ao peso de mais 20% do ano passado. A EDP pretende um reposicionamento da sua carteira de negócios, com a redução da exposição às hidroelétricas e a saída da produção térmica e concentrando-se mais no solar e nas eólica e no crescimento das redes reguladas.

Quanto é que oferece?

A EDP quer comprar os 41,45% de capital da EDP Brasil que não detém, isto é, mais de 240 milhões de ações que estão dispersas na bolsa.

Para convencer os investidores oferece uma contrapartida de 23,73 reais por ação (cerca de 4,4 euros por ação), com um prémio de 22,3% em relação à sessão de fecho anterior ao anúncio da OPA a 1 de março.

Entretanto, as ações da EDP Brasil encerraram esta segunda-feira nos 23,66 reais, o último dia em que os acionistas poderiam habilitar-se para participar no leilão. Conferindo aos investidores um prémio de apenas 0,29%.

Se for bem-sucedida na operação e adquirir os 41,45% da companhia brasileira, a EDP desembolsará 5,7 mil milhões de reais, o que dá cerca de mil milhões de euros.

Contas feitas, esta OPA tem subjacente uma avaliação da EDP Brasil na ordem dos 2,4 mil milhões de euros.

Quando termina a OPA?

Na verdade, o leilão realiza-se esta terça-feira. Mas só poderão participar na operação os acionistas da EDP Brasil que se habilitaram. A habilitação para o leilão decorreu entre 31 de maio e esta segunda-feira, dia 10 de julho, período durante o qual o investidor teve de se credenciar junto de uma sociedade corretora autorizada para operar na bolsa.

A contrapartida é de 23,73 reais por ação, mas a EDP, no decurso do leilão, poderá aumentar a oferta, sendo que o novo preço se estenderá automaticamente a todos os acionistas habilitados.

A liquidação da OPA tem lugar na sexta-feira, dia 14.

O que acontece a seguir?

Há duas metas (Quórum de aprovação) que a EDP terá de atingir para conseguir a Saída do Novo Mercado e a Conversão de Registo:

  • Em relação à Saída do Novo Mercado, a EDP precisa de adquirir, pelo menos, 1/3 das ações em circulação (consideradas aquelas detidas pelos acionistas habilitados para a oferta).
  • Para conseguir a Conversão de Registo da EDP Brasil na CVM de emissora de valores mobiliários categoria “A” para “B” e, consequentemente, a Saída do Novo Mercado, precisará da concordância dos acionistas titulares de mais de 2/3 das ações em circulação. Nota: um emitente de categoria B não pode ter as ações negociadas no mercado regulamentado.

Se a OPA tiver aprovação necessária para a Conversão de Registo, abre-se uma janela de 90 dias (até 11 de outubro) para os acionistas “resistentes” poderem vender as ações à EDP pelo mesmo preço da oferta — ainda que se tenham manifestado contrariamente a ela.

Por outro lado, caso tenha sido atingido o quórum de Saída do Novo Mercado e não o quórum para Conversão de Registo, os acionistas terão 30 dias (até 11 de agosto) para vender as suas ações nas mesmas condições.

A EDP poderá ainda avançar com uma espécie de OPA potestativa (Resgate das ações objeto da oferta) caso restem menos de 5% do total das ações da EDP Brasil após a conclusão da operação e caso se atinja o quórum para Conversão do Registo.

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Investimento privado nas PPP caiu 27% em 2022

Com várias PPP a terminar, os encargos líquidos suportados pelo setor público também recuaram 12,3% face ao ano passado.

Com as Parcerias Público-Privadas (PPP) a diminuir, o dinheiro que os privados colocam neste tipo de gestão também recua. Em 2022, o investimento dos parceiros privados em PPP caiu 27%, para 166 milhões de euros, de acordo com o mais recente relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). Numa análise mais longa, revelam que o investimento em PPP tem caído desde 2011.

Enquanto o investimento realizado pelos parceiros privados ascendeu a 166 milhões de euros, a preços correntes, menos 61 milhões que em 2021, os encargos líquidos suportados pelo setor público ascenderam a 1.326 milhões de euros e os encargos brutos a 1.685 milhões, segundo a apreciação feita pela UTAO das Parcerias Público-Privadas em 2022.

Os encargos líquidos suportados pelo setor público também recuaram em 12,3% face ao ano passado e ficaram inclusivamente abaixo das previsões constantes no Relatório da POE/2022. O Governo projetava uma diminuição de 6,7% nos gastos com PPP, que acabou por ser maior.

A evolução do setor rodoviário tem bastante influência neste número, sendo que é o que tem maior expressão nas PPP atuais. Os encargos foram abaixo do previsto e as receitas com portagens melhores do que o esperado, permitindo também controlar os custos nesta rubrica.

Neste relatório, a UTAO decide também olhar para as últimas duas décadas, constatando que, “desde 1998 e até ao final de 2022, o investimento realizado sob a forma de PPP ascendeu a 16.137 milhões de euros”. Destes, 87,6% dizem respeito ao setor rodoviário.

Mas na verdade, o investimento em PPP já tem caído desde 2011. “Tanto em termos relativos como em valores absolutos, as maiores contrações acorreram no período 2012–2014”, nota a UTAO. Se em 2011 os fluxos de investimento atingiam os dois mil milhões de euros a preços constantes (2022), esse montante recuou para 166 milhões em 2022.

Ainda se registou um aumento em 2015, sobretudo devido ao facto de terem sido retomadas as obras nas subconcessões rodoviárias Baixo Alentejo e Algarve Litoral, mas têm-se registado quebras nos últimos tempos.

(Notícia atualizada às 15h25)

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