Hoje nas notícias: Função Pública, BPI em Angola e descentralização na saúde

  • ECO
  • 30 Maio 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Governo vai discutir na quarta-feira com os sindicatos o diploma que visa acelerar as carreiras de mais de 300 mil funcionários públicos a partir de de 1 de janeiro de 2024. O grupo Carrinho e a Gemcorp avançaram com propostas para comprar a posição de 48,1% que o BPI tem no Banco de Fomento Angola. A marcar o dia está ainda a notícia de que apenas um quinto das autarquias definiu, até ao final de fevereiro, a respetiva estratégia municipal de saúde e criou um conselho municipal de saúde. Veja estas e outras notícias nas manchetes nacionais.

Governo apresenta proposta para acelerar carreira a mais de 300 mil funcionários públicos

O Governo vai apresentar e discutir na quarta-feira com os sindicatos o diploma que visa acelerar as carreiras de mais de 300 mil funcionários públicos a partir de de 1 de janeiro de 2024. Em causa estão os trabalhadores abrangidos pelos dois períodos de congelamento das carreiras entre 2005 e 2007 e entre 2011 e 2017, para os quais passam a ser precisos seis pontos em vez de dez. Medida permitirá aos trabalhadores ganharem mais entre 50 e 200 euros brutos por mês.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Gemcorp e Carrinho fazem propostas para comprar banco do BPI em Angola

O grupo Carrinho e a Gemcorp avançaram com propostas tendo em vista aquisição da posição de 48,1% que o BPI tem no Banco de Fomento Angola (BFA). Os dois candidatos terão de apresentar ofertas finais ao longo de julho. O banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa pretende vender este ativo por, pelo menos, 411 milhões de euros.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Verba para descentralizar na saúde insuficiente para metade das autarquias

Apenas um quinto das autarquias definiu, até ao final de fevereiro, a respetiva estratégia municipal de saúde e criou um conselho municipal de saúde, de acordo com um estudo de perceção dos efeitos da descentralização de competências na área da saúde. Segundo o “Municípios e Saúde: entre as Lições da Covid-19 e os Desafios da Descentralização”, feito junto de presidentes de assembleias municipais, mais de metade dos municípios considera que o envelope financeiro destinado a financiar a transferência de competências nesta área é insuficiente para fazer face aos encargos municipais.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Aposta da Santa Casa em África e na América do Sul já custou 20 milhões

O projeto de internacionalização da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), da responsabilidade da empresa Santa Casa Global, já custou 20 milhões de euros e ainda não obteve receitas. A Santa Casa Global vai ter novamente prejuízos em 2022. A empresa alega que o “investimento inicial teve de ser reforçado pelas contingências impostas pela pandemia que afetou a atividade, sobretudo, no Peru e no Brasil, países que conheceram largos períodos de confinamento e encerramento da atividade comercial, com impacto em negócios de base territorial”.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Governo pondera mobilizar totalidade dos empréstimos da bazuca europeia

O Governo está a estudar recorrer à totalidade do envelope de 14,2 mil milhões de euros que o Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) pode disponibilizar a Portugal a título de empréstimo, tendo em vista captar mais investimento estratégico para o país.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo apresenta esta semana proposta para acelerar carreira a mais de 300 mil funcionários públicos

  • ECO
  • 30 Maio 2023

Executivo socialista pretende reduzir o número necessário de pontos para a progressão para um conjunto de funcionários públicos afetados pelo congelamento de carreiras.

O Governo vai apresentar e discutir na quarta-feira com os sindicatos o diploma que visa acelerar as carreiras de mais de 300 mil funcionários públicos a partir de de 1 de janeiro de 2024, avança esta terça-feira o Correio da Manhã (acesso pago).

Em causa estão os trabalhadores abrangidos pelos dois períodos de congelamento das carreiras, isto é, entre 2005 e 2007 e entre 2011 e 2017, para os quais passam a ser precisos seis pontos em vez de dez para progredirem na respetiva tabela remuneratória. Assim, na prática, a medida é dirigida aos funcionários públicos que estejam sujeitos ao SIADAP, que tenham, pelo menos, 18 anos de carreira e que tenham sido afetados pelo congelamento das carreiras.

O objetivo, de acordo com o mesmo jornal, é permitir a estes trabalhadores do Estado ganharem mais entre 50 e 200 euros brutos por mês. O secretário-geral da Fesap defende que esta medida “é importante e repõe alguma justiça” e “permite que quem tenha 20 ou 30 anos de serviço saia da base salarial da administração pública e também valoriza os salários [dos quadros mais qualificados]”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rússia emite mandado de prisão contra senador dos EUA por comentário sobre guerra na Ucrânia

  • Lusa
  • 30 Maio 2023

Lindsey Graham, um republicano da Carolina do Sul, surgiu num vídeo a dizer que "os russos estão a morrer" e descreveu a assistência militar dos EUA ao país como "o melhor dinheiro já gasto".

O Ministério do Interior da Rússia emitiu um mandado de captura contra o senador republicano dos Estados Unidos, Lindsey Graham, pelos seus comentários sobre a guerra na Ucrânia.

Num vídeo editado sobre a sua reunião na sexta-feira com o Presidente ucraniano, divulgado pelo gabinete de Volodymyr Zelensky, Graham, um republicano da Carolina do Sul, observou que “os russos estão a morrer” e descreveu a assistência militar dos EUA ao país como “o melhor dinheiro já gasto”.

Apesar de Graham parecer ter feito estes dois comentários em diferentes partes da conversa, o pequeno vídeo divulgado pelo gabinete presidencial da Ucrânia colocou as frases coladas, o que causou indignação na Rússia.

O porta-voz do Presidente russo Vladimir Putin, Dmitry Peskov, frisou no domingo que “é difícil imaginar uma vergonha maior para o país do que ter tais senadores”.

O Comité de Investigação da Rússia, a principal agência de investigação criminal do país, abriu um inquérito criminal contra Graham, e o Ministério do Interior emitiu um mandado de prisão, conforme indica o registo oficial de suspeitos criminais procurados.

Graham está entre os mais de 200 membros do Congresso dos EUA que Moscovo proibiu no ano passado de entrar na Rússia. O senador republicano destacou na rede social Twitter que o compromisso demonstrado para com a Ucrânia “atraiu a ira do regime de Putin”, manifestando ainda uma “imensa alegria”.

“Continuarei a defender a liberdade da Ucrânia até que todos os soldados russos sejam expulsos do território ucraniano. Vou utilizar o mandado de prisão emitido pelo governo corrupto e imoral de Putin como uma ‘medalha de honra'”, frisou.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O dia em direto nos mercados e na economia – 30 de maio

  • ECO
  • 30 Maio 2023

Ao longo desta terça-feira, 30 de maio, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mau cheiro e “tremores” levam fiscal dos transportes a procurar novo escritório

AMT quer sair do Palácio Coimbra, junto à estação de Santa Apolónia, até ao final deste ano e deixar de pagar renda à IP, uma das entidades que tutela.

A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) está à procura de um novo escritório em Lisboa. Desde fevereiro que a entidade liderada por Ana Paula Vitorino lançou uma consulta ao mercado para encontrar um novo espaço para as suas instalações. Até ao final deste ano, a AMT quer sair do Palácio Coimbra, junto à estação de Santa Apolónia, por causa do mau cheiro, dos “tremores” causados pelas manobras dos comboios e da falta de espaço para organizar conferências. A autoridade, no entanto, não tem obtido muitas respostas.

A AMT procura um edifício no centro de Lisboa com pelo menos 2.300 metros quadrados de área, capacidade para 100 postos de trabalho, um mínimo de 40 lugares de estacionamento coberto e um espaço para um auditório com um mínimo de 100 lugares sentados, assim refere o anúncio publicado em 10 de fevereiro. A AMT pretende alugar o imóvel por pelo menos uma década, com renovação a cada três anos. Caso o novo espaço seja posto à venda, a entidade quer direito de preferência e deduzir no valor da compra metade das rendas pagas até à assinatura da escritura.

Não deveríamos ser inquilinos de uma empresa regulada. É uma relação contratual que não é transparente e que, no limite, pode levar-nos a sermos menos exigentes

Ana Paula Vitorino

Presidente da AMT

“Gostaria muito que este processo fosse concluído nos próximos meses e que pudéssemos fazer a mudança até ao final deste ano”, diz ao ECO a presidente da AMT, Ana Paula Vitorino. No entanto, a ambição da antiga ministra socialista tem esbarrado em vários problemas, sobretudo junto de entidades públicas. O Estado “não tem” espaços que se adequem as necessidades e a AMT já abordou as câmaras de Lisboa e de Oeiras, o Instituto da Defesa Nacional, a Santa Casa de Lisboa e o Ministério das Finanças. Havia “quartéis disponíveis” mas a AMT não tem equipa suficiente para ocupar um quartel, descreve Ana Paula Vitorino.

Os problemas repetem-se nas conversas com os privados. A AMT tem orçamento suficiente para “pagar umas instalações condignas”, mas “as propostas são muito poucas”. “O Estado não é um inquilino agradável porque negoceia preços e paga menos do que os privados”, explica.

A autoridade faz questão de mudar-se para um espaço “próximo dos transportes públicos” para que possa oferecer um passe mensal aos seus funcionários — solução que está a ser estudada a nível legal. Junto a Santa Apolónia, os funcionários têm acesso a autocarros, uma estação de metro e comboios suburbanos, regionais e de longo curso. “É muito engraçado se for a descer”, o pior é o inverso, refere.

Sobre a necessidade de um auditório e de mais de 100 lugares de estacionamento, a responsável lembra que a autoridade “promove várias conferências por ano”, com “muitos convidados”. A situação obriga a ter um parque de estacionamento próprio “porque se formos para um lugar central não há lugares na rua”.

Palácio com problemas

Desde que foi criada, em julho de 2015, que a autoridade dos transportes ocupa o Palácio Coimbra. A antiga casa nobre, construída no século XVII, está “sob jurisdição” da Infraestruturas de Portugal (IP), à qual a AMT paga uma renda pela ocupação do espaço. “Não deveríamos ser inquilinos de uma empresa regulada. É uma relação contratual que não é transparente e que, no limite, pode levar-nos a sermos menos exigentes”, argumenta a presidente da AMT, Ana Paula Vitorino.

O palácio já albergou a sede da Refer – empresa que geriu a rede ferroviária nacional entre 1997 e 2015 – e chegou a pertencer à CP. A proximidade à linha de comboio, no entanto, não é vista como uma vantagem para a líder da autoridade dos transportes. “Os trabalhadores estão no piso -1, a dois metros da linha. Cada vez que se faz uma manobra, todo o prédio treme. As pessoas que estão cá em reuniões ficam assustadíssimas, porque parece um sismo violento. Os computadores até vão abaixo”, queixa-se.

A antiguidade do prédio também provoca problemas na temperatura e na salubridade do espaço. “No inverno, fiz questão de comprar um aquecimento para não ficar congelada. Quando a maré está baixa, fica insuportável usar o piso de baixo, com o cheiro dos esgotos”, lamenta. O facto de o edifício não estar preparado para escritórios e equipamentos eletrónicos leva a AMT a pagar uma renda adicional, de outro espaço, para albergar os seus servidores.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marque na sua agenda: Apoio extraordinário à renda começa hoje a ser pago

  • Ana Petronilho
  • 30 Maio 2023

Há 150 mil agregados que nos próximos cinco anos vão receber um apoio extraordinário à renda. Apoio é para famílias com rendimentos abaixo do 6.º escalão e uma taxa de esforço acima de 35%.

Começa esta terça-feira, dia 30 de maio, a ser pago o apoio às rendas para habitação própria e permanente, sendo esta uma das medidas incluídas no pacote Mais Habitação, para mitigar os impactos da inflação sobre o valor das rendas.

Este subsídio de renda (denominado “novo apoio extraordinário à renda”) vai estar em vigor durante cinco anos e tem um valor que flutua entre 20 e 200 euros para ajudar as famílias com taxas de esforço superiores a 35%, e será atribuído aos contratos celebrados até 15 de março de 2023, registados na Autoridade Tributária e Aduaneira. O apoio começa hoje a ser transferido a cerca de 35 mil famílias e o valor médio mensal será de 87 euros, com retroativos a janeiro.

“O apoio terá efeitos retroativos a 1/1/2023, sendo a parte retroativa paga logo no primeiro mês do apoio”, segundo um documento explicativo publicado no site do Governo. Quer isto dizer que as famílias abrangidas vão receber já este mês os 87 euros relativos aos primeiros cinco meses do ano, o que totaliza 435 euros, disse ao Dinheiro Vivo o Ministério da Habitação.

No entanto, o subsídio de apoio à renda deverá abranger, ao todo, 150 mil agregados familiares e a despesa prevista pelo Governo com a medida ascende a 250 milhões por ano.

Para serem elegíveis, os inquilinos deverão ter uma taxa de esforço (rendimento mensal afeto ao pagamento da prestação) igual ou superior a 35% e rendimentos coletáveis anuais até 38.632 euros (6.º escalão do IRS), isto é, já depois do abate da dedução específica no IRS de 4.104 euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O que une e separa as crises políticas em Portugal e Espanha

Costa e Sanchéz são dois líderes socialistas a enfrentar o crescimento da extrema-direita, mas há outros fatores que juntam e separam os cenários dos vizinhos ibéricos.

Depois de uma derrota do PSOE nas eleições municipais e regionais, o chefe de Governo espanhol decidiu convocar eleições legislativas antecipadas e dissolver o parlamento. Em terras vizinhas, o primeiro-ministro socialista também tem enfrentado a ameaça da dissolução da Assembleia da República, ainda que vinda do próprio Presidente. Há semelhanças e diferenças entre as crises políticas na Península Ibérica, mas é ainda incerto se o cenário partidário vai mudar ou se manterá na mesma.

António Costa recebe Pedro Sanchéz em São Bento - 06JUL20

As eleições em Espanha estão marcadas para 23 de julho, cerca de cinco meses antes que o previsto. A decisão surgiu pela mão do próprio chefe de Governo, Pedro Sanchéz, que diz que os espanhóis devem decidir o “rumo político” do país, depois de eleições que deram a vitória ao PP, invertendo o mapa anterior.

Por cá, as eleições legislativas estão marcadas apenas para 2026, mas muito se tem falado, nomeadamente na oposição, sobre a possibilidade de as antecipar, depois de vários casos e polémicas que têm abanado o Governo. Afinal, o que une e o que separa as situações entre os países vizinhos?

Socialistas sob pressão dos dois lados da fronteira

“Objetivamente, a principal semelhança é o partido no poder, no Governo, que é socialista”, aponta ao ECO a politóloga Paula Espírito Santo. Pedro Sanchéz é o líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o chefe de Governo, ainda que coligado com o Unidas Podemos. Já António Costa é secretário-geral do PS e obteve maioria absoluta nas últimas eleições, em janeiro de 2022.

Pela Europa, alguns políticos socialistas têm sofrido derrotas, nomeadamente na Suécia e na Finlândia, numa altura em que partidos de extrema-direita têm vindo a ganhar força. Já há três governos dependentes da extrema-direita na União Europeia, que vai a eleições em junho do próximo ano.

Esta é uma altura em que os partidos no Governo têm também estado sob pressão pela resposta à guerra na Ucrânia, que surgiu no rescaldo de um período crítico com a pandemia de Covid-19, em que a recuperação se estava ainda a consolidar, e trouxe consigo um aumento do custo de vida, nomeadamente com a subida dos preços da energia, inicialmente, e agora dos alimentos.

Extrema-direita continua a ganhar força

Neste cenário, o Vox, partido espanhol de extrema-direita, saiu reforçado tanto nas regionais, onde aumentou a representação nos parlamentos autonómicos, como nas municipais, onde alcançou 7,19% dos votos globais (tinha tido 3,56% nas autárquicas anteriores, de 2019). Além disso, o PP só conseguirá governar em algumas das regiões e municípios, onde ganhou as eleições no domingo, com o apoio do Vox.

Para o líder do partido da extrema-direita, Santiago Abascal, no domingo, o Vox “consolidou-se como projeto nacional” e como partido “absolutamente necessário” para construir uma alternativa à esquerda em Espanha.

“No caso espanhol, o peso do Vox é importante, mas talvez não seja elemento decisivo para o primeiro-ministro convocar eleições”, aponta a politóloga Paula Espírito Santo. “Em Espanha, olhamos para o poder político em duas dimensões: municipal/regional e nacional”, destaca, pelo que os resultados poderão ser diferentes nas legislativas.

Em Portugal, a extrema-direita também tem vindo a ganhar força, com o Chega a afigurar-se já a terceira maior força política nas últimas eleições. As sondagens têm mostrado que será difícil o PSD governar sem apoio. Esta possibilidade não passa despercebida ao Presidente da República, que já mencionou a alternativa política (ou a falta dela) como uma das justificações para não avançar já com a dissolução da Assembleia.

É de recordar também que por cá, o PSD tem sido instado a traçar linhas vermelhas mas já chegou a fazer um acordo partidário com o Chega (e com a Iniciativa Liberal) nos Açores.

Regimes políticos diferentes

Os dois países ibéricos têm regimes políticos diferentes, o que acaba por influenciar o desenrolar da política e permite assim resultados desiguais. “São regimes diferentes: o nosso é semipresidencialista, no espanhol [uma monarquia parlamentarista] o primeiro-ministro é o presidente do Governo” e acaba por ter mais poder, aponta a investigadora do ISCSP.

Neste cenário, o papel das figuras de Estado na decisão de dissolver é diferente. Em Espanha, foi Sanchéz que decidiu avançar com a decisão, mas em Portugal esta possibilidade tem recaído sobre Marcelo Rebelo de Sousa.

Mesmo assim, a decisão pode também partir do primeiro-ministro. Existiu até uma história semelhante em Portugal com António Guterres, “quando perdeu as eleições autárquicas no final de 2001 e apresentou a demissão e dissolveu-se o Parlamento”, recorda a politóloga.

Tal não parece provável neste caso, diz: “Conhecendo o contexto nacional e a forma como António Costa tem vindo a ser primeiro-ministro, não parece que esteja no horizonte apresentar demissão”.

Economia espanhola cresce mas inflação pressiona

A economia espanhola cresceu 0,5% no primeiro trimestre do ano, comparando com o anterior, segundo uma estimativa do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Espanha. Este crescimento do Produto Interno Bruto de Espanha entre janeiro e março é quase igual ao do trimestre anterior (0,4%). Já comparando com os mesmos meses de 2022, o PIB de Espanha cresceu 3,8% entre janeiro e março. A economia espanhola cresceu 5,5% no ano passado, um aumento igual ao de 2021 e, nos dois casos, o maior desde 1973.

Os preços em Espanha subiram 4,1% em abril, que, a confirmar-se, revela um aumento em oito décimas da inflação, que tinha sido 3,3% em março. A inflação subiu em abril, apesar de ter havido uma moderação no aumento dos preços dos alimentos, comparando com o mesmo mês do ano passado, diz o INE.

O economista José Reis salienta ao ECO que existem “semelhanças visto que são dois países próximos, integrados e com estruturas económicas em certos pontos comparáveis”. Ainda assim, o “cenário económico distingue-se um bocadinho, provavelmente em aspetos nalguns positivos para Espanha. Por exemplo tem tido do ponto de vista laboral e das remunerações uma dinâmica muito mais positiva e inclusiva”, nomeadamente com um “acordo bastante significativo em matéria laboral e salarial”.

“Por trás disso estão evoluções de salário muito mais positivas do que as que se verificaram em Portugal”, acrescenta. Além disso, a evolução salarial surgiu como forma de contrabalançar a inflação, nota. No campo da inflação, aplicaram também medidas como a isenção de IVA em alguns produtos, medida que foi “copiada” por Portugal com o cabaz IVA Zero.

José Reis destaca também que os consensos no Governo levam a um “quadro político e económico relativamente favorável”, apesar da derrota nas eleições. “O quadro económico espanhol é positivo – questões da inflação, salários e sobretudo dos acordos que incluem sindicatos”, salienta, isto apesar da subida de preços ter voltado a acelerar.

Por outro lado, Pedro Braz Teixeira também aponta semelhanças no desempenho com a economia portuguesa, tendo como principal diferença uma correção do défice orçamental mais atrasada em Espanha. “Há bastantes parecenças, em termos conjunturais, economia a abrandar, inflação também, desemprego a cair” em termos anuais, aponta o economista.

“A diferença principal que se nota é o défice: terá uma correção mais atrasada”, nota, com base nas previsões da Comissão Europeia, “o que pode ter algumas implicações politicas, no sentido em que vai ser difícil politicamente corrigir o défice”, admite.

Noutro nível, é de destacar que Portugal está com um indicador mais favorável: o prémio de risco da dívida. Como salienta o El Mundo (acesso livre, conteúdo em espanhol), o governo português financia-se em trinta pontos base mais barato que o espanhol, com os investidores a mostrarem-se mais confiantes em Portugal.

Timings eleitorais

Outro elemento que separa as crises são os timings das eleições. Por um lado, as últimas eleições legislativas em Portugal foram em 2022, há pouco mais de um ano, e as próximas estão marcadas apenas para 2026. Já em Espanha, realizaram-se em 2019 e as próximas estavam marcadas para dezembro deste ano. A antecipação anunciada por Sanchéz é, assim, apenas de cinco meses, enquanto em Portugal seria de cerca de três anos.

As eleições municipais serviram de sondagem em Espanha e motivaram esta decisão de Sanchéz. Já em Portugal, as próximas eleições que vão servir de barómetro serão as europeias, em junho de 2024. Mesmo assim, não têm a mesma importância que umas eleições autárquicas, salienta Paula Espírito Santo.

Além disso, é de notar que há também diferenças no que diz respeito à gestão das regiões. “Em Espanha, o regionalismo tem um peso que não tem em Portugal”, diz a politóloga. “O comportamento eleitoral em Espanha é muito influenciado pelo municipalismo, pela força das regiões”, acrescenta.

É ainda de destacar que a rapidez com que se marcaram eleições em Espanha, que se vão realizar daqui a menos de dois meses, seria mais difícil em Portugal. Há elementos como o voto emigrante e toda uma preparação logística que ditariam eleições em mais tempo, sendo de recordar que quando Marcelo dissolveu o Parlamento em 2021, na sequência do chumbo do Orçamento do Estado, foi necessário esperar algumas semanas para oficializar por forma à data das eleições recaírem no período legal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Turbulência política em Espanha não deve abanar economia portuguesa

Espanha é o principal parceiro comercial de Portugal e as economias estão integradas economicamente, mas não se perspetivam mudanças significativas derivadas das eleições antecipadas.

Espanha vai avançar para eleições antecipadas já em julho, na sequência de umas eleições municipais desanimadoras para o PSOE. Apesar da proximidade, os economistas ouvidos pelo ECO indicam que é pouco provável que esta turbulência na política espanhola tenha impactos económicos significativos para Portugal.

“A economia portuguesa e espanhola estão muito integradas”, começa por salientar ao ECO o economista José Reis, sendo que Espanha é o principal destino das exportações e também o principal importador de Portugal. “Embora haja significado político nos resultados das eleições, tem poucas consequências para a economia em si mesmo“, considera o professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

Espanha foi o principal país cliente de Portugal em 2022 e a tendência mantém-se este ano, sendo que no trimestre terminado em março as exportações para o país atingiram 5,2 mil milhões de euros, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística. No inverso, Espanha foi também o principal fornecedor, com as importações a chegar aos nove mil milhões de euros no primeiro trimestre de 2023.

Balança comercial de Espanha com Portugal

Fonte: AICEP, INE

É ainda incerto se as eleições, convocadas para 23 de julho, vão trazer uma mudança de Governo ou não, mas mesmo assim a integração “não se alteraria”, aponta. “Não são coisas que se mudam de um ano para o outro”, acrescenta o economista, sublinhando que “na medida em que a economia espanhola funcione, traduz-se nas nossas exportações mas o inverso também é verdade”.

Quanto a outros dossiês económicos, além do comércio, “alguns são meramente simbólicos como cooperação transfronteiriça”, ou até outros “mais importantes como água”, não se vislumbram efeitos significativos.

A rapidez do processo, com eleições convocadas para daqui a menos de dois meses, é outro elemento que limita a instabilidade política no país, algo que poderia prejudicar a economia. A “coligação de partidos tem-se revelado estável apesar das incidências locais”, aponta o economista, referindo-se aos resultados das eleições municipais, o que “traz alguma estabilidade à governação espanhola”.

Pedro Braz Teixeira também concorda que, apesar de poderem existir algumas alterações, Espanha tem uma “economia suficientemente estabilizada para as eleições não terem um impacto muito significativo”.

“Espanha está enquadrada no contexto europeu, também está a receber o equivalente ao Plano de Recuperação e Resiliência lá, está condicionada na política orçamental, tem a mesma taxa de câmbio e política monetária” que Portugal, enumera o economista. Desta forma, “há muitas variáveis que são parecidas”.

Quanto à orientação política, mesmo que se mantenham os socialistas no poder, os “governos de esquerda em Espanha mantêm no geral uma posição pró-atividade económica, pró-empresas e negócios”, salienta Pedro Braz Teixeira. Assim, “ao contrário de Portugal”, ambos os lados teriam uma postura favorável aos negócios e, por isso, os impactos para Portugal deverão ser reduzidos.

Usando também os mercados como barómetro, a bolsa de Lisboa destacou-se entre as congéneres europeias ao subir mesmo com o sentimento negativo à volta das eleições antecipadas em Espanha.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Das pensões à lei da habitação. Os temas que as eleições antecipadas em Espanha deixam em suspenso

Espanha vai para eleições antecipadas a 23 de julho. Decisão surge num momento em que as estimativas económicas apontavam para crescimento. Que impacto pode vir a ter nessa trajetória?

Uma lei que pode ser eliminada mesmo sem ter sido aplicada. Impostos que podem cair por terra. Incerteza no que toca às pensões. Um lugar no Conselho Europeu que ainda não se sabe quem ocupará. Da nova lei de habitação às pensões, há uma série de temas que as eleições legislativas antecipadas em Espanha deixam, agora, em suspenso.

A noite de domingo foi dramática para o partido socialista PSOE e a reação do primeiro-ministro espanhol não se fez esperar. Pedro Sánchez anunciou, esta segunda-feira, a dissolução do Parlamento e a antecipação das eleições legislativas nacionais para 23 de julho, evitando assim o risco de um período mais longo de desgaste do seu Governo durante os próximos meses, com uma direita agora encorajada pelo sucesso eleitoral nas eleições regionais e municipais do passado domingo. O Partido Popular (PP) foi a força política mais votada, tendo conseguido uma maioria absoluta em Madrid e conquistado Sevilha e Valência à esquerda, três das quatro maiores cidades espanholas.

“O Governo já avançou com as grandes reformas a que se comprometeu. O nosso país está prestes a assumir a responsabilidade muito importante da presidência do Conselho da UE. Tudo isto exige uma clarificação entre os espanhóis sobre as forças políticas que devem liderar esta fase e as políticas a aplicar. Só há um método infalível, que é a democracia. O melhor é que os espanhóis tomem a palavra para definir, sem demora, a direção política do país”, disse Pedro Sánchez.

A ida de Espanha para eleições antecipadas apanha o país num momento da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) — Espanha já recebeu 37,03 mil milhões de euros — e as últimas previsões para a economia espanhola de Bruxelas e do FMI apontavam para uma trajetória de crescimento.

Resta saber que impacto este ato legislativo terá nos dossiers em mãos. Há, pelo menos, cinco que ficarão pendentes do resultado da noite eleitoral, aponta o Expansión (acesso pago, conteúdo em espanhol).

1) Lei da Habitação

Entrou em vigor na passada sexta-feira e a sua aplicação real está já sob ameaça. O mapa político deixado pelas eleições municipais e regionais de 28 de março deixa, agora, a aplicação da nova Lei da Habitação em suspense, já que esta lei depende, em grande medida, das autarquias locais e das regiões autónomas. O Partido Popular (PP), que a força política mais votada — tendo conseguido mesmo uma maioria absoluta em Madrid e conquistado Sevilha e Valência à esquerda — tem vindo a repetir em diversas ocasiões que não aplicará determinados aspetos da Lei da Habitação, nomeadamente a declaração de zonas de risco e o controlo dos preços, que dependem das regiões autónomas.

Uma possível reviravolta a nível nacional nas eleições de 23 de julho pode significar também o fim desta lei, antes ainda de ter sido aplicada.

2) Subida das pensões e planos de pensões

O Governo de Sánchez aprovou várias medidas que afetaram as pensões, sendo que uma das mais criticadas pela oposição foi o aumento por lei das pensões de acordo com o IPC. Esta medida levou a um aumento de 8,5% este ano, o que significou que os mais de nove milhões de pensionistas começaram o ano com um aumento médio de cerca de 93 euros por mês. A pensão média passou a ser 1.186 euros por mês ou, por outras palavras, mais 1.302 euros por ano, uma vez que as prestações contributivas são pagas em 14 prestações por ano. Resta saber se o cenário político se alterará no pós-legislativas e se haverá ou não um regressa ao índice de revalorização das pensões criado pelo Governo de Mariana Rajoy.

Por outro lado, o atual Executivo espanhol tem vindo a reduzir o teto das contribuições para os planos de pensões para os atuais 1.500 euros (contra 8.000 euros em 2020). Esta situação poderá também mudar com um Governo do PP, uma vez que Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular, já anunciou entre as suas propostas um aumento do limite das contribuições para os planos de pensões, que poderá situar-se entre os 4.000 e os 5.000 euros por ano.

3) Imposto sobre banca e setor energético

Se o Executivo mudar de mãos a 23 de julho, também o imposto extraordinário sobre a banca e o setor energético criado pelo Governo de Pedro Sánchez poderá cair por terra. Os seis grandes bancos espanhóis e as cinco principais empresas energéticas já reservaram cerca de 2,6 mil milhões de euros para fazer face a este novo imposto temporário aprovado pelo Governo, que pretende arrecadar até sete mil milhões de euros de receita fiscal em 2023 e 2024.

Atualmente, o imposto incide em 4,8% sobre as receitas líquidas de juros e comissões líquidas da atividade bancária em Espanha, que o Executivo considera lucros extraordinários devido à subida das taxas de juro, nos bancos com um volume de negócios superior a 800 milhões em 2019.

Já no caso das empresas do setor energético, o imposto afeta as empresas de eletricidade, gás e petróleo que tiveram um volume de negócios superior a 1.000 milhões em 2019, e tributa as vendas a uma taxa de 1,2%, com exceção dos rendimentos regulados e dos rendimentos provenientes de fora de Espanha.

4) Imposto sobre grandes fortunas

Outro dos impostos na lista dos que podem estar prestes a desaparecer, caso o PP logre uma vitória em julho, é o imposto sobre grandes fortunas, que entrou em vigor este ano para tributar as fortunas de mais de três milhões de euros no final do exercício de 2022.

Segundo os cálculos do Ministério das Finanças e Função Pública, este imposto deverá abranger um conjunto de 22.746 contribuintes espanhóis, ou seja, 0,1% do total, enquanto o imposto de património foi declarado por 218.991 cidadãos em 2022. A estimativa inicial é de que o novo imposto sobre grandes fortunas possa arrecadar cerca de 1,5 mil milhões de euros por ano.

5) Presidência de Espanha no Conselho Europeu

Finalmente, o tema da presidência de Espanha no Conselho Europeu — que arrancará a 1 de julho e se prolongará até 31 de dezembro — fica, assim, também pendente. É um dos acontecimentos mais importantes que o Executivo enfrenta este ano, mas surgem agora dúvidas sobre o que acontecerá depois das eleições de 23 de julho. Para já, espera-se que Pedro Sánchez assuma a presidência até ao dia das eleições e, a partir daí, que o faça quem formar Governo e ocupar o Palácio de Moncloa.

“A capacidade da Espanha para supervisionar a presidência e dirigir dossiês importantes será severamente reduzida. O primeiro mês será perdido com um Governo coxo no comando e, provavelmente, grande parte de agosto, setembro e outubro, quando o novo Governo tomar posse e encontrar o seu lugar”, considera Federico Santi, analista sénior do Eurasia Group, citado pela Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Economia espanhola a crescer

O processo eleitoral também coloca um ponto de interrogação sobre a continuidade da trajetória da atual política económica. Apesar de Espanha ter sido um dos países que mais sofreu o impacto económico da pandemia da Covid-19, as instituições e os economistas têm estado otimistas, nomeadamente perante o crescimento do PIB e o abrandar inflação. As últimas previsões, tanto da Comissão Europeia como do Fundo Monetário Internacional (FMI), abonavam a favor do crescimento espanhol.

A Comissão Europeia melhorou as previsões para a economia espanhola este ano e calculou um crescimento do PIB de 1,9%, mais cinco décimas do que na estimativa anterior. Para 2024, Bruxelas mantém a estimativa de crescimento de 2% da economia de Espanha, segundo as previsões económicas da primavera divulgadas em meados de maio.

Quanto à inflação, a previsão de Bruxelas é que em Espanha baixe dos 8,3% médios que teve em 2022 para 4% este ano e 2,7% em 2024.

O relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as perspetivas da economia mundial, apresentado em abril, reviu também as previsões de crescimento em Espanha em alta. A instituição liderada por Kristalina Gueorguieva aumentou a expectativa de crescimento em quatro décimas, para 1,5%. A melhoria das previsões para este ano anunciada pelo FMI está em linha com as divulgadas por outros organismos, especialmente após um crescimento da economia na ordem dos 5,5% em 2022.

Também a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) aumentou a sua previsão de crescimento para 2023 até aos 1,7%, enquanto o Banco de Espanha melhorou a sua previsão de 1,3% para os 1,6%. O Governo espanhol, por sua vez, mais otimista, apontava para um crescimento de 2,1%. A economia cresceu 0,5% nos três primeiros meses do ano, face ao trimestre anterior, mas em termos homólogo a progressão foi de 3,8%. Já o emprego cresceu 2,3% face ao mesmo período do ano anterior, de acordo com os dados do INE espanhol.

 

No que toca ao PRR, a Comissão Europeia pagou no final de março a Espanha o terceiro cheque. Em causa estão seis mil milhões de euros, o que significa que o Executivo espanhol já tem do seu lado 53% das subvenções previstas na bazuca. Com o pagamento deste terceiro cheque, que pressupôs o cumprimento de 29 metas e marcos, Espanha já recebeu 37,03 mil milhões de euros, dos quais 9,03 mil milhões foram adiantados no início antes mesmo de terem sido feitos quais investimentos ou reformas.

Para receber este terceiro cheque, Madrid teve de aprovar a reforma da Lei das Insolvências, a modernização do sistema de formação profissional, medidas de combate à fraude e evasão fiscal, investimentos em transportes sustentáveis ou promoção das energias renováveis.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Seguradora do Montepio perde 3,4 milhões com dívida da Gazprom

Apesar dos lucros de 7,5 milhões, o ano passado foi tenso na Lusitania Vida após turbulência nas bolsas, com o regulador a pressionar seguradora a tomar medidas para reforçar almofadas financeiras.

A Lusitania Vida perdeu 3,4 milhões de euros com a venda da dívida da Gazprom. A alienação desta exposição ocorreu já no início deste ano e permitiu à seguradora do grupo Montepio, ainda assim, anular 4,8 milhões em imparidades que havia constituído para as obrigações da estatal russa de gás.

Ainda tinha uma exposição avaliada em 2,8 milhões de euros a outra companhia russa, a empresa de metalomecânica Novolipetsk Steel, em relação à qual haverá uma imparidade de cerca de dois milhões. Estas obrigações também estão à venda pela companhia seguradora, de acordo com o relatório e contas referente a 2022.

Apesar dos lucros de 7,5 milhões de euros, 2022 foi um ano complicado para a seguradora do ramo vida que é detida pela Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), que está entre as dez maiores do mercado naquele segmento. A instabilidade registada nos mercados financeiros, na sequência do início da invasão russa na Ucrânia e das sanções a Moscovo, colocou todo o setor segurador mundial sob pressão devido aos seus investimentos na bolsa, e o setor português não escapou.

Por causa das perdas no balanço, a Lusitania Vida chegou mesmo a entrar em situação de incumprimento do requisito de capital de solvência em fevereiro do ano passado, quando baixou para os 80%, aquém dos 100% de exigência regulamentar, e isto depois de ter registado uma “diminuição relevante dos capitais próprios contabilísticos”, que afetou os fundos próprios, como notou o auditor na apreciação às contas. O problema fez soar os alarmes do supervisor.

Na sequência desse evento, a Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) determinou à companhia seguradora o envio de reportes semanais sobre a evolução dos indicadores e ainda que avançasse com planos de recuperação financeira e de redução do risco (derisking) para responder à insuficiência do nível de fundos próprios e controlar os riscos da sua operação.

Cumpre rácio, mas regulador continua atento

Spoiler alert: as medidas permitiram à Lusitania Vida fechar 2022 já com um nível de solvência acima das exigências regulatórias, atingindo um rácio de 154%, mas a evolução da situação financeira da companhia continua a ser acompanhada de perto pelo revisor oficial de contas (PwC) e pela ASF.

Como o ECO avançou em novembro, uma das medidas adotadas para reforçar a almofada financeira da Lusitania Vida passou pela transformação de um empréstimo subordinado no valor de 7,5 milhões de euros em prestações acessórias de capital – isto no âmbito de uma intervenção que envolveu ainda a outra seguradora da mutualista, a Lusitania Seguros, do ramo não vida.

A volatilidade nas bolsas mundiais com o desencadear da guerra impactou na carteira de ativos da Lusitania Vida ao ponto de, em setembro, a seguradora apresentar no seu balanço capitais próprios negativos. Esta situação de desequilíbrio levou a administração a iniciar “um processo de adequação entre as durations das responsabilidades e dos ativos no sentido de salvaguardar o interesse dos tomadores de seguros”.

Para isso, procedeu-se a uma alteração na gestão dos ativos financeiros afetos aos produtos com taxa garantida, com reclassificação de uma carteira de 460 milhões de euros: estava contabilizada ao justo valor (que implicava avaliá-la ao valor do mercado) e passou a estar classificada, ao abrigo das normas de contabilidade, ao custo amortizado (evitando as oscilações do mercado ao avaliar os títulos na maturidade). Medida que contribuiu também para reforçar os níveis de solvência.

Sem dividendos

Em relação aos resultados positivos no ano passado, uma subida de 38% face a 2021, e “dada a necessidade de reforçar a sua solvência”, não haverá lugar à distribuição de dividendos, com a Lusitania Vida a seguir as recomendações de prudência do supervisor europeu e nacional.

Nessa medida, os 7,5 milhões de lucros foram destinados ao reforço da reserva legal (750 mil euros) e à reserva livre (6,8 milhões), de acordo com a proposta da administração da seguradora.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

Arranca esta terça-feira o pagamento do apoio extraordinário da renda, Lisbon Energy Summit reúne ministros e investidores e prossegue a CPI à TAP.

O pagamento do apoio extraordinário às rendas arranca já esta terça-feira e irá abranger, inicialmente, cerca de 35 mil famílias. O parlamento prossegue com a CPI da TAP e ouve ainda, em audição, o antigo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques. O Parlamento recebe também uma audição acerca da situação social criada pelo encerramento da Refinaria de Matosinhos da Galp, enquanto o INE divulga um conjunto de indicadores da economia nacional.

Arranca hoje o apoio extraordinário às rendas

Arranca esta terça-feira o início do apoio extraordinário ao pagamento da renda, um subsídio que começa a ser pago aos inquilinos que recebem prestações da Segurança Social. A medida está prevista abranger 150 mil agregados familiares com contratos de arrendamento ou subarrendamento para habitação própria e permanente. No entanto, nesta primeira fase, o subsídio será pago a cerca de 35 mil famílias, com os restantes agregados elegíveis a receber o apoio mais tarde.

Parlamento recebe CPI e audição da TAP

Na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação é ouvido o antigo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, a pedido do PSD sobre a situação da TAP no período 2015-2023. No mesmo dia, prossegue também a Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP, com a audição de Miguel Cruz, enquanto ex-secretário de Estado do Tesouro.

INE divulga indicadores da economia nacional

O gabinete de estatísticas português lança ainda um conjunto de indicadores da economia nacional, nomeadamente, o índice de volume de negócios, emprego, remunerações e horas trabalhadas no comércio a retalho em abril, mas também os resultados dos inquéritos de conjuntura às empresas e aos consumidores, referente a maio. No final do mês passado, o ministro das Finanças, Fernando Medina, destacou a melhoria da confiança dos consumidores e do sentimento económico, e sublinhou que “a economia está a crescer, a inflação está a cair, as pensões estão a aumentar”.

Setor energético reúne no Lisbon Energy Summit

Tem início esta terça-feira a cimeira e exposição de Energia de Lisboa, promovida pelo Ministério do Ambiente e Ação Climática. O encontro irá reunir ministros da energia, investidores e partes interessadas, focando-se no equilíbrio entre a segurança energética e as ambições net zero, a descarbonização dos sistemas energéticos existentes e o desenvolvimento de novas fontes de energia renováveis. A cimeira irá contar com a participação do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, do ministro das Infraestruturas, João Galamba, e da secretária de Estado da Energia e Clima, Ana Fontoura Gouveia.

Audição sobre o encerramento da Refinaria de Matosinhos da Galp

Na agenda parlamentar está também a audição acerca da situação social criada pelo encerramento da Refinaria de Matosinhos da Galp e incumprimento das promessas realizadas pelo Governo, a requerimento do PCP. Em causa estão as audições da Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal, da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Química, Farmacêutica, Elétrica, Energia e Minas (Fiequimetal) e do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro. A audição surge após a Galp comunicar o encerramento da atividade de refinação em Matosinhos, em dezembro de 2020, concentrando as suas atividades em Sines.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fidelidade contrata Citi e UBS para vender Luz Saúde

O Citi e a UBS deverão ser os "global coordinators" da operação de venda de 30% a 40% do capital da Luz Saúde em bolsa. A CGD e o BCP também farão parte do sindicato bancário.

A seguradora Fidelidade está a estudar uma oferta pública inicial (IPO) da Luz Saúde, e já terá escolhido os bancos que serão os joint global coordinators da operação. Depois de uma auscultação de mercado, o Citigroup e o UBS deverão ser os bancos internacionais responsáveis pela venda de 30% a 40% do capital do grupo de saúde, liderando um sindicato bancário de seis bancos, entre os quais estarão a CGD e o BCP, além de outros bancos internacionais, apurou o ECO junto de duas fontes que conhecem a operação.

Oficialmente, a Fidelidade, liderada por Jorge Magalhães Correia, escusou-se a fazer comentários sobre a operação, e os bancos também não fazem comentários até à assinatura formal do acordo. Mas o ECO sabe que as negociações estão na fase final, o processo de avaliação do IPO vai começar nos próximos dias e o objetivo é haver uma decisão para levar a Luz Saúde para a bolsa no último trimestre do ano, se as condições de mercado assim o permitirem. A seguradora detida pela Fosun espera obter uma avaliação de mais de mil milhões de euros para o grupo de saúde que gere 28 unidades hospitalares e clínicas em Portugal. E aposta na entrada de investidores institucionais.

A realizar-se, a operação pública inicial da Luz Saúde, liderada por Isabel Vaz, servirá para financiar o crescimento do grupo, numa perspetiva internacional, mas também para reforçar os rácios de capital da própria Fidelidade.

Dona de 14 hospitais privados (Hospital da Luz, Hospital do Mar, Hospital da Misericórdia de Évora), 13 clínicas em regime de ambulatório e uma residência sénior, a Luz Saúde fechou o ano passado com receitas de quase 600 milhões de euros, o que representa uma subida de 10,6% em relação ao ano anterior, “impulsionados pelo crescimento do segmento de saúde privados”, que atingiu os 585,9 milhões (subida de 10,8%), segundo consta no relatório e contas da empresa, referente a 2022. Já o lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciações (EBITDA) cresceu 26,9% para 82 milhões, enquanto o resultado líquido atribuível aos acionistas subiu 63,8% para 26,9 milhões.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.