Azul ameaça romper com a TAP no Brasil se dívida não for paga
A companhia aérea brasileira quer garantias adicionais para empréstimo que fez à TAP SGPS em 2016. Já avisou interessados na privatização que romperá acordo no Brasil se dívida não for saldada.
A elevada quota de mercado da TAP nas ligações entre a Europa e o Brasil é o ativo mais cobiçado pelos interessados numa futura privatização. A brasileira Azul veio na segunda-feira ameaçar romper o acordo com a transportadora portuguesa, que ajuda a angariar passageiros para os voos da TAP, caso não seja paga uma dívida da SGPS ou adicionadas novas garantias.
A ameaça foi deixada pelo CEO da Azul, John Rodgerson, em entrevista à CNN Portugal, que já avisou os interessados na venda da TAP: Lufthansa, IAG e Air France – KLM. “Falámos com todos. É nosso papel, porque eles também querem saber se o acordo com a Azul vai continuar? E eu digo, depende, depende dessa dívida”, afirmou o gestor.
A dívida foi contraída em 2016, após a privatização que colocou 61% da TAP nas mãos da Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman. Este último era também o principal acionista e presidente da Azul, tendo avançado com um empréstimo acionista convertível em ações, no valor de 90 milhões de euros, para capitalizar a TAP SGPS. No final de 2023, incluindo os juros, o montante em dívida à Azul já somava 160 milhões. Até à data de reembolso, em 2026, serão 198 milhões.
É esta dívida que a gestão da Azul, que atravessa dificuldades financeiras, teme que não seja paga. O Estado já injetou 2,89 mil milhões de euros na TAP S.A, que tem a companhia aérea, obliterando a participação da TAP SGPS, que deixou de ser acionista. Na holding ficou apenas a Portugália, que deverá ser integrada na TAP S.A., a participação minoritária na SPdH, agora Menzies Aviation Portugal, a participação de 51% na Cateringor e a Manutenção & Engenharia Brasil, em liquidação.
“Estão a tirar essas coisas boas da TAP SGPS para a TAP S.A., mas querem que a dívida fique na TAP má. Isso obviamente é contra a lei“, afirma Rodgerson. Quer, por isso, que a dívida seja paga ou sejam reforçadas as garantias.
“O que estamos a dizer é que tem de haver garantias ou tem de pagar de volta. O que não pode fazer é esperar por 2026 e depois dizer, está quebrado, porque se tiraram todas as coisas boas que poderiam pagar essa dívida”, avisa.
Rodgerson salienta que a Azul é “o maior parceiro da TAP dentro do Brasil. A TAP serve 11 cidades no Brasil e em muitas dessas cidades, a Azul é a empresa aérea que tem mais serviços e mais conectividade. Mas isso seria uma [situação] perde-perde e seria mais difícil vender a empresa, porque sem a conectividade do Brasil, o valor da TAP também cai”, aponta.
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