Costa critica Rutte. Corte em pensões “não é o melhor argumento”, diz
O presidente do Conselho Europeu criticou esta quarta-feira o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, por ter sugerido cortar nos orçamentos na saúde e pensões para aumentar o da defesa.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, criticou esta quarta-feira o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, por ter sugerido cortar nos orçamentos na saúde para aumentar o da defesa. Costa antecipa, no entanto, que na próxima cimeira da Nato vai fixar uma “meta superior aos 2%” do PIB em gastos na defesa.
“Não é seguramente o melhor argumento para convencer os cidadãos a compreender a necessidade de aumentar a despesa em defesa e segurança. E é uma compreensão que todos sabemos. Nada existe se não houver primeiro segurança e se for assegurada a defesa”, disse em entrevista à RTP1.
Salientando o relatório de Draghi, o presidente do Conselho Europeu referiu que tal como os investimentos na transição energética, também os investimentos em defesa devem ser “vetores do reforço da competitividade” da economia.
“Para que os Estados-membros da União Europeia (UE) tenham capacidade de reforçar o seu investimento em defesa é fundamental também reforçar a sua base económica e industrial. Esse investimento tem também um efeito virtuoso no reforço das nossas economias e da nossa autonomia”, sublinhou.
Consciente que as prioridades da UE são coerentes com o plano da NATO, Costa garantiu ainda que há um “consenso razoável” entre os Estados-membros em prosseguir a trajetória de aumento do investimento na defesa. E antecipa: “No próximo Conselho da Cimeira da Nato, em julho, vai-se fixar uma meta superior aos 2%”.
O novo presidente dos Estados Unidos quer que os membros da NATO gastem 5% do PIB em defesa. Mas Costa garante que o que Trump exige é algo que a UE já comprometeu desde 2014.
“Em 2014, os aliados decidiram aumentar até 2% do seu PIB em investimento em defesa. Até agora, todos os Estados-membros foram fazendo o seu trajeto em direção aos 2%. A média do conjunto das despesas militar nos 23 estados da UE que são também membros da NATO já atingiu 2%. Sobretudo desde 2022, tivemos um aumento muito significado, de cerca de 30%”, assume.
O presidente do Conselho Europeu considera que a Ucrânia, tal como os restantes países europeus, devem ser envolvidos numa eventual negociação entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
“Há dois princípios fundamentais. Primeiro, a Ucrânia é um estado soberano e, portanto, não há negociações sobre a paz na Ucrânia que não envolva a Ucrânia. Segundo, a negociação da paz na Ucrânia implica também a negociação sobre a segurança na Europa“, referiu em entrevista à RTP1.
Para António Costa, seria contraditório dizer que os europeus têm de assumir “maiores responsabilidades pela sua segurança” e depois não estarem presentes nas mesas de negociações sobre o futuro da segurança europeia. O presidente do Conselho Europeu assume ainda que a Rússia é a maior ameaça externa à UE.
“Vamos ter na próxima segunda-feira uma reunião, pela primeira vez exclusivamente dedicada ao tema da defesa, onde vamos discutir três questões: prioridades nas capacidades a desenvolver, como financiar e como gerir as nossas relações estratégicas, designadamente com a NATO e com o Reino Unido”, revelou, assegurando que esta discussão é fundamental para alimentar o livro branco que a Comissão Europeia vai apresentar em março.
Sobre a ameaça à competitividade da UE, uma vez que Trump quer reduzir impostos para quem produzir nos Estados Unidos, Costa relembra que a relação entre ambos é de “aliados” e “amizade”, mas sempre com uma “competição económica”.
António Costa garantiu também que a UE está na liderança no processo de transição ecológica e no combate às alterações climáticas e lamentou a saída dos EUA do Acordo de Paris.
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