Acordo entre Israel e o Hamas. O que prevê? O que se segue? E o que não sabemos?

  • Joana Abrantes Gomes
  • 11:04

Após dias de negociações no Egito, o Presidente norte-americano declarou na noite de quarta-feira que Israel e o Hamas chegaram a acordo para o início de um cessar-fogo em Gaza.

Finalmente, foi anunciado um acordo para um cessar-fogo em Gaza, que representa o maior sinal de esperança para um fim do conflito na região, pelo menos no curto prazo. Na noite desta quarta-feira, o Presidente dos EUA, Donald Trump, disse que Israel e o Hamas concordaram com a primeira fase de um plano de paz para suspender os ataques no território e garantir a libertação de reféns e prisioneiros.

Entre os pontos do acordo consta que o Hamas deverá libertar nos próximos dias os 20 reféns que se acredita que ainda estejam vivos, em troca de palestinianos detidos nas prisões israelitas, enquanto as forças de Israel começarão a retirar-se da maior parte do território da Faixa de Gaza.

“Isto significa que TODOS os reféns serão libertados muito em breve e Israel retirará as suas tropas para uma linha acordada, como primeiro passo para uma paz forte, duradoura e eterna”, escreveu o líder da Casa Branca nas redes sociais. Em entrevista à Fox News, Trump disse ainda acreditar que os reféns “voltariam” na segunda-feira.

Por sua vez, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, saudou o acordo. “Com a ajuda de Deus, vamos trazê-los todos [os reféns] para casa”, disse, afirmando que o seu Governo vai reunir-se esta quinta-feira para aprovar o acordo. Entretanto, o Hamas instou Trump e outros líderes internacionais a assegurarem que Israel cumpre integralmente os termos do cessar-fogo.

De parte a parte, o acordo é visto como frágil. Porém, depois do colapso do cessar-fogo de março, e embora não sejam claros muitos dos seus detalhes, representa a oportunidade mais credível para perceber se é possível uma paz duradoura, até porque o Hamas está de acordo com os traços gerais.

Mas, afinal, o que está incluído neste plano?

  1. Nenhum papel do Hamas no futuro de Gaza e amnistia para os seus membros
  2. Retirada gradual das forças israelitas
  3. Libertação de todos os reféns (vivos e mortos)
  4. Mais ajuda humanitária e reconstrução das infraestruturas essenciais em Gaza
  5. Compromisso de Telavive contra a anexação de Gaza ou o exílio forçado de palestinianos

Os negociadores israelitas e do Hamas não falaram diretamente entre si — as negociações foram mediadas pelo enviado de Trump para o Médio Oriente, Steve Witkoff, pelo genro de Trump, Jared Kushner, e por altos funcionários do Egito, Qatar e Turquia.

O que se segue?

O Governo de Benjamin Netanyahu vai votar o acordo esta quinta-feira. Se for formalmente aprovado, Israel deverá retirar as suas tropas de Gaza para a linha acordada, segundo indicou um alto funcionário da Casa Branca à estação televisiva norte-americana CBS News. A retirada ocorre, provavelmente, no espaço de 24 horas.

Depois disso, de acordo com o mesmo funcionário, o Hamas tem um prazo 72 horas para libertar os reféns vivos, que deverá acontecer a partir da próxima segunda-feira.

O que falta saber?

O que foi anunciado até agora representa apenas parte do plano de paz de 20 pontos revelado por Donald Trump na semana passada, que Israel aceitou e com o qual o Hamas concordou parcialmente.

Há ainda questões delicadas sobre as quais os dois lados ainda não chegaram a um acordo, como o desarmamento do Hamas — que já se recusou anteriormente a depor as armas, dizendo que só o faria quando fosse estabelecido um Estado palestiniano — e a futura governação de Gaza.

O plano de Trump afirma que o Hamas não deverá ter qualquer papel no futuro da Faixa de Gaza e propõe que o enclave seja temporariamente governado por um “comité palestiniano tecnocrático e apolítico”, antes de ser entregue à Autoridade Palestiniana.

No entanto, na semana passada, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pareceu rejeitar o envolvimento da Autoridade Palestiniana, apesar de ter aceitado o plano do Presidente dos EUA.

Vários membros extremistas da coligação que apoia o Governo de Netanyahu, muitos dos quais querem reconstruir os colonatos judeus em Gaza, também deverão opor-se a este ponto.

Em resposta, o Hamas afirmou que ainda esperava ter algum papel na governação de Gaza.

Adicionalmente, até quarta-feira à noite, o Hamas ainda não tinha recebido a lista final dos prisioneiros palestinianos que Israel planeia libertar em troca dos reféns detidos em Gaza, quando o plano de Trump prevê a libertação de 250 prisioneiros condenados à prisão perpétua e 1.700 habitantes de Gaza detidos após 7 de outubro de 2023.

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