Lucros da Navigator sobem 4% para 287 milhões de euros no “segundo melhor ano de sempre”

Administração da papeleira propõe distribuição adicional de dividendos aos acionistas no valor de 75 milhões de euros, depois do adiantamento de 100 milhões que já foi pago em janeiro.

A The Navigator Company fechou o ano passado com um resultado líquido de 287 milhões de euros, o segundo maior da história da empresa, após uma subida de 4% face aos lucros que tinha obtido em 2023, de acordo com o comunicado publicado esta quinta-feira pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A papeleira liderada por António Redondo, que em outubro anunciou o arranque da produção na nova fábrica de embalagens de celulose moldada em Aveiro, já pagou a 14 de janeiro quase 100 milhões de euros em dividendos antecipados aos acionistas, correspondentes a um valor bruto aproximado de 14 cêntimos por ação. Agora, propõe a distribuição adicional de 75 milhões de euros, correspondente a pouco mais de 10,5 cêntimos por ação.

Ainda sem incluir o impacto das recentes aquisições na área de tissue em Espanha (GC Consumer) e no Reino Unido (Accrol), também nos indicadores do volume de negócios (+7%, para 2.088 milhões de euros) e do EBITDA (+9%, para 547 milhões de euros) — sendo a margem EBITDA de 26% (+0,5 pp) — este grupo industrial alcançou em 2024 os segundos valores mais elevados de sempre.

Por segmentos, as vendas de papel de impressão e de embalagem aumentaram 8% e encolheram 16% na pasta, enquanto no tissue (produto acabado e bobines) registou um disparo de 55% – e oito em cada dez euros já são faturados no estrangeiro. Já o negócio de packaging duplicou as vendas face a 2023, com a exportação para a Europa a valer 70%, com destaque para Itália, Espanha, França e Alemanha.

Na nota enviada à CMVM, a Navigator sublinha que estes resultados foram “alcançados num ano marcado por um contexto macroeconómico e geopolítico adverso e muito desafiante, com grande volatilidade nos mercados internacionais (financeiros, energéticos, logísticos e de matérias-primas)”. Assentaram, por isso, numa “gestão eficiente [que] permitiu reduzir os cash costs entre 2% e 10% face a 2023 em todos os segmentos de pasta e papel”.

Por outro lado, apesar do “esforço de tesouraria” que exigiu a aquisição britânica (153 milhões de euros, acrescidos da consolidação de dívida), do aumento de 29% do investimento para 241 milhões e do pagamento de 150 milhões em dividendos relativos ao exercício anterior, o rácio dívida líquida / EBITDA fixou-se em 1,13x, com o custo médio da dívida a situar-se abaixo de 2,4%.

Isto, reforça a empresa na comunicação feita ao regulador, num “enquadramento de renovação da dívida, totalizando 330 milhões de euros, com alargamento de prazos e em contexto de taxas de juro em alta à época”. Cerca de 90% da dívida total foi emitida a taxa fixa.

“Partilha” 19 milhões com os empregados

No plano laboral, um dia depois de ter anunciado que vai atribuir até 925 euros por trabalhador para apoiar com as despesas da compra de habitação própria ou arrendamento, a Navigator contabiliza que vai propor à assembleia geral a “participação dos colaboradores nos resultados do exercício até 19 milhões de euros”, sendo que 3 milhões já foram pagos antecipadamente em dezembro.

“A performance alcançada pela empresa tem também um impacto nos salários, na medida em que os colaboradores, além do aumento geral, irão beneficiar de uma percentagem do resultado exclusivamente para progressões e promoções de carreira, o que se traduzirá num aumento médio final de cerca de 5,8%”, acrescenta no comunicado.

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As cotadas portuguesas mais afetadas pelas políticas de Trump

As políticas protecionistas de Trump e as mais que esperadas alterações ao “Inflation Reduction Act” colocam empresas do PSI sob tensão, particularmente a família EDP e a Corticeira Amorim.

As políticas protecionistas e imprevisíveis de Donald Trump, que regressou esta segunda-feira à Casa Branca, estão a gerar preocupações entre as principais empresas portuguesas cotadas no índice PSI da Euronext Lisboa com forte exposição ao mercado norte-americano.

EDP EDP 2,26% , EDP Renováveis EDPR 1,60% e Corticeira Amorim COR 0,90% destacam-se como as mais vulneráveis às medidas anunciadas pela nova administração Trump, que prometeu impor tarifas de 10% sobre todas as importações e reverter incentivos às energias renováveis.

A EDP e a sua subsidiária EDP Renováveis são, de longe, as empresas do PSI mais expostas ao mercado norte-americano e, consequentemente, as que enfrentam maiores desafios com o regresso de Trump ao poder. E isso é bem visível no comportamento recente das ações das duas empresas, que entre 4 de novembro, um dia antes das eleições presidenciais dos EUA, e segunda-feira acumulam perdas de 14% (EDP) e de 26% (EDP Renováveis), enquanto o PSI registou uma queda marginal de 0,02% no mesmo período.

A política “America First” de Trump e a ameaça de impor tarifas de 10% sobre todas as importações podem encarecer significativamente os equipamentos e componentes que a EDP Renováveis importa para os seus parques eólicos e solares nos EUA.

Segundo o plano estratégico 2023-2026 da EDP, a empresa pretende investir cerca de 8,5 mil milhões de euros no mercado norte-americano até 2026, o que representa mais de um terço do seu investimento global previsto de 25 mil milhões de euros para o período. Já a EDP Renováveis tem mais de metade da sua capacidade instalada (51%) localizada nos EUA, de acordo com o relatório e contas de 2023.

O CEO da EDP e da EDP Renováveis, Miguel Stilwell, tem motivos para estar apreensivo. As promessas de Trump de reverter incentivos às energias renováveis e reforçar o apoio aos combustíveis fósseis ameaçam diretamente o ambicioso plano de expansão da EDP e da EDP Renováveis nos EUA.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

A nova administração já sinalizou a intenção de cancelar o Inflation Reduction Act (IRA), aprovado por Joe Biden, que, entre outros, prevê mais de meio bilião de dólares em incentivos para projetos de energia limpa, hidrogénio e tecnologias renováveis. A concretizar-se esta promessa, seria um duro golpe para a EDP Renováveis, que contava com estes apoios para expandir a sua presença no mercado norte-americano.

Com a Casa Branca e o Congresso controlados pelos republicanos, o futuro do IRA é incerto. A escassez de maiorias no Senado e na Câmara dos Representantes pode representar um desafio para os legisladores republicanos na criação de uma coligação para a revogação total da IRA, uma vez que os incentivos da IRA beneficiaram os eleitores republicanos.

“No entanto, o IRA continua a ser vulnerável, uma vez que não são necessárias coligações no Congresso para ações executivas que ponham em causa a aplicação do IRA”, referem Riki Fujii-Rajani e Sanjay Patnaik, investigadores do Instituto de Brooking, num artigo publicado recentemente.

Além disso, a política “America First” de Trump e a ameaça de impor tarifas de 10% sobre todas as importações podem encarecer significativamente os equipamentos e componentes que a EDP Renováveis importa para os seus parques eólicos e solares nos EUA.

Donald Trump toma posse como 47.º presidente dos EUA esta segunda-feira, esperando-se que logo nas primeiras horas do seu mandato assine cerca de 200 ordens executivas.Lusa

Rolhas e papel também estão sob pressão

A Corticeira Amorim é outra empresa do PSI com uma exposição significativa ao mercado norte-americano que poderá ser afetada pelas políticas de Trump. Desde 4 de novembro, a cotação das ações da Corticeira Amorim resvalaram 4,6%.

Segundo o último relatório e contas anual, os EUA são o segundo maior destino das vendas da empresa liderada por António Rios de Amorim, com uma quota de mercado de 16,4%, logo após a França.

A ameaça de Trump de impor tarifas de 10% sobre todas as importações poderia encarecer significativamente os produtos da Corticeira Amorim no mercado norte-americano, reduzindo potencialmente a sua competitividade face a alternativas locais. Além disso, a empresa possui uma unidade industrial nos EUA, a Amorim Cork Composites, que poderá ser afetada por eventuais restrições à importação de matérias-primas ou componentes.

A Navigator NVG 1,84% , uma das maiores produtoras mundiais de papel de impressão e escrita, enfrenta também desafios significativos com as políticas protecionistas de Donald Trump. Embora o relatório e contas de 2023 da empresa não especifique a percentagem exata de receitas provenientes dos EUA, as vendas para mercados fora da Europa são cruciais para a Navigator. Em 2023, as flutuações cambiais tiveram um impacto negativo líquido de cerca de 16 milhões de euros no EBITDA da empresa, indicando uma exposição considerável a mercados internacionais, incluindo os EUA.

A situação da Navigator é ainda mais complexa devido ao prolongamento em 2022 do processo anti-dumping que o Departamento de Comércio dos EUA tem em curso contra a empresa. Este processo, que foi estendido por mais cinco anos, pode resultar em tarifas adicionais sobre os produtos da Navigator no mercado norte-americano.

As potenciais tarifas de 10% sobre as importações, propostas por Trump, somadas às possíveis tarifas anti-dumping, poderiam afetar drasticamente a competitividade dos produtos da Navigator nos EUA.

As políticas de Trump têm o potencial de afetar significativamente várias empresas do PSI, seja diretamente através de tarifas e restrições comerciais, seja indiretamente através de mudanças nas dinâmicas globais de mercado.

Efeito de contágio em Portugal

Entre as 15 empresas que compõem atualmente o PSI, destaque ainda para as retalhistas Sonae SON 0,18% e Jerónimo Martins JMT 1,15% que, embora não tenham operações diretas nos EUA, poderão sentir os efeitos indiretos das políticas de Trump de maneiras significativas.

As tarifas sobre importações podem levar a um aumento generalizado dos preços dos produtos importados, afetando as cadeias de abastecimento globais destas retalhistas. Isso pode pressionar as margens das operações empresas, forçando a Sonae e a Jerónimo Martins a procurar fornecedores alternativos ou a repassar os aumentos de custos aos consumidores.

Além disso, as políticas protecionistas de Trump poderiam afetar o poder de compra dos consumidores em mercados onde a Sonae e a Jerónimo Martins operam, especialmente se houver uma desaceleração económica global como resultado de tensões comerciais.

A Galp Energia GALP 1,31% é outra das empresas do PSI que pode ser implicada pelas políticas energéticas de Trump. A promessa de impulsionar a produção de petróleo e gás nos EUA, espelhada num dos slogans da sua campanha “We will drill baby, drill” (“Vamos perfurar, perfurar”, numa tradução livre) que foi repetido uma vez mais na segunda-feira por Trump no discurso de tomada de posse, pode levar a uma maior oferta global do ouro negro, pressionando potencialmente os preços do petróleo.

A confirmar-se esta dinâmica, naturalmente as margens da Galp seriam afetadas, tanto nas suas operações de upstream (exploração e produção) quanto nas de downstream (refinação e distribuição).

Além disso, as políticas de Trump relativamente ao acordo nuclear com o Irão e as sanções a países produtores de petróleo poderiam causar volatilidade nos preços globais do petróleo, afetando a previsibilidade das receitas da Galp.

As políticas de Trump têm o potencial de afetar significativamente várias empresas do PSI, seja diretamente através de tarifas e restrições comerciais, seja indiretamente por mudanças nas dinâmicas globais de mercado. Às empresas portuguesas caberá demonstrarem agilidade e adaptabilidade sobre cada uma das medidas que Trump venha a aprovar.

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Navigator lança OPA sobre 100% da Accrol, fabricante britânica de lenços e papel higiénico

Cotada portuguesa quer ficar com 100% da Accrol, que fabrica lenços, papel higiénico e rolos de cozinha para o retalho britânico, avaliando-a em perto de 149 milhões de euros.

A Navigator NVG 1,84% , através da sua subsidiária no Reino Unido, lançou esta sexta-feira uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) da totalidade do capital social da Accrol, um fabricante de tissue com sede em Blackburn que produz papel higiénico, rolos de cozinha, lenços faciais e lenços húmidos, de marca própria, para as principais cadeias de retalho do país. O negócio avalia a Accrol em 127,5 milhões de libras (cerca de 148,9 milhões de euros ao câmbio atual).

A notícia foi avançada pela Navigator num comunicado e dada a conhecer aos investidores através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Segundo a cotada portuguesa, o Conselho de Administração da Accrol, que é cotada na bolsa de Londres, “está a recomendar aos acionistas a aceitação da oferta”, sinal de que a proposta não é hostil.

“A Navigator considera que a Oferta representa uma oportunidade atrativa para entrar no mercado britânico, através da aquisição de uma empresa líder no setor de transformação de papel tissue, com vantagens competitivas, valores complementares e forte alinhamento com a Navigator. A Navigator vê a Accrol como uma oportunidade estratégica para a expansão sustentada do seu negócio de tissue no mercado da Europa Ocidental”, justifica a empresa portuguesa.

A papeleira portuguesa oferece 38 pence por ação, a liquidar em dinheiro. Este corresponde a um prémio de 11,8% face ao preço de fecho da Accrol na sessão desta quinta-feira, segundo contas da própria Navigator. Entretanto, na sessão desta sexta-feira, as ações da Accrol dispararam e já igualaram praticamente o preço pago pela Navigator.

De acordo com a estrutura acionista da Accrol disponibilizada no respetivo site, mais de 64% das ações da empresa estão na posse de sete investidores com participações qualificadas, incluindo a Lombard Odier Asset Management (28,04%), a Premier Miton (11,95%) e a Schroder Investment Management (10,08%).

“Fundada em 1993, a Accrol opera atualmente cinco instalações industriais em Blackburn, Leyland, Leicester, Flint e Bridgwater”, tendo gerado receitas de 242 milhões de libras no ano fiscal que terminou a 30 de abril e um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado de 15,6 milhões de libras, segundo dados avançados pela Navigator.

“Esta operação marca mais uma etapa na estratégia de diversificação e crescimento da Navigator no mercado de tissue, iniciada em 2015. Segue-se à aquisição, em março de 2023, dos ativos e negócios da Goma Camps Consumer Tissue na Espanha. Esta aquisição aumentou a capacidade total de produção da Navigator para 165 mil toneladas de bobines e 180 mil toneladas de capacidade de conversão de tissue por ano, gerando cerca de 293 milhões de euros em receitas anuais”, nota a companhia.

Em comunicado, a empresa portuguesa elogia a gestão da empresa que agora pretende adquirir na totalidade. “A Navigator considera a Accrol um negócio de tissue bem gerido e uma das principais empresas no segmento de mercado de marcas próprias do Reino Unido, mantendo boas relações comerciais com clientes importantes de tissue.”

“A Navigator vislumbra a criação de valor a longo prazo com a integração da Accrol, focando-se em consolidar a sua posição como uma entidade de referência e confiança no mercado de marcas próprias do Reino Unido e em continuar a expandir o negócio em todos os segmentos de produtos, alavancando na força de trabalho profissional e experiente da Accrol, que é altamente valorizada, assim como nos ativos industriais da empresa, que a Navigator planeia manter plenamente operacionais”, assegura.

Na bolsa de Lisboa, a Navigator começou por reagir em queda a esta notícia, mas inverteu e, pelas 8h20, os títulos negociavam com uma subida superior a 1% face ao fecho da sessão anterior. Já os títulos da Accrol disparam 11,47%, para 37,9 pence, em linha com o preço oferecido pela Navigator nesta OPA.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h25)

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Lucros da Navigator caem 15% no primeiro semestre

A produtora de pasta e papel registou um resultado líquido de 137,4 milhões de euros na primeira metade do ano, com as vendas a recuarem 14% face a igual período do ano passado.

A The Navigator Company registou um lucro líquido de 137,4 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2023, o que representa um recuo de 15,1% face a igual período do ano passado. Ainda assim, este foi o segundo melhor primeiro semestre da história da empresa.

Entre janeiro e junho deste ano, o volume de negócios da produtora de pasta e papel ascendeu a 979,5 milhões de euros, o que compara com os 1.142,1 milhões faturados na primeira metade de 2022 (-14,2%). Os dados foram divulgados em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A empresa liderada por António Redondo destaca, por outro lado, que “o foco das equipas na eficiência das operações e controlo de custos, a par com a manutenção dos preços internacionais de papel e tissue, em níveis ainda historicamente elevados, não obstante a correção face aos máximos atingidos em 2022, permitiu alcançar um EBITDA de €253 milhões e uma margem EBITDA de 25,8%”.

Depois de um ano de 2022 marcado por uma “anormal escassez de oferta papeleira” na Europa, que levou a um “volume anormal” de encomendas”, houve uma normalização das condições de mercado que condicionaram “fortemente” o setor no primeiro semestre deste ano, “tendo-se assistido à continuação do processo lento de redução dos stocks acumulados em toda a cadeia de distribuição”.

“Este desequilíbrio afetou significativamente a procura em todos os segmentos de papel, à exceção do segmento de tissue [que registou um aumento das vendas de 20% em termos homólogos]. Condicionado pelo atual contexto de abrandamento económico, o processo de destocking está a demorar mais do que o antecipado”, sublinha a empresa no mesmo comunicado.

No que toca aos custos, assinala que no primeiro trimestre verificou-se “uma redução dos custos variáveis nomeadamente de logística, de energia e de algumas matérias-primas, que se acentuou, de forma significativa, ao longo do segundo trimestre”. O que, “aliado ao esforço de manutenção de preços e enriquecimento do mix de produto, compensou parcialmente a redução de volumes de venda de papel”.

Desta forma, contabiliza a Navigator, fechou os primeiros seis meses do ano com uma “quebra acentuada dos cash costs em todos os segmentos, uma redução média de cerca de 8% nos segmentos de pasta e papel e de perto de 5% no segmento de tissue, face aos registados no último semestre de 2022”. Os custos fixos totais acabaram por situar-se 1% acima dos custos fixos do período homólogo, “bem abaixo da evolução da inflação”.

O endividamento líquido situa-se nos 573 milhões de euros, impactado pelo desembolso associado à aquisição da Gomà-Camps Consumer no primeiro trimestre e pela distribuição de 200 milhões de dividendos no segundo trimestre. O rácio dívida líquida remunerada / EBITDA situou-se em 0,89, “consolidando o perfil de robustez financeira exibido pelo grupo nos últimos anos”.

Numa outra nota enviada ao mercado esta sexta-feira, a The Navigator Company informou que, a partir de 1 de agosto, António Quirino Vaz Duarte Soares vai substituir João Paulo Araújo Oliveira, que renunciou ao cargo de administrador executivo e cessa funções no final de julho. João Paulo Oliveira vai ser o CEO da Triangles, uma empresa de quadros para bicicletas elétricas, adquirida pela Semapa em junho.

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Filhas de Queiroz Pereira notificam Concorrência da aquisição de maioria na Semapa e Navigator

  • Lusa
  • 29 Maio 2023

Filipa, Mafalda e Lua Queiroz Pereira procederam à divisão da herança e a CMVM dispensou-as de terem de lançar ofertas públicas de aquisição (OPA) sobre a Semapa e a Navigator.

As filhas de Pedro Queiroz Pereira notificaram a Autoridade da Concorrência (AdC) da aquisição de uma participação maioritária das sociedades Vértice e Sodim, e consequentemente na Semapa e na The Navigator Company.

Numa informação publicada no site, a AdC informou que “a operação de concentração em causa consiste na aquisição, pelas herdeiras e filhas do Senhor Pedro Queiroz Pereira — Filipa Mendes de Almeida de Queiroz Pereira, Mafalda Mendes de Almeida de Queiroz Pereira e Lua Mónica Mendes de Almeida de Queiroz Pereira (“Herdeiras”) —, de uma participação maioritária na Vértice — Gestão de Participações, SGPS, S.A. e na Sodim SGPS, S.A. (e, consequentemente, na Semapa — Sociedade de Investimento e Gestão, SGPS, S.A. (“Semapa”) e na The Navigator Company, S.A. (“Navigator”) (em conjunto, “Grupo Queiroz Pereira”)”.

Num comunicado divulgado na semana passada, a CMVM informou que “em resposta a pedido efetuado, e por verificar preenchidos os pressupostos legais, […] declarou a derrogação do dever de lançamento de OPA obrigatória por parte das requerentes sobre as sociedades Semapa e Navigator, produzindo aquela derrogação efeitos quando, em virtude da partilha da herança, os deveres de lançamento de OPA obrigatória se venham efetivamente a constituir”.

Esta decisão da CMVM acontece na sequência do pedido de declaração da derrogação do dever de lançamento futuro de uma OPA sobre a Semapa e a The Navigator Company apresentado pelas três filhas de Pedro Queiroz Pereira, em virtude da perspetivada partilha da herança indivisa do empresário, falecido em 2018.

“As requerentes pretendem ver afastado o dever de lançamento de OPA, uma vez que a posição de domínio que adquirirão sobre as referidas sociedades cotadas decorre de transmissão sucessória e de a lei estabelecer essa como causa de derrogação daquele dever”, explica a CMVM.

As três filhas de Pedro Queiroz Pereira, únicas sucessoras do empresário, celebraram em 2 e 29 de março de 2023 acordos parassociais relativos à coordenação das participações que cada uma detém nas sociedades Sodim e Vértice, respetivamente.

Na sequência destes acordos, passou-lhes a ser conjunta e reciprocamente imputável, de forma direta e indireta, uma participação correspondente a 39,85% dos direitos de voto representativos do capital social da Sodim e de 1,5% dos direitos de voto representativos do capital social da Vértice, sociedade esta que detém uma participação correspondente a 25,58% dos direitos de voto representativos do capital social da Sodim.

Já a Sodim detém uma participação correspondente a 83,22% dos direitos de voto representativos do capital social da Semapa que, por sua vez, detém 69,97% dos direitos de voto representativos do capital social da Navigator.

Assim, embora atualmente a posição imputável às filhas de Queiroz Pereira na Sodim (39,85% dos direitos de voto representativos do capital social) não ser suscetível de lhes conferir o domínio desta sociedade, nem, indiretamente, o domínio das sociedades cotadas Semapa e Navigator, tal passará a acontecer quando for concretizada a partilha da herança, “a ter lugar uma vez verificadas as formalidades necessárias”.

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Mais de um terço da Bolsa nacional está nas mãos de apenas sete investidores

Xi Jinping, presidente da China, é o maior investidor da Euronext Lisboa, contando com participações diretas e indiretas em oito empresas cotadas.

Os maiores investidores da Euronext Lisboa, da esquerda para a direita: John Graham (Canada Pension Plan Investment), Lua Queiroz Pereira (Sodim), Fernando Masaveu Herrero (Oppidum Capital), Xi Jinping (China), Pedro Soares dos Santos (Sociedade Francisco Manuel dos Santos), Paula Amorim (Grupo Américo Amorim) e João Lourenço (Angola).

O mercado de ações da Euronext Lisboa conta atualmente com 37 empresas cotadas que agregam uma capitalização bolsista de 78 mil milhões de euros. A sua estrutura acionista é constituída por milhares de investidores, de onde sobressaem os fundos de investimento e os pequenos investidores nacionais, que compram e vendem vários lotes de ações diariamente.

No entanto, quase metade das cotadas (17) apresenta uma estrutura acionista totalmente blindada pelo controlo da maioria do capital por muito poucos acionistas. É disso o exemplo a EDP Renováveis EDPR 1,60% , a maior empresa da praça portuguesa com uma capitalização bolsista de 21 mil milhões de euros, que é detida em 75% pela EDP EDP 2,26% .

O mesmo sucede com a Jerónimo Martins JMT 1,15% , que tem 56% do seu capital nas mãos da família Soares dos Santos ou a Corticeira Amorim COR 0,90% , que é controlada pela família Amorim através de três holdings familiares.

Xi Jinping é de longe o maior investidor da praça financeira portuguesa. E não é de agora. O poder do Império do Meio tem sido construído ao longo da última década.

A forte concentração do capital entre as cotadas é espelhada no domínio da Bolsa nacional por um grupo muito restritivo de apenas sete investidores, que através dos seus investimentos controlam 35% do capital da Euronext Lisboa.

Grande parte deste grupo é dominado por famílias bem conhecidas: a Soares dos Santos, que detém a maioria do capital da Jerónimo Martins, a família Amorim, que é dona de uma carteira avaliada em 2,5 mil milhões de euros como resultado de investimentos realizados na Galp Energia GALP 1,31% , na Corticeira Amorim e no Estoril-Sol ; e a família Queiroz Pereira, hoje representada pelas três filhas do empresário Pedro Queiroz Pereira que, através da holding familiar (Sodim), controlam um império de 2,4 mil milhões de euros de participações maioritárias na Semapa SEM 0,14% e na Navigator NVG 1,84% .

Apesar de o capital nacional ser ainda a estrela maior na Bolsa lusitana, as 38 cotadas têm nas suas estruturas acionistas investidores qualificados (detentores de participações acima dos 2%) de mais 15 nacionalidades. Entre os países com maior peso na Euronext Lisboa está Espanha e Angola.

Destaque para o fundo Oppidum Capital, do grupo Masaveu do empresário espanhol Fernando Masaveu Herrero, que detém uma participação de 7,2% na EDP (em 2013 chegou a comprar a participação de 1% que o BES detinha na elétrica por 37 milhões de euros), e para o próprio Estado angolano, que através de posições no capital da Galp, NOS NOS 1,39% e BCP BCP 1,01% acumula atualmente investimentos de 2,3 mil milhões de euros.

A completar o leque dos sete maiores investidores da praça portuguesa está John Graham, presidente e CEO da Canada Pension Plan Investment, a entidade que gere o fundo de pensões do Canadá que acumula mais de 350 mil milhões de euros sob gestão. Atualmente, os canadianos deteem uma posição de 7% na EDP e, por arrasto, uma participação indireta da EDP Renováveis e no BCP.

Os mais poderosos da Euronext Lisboa

Fonte: Empresas, Euronext e Refinitiv. 11 de dezembro de 2022.

Pequim tem ganho poder na Bolsa desde os anos da Troika

No topo dos maiores investidores da Euronext Lisboa está Xi Jinping e o capital chinês privado, que por via de três empresas estatais (China Three Gorges, State Grid of China e China Communications Construction Company) e da empresa privada Fosun agrega um portefólio de mais de 8,5 mil milhões de euros de participações diretas e indiretas em oito empresas cotadas: EDP, EDP Renováveis, BCP, REN RENE 0,91% , Mota-Engil EGL 1,84% , Martifer , Inapa e Reditus.

Xi Jinping é de longe o maior investidor da Bolsa nacional. E não é de agora. O poder do Império do Meio tem sido construído ao longo da última década com o arranque, em 2011, do Programa de Assistência Económica e Financeira da Troika, que incluía uma forte política de privatizações, que abriu as portas ao capital chinês nas maiores empresas nacionais.

O primeiro teste do capital chinês na Bolsa portuguesa foi dado pela empresa pública China Three Gorges (CTG) em dezembro de 2011. Na altura, a CTG pagou 2,7 mil milhões de euros ao Estado português por 21,35% do capital da EDP, então liderada por António Mexia. Desde então, Pequim já aforrou mais de 2 mil milhões de euros só em dividendos com o investimento na EDP e alargou o seu raio de ação até à EDP Renováveis e ao BCP, através da participação de 21,08% que a CTG detém hoje no capital da elétrica nacional.

Seguiram-se investimentos na Redes Energéticas Nacionais (REN), através de uma participação de 25% da State Grid of China e de 3,9% da Fosun (hoje essa participação é de 5,3% e está associada à Fidelidade, empresa detida em cresceu 85% pela Fosun) no decorrer de processos de privatização da empresa e, mais tarde, em 2016, ocorre a entrada da Fosun no BCP com um investimento de 175 milhões de euros.

A carteira de Pequim na praça nacional fica completa com a participação de 32,4% da construtora China Communications Construction Company (CCCC) no capital da Mota-Engil e com o controlo de 57,8% da Estoril-Sol pela Finansol, uma sociedade detida pelo empresário chinês Stanley Ho.

(Notícia atualizada a 14 de dezembro com a clarificação de que a Fosun é uma empresa privada).

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Lucros da Semapa disparam quase 90% até setembro

Holding controlada pela família Queiroz Pereira, com negócios na área da pasta de papel (Navigator) ou do cimento (Secil), reporta resultado líquido de 231,4 milhões nos primeiros nove meses do ano.

A Semapa chegou ao final de setembro com lucros de 231,4 milhões de euros, o que corresponde a um crescimento de 89,3% face ao mesmo período do ano passado, de acordo com o comunicado enviado à CMVM esta sexta-feira.

A sociedade explica esta subida de 109,2 milhões de euros nos resultados líquidos, em termos homólogos, pelo efeito combinado de quatro fatores:

  1. Incremento do EBITDA em 308,5 milhões de euros, devido maioritariamente ao crescimento de 305,9 milhões de euros no segmento de pasta e papel;
  2. Agravamento de 26,5 milhões de euros nas depreciações, amortizações e perdas por imparidade e provisões;
  3. Deterioração dos resultados financeiros líquidos em cerca de 48,7 milhões de euros, refletindo o aumento do custo líquido de financiamento da Secil Brasil e impactos não recorrentes da Navigator;
  4. Aumento dos impostos sobre o rendimento em cerca de 75,9 milhões de euros, decorrente fundamentalmente do crescimento dos resultados;

O volume de negócios consolidado cresceu 53%, para 2.312,3 milhões de euros, com a pasta e papel (Navigator) a ser responsável por 1.822,5 milhões, o que representa um aumento homólogo de 62,8%. Na área do cimento (Secil), as vendas subiram 22,3% e os negócios do ambiente (ETSA) escalaram 42,2%. As exportações e vendas no exterior ascenderam a 1.740,4 milhões de euros neste período, isto é, valeram 75,3% do volume de negócios total.

A sociedade liderada por Ricardo Pires destaca “a resiliência e adaptabilidade demonstrada pelo Grupo Semapa e suas subsidiárias na gestão do impacto de eventos desfavoráveis” como o aumento dos custos da energia, da logística e das matérias‐primas”, através de um “forte empenho no aumento de eficiência, a potenciação da produtividade, a moderação do aumento dos custos variáveis via contenção de consumos específicos e um esforço continuado de controlo dos custos fixos”.

“Impulsionado pelo índice de preços da pasta, pelo aumento generalizado do custo da energia, logística e matérias‐primas, e ainda por um balanço oferta‐procura muito desequilibrado, o índice de preços do papel UWF na Europa registou também um forte crescimento nos primeiros nove meses de 2022, o que contribuiu para o crescimento do volume de negócios da Navigator”, resume a holding, frisando que o negócio no cimento “reflete essencialmente a evolução positiva em Portugal e no Brasil”.

O EBITDA dos primeiros nove meses de 2022 totalizou 673,2 milhões de euros (vs. 364,8 milhões de euros no período homólogo): 551,6 milhões de euros foram gerados na pasta e papel (+124% vs. o período homólogo); 106,1 milhões de euros no cimento (‐1,1%); e 15,1 milhões de euros no ambiente (+31,3%). A margem EBITDA consolidada atingiu 29,1%, 5 pontos percentuais acima da registada em igual período de 2021.

Investimento a subir e dívida a baixar

Em nove meses, o grupo calcula ter feito investimentos em ativos fixos no valor aproximado de 121 milhões de euros, com o segmento pasta e papel a ficar com 64,6 milhões e o cimento com 51,9 milhões. O projeto CCL ‐ Clean Cement Line na fábrica de cimento do Outão absorveu 29,4 milhões. Por outro lado, o valor dos investimentos em ativos financeiros, realizado até ao final do terceiro trimestre pela capital de risco Semapa Next, totalizou 15,2 milhões, repartidos por seis empresas – Defined.AI, Kencko, Probely, Airly, Flecto e EMOTAI – e seis fundos, incluindo um novo da Lakestar, empresa de capital de risco baseada na Suíça.

A 30 de setembro, a dívida líquida remunerada consolidada era de 797,8 milhões de euros, ou seja, 217,8 milhões abaixo do registo no final do ano passado. Na informação ao mercado, o grupo assegura dispor de uma “confortável posição de liquidez, assegurada por disponibilidades e por um conjunto de linhas contratadas e não utilizadas”.

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Lucros da Navigator crescem 57% apesar do aumento de custos

Resultados da empresa de pasta e papel cresceram, com o aumento das vendas e a melhoria da margem. Empresa vai pagar um dividendo adicional de 14,06 cêntimos por ação.

Navigator fechou 2021 com vendas de perto de 1.600 milhões de euros, mais 15% do que no ano anterior. O aumento das encomendas e dos preços praticados permitiu compensar o aumento dos custos.

Os lucros da empresa de pasta e papel aumentaram 57% no ano passado, para 171,4 milhões de euros. Um resultado que beneficiou da melhoria do EBITDA (Resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), que aumentou 24,2% para 354,7 milhões.

Tendo em conta a evolução dos resultados, o conselho de administração vai propor à Assembleia Geral a distribuição de um dividendo adicional de 14,06 cêntimos por ação, num montante global próximo de 100 milhões.

A retoma económica que potenciou a recuperação do consumo de papel, conjugada com a melhoria do equilíbrio entre a oferta e a procura nos Estados Unidos, na Europa e na região MENA, na sequência da saída de capacidades e conversões já anunciadas, permitiram um bom desempenho da indústria em 2021 e em particular da Navigator”, salienta a empresa em comunicado.

A margem também melhorou ligeiramente, com o rácio entre o EBITDA e as vendas a subir de 20,6% para 22,2%. Isto apesar do aumento dos custos com matérias-primas, com a logística (sobretudo no transporte marítimo) e com a energia, que foram o “maior desafio” que Navigator enfrentou em 2021.

Um impacto que a empresa diz ter compensado com “a implementação de uma política adequada de aumento de preços” e uma “forte entrada de encomendas, com valores historicamente altos no terceiro e quarto trimestres”. No papel de impressão e escrita (UWF) foi mesmo atingida a a maior carteira de encomendas de sempre.

Os diferentes segmentos registaram, no entanto, comportamentos diferentes. Se o volume de vendas de papel aumentou 16% para 1.474 mil toneladas, o de pasta caiu 26% para 292 mil toneladas e o de tissue recuou 1% para 105 mil toneladas.

O endividamento líquido desceu ligeiramente (85 milhões), para 595 milhões. O rácio entre a dívida líquida manteve-se num “nível confortável de 1,68 vezes”.

O ano terminou com uma boa dinâmica de crescimento, com o volume de negócios a atingir 476 milhões no quarto trimestre, mais 18% do que entre julho e setembro e mais 40% do que no mesmo período de 2020. O EBITDA totalizou 109 milhões e o resultado líquido foi de 57 milhões.

A Navigator salienta o forte crescimento dos preços da pasta (68% face ao quarto trimestre de 2020) e do índice de preços do papel na Europa. Este período ficou ainda marcado pelo lançamento da marca de packaging gKraft, que em 2021 registou vendas superiores a 40 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 18h com informação sobre a distribuição adicional de dividendos)

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Navigator vai trazer cinco navios de eucalipto de Moçambique. Dois já chegaram

A Portucel Moçambique realizou no terceiro trimestre a primeira exportação de madeira produzida em Moçambique. Ao todo serão cinco.

A Portucel Moçambique realizou a primeira exportação de madeira produzida em Moçambique durante o terceiro trimestre, anunciou a empresa no comunicado de apresentação de resultados. Ao todo serão cinco os navios a trazer eucalipto das plantações em Manica.

Do porto da Beira saiu um navio com 32 mil metros cúbicos sólidos de madeira sem casca, com destino ao porto de Aveiro e daí para a fábrica da Navigator na Figueira da Foz. E não será o único.

“Esta primeira exportação da Portucel Moçambique marca o início do ciclo de colheita e exportação de madeira realizada na província de Manica, que prevê um total de cinco navios, três dos quais este ano, dois em 2022″, anuncia a empresa em comunicado. Um segundo navio chegou no mês de outubro ao porto de Setúbal.

A empresa explica ainda que esta primeira exportação teve uma operação prévia “para testar e compreender melhor os processos administrativos, legais, de licenciamento e fiscais, tendo em vista criar as condições para, posteriormente, aumentar a escala e avançar para operações de maior valor acrescentado”.

No final de 2020, a Navigator já tinha investido 130 milhões de dólares em Moçambique, tinha 13.500 hectares plantados e 12 milhões de plantas em viveiro. A primeira colheita de madeira começou ainda no final 2020.

As exportações de eucalipto a partir de Moçambique permitem à Navigator suprir a falta de madeira no território nacional. A empresa tem recorrido também a importações de Espanha, nomeadamente da Galiza.

A empresa apresentou esta quinta-feira um crescimento de 8% no volume de negócios no terceiro trimestre, para os 405 milhões. O EBITDA totalizou 96 milhões (mais 20%, em cadeia) e o resultado líquido atingiu os 50 milhões (mais 22%).

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Navigator aumenta lucros e lança marca de packaging

Empresa de pasta e papel lucrou 50 milhões no terceiro trimestre, mais 22% do que nos três meses anteriores. Marca do negócio de embalagens, "gKraft", será apresentada na próxima semana.

A Navigator manteve a trajetória de melhoria dos resultados no terceiro trimestre, com um crescimento de 8% no volume de negócios face aos três meses anteriores, para um total de 405 milhões de euros. Os preços mais altos da pasta e o aumento das vendas de papel contribuíram para este desempenho.

As vendas de papel situaram-se 4% acima do segundo trimestre 2021 e 13% acima do trimestre homólogo. Em toneladas, este foi mesmo o melhor trimestre desde os últimos três meses de 2018. Entre janeiro e setembro, o volume de vendas de papel totalizou 1 081 mil toneladas, mais 16% do que em 2020.

as vendas de pasta registaram uma forte quebra, de 26% face ao trimestre anterior e de 47% face ao homólogo, que o comunicado da Navigator explica com a “menor disponibilidade de pasta para o mercado, por via da maior integração em papel”.

A empresa assinala, no entanto, o forte crescimento dos preços da pasta, com o índice de referência na Europa a subir 11% em dólares face aos três meses anteriores e 68% face ao mesmo período de 2020.

Os volumes de tissue aumentaram 4% em relação ao trimestre anterior, mais ficaram 6% aquém do trimestre homólogo, quando ocorreu “um pico de procura provocado pela COVID-19 nos produtos do segmento At Home (AH)”

Com este desempenho, o volume de negócios cresceu 8% em cadeia, para os 405 milhões, e 16% face ao terceiro trimestre de 2020. O EBITDA totalizou 96 milhões (mais 20%, em cadeia) e o resultado líquido atingiu os 50 milhões (mais 22%).

Olhando para os primeiros nove meses, o volume de negócios cresceu para os 1119,7 milhões, mais 7,3% do que no mesmo período de 2020. O EBITDA aumentou 16,9% para os 246 milhões, com o resultado líquido a dar um salto de 51,8% para os 114,2 milhões.

Nova marca de packaging, “gKraft”, lançada no dia 1

Tal como tinha anunciado nas contas do semestre, a Navigator entrou numa nova área de negócio, desenvolvendo um conjunto de produtos dirigidos ao segmento de packaging, para tirar partido da progressiva eliminação do plástico nas embalagens. A nova marca, “que consolidará a estratégia de diversificação e aposta na sustentabilidade”, vai chamar-se gKraf e será lançada no dia 1 de novembro.

O dia não foi escolhido por acaso. É nessa data em que entra em vigor a legislação portuguesa que proíbe os plásticos de utilização única.

“Com o lançamento da linha gKraft, a empresa dá um passo em frente no sentido de disponibilizar alternativas de embalagem que apoiem outras organizações a cumprir os seus objetivos ambientais”, refere a Navigator. Será direcionada para os segmentos industrial e retalho, nomeadamente, alimentar, restauração, farmacêutico, vestuário e cosmética. Uma das máquinas da fábrica de Setúbal já está totalmente dedicada ao packaging.

Preços da energia pesam nas margens

“A retoma económica esperada, conjugada com a melhoria do equilíbrio entre a oferta e a procura nos Estados Unidos e na Europa, na sequência da saída de capacidades e conversões já anunciadas, permitem boas perspetivas para o fecho de 2021”, considera a Navigator.

A empresa assinala, no entanto, que o aumento dos custos com a energia, fretes e químicos estão a pressionar fortemente as margens dos produtores de papel europeus, o que tem motivado novos anúncios de aumento de preços. Conjuntura que “obrigou a Navigator a aumentar preços durante o período, tendo o último anúncio, comunicado este mês, incluído uma sobretaxa extraordinária de 50€ por tonelada, para todos os produtos e marcas em todos os mercados, para expedições a partir de 1 de novembro, nos próximos meses”.

(Notícia atualizada às 18h30 com mais informação)

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Navigator admite cortar investimento em Portugal por causa dos preços da energia

A subida dos preços da eletricidade já está a fazer a produtora de papel perder terreno para as concorrentes europeias, retirando também “espaço para investir e crescer” em Portugal.

É com “enorme apreensão e preocupação” que a The Navigator Company olha para a escalada de preços no mercado grossista ibérico (Mibel), com a empresa liderada por António Redondo a admitir ao ECO que esta subida dos custos da energia vai afetar o crescimento do negócio e também reduzir o volume de investimento em Portugal.

“Sentimos desde já um aumento de custos que naturalmente se traduzirá em menor competitividade da nossa proposta de valor no mercado internacional. Temos menos espaço para investir e crescer, não só porque estamos a aplicar os nossos fundos nestes sobrecustos, como os eventuais investimentos em Portugal ficam menos atrativos”, reconhece fonte oficial da Navigator.

Mais: lembra o grupo sediado em Setúbal que a subida dos preços de energia elétrica no Mibel tem na sua origem uma escalada muito expressiva dos preços de gás natural, que, enquanto combustível necessário à atividade industrial, “tem também um impacto fortíssimo na estrutura de custos” da papeleira.

E além de já estar a “perder competitividade de forma muito relevante” face à concorrência global — foi a terceira maior exportadora portuguesa em 2020, com vendas para mais de 130 países –, a mesma fonte avisa que “inevitavelmente terá também um impacto significativo na inflação ao consumidor, que perderá poder de compra e reduzirá o consumo”. Este mês, a antigo Portucel aumentou os preços do papel na Europa em até 6%.

"Temos menos espaço para investir e crescer, não só porque estamos a aplicar os nossos fundos nestes sobrecustos, como os eventuais investimentos em Portugal ficam menos atrativos.”

Fonte oficial da The Navigator Company

Face aos recordes registados em agosto e em setembro, o governo português tem vindo a anunciar que vai implementar algumas medidas para mitigar parcialmente este problema junto das grandes empresas industriais, como a criação de um estatuto de consumidor eletrointensivo, a promoção do autoconsumo renovável à distância ou a compensação via Fundo Ambiental pelo aumento dos custos do CO2.

No entanto, as empresas continuam sem conhecer os detalhes e os prazos de implementação destas propostas, embora a Navigator considere que “o mais provável é que as medidas do governo mitiguem apenas uma parte pequena do elevado impacto negativo já ocorrido”. Enquanto isso, contrapõe, “a subida de preços da eletricidade e do gás é certa e segura, e já tem vindo a acontecer desde há algum tempo, sendo que as perspetivas de curto prazo não apontam para a resolução desta situação em mercado”.

Compensação tardia e interruptibilidade precoce

Esta quarta-feira, o Executivo socialista anunciou o mecanismo de compensação dos custos indiretos de CELE (Comércio Europeu de Licenças de Emissão), que prevê um total de 25 milhões de euros em apoios à indústria eletrointensiva, que vão beneficiar um universo estimado de 28 instalações. Ora, uma das empresas englobadas é precisamente a Navigator, que diz ser “uma medida na direção certa, ainda que peque por tardia”.

“Na verdade, não sabemos ainda como será aplicada, nem os montantes líquidos a alocar por empresa, aspeto que só será conhecido com a portaria. Além do mais, o montante referido representa uma parte muito pequena daquilo que o Estado/Fundo Ambiental arrecada, especialmente num contexto de elevados preços do CO2. Outros países europeus, por exemplo, Espanha, França e Reino Unido, têm sido mais generosos na proteção das grandes indústrias nacionais e, portanto, da competitividade e do emprego desses países”, resume a Navigator.

Fábrica da Navigator na Figueira da Foz.DR

Estes países “não só já operacionalizaram este mecanismo há mais tempo, como têm devolvido às empresas uma parte maior daquilo que coletam através da venda de licenças de CO2 de forma a minimizar o impacto do CO2 no preço da energia elétrica”, detalha a papeleira, dando o exemplo de Espanha que alocou a este mecanismo mais de 170 milhões de euros em 2019. “É claramente uma medida que já deveria ter sido implementada para assegurar igualdade de condições com os nossos concorrentes europeus”, acrescenta.

Entre as “almofadas” que o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, elencou recentemente para inibir uma subida dos preços da luz, está o fim do serviço de interruptibilidade, a 31 de outubro, que irá fazer aumentar de forma expressiva os custos das grandes empresas industriais, que prestam atualmente este serviço ao sistema elétrico nacional.

Mesmo sendo contra a eliminação deste serviço, a Navigator sustenta que, mesmo sendo feito por imposição da Comissão Europeia, deveria sê-lo “apenas e quando todas as medidas compensatórias e mitigadoras estivessem implementadas, o que não aparenta ser o caso”. Retirar competitividade às grandes empresas nacionais neste momento em que iniciam a recuperação, após um período “fortemente recessivo” como foi o ano anterior, é “colocar em risco a recuperação económica, a industrialização do país e o emprego”.

Esta manhã, o secretário de Estado João Galamba reforçou perante os deputados o compromisso, já assumido pelo ministro Matos Fernandes, de “conter os preços da eletricidade no próximo ano”. Para tal, prometeu que o Governo vai apresentar até 15 de outubro – ou mesmo antes da data em que a ERSE apresenta a sua proposta tarifária para 2022 – propostas para impedir uma subida significativa das faturas da luz dos portugueses.

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Sindicato desmente despedimento coletivo na Navigator anunciado pela UGT

Ao contrário do que afirmou Carlos Silva, a Navigator não avançou com um despedimento coletivo. O próprio representante sindical na empresa negou essa informação. A UGT admite que foi um lapso.

Esta manhã, durante a apresentação da política reivindicativa da central sindical para o próximo ano, em que reclamou um aumento de 50 euros no salário mínimo nacional em 2022, para 715 euros, o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, garantiu ter tido conhecimento de um despedimento coletivo na The Navigator Company, chegando até a detalhar que estariam abrangidos “à volta de 200 trabalhadores”.

No entanto, em declarações ao ECO, Manuel Fernandes, dirigente do sindicato (Sindetelco) afeto à UGT e representante sindical na Navigator, onde trabalha, desmente a afirmação proferida pelo secretário-geral, que terá feito confusão com o caso da fábrica da Continental que fornece a Autoeuropa ou então com o “aumento da pressão sobre os trabalhadores [da Navigator] para aceitarem acordos” de saída.

Contactada, entretanto, pelo ECO, a central sindical admite ter-se tratado de um… lapso. “Os despedimentos coletivos têm ocorrido noutras empresas, nomeadamente na Faurecia, na Continental ou na Lauak, no distrito de Setúbal. Essas sim. No caso da Navigator, como na Autoeuropa, não têm ocorrido despedimentos coletivos, mas uma espécie de rescisões por mútuo acordo. Os trabalhadores não são obrigados a aceitar, mas, não aceitando, ficam numa posição delicada dentro da empresa”, resume Manuel Fernandes, do Sindetelco.

Entretanto, a Navigator reagiu à notícia, desmentido um despedimento coletivo. “É completamente falso que esteja a decorrer, ou sequer que esteja a ser ponderado, um despedimento coletivo na empresa, nem discernimos como é que é possível que esta informação tenha surgido”, revela fonte oficial da empresa, em comunicado. A Navigator diz ainda que “está a trabalhar à capacidade máxima em todas as suas unidades fabris”.

A papeleira diz ainda que “os seus colaboradores são um ativo fundamental espelhado na melhoria contínua das suas condições remuneratórias e de trabalho”.

Revista em baixa fórmula de “rejuvenescimento”

Em causa está o chamado Programa de Rejuvenescimento, que já existe há alguns anos para os trabalhadores que se estão a aproximar da idade da reforma. Tem sido renovado todos os anos, “mas sempre em perda para os trabalhadores” no que toca às condições para essa saída. “Acentua numa base de negociação, mas, não sendo aceite, o trabalhador fica em situação difícil. Não há despedimento coletivo porque há esta variante”, acrescenta o dirigente sindical.

De acordo com o representante do Sindetelco na Navigator, essa fórmula de cálculo foi renovada há cerca de um mês e meio, a meio do verão, e terá reduzido “entre 25% a 30%” os valores das indemnizações compensatórias. Outra novidade, assegura ainda este quadro da empresa, é que terá passado a contemplar trabalhadores com idades inferiores a 60 anos, a partir dos 57 anos.

À parte desse processo, o porta-voz do sindicato afeto à UGT lamenta ainda que a terceira maior exportadora nacional não tenha aumentado os salários em dois anos consecutivos, pago prémios de desempenho nem avançado com progressões nas carreiras.

Mas a Navigator também refuta estas acusações, afirmando que “o Plano de Carreiras da Empresa foi redefinido recentemente assegurando a progressão já este ano a quase um terço do universo dos trabalhadores incluídos, tendo sido considerado pelas entidades que representam os trabalhadores como um acordo histórico e inédito”.

O porta-voz do sindicato afeto à UGT acusa ainda a administração de ter “[penalizado] os trabalhadores em dias de férias e de folgas” para pagar na íntegra os salários nos dois meses em que esteve em situação de lay-off, em junho e julho do ano passado.

Com mais de 90% dos produtos a serem vendidos em 130 países dos cinco continentes, a produtora integrada de floresta, pasta e papel, tissue e energia soma cerca de 5.600 fornecedores nacionais e gera, de forma direta, indireta e induzida, mais de 30 mil postos de trabalho em Portugal.

(Notícia atualizada às 20h31 com reação da Navigator)

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