Scholz alerta para riscos de protecionismo após tarifas dos EUA sobre a China

  • Lusa
  • 15 Maio 2024

"O protecionismo acaba por tornar tudo mais caro", diz o chanceler alemão Olaf Scholz, antes de acrescentar que é preciso "um comércio mundial justo e livre".

O chanceler alemão, Olaf Scholz, alertou esta quarta-feira para os riscos do “protecionismo”, um dia depois de o Presidente norte-americano, Joe Biden, ter anunciado novas tarifas sobre importações da China, designadamente de veículos elétricos.

É evidente que a economia alemã enfrentou desafios sem precedentes nos últimos dois anos, desde o ataque russo à Ucrânia. E, nesta situação, temos de ter cuidado para que os mercados abertos não entrem em colapso”, declarou Scholz, num evento organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Alemã. O líder alemão argumentou que “o protecionismo acaba por tornar tudo mais caro”. “O que precisamos é de um comércio mundial justo e livre”, defendeu o chanceler, reiterando uma posição expressa noutras ocasiões.

Tal como a Casa Branca tinha antecipado, Biden anunciou terça-feira novas tarifas no valor de 18 mil milhões de dólares (16,6 mil milhões de euros) sobre as importações de produtos chineses, sendo os veículos eléctricos os mais atingidos, com taxas que sobem de 25% para 100%. Também o Conselho Consultivo de Economistas do governo alemão, o grupo dos chamados “cinco sábios”, avaliou esta medida como menos eficaz do que muitos acreditam e que não seria apropriado que a União Europeia (UE) seguisse este caminho.

“É evidente que os EUA pretendem, por razões políticas, proteger o seu povo e a sua indústria. É compreensível, mas a questão é saber se algo semelhante seria apropriado para nós, talvez não seja a coisa mais inteligente a fazer”, disse Monika Schnitzer, presidente do grupo. Ainda na terça-feira, a Comissão Europeia anunciou que iria analisar a decisão dos Estados Unidos, bem como o seu possível impacto no mercado dos 27.

O porta-voz da Comissão Europeia para o Comércio, Olof Gill, indicou durante a conferência de imprensa diária que não ia comentar a aplicação das tarifas, nem as conclusões a que as autoridades norte-americanas chegaram a este respeito. As novas tarifas afetam setores descritos pela Casa Branca como “vitais para o futuro económico e a segurança nacional dos Estados Unidos”, como aço, alumínio, semicondutores, veículos elétricos, baterias, painéis solares, guindastes de descarga de navios e produtos médicos.

A CE abriu formalmente uma investigação anti-subsídios sobre as importações de veículos elétricos da China em outubro. A investigação visa determinar se as cadeias de valor destes veículos na China beneficiam de subsídios ilegais e se estes causam ou ameaçam causar danos económicos aos produtores de automóveis elétricos da UE.

Com base nas conclusões da sua investigação, a CE determinará se deverá atenuar os efeitos das práticas comerciais desleais constatadas através da imposição de direitos antissubvenções sobre as importações de veículos elétricos provenientes da China. Olof Gil lembrou também que em 06 de maio, numa reunião em Paris, a presidente da CE, Ursula von der Leyen, instou o Presidente chinês Xi Jinping a abordar os desequilíbrios e as políticas que estão na origem deste excesso de capacidade.

O ministro da Economia italiano, Giancarlo Giorgetti, defendeu também que é necessário que a UE se defenda da concorrência de países externos, ao responder se a Europa deve seguir o caminho norte-americano e impor tarifas contra a China. Segundo a CE, os veículos chineses têm uma penetração de 8% no mercado comunitário – que poderá duplicar para 15% em 2025 se a mesma taxa se mantiver – e custam 20% menos que os europeus.

O inquérito comunitário sobre estas importações chinesas será concluído no prazo máximo de 13 meses a contar do seu início e, se legalmente justificado, poderão ser instituídos direitos antissubvenções provisórios no prazo de nove meses a contar do seu início. As medidas finais podem ser instituídas até quatro meses mais tarde ou no prazo de 13 meses após a abertura do inquérito.

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Rendimento garantido ressuscita seguros de Vida

A venda de produtos de capitalização das seguradoras aumentou 23% no primeiro trimestre. Voltaram as taxas de rendimento garantidas, as companhias estão a arriscar e o público a aderir.

Os produtos de capitalização oferecidos pelas seguradoras voltam a dar vida aos negócios das companhias com um crescimento de 23,3% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2023. O mercado está animado pela oferta de novos produtos, que começou em outubro do ano passado, após um longo período de baixas taxas de juro.

Verificando a oferta de produtos disponível nos sites das seguradoras com maiores crescimentos no primeiro trimestre deste ano pode confirmar-se o que se alterou.

A inovação começou com as seguradoras a oferecer produtos com rendimento garantido e assegurar o capital investido tornou-se um standard. Já este ano, a GamaLife arrisca garantir uma taxa anual de rendimento de 1,3% durante seis anos. A Real Vida assegura um rendimento de 3,5% este ano indexando futuros rendimentos a 70% do valor da Euribor com mínimo de 0,25% e um máximo de 5%. A Ocidental, do Grupo Ageas Portugal, tem um produto que dá 2,75% em 2024, acrescido de uma participação nos lucros dos investimentos realizados. O BPI Vida e Pensões oferece 2,2% por ano a quem se mantenha 5 anos e um dia com um dos seus produtos.

No entanto, este crescimento foi de apenas 6,1% nas vendas destes produtos pelos bancos, quem fez este destaque foram outros canais em que predominam agentes e corretores que cresceu 75% neste tipo de produto. De qualquer forma, estes produtos, tal como os PPR, são mais fáceis de vender por bancos, e continuam a ser estes a significar dois terços do valor vendido em produtos financeiros de seguradoras. Os seguros de Vida Risco, excluídos desta análise, estão essencialmente ligados ao crédito à habitação e ao consumo e só pagam indemnizações em casos de morte e invalidez das pessoas seguras. Não são produtos de investimento ou de poupança, estão apenas ligados a risco.

Na área da poupança, a inversão da tendência de venda de seguros financeiros está a decretar o fim de um longo período de quebra de interesse dos investidores. Em 31 de março os valores da carteira Vida de todas as seguradoras agregadas indicava um valor de 32,8 mil milhões de euros, menos 20% do que há 10 anos. Se ajustado pela inflação, com fonte INE, os 41,8 mil milhões de euros de 2014 seriam hoje 46,6 mil milhões de euros, mais 42% do que realmente se verifica.

Este indicador de valores da Carteira Vida, divulgado pela APS, “são o saldo das contas dos produtos financeiros em vigor (PPR, produtos de capitalização e operações de capitalização)”, explica o atuário Luis Portugal, CEO da Atuarial, acrescentando que “as pessoas contribuem com prémios e parte destes capitaliza e dá o valor acumulado apresentado”. Assim o valor da carteira Vida aumenta com as entradas de capital por parte dos segurados e com os rendimentos do período anterior e diminui com resgates e com os reembolsos de capital quando atingem a data de vencimento.

As entradas de capital foram atormentadas nos últimos dez anos. Entradas menores que saídas, pandemia Covid-19 e até a invasão da Ucrânia trouxe desvalorização geral das carteiras de investimento.

Fonte do mercado explica que “do lado da produção, verificou-se uma elevada redução em 2019 e 2020 e isto deveu-se sobretudo ao aumento da concorrência dos depósitos a prazo e dos certificados de aforro” e acrescenta outro motivo, o “das prioridades estratégicas dos bancos, os principais distribuidores dos seguros financeiros”. Neste ponto, outra fonte, ligada a uma grande seguradora Vida, refere que “a partir de 2022 e até setembro de 2023 estes produtos tiveram um grande declínio pelas condições de mercado, inclinação da ‘curva de rendimentos’ (que compara rentabilidade de aplicações em diferentes prazos de vencimento), certificados de aforro e a vontade do banco em ter o dinheiro em depósitos a prazo”.

As taxas de juros oferecidas pelos Certificados de Aforro emitidos pelo Tesouro, estiveram na moda durante alguns meses do ano passado oferecendo taxas superiores a 3%, ao mesmo tempo que os juros oferecidos pelos empréstimos dos bancos subiam e a remuneração dos depósitos a prazo e à ordem estagnava em valores baixos. Não havia interesse dos bancos em vender seguros ou, como dizia alguém no mercado, “as margens bancárias eram superiores às comissões de venda dos produtos seguradores”, o interesse era pouco.

Do lado dos sinistros, indemnizações e outros pagamentos, verificou-se um aumento sobretudo em 2020 e 2021. Parte destas saídas resultou de vencimentos de carteiras de taxas elevadas, baseados em divida soberana portuguesa, comercializados pela maior parte das seguradoras em 2011 e 2012 (8 anos antes) e que “aproveitaram a crise de dívida pública dessa altura”, afirma outra fonte. Os vencimentos ocorreram após 8 anos porque é o prazo standard deste tipo de seguros ou seja, o prazo para maximizar o benefício fiscal. No entanto, Nelson Machado, administrador do Grupo Ageas para o ramo Vida, comentou que “até 2021 não tivemos declínio e conseguimos substituir produtos tradicionais por produtos com exposição ao mercado”, ou seja, os unit link, são produtos ligados a fundos de investimento, em que o risco do investimento corre do lado do segurado e que obtiveram bons resultados na maioria dos casos.

Quando o risco está do lado das seguradoras, o cenário é diferente. “A imobilização de capital pelas companhias é muito significativa nos produtos tradicionais capitalização e PPR e quase nulos nos produtos unit link abertos e fechados”. Esta afirmação traduz que, também para as companhias, o interesse em lançar seguros de capitalização e PPR era muito relativo, os ganhos são reduzidos: “na enorme maioria dos casos não há comissão de subscrição, a de gestão é a fundamental e a de resgate só costuma acontecer nos primeiros anos”, confirma. Depois há os rendimentos de investimentos: “sim, nos produtos tradicionais de capitalização e PPR há parte do retorno que é dos clientes e outra parte da companhia”, explica acrescentando que “só a partir de 2022 os rendimentos o permitiram pagar, até aí, com as taxas de juro negativas, a rentabilidade era nula”, conclui.

Também de referir que os PPR, desde sobretudo da pandemia, passaram a ter muito maior liquidez com a inclusão na lei de outros motivos de levantamento e que aumentou naturalmente o volume de sinistros. De resto esta facilidade de resgatar os PPR já tinha degradado muito a qualidade do produto enquanto investimento. Nelson Machado já aponta para o futuro. Incentivos fiscais acrescidos “para a verdadeira poupança de longo prazo em que só haja liquidez na reforma”, exemplificando que podia ser este o caso do futuro PEPP, o PPR europeu, já que o atual PPR está completamente desvirtuado.

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5G: Retirar Huawei da lista de fornecedores “diminui opções”, avisa Altice Portugal

  • Lusa
  • 15 Maio 2024

"É óbvio que o facto de reduzirmos ou restringirmos um conjunto de fornecedores", nota Ana Figueiredo, vai diminuir "as opções" para se tomar "decisões" e escolher "fabricantes".

A presidente executiva (CEO) da Altice Portugual manifestou esta quarta-feira preocupação com o momento da deliberação que retirou a Huawei da lista de fornecedores de 5G e que a redução de concorrência nesta área “diminui as opções”. Ana Figueiredo respondia a uma questão sobre a retirada da chinesa Huawei do core da rede 5G em Portugal, durante o debate Estado das Comunicações, no 33.º Congresso da APDC, que termina hoje em Lisboa.

“Relativamente ao tema dos fornecedores ou high risk vendors, é óbvio que o facto de reduzirmos ou restringirmos um conjunto de fornecedores chamado high risk vendors diminui as opções de nós podermos tomar decisões e escolhermos fabricantes”, disse a gestora. Até porque “não existem muitos fabricantes porque aqui, sim, tem havido consolidação”.

“Preocupa-nos também neste tipo de temas o timing da decisão”, que é tomada “à posterior, ou seja, quando nós já estamos todos há 16 ou 18 meses depois da implementação e do rollout [desenvolvimento] das infraestruturas baseada toolbox [ferramenta] que cada país europeu teve a sua interpretação, não cria estabilidade, não cria previsibilidade para a promoção do investimento”, sublinhou Ana Figueiredo.

A CEO disse que a Altice Portugal se preocupa “muito com a segurança” das suas infraestruturas. “Temos uma política de diversificação de fornecedores, agora obviamente acataremos e cumpriremos com as deliberações que forem tomadas”, rematou. Sobre quem vai pagar a substituição das redes, Ana Figueiredo disse que essa é “outra componente”, em que até agora tem sido o investimento privado a suportar esse custo.

O prazo de substituição tem de ser “compaginável com exequibilidade do ponto de vista operacional e que seja razoável”, rematou.

Em maio de 2023, a Comissão de Avaliação de Segurança (CAS), no âmbito do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, divulgou uma deliberação sobre o “alto risco” para a segurança das redes e de serviços 5G do uso de equipamentos de fornecedores que, entre outros critérios, sejam de fora da UE, NATO ou OCDE e que “o ordenamento jurídico do país em que está domiciliado” ou ligado “permita que o Governo exerça controlo, interferência ou pressão sobre as suas atividades a operar em países terceiros”.

A deliberação não refere nomes de empresas ou de países, mas o certo é que o caso da Huawei surge na memória, nomeadamente porque a tecnológica chinesa foi banida das redes 5G em outros países europeus.

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“Anacom e Governo têm de incentivar a consolidação”, defende CEO da Nos

Miguel Almeida, da Nos, acredita que o caminho "inevitável" das telecom é a consolidação. Mas o CEO da Vodafone discorda e diz que o caso da Nowo criou um precedente negativo.

A entrada da Digi no mercado de telecomunicações em Portugal marcou em grande parte esta quarta-feira o painel ‘Estado da Nação da Comunicações’ no 33ª Congresso da APDC. As reações das três principais operadoras existentes aos comentários da presidente da Anacom sobre a chegada da empresa romena passaram pelo tema do equilíbrio entre concorrência e investimento, mas também pelo da consolidação como solução.

“O caminho é simples e é inevitável, na minha perspetiva e tenho confiança que vai naturalmente acontecer”, disse Miguel Almeida, CEO da Nos. “Portugal costuma ser mais demorado, é uma tradição, mas vai acontecer, e por mim passa pela consolidação“, explicou. “Podem achar estranho estar a falar de consolidação quando comercialmente o tal novo operador ainda não entrou”, admitiu.

Miguel Almeida, CEO da NosHugo Amaral/ECO

Miguel Almeida adiantou que aquilo que vai ter que acontecer em Portugal e aquilo que será a medida de sucesso deste mandato do regulador e também responsabilidade do Governo é de facto criar as condições para a consolidação“.

“E vou mais longe, incentivar e impulsionar que isso aconteça, sob pena, de quando chegarem as novas atualizações de tecnologia, de ter consequências dramáticas para o país, senão ficamos para trás“, vincou.

Luís Lopes, CEO da Vodafone Portugal, não vê o futuro do setor, pelo menos em Portugal, a seguir o caminho das fusões e aquisições, especialmente tendo em conta as dificuldades que a empresa enfrenta na tentativa de comprar a Nowo, uma operadora com uma quota de mercado de 2%.

“Estou em desacordo com o Miguel, não vejo consolidação possível neste mercado porque há aqui um precedente que se está a abrir nesta matéria, bastante surpreendente”, referiu.

Luís Lopes, CEO da Vodafone PortugalHugo Amaral/ECO

“Por isso temo que se calhar um plano de negócio que passaria por consolidação futura possa ser um plano de negócios que de repente vê aqui algumas dificuldades relativamente a esse pressuposto” vincou.

Instado – pelo moderador do painel, António Costa, diretor do ECO – a explicar o que aconteceu nessa operação, Luís Lopes respondeu: “Não tem explicação, começo por essa frase”.

Recordou que há um ano, precisamente no congresso da APDC já tinha ficado surpreendido pelo processo ir para investigação aprofundada, o que quer dizer que existiam algumas dúvidas por parte da Autoridade da Concorrência sobre a operação. “Passou um ano, a operação ainda não está concluída, sendo que existe um sentido provável de decisão há cerca de um mês, no sentido de não aprovar”, vincou.

A Vodafone, sendo uma empresa que tem um acionista estrangeiro, vê esta situação em Portugal com uma perplexidade enorme, uma incompreensão muito grande

Luís Lopes

CEO da Vodafone Portugal

“A Vodafone, sendo uma empresa que tem um acionista estrangeiro, vê esta situação em Portugal com uma perplexidade enorme, uma incompreensão muito grande”, frisou.

Luís Lopes recordou que essa “incompreensão” já aconteceu no passado em relação a matérias como o leilão do 5G, “portanto existe sempre um risco muito grande que um investidor estrangeiro não consiga perceber o que se passa no país e com isso retire investimento”.

A Digi e o equilíbrio

A discussão sobre o caminho a percorrer pelo setor veio no seguimento do keynote speech da sessão, na qual Sandra Maximiano, presidente da Anacom há precisamente cinco meses, explicou que, com vista à promoção da concorrência, o regulador tem promovido medidas do lado da oferta.

“Destaco primeiro o reforço das condições para que as empresas possam entrar e competir ativamente no mercado”, disse. “Em breve um novo operador, a Digi, entrará no mercado português, o que levará, esperemos, a uma reação criativa e saudavelmente competitiva dos operadores”, vincou.

Ana Figueiredo, CEO da Altice Portugal, reagiu de forma direta. “Relativamente à criatividade, na nossa empresa provamos ao longo dos tempos que fomos criativos, porque soubemos inverter o curso das coisas e continuamos a manter a liderança, e talvez fomos o operador que mais foi desafiado por novos entrantes pela liberalização,“ referiu.

“Respeitamos todos os novos entrantes. Não sabemos qual vai ser o posicionamento deste novo entrante, embora podemos ter uma ideia consoante o que faz noutros mercados”, adiantou.

Ana Figueiredo, CEO da Altice PortugalHugo Amaral/ECO

Para Ana Figueiredo, “muitas vezes no nosso setor debate-se muito o tema do preço, competitividade e trazer competividade é trazer um entrante, e dois entrantes e três entrantes”.

Vincou que num setor que é capital intensivo, não é, no entanto, “suposto termos uma multiplicidade de players porque não existe capacidade, nem sequer existe espetro disponível para todos se tivermos uma fragmentação do mercado”.

Miguel Almeida referiu que teve pena de não ter ouvido a presidente da Anacom falar de um ponto essencial que vê como central à missão da Anacom. “Neste setor, que tem características específicas, a função de utilidade, a forma de maximizar o valor para a sociedade, passa por encontrar um ponto de equilíbrio muito importante entre por um lado a concorrência e, por outro, o investimento“.

“É absolutamente crítico e qualquer perspetiva de médio longo prazo tem de encontrar este equilíbrio”, disse. “Agora é evidente se à data de hoje, e basta olhar para os números e a rentabilidade dos operadores, a Nos é cotada, olhando para os números mais recentes não cobre sequer o custo de capital“.

Num mercado como o português, “tão pequeno, com um quarto operador, essa situação só se vai agravar e provavelmente vai se agravar de forma dramática“.

Ignorar o “facto inequívoco, reconhecido pela UE e por todas entidades, que o futuro passa por garantir o investimento, um novo ponto de equilíbrio, estar a realçar pela positiva a entrada de um novo entrante e não referir em nenhum momento do discurso a sustentabilidade dos operadores que existem, dizendo que eles vão ter oportunidade de buscar receitas que me parecem um bocado ficcionadas é desviar a atenção do essencial e parece uma visão de curto prazo”, concluiu.

(Notícia atualizada às 19h59)

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União Europeia quer colocar educação financeira nas escolas desde o 1.º ciclo

Conselho Europeu apela à inclusão da educação financeira no currículo escolar logo a partir do primeiro ano, com o intuito de reduzir os elevados níveis de iliteracia financeira na União Europeia.

Conselho Europeu apela à introdução da educação financeira no currículo escolar
Conselho Europeu apela à introdução da educação financeira no currículo escolar. Portugal apresenta dos níveis mais baixos de literacia financeira da União Europeia, segundo o Barómetro de 2023, publicado pela Comissão Europeia em julho de 2023.Dall-E

O Conselho da União Europeia tomou na terça-feira uma decisão relevante para combater os preocupantes níveis de iliteracia financeira no bloco europeu, como espelham os resultados do Eurobarómetro de 2023 da Comissão Europeia que colocam também Portugal no fundo da tabela da literacia financeira europeia.

De acordo, com as conclusões da 4023.ª reunião realizada a 14 de maio, o Conselho Europeu instou os 27 Estados-membros a integrar a educação financeira como disciplina obrigatória nos currículos escolares a partir dos seis anos de idade, “com o objetivo de abranger conceitos-chave e adquirir competências relevantes para a sua idade, a fim de os preparar melhor para a vida futura”, lê-se no comunicado.

Embora respeitando disposições constitucionais e competências pelo conteúdo do ensino e pela organização dos seus sistemas educativos, o Conselho apela para que os vários países “desenvolvam ou facilitem o desenvolvimento pelas partes interessadas de programas de literacia financeira tradicionais e digitais e de materiais didáticos para atividades escolares e extra-escolares, incluindo jogos de educação financeira” ao longo de toda a vida escolar.

No último barómetro realizado à literacia financeira dos europeus, publicado em julho do ano passado, Portugal era o segundo país da União Europeia com o pior índice de conhecimentos financeiros, apenas à frente da Roménia.

O Conselho acredita que, desta forma, os cidadãos estarão mais capacitados a fazer escolhas financeiras mais informadas e seguras no futuro, permitindo alcançar uma estabilidade financeira individual, mas também contribuir para uma maior resiliência económica do bloco europeu.

Contudo, as recomendações do Conselho da União Europeia não se ficam por uma aposta maior na educação financeira das crianças e dos jovens. As conclusões do Conselho ressaltam também a importância de desenvolver estratégias inclusivas de literacia financeira que respondam às necessidades de grupos adultos menos literatos financeiramente ou vulneráveis – entre esses grupos estão pessoas de baixos rendimentos, migrantes, indivíduos com deficiências e idosos, que enfrentam maiores riscos de exclusão financeira e fraudes.

É nesse sentido que o Conselho lança o desafio aos Estados-membros da União Europeia para que sejam capazes de promover eventos como seminários, workshops e campanhas de sensibilização junto desta população, “desenvolvendo programas de literacia financeira tradicionais e digitais e materiais didáticos”.

E para garantir o sucesso destas iniciativas, o Conselho sugere uma colaboração estreita com instituições financeiras, organizações sem fins lucrativos e entidades educacionais. Além disso, é também recomendado a utilização de instrumentos como o Programa Erasmus+ para financiar projetos de literacia financeira.

Independentemente de todas estas atividades, as conclusões do Conselho destacam também a importância de os países continuarem a monitorizar os níveis de literacia financeira dos seus cidadãos e avaliarem o impacto das iniciativas implementadas. A cooperação com organizações internacionais e a partilha de melhores práticas são vistas como essenciais para o avanço dessas políticas, destaca o Conselho.

Esta realidade é particularmente cara para Portugal dado que, no último barómetro realizado à literacia financeira dos europeus, publicado em julho do ano passado, Portugal era o segundo país da União Europeia com o pior índice de conhecimentos financeiros, apenas à frente da Roménia.

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Ryanair “dececionada” com escolha de Alcochete para o novo aeroporto

Companhia aérea irlandesa saúda decisão sobre a construção de um novo aeroporto, mas mantém a discordância em relação à opção pelo Campo de Tiro de Alcochete.

A Ryanair saúda a confirmação da construção de um novo aeroporto em Lisboa, que permitirá um crescimento do tráfego aéreo e do turismo, mas discorda da opção pelo Campo de Tiro de Alcochete.

Embora saudemos a confirmação pelo Governo português de um novo aeroporto de Lisboa, ao final da noite de ontem (14 de Maio), que proporcionará o tão necessário crescimento nas viagens aéreas e no turismo para Lisboa, tendo como pano de fundo a atual restrição de slots e o impróprio aeroporto da Portela, estamos dececionados com a escolha de Alcochete e não do Montijo“, afirma a companhia aérea em resposta ao ECO.

“Alcochete não é o ‘local mais adequado’, pois só estará pronto em 2034. Lisboa não pode esperar mais uma década para crescer em novas rotas. O aeroporto do Montijo já existe e poderá ficar pronto no verão de 2025, necessitando apenas de um modesto investimento em infraestruturas terminais”, acrescenta a maior companhia aérea europeia e a segunda que mais passageiros transporta em Portugal, depois da TAP.

O Executivo liderado por Luís Montenegro aprovou na terça-feira uma resolução que determina que a localização do novo aeroporto de Lisboa será o Campo de Tiro de Alcochete, abrangendo uma área situada nos concelhos de Benavente e do Montijo.

O Conselho de Ministros aprovou também uma resolução para o reforço da capacidade do Humberto Delgado, dos atuais 38 para 46 a 48 movimentos por hora, através de novos investimentos na pista e terminais. Um incremento que permitirá elevar o número anual de passageiros de 33,6 milhões para entre 40 e 45 milhões.

Na consulta pública ao relatório da Comissão Técnica Independente sobre o novo aeroporto, a Ryanair já tinha deixado fortes críticas à opção pelo Campo de Tiro de Alcochete, considerando que será um “elefante branco”.

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Regulador confirma: preço da eletricidade no mercado regulado recua 0,1% em junho

Clientes no mercado regulado irão ver uma redução de 0,1% na fatura da eletricidade a partir do próximo mês, segundo uma decisão da ERSE.

O preço da eletricidade no mercado regulado vai ficar (ligeiramente) mais barato a partir do próximo mês. De acordo com o comunicado divulgado esta quarta-feira pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), a partir de 1 de junho, o preço da eletricidade no mercado regulado vai sofrer uma redução de 0,1%, uma descida que deverá afetar mais de 908 mil clientes e que vigorará até 31 de dezembro de 2024.

O regulador justifica este alívio ligeiro nas contas face às “descidas significativas nos preços de energia nos mercados grossistas”, quer nos preços ocorridos até ao momento, quer nos preços dos mercados futuros para o resto do ano. De acordo com a ERSE, os preços da energia registados no mercado grossista (MIBEL), no primeiro quadrimestre de 2024, situaram-se nos 36,7 euros por MWh, “muito abaixo dos 88,3 euros por MWh previstos pela ERSE para o cálculo das tarifas em 2024”.

E, mesmo os preços até ao final do ano “continuam abaixo dos 88,3 euros por MWh” previstos inicialmente pelo regulador, lê-se na nota, “embora sejam mais altos do que o preço médio verificado no primeiro quadrimestre do ano. Desta forma, o regulador estima que o preço médio no mercado grossista este ano ronde os 46 euros por MWh.

Assim a decisão, comunicada esta quarta-feira a propósito de uma “fixação excecional de tarifas de eletricidade”, proposta no mês passado, visa “adequar as tarifas de acesso às redes e as atuais condições de mercado”, que segundo a ERSE, “é fundamental para assegurar a estabilidade tarifária face ao contexto de volatilidade e incerteza observada nos mercados grossistas de eletricidade
desde o início do ano”.

Feitas as contas, a partir do próximo mês, um casal sem filhos com uma potência contratada de 3,45 kVA, e um consumo 1900 kWh por ano, passará a pagar uma fatura da eletricidade de cerca de 37,49 euros por mês. Já um casal com dois filhos, cuja potência contratada ascenda os 6,9 kVA e os consumos sejam de 5000 kWh por ano, passará a pagar 95,66 euros por mês. De acordo com o comunicado, face ao preço médio de 2023, os consumidores registam, em 2024, um acréscimo de 2,9% no preço de venda final, em linha com o anunciado em dezembro de 2023.

Notícia atualizada pela última vez as 19h26

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Munich Re prepara entrada no mercado espanhol de seguros para grandes empresas

  • ECO Seguros
  • 15 Maio 2024

Desta maneira, a Munich Re junta-se à Berkshire Hathaway, American Starr e a Everest como grandes multinacionais que entram no mercado espanhol dos seguros de grandes riscos. 

A Munich Re prepara-se para entrar no mercado espanhol dos seguros para grandes empresas. Segundo o jornal Expansión (acesso pago), a resseguradora está à procura do responsável para gerir as coberturas de risco e, a escolha do executivo será o pontapé de partida efetivo para este novo projeto.

A nomeação do responsável será conduzida a partir de Londres, através da Global Specialty Insurance (GSI), a divisão da Munich Re que instalou em Espanha uma sucursal. Com esta divisão criada no ano passado a resseguradora procura diversificar a sua atividade para negócios menos voláteis e de se implementar no seguro direto de empresas – numa altura em que o setor tem sido afetado por catástrofes naturais.

De acordo com o jornal espanhol, a estratégia da Munich Re é estabelecer-se como uma seguradora de grandes riscos na Europa Ocidental e Espanha poderá reunir a direção executiva de vários países europeus.

Desta maneira, a Munich Re junta-se à Berkshire Hathaway, American Star e a Everest como grandes multinacionais que entram no mercado espanhol dos seguros de grandes riscos.

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BCP vai reforçar dividendo para se “proteger” dos rivais

Miguel Maya referiu que a “única forma de proteger” o banco de potenciais investidas de rivais é “remunerar adequadamente” os acionistas.

O BCP quer reforçar o dividendo para 50% ou mais dos seus lucros no futuro. O CEO do banco considera que “remunerar adequadamente” os acionistas é a “única forma de se proteger” de potenciais investidas de bancos rivais, nomeadamente espanhóis.

Se conseguirmos e tivermos condições de remunerar adequadamente os acionistas, é a única forma de protegermos e mantermos o hub. (…) Quando está frágil fica muito mais propício a alguém que olhe para cá”, afirmou Miguel Maya esta quarta-feira depois de questionado sobre a OPA hostil lançada pelo BBVA sobre o Sabadell e sobre a especulação de um eventual interesse do primeiro sobre o BCP.

“Não tenho comentários sobre a fusão. São dois bons bancos. (…) Nem [comentários] sobre a intenção do BBVA em bancos em Portugal. Desconheço qualquer interesse, não tenho qualquer manifestação de interesse”, disse.

Miguel Maya frisou que se assistirá a um maior movimento de fusões e aquisições na banca europeia apenas quando a União Bancária estiver concluída.

O gestor reiterou ainda intenção de propor um reforço do payout dos 30% para os 50% ou mais no próximo plano estratégico, lembrando que a remuneração acionista é importante para atrair os investidores.

“Depois de termos fechado o ano de transição, com o banco sólido, estamos em condições de o fazer. É o resultado de termos transformado o banco com sucesso e estarmos preparados para isso”, afirmou aos jornalistas.

Um banco precisa de ter investidores. Os investidores tem de ter remuneração para investir no banco”, acrescentou depois de questionado sobre as notícias da eventual saída da Sonangol e da Fosun da estrutura de capital do banco.

Segundo Miguel Maya, angolanos e chineses tiveram papel relevante na recuperação do banco nos últimos anos, “disponíveis para estarem vários anos sem receber dividendos”.

Porém, o BCP tem atualmente uma “situação que não tem nada a ver” com o passado e está em condições para ter uma estrutura acionista mais dispersa “como a maioria dos grandes bancos europeus”.

“Temos um free float de 60%. Vários grandes bancos têm free float superior a 90%. Este é o caminho natural de um banco que tem a solidez do BCP”, disse.

O banco registou lucros de 234,3 milhões de euros no primeiro trimestre, uma subida de 8,4% em comparação com o mesmo período do ano passado.

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APS divulga curso ‘Seguro de Perdas de Exploração’

  • ECO Seguros
  • 15 Maio 2024

O curso terá irá decorrer já no dia 22 maio, na sede da APS em Lisboa.

A Associação Portuguesa de Seguradoras (APS) divulgou o curso, a realizar em Lisboa no dia 22 de maio, ‘Seguro de Perdas de Exploração’.

“Neste curso apresenta-se uma introdução aos princípios e práticas dos Seguros de Perdas de Exploração, focando os seus conceitos básicos, regras de funcionamento da apólice, adequação da apólice às necessidades do cliente, e forma de cálculo dos prejuízos.”, lê-se no site da academia APS.

Esta ação de formação visa proporcionar aos formandos “os conhecimentos necessários para se perceber como funciona a apólice do Seguro de Perdas de Exploração, saber ler e interpretar as Demonstrações Financeiras relevantes, permitir modelar uma apólice ajustada às necessidades do cliente e conhecer os mecanismos de regularização de sinistros.”.

Importa salientar que o formador será Alfredo Soares da Cruz, economista com atividade profissional em consultoria e auditoria e Direção e Gestão de Empresas, assim como na área do Business Interruption Insurance.

O curso terá irá decorrer entre as 9h15 às 13h00 e das 14h00 às 18h15 na sede da APS em Lisboa. Para mais informações aqui.

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Ana Mendes Godinho diz que pandemia teve “consequências financeiras” na Santa Casa

Mendes Godinho garantiu ainda que a sustentabilidade financeira da Santa Casa foi sempre uma das "prioridades" e que impôs "condicionantes" na internacionalização dos jogos sociais.

A anterior ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social realçou que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) teve um papel “extraordinário” ao longo dos seus cinco séculos de existência e “em particular durante a pandemia” na sua missão social, mas lembrou que a Covid teve “consequências financeiras”.

Na sua intervenção inicial, Ana Mendes Godinho começou por destacar o “histórico da Santa Casa na capacidade que tem tido ao longo dos séculos de responder às necessidades dos mais vulneráveis”, mas também “em particular durante a pandemia”, onde foi “chamada e teve uma resposta extraordinária”, quer a “ajudar as pessoas” quer “em espaços de retaguarda ou na realização massiva de testes Covid” ou na distribuição de máscaras em lares, enumerou.

A Covid “traduziu-se em mobilização dos trabalhadores, mas também de custos”, indicou a ainda responsável pela tutela da SCML, que está a ser ouvida na Assembleia da República, na sequência de um requerimento da Iniciativa Liberal (IL) e do Chega. “É mesmo importante lembrar que pandemia e todos os seus efeitos” tiveram consequências financeiras” e coincidiram com uma altura em que as receitas provenientes dos jogos sociais já estavam em queda, acrescentou.

A anterior governante e agora deputada socialista explicou ainda que quando assumiu funções governativas “já estava em curso uma avaliação da estratégia a desenvolver” para avançar com o projeto de internacionalização dos jogos sociais, sendo que este processo surgiu “como resposta a uma necessidade evidente de diversificar as fontes de receita” da Santa Casa, numa altura em que as apostas tradicionais já estavam sob “concorrência” do jogo online.

Depois de no “final de outubro de 2019” Edmundo Martinho, ex-provedor da SCML, ter pedido autorização à tutela para criar a Santa Casa Global, empresa criada para levar a cabo a internacionalização dos jogos sociais e detida a 100% pela SCML, Mendes Godinho, em “junho de 2020”, acabou por dar “luz verde” à constituição da sociedade.

Ainda assim, garante que no despacho impôs “de forma expressa e clara” um conjunto de “condicionantes” que considerava fundamentais para “salvaguardar e garantir” a sustentabilidade da intuição fundada em 1948. “A sustentabilidade financeira da SCML foi sempre uma das prioridades que me norteou”, sublinhou.

Segundo a deputada do PS, entre as condições impostas estava explícito que “em momento algum a participação na Santa Casa Global podia prejudicar a SCML a nível financeiro”, que “qualquer investimento deveria ser precedido de uma rigorosa análise que avaliasse todas as condicionantes do negócio” e que as entidades parceiras deviam seguir “as normas internacionais” e não podia integrar paraísos fiscais. Além disso, diz que “posteriores investimentos” deviam ter autorização da tutela.

Por outro lado, Mendes Godinho disse ainda que a 14 de junho de 2021 recebeu um email do então provedor Edmundo Martinho “havia uma alteração estratégica” no Brasil relacionada com “alterações legislativas” e com a pandemia. Foi-lhe ainda garantido que “partilhariam todas as fases da operacionalização”, mas depois disso “a Santa Casa não prestou mais informação”, sinalizou.

Não autorizei nenhuma das operacionais concretas, tendo apenas autorizado a constituição da Santa Casa Global”, afirmou a antiga governante, reiterando que em todos os despacho que fez deixou claro as suas “preocupações” com a sustentabilidade financeira e a necessidade “de avaliar a evolução das receitas e despesas”.

Mendes Godinho referiu ainda que em 2021 a Santa Casa entregou ao Governo um documento que apontava para um aumento das despesas da instituição e que a anterior mesa apresentou “um conjunto de ações que iria desenvolver para reforçar a sustentabilidade das contas”. E adiantou que esta “preocupação veio a ser confirmada no parecer de março em 2023 relativamente ao relatório e contas de 2022 que sinalizou pela primeira uma preocupação com sustentabilidade financeira da Santa Casa e com processo de internacionalização”, disse.

Privatização “nunca esteve em equação”. Era “uma ameaça inaceitável à missão da Santa Casa”

A anterior ministra do Trabalho garantiu ainda que durante o seu mandato a privatização dos jogos sociais da Santa Casa “nunca esteve em equação” e acredita que a atual ministra também não tem essa intenção. “Era uma ameaça inaceitável à missão da Santa Casa”, referiu, em resposta aos deputados, depois de o anterior provedor ter dito durante a sua audição que a polémica sobre a instituição serve “intenção de privatizar os jogos sociais”. Esta última possibilidade foi, aliás, também já admitida por Pedro Santa Lopes, provedor da SCML entre 2011 e 2017.

Mendes Godinho referiu ainda que teve uma reunião de transição de “três horas” com a atual ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, onde o “tema da Santa Casa foi um dos temas abordados”. A governante garantiu ainda que prestou toda a informação que tinha ao novo Executivo e que se mostrou disponível para prestar quaisquer esclarecimentos que fossem necessários.

No final da audição, a agora deputada socialistas defendeu ainda o trabalho feito por toda a mesa da SCML, que foi exonerada pelo Executivo – mas que se mantém em gestão corrente até haver nomeação de nova equipa –, elogiando nomeadamente “as medidas corajosas, difíceis e algumas até com muita resistência e com dificuldade de negociação” tomadas e que permitiram “equilibrar as contas” da Santa Casa.

(Notícia em atualizada pela última vez às 20h10)

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Sonag e Mutragui impedidas de operar na Guiné Conakri

  • ECO Seguros
  • 15 Maio 2024

Um dos motivos para esta decisão foi a constatação por parte do regulador de 'violações graves e repetidas das regras regulamentares aplicadas às empresas de seguros por parte das duas companhias". 

O Banco Central da República da Guiné (BCRG) anunciou em comunicado a 9 de maio deste ano a retirada as licenças de operação das seguradoras Société Nouvelle d’Assurances de Guinée (SONAG) e a Mutuelle des Travailleurs de Guinée (MUTRAGUI) – medida com efeitos imediatos.

Em comunicado o branco explica que um dos motivos para esta decisão foi a constatação por parte do regulador de ‘violações graves e repetidas das regras regulamentares aplicadas às empresas de seguros por parte das duas companhias”.

Além disso, foram detetadas ‘graves disfunções no seio das empresas’, nomeadamente: “incapacidade dos acionistas de acompanharem o processo de aumento do capital social mínimo, ausência de programas de resseguro e de instrumentos de produção adequados, inexistência de políticas e procedimentos que regem as atividades, fraca governação empresarial e falta de um sistema de controlo interno”.

Nesse âmbito, as seguradoras caracterizam-se pela “falta de regularização de sinistros” o que tem dado origem a reclamações recorrentes “e a distorções da concorrência no mercado”. Para o BCRG esta situação coloca em risco os segurados destas empresas e fragiliza a imagem e reputação do setor segurador guineense.

O último fator apontado como justificação para esta decisão o regulador refere que mesmo depois de ter designado um inspetor para supervisionar a atividade das seguradoras, alertado para a necessidade de criação de um plano de reestruturação para enfrentar a situação financeira das companhias desde 2022 “isso não foi suficiente para aliviar a sua já terrível situação financeira”.

Para o Regulador “a retirada das licenças de seguros insere-se no esforço de saneamento do setor dos seguros guineense”.

Ainda pede aos clientes e credores das seguradoras ‘calma e serenidade’, afirmando que “será brevemente nomeado um liquidatário para cada uma das empresas, a fim de avaliar os ativos e liquidar os passivos nos termos da lei”.

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