Inflação ajuda Governo a ter mais um “brilharete orçamental”, prevê o CFP

O Conselho das Finanças Públicas prevê um défice para este de apenas 1,3% e para o próximo ano está a antecipar um excedente orçamental, de 0,1%.

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) publicou esta quinta-feira as previsões para a economia portuguesa até 2026. Este cenário macroeconómico é apresentado numa base de políticas invariantes, o que quer dizer que não considera naturalmente medidas que o Governo venha a tomar, nomeadamente no Orçamento do Estado para 2023.

A estimativa de défice para 2022 foi atualizada de 1,6% do PIB para 1,3% refletindo, “não apenas a revisão em alta da receita, influenciada sobretudo pelo efeito da inflação no crescimento da receita fiscal, mas também, entre outras, a incorporação de um impacto de medidas de natureza pontual e de emergência superior em cerca de dois pontos percentuais do PIB ao que era conhecido em março”.

Esta previsão é melhor do que a do Governo que para este ano está a contar com um défice de 1,9%. Nestas previsões, o Governo já teve em conta o pacote de medidas para ajudar as famílias apresentado no início de setembro.

Se para este ano, o CFP prevê um défice melhor, para o próximo antecipa um novo “brilharete orçamental” de António Costa.

“Considerando a reversão automática, no final de 2022, das medidas de mitigação do efeito do choque geopolítico e do apoio ao rendimento das famílias, a que acresce uma despesa com a pandemia superior ao previsto, projeta-se que o saldo para 2023 atinja um excedente de 0,1% do PIB, em linha com o alcançado no ano pré-pandemia”, lê-se no relatório do CFP.

 

As previsões da instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral são melhores do que as do Governo, que no Programa de Estabilidade apontava para um défice de 0,7% no próximo ano. A primeira e única vez em democracia que Portugal teve um excedente nas contas públicas foi em 2019, quando Mário Centeno e João Leão estavam nas Finanças. Nesse ano, o excedente também foi de 0,1%.

Contudo, o CFP alerta que “a projeção apontaria antes para um défice de 0,4% do PIB, caso se admitisse uma reversão apenas parcial (ao invés da reversão integral) de algumas dessas medidas legisladas para vigorar apenas em 2022”.

O rácio da dívida deverá diminuir cerca de 27 p.p. ao longo do horizonte projetado, atingindo 100,6% do PIB em 2026, um valor em linha com as previsões do Governo (101,9% no Programa de Estabilidade).

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Economia cresce 6,7% este ano e aterra para 1,2% em 2023, prevê o CFP

O Conselho das Finanças Públicas está otimista em relação ao crescimento da economia este ano. Já para 2023, é a instituição que apresenta as previsões mais baixas.

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) publicou esta quinta-feira as previsões para a economia portuguesa até 2026. Este cenário macroeconómico é apresentado numa base de políticas invariantes, o que quer dizer que não considera naturalmente medidas que o Governo venha a tomar, nomeadamente no Orçamento do Estado para 2023.

Se para este ano as notícias sobre a economia portuguesa são boas, para o ano, nem por isso. Este ano, a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral prevê um crescimento do PIB de 6,7%, um valor até superior aos 6,4% com que o Governo está a trabalhar.

Diz o CFP que esta previsão é suportada, “em larga medida, pelo forte desempenho, no primeiro semestre, das exportações de serviços e do consumo privado, beneficiando de um quadro de poupança ainda acima da média histórica”.

Para 2023, a história é outra. O CFP prevê um crescimento do PIB, mas bastante mais contido, de apenas 1,2%, “fruto da persistência das pressões inflacionistas, com consequências negativas para o consumo privado, e do abrandamento da atividade económica externa”. Para este ano, o CFP está a prever uma inflação de 7,7% e para o próximo ano de 5,1%.

1,2% é a previsão mais baixa até agora apresentada para a economia portuguesa. Para 2023, a Comissão Europeia prevê um crescimento de 1,9%, o FMI 1,9%, o Banco de Portugal 2,6% e a OCDE 1,7%.

Na conferência de imprensa de apresentação do relatório, a presidente do CFP não afastou o cenário de uma recessão. Não é de excluir uma recessão. O cenário que temos é um cenário prudente face à informação que dispomos”, disse Nazaré da Costa Cabral.

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Wall Street abre com sentimento misto após aumento dos juros

Índices norte-americanos negoceiam mistos depois da decisão da véspera da Fed e das perspetivas de aumentos das taxas de juro para os próximos meses.

Wall Street está com tendência mista na abertura da sessão desta quinta-feira. Os investidores ainda estão a reagir ao anúncio da Fed, que decretou na quarta-feira uma nova subida das taxas de juro de 75 pontos base, aumentando os receios de uma recessão económica nos EUA.

O tecnológico Nasdaq estava com o pior desempenho, ao cair 0,47% (11.167,384 pontos); o S&P 500 perdia 0,20% (3.782,36 pontos). Em terreno positivo seguia o industrial Dow Jones, a crescer 0,07%, para 30.204,52 pontos.

Antes do início da sessão, soube-se que na semana passada foram registados 213 mil pedidos de subsídio de desemprego no país, mais 5 mil do que na semana anterior, segundo dados do Departamento de Trabalho. Ainda assim, os analistas esperavam um aumento de 10 mil pedidos, o que é sinal de resistência da economia aos sinais dados pela Reserva Federal.

Na quarta-feira, a Fed confirmou a subida das taxas de juro em 75 pontos pela terceira vez consecutiva – para o intervalo dos 3,00-3,25%. O mercado já esperava este cenário e tinha descontado o efeito nas sessões anteriores.

No entanto, o comité de política monetária da Fed apresentou novas projeções para as taxas de juros: 4,40% até ao final de 2022 e de 4,60% para 2023. Em junho, projetava-se uma subida dos juros para 3,4% até ao final deste ano e de 3,8% para 2023.

Também foram afastadas quaisquer descidas nas taxas de juro até 2024, o que para os investidores foi interpretado como um prolongamento das políticas restritivas por mais tempo do que inicialmente previsto.

“Neste momento há muitos riscos, mas a Fed decidiu seguir o caminho de Volcker, isto é, manter o rumo e tentar cortar o mal pela raiz”, comentou Eric Schiffer, responsável da Patriarch Organization, citado pela Reuters. No início da década de 1980 o então presidente da Fed, Paul Volcker, recorreu a fortes subidas da taxa de juro para travar a inflação, que então se situava nos dois dígitos.

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Ministério Público investiga ataque informático à TAP

  • Lusa
  • 22 Setembro 2022

O Ministério Público está a investigar o ataque informático à TAP ocorrido em agosto e que resultou na divulgação ‘online’ de dados pessoais de clientes da companhia aérea.

O Ministério Público (MP) está a investigar o ataque informático à TAP ocorrido em agosto e que resultou na divulgação ‘online’ de dados pessoais de clientes da companhia aérea, revelou esta quinta-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Confirma-se a instauração de inquérito, o qual se encontra em investigação. Corre termos no DIAP de Lisboa”, esclareceu a PGR em resposta enviada à Lusa.

O ciberataque está igualmente a ser acompanhado desde o primeiro momento pela Polícia Judiciária, além do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), após a notificação do incidente efetuada pela TAP.

“O CNCS está a acompanhar o caso em estreita articulação com as restantes autoridades competentes, bem como a proceder à recolha de indicadores técnicos para prevenção de futuras ocorrências nesta ou noutras entidades”, indicou à Lusa o organismo, sem adiantar mais informações relativamente à atuação do grupo de ‘hackers’ Ragnar Locker, que esteve por trás do ataque e da publicação dos dados pessoais dos clientes da companhia.

Segundo um comunicado divulgado na quarta-feira da TAP, os dados dos clientes que foram revelados ‘online’ incluem diversas categorias, embora tenha reiterado que “não há indícios de que dados de pagamento tenham sido exfiltrados dos sistemas”. A companhia aérea referiu ainda que, após esta comunicação, “não enviará mensagens diretamente a clientes individuais sobre este assunto, por qualquer meio”.

“As categorias de dados pessoais de clientes TAP divulgadas consistem nas seguintes: nome, nacionalidade, sexo, data de nascimento, morada, e-mail, contacto telefónico, data de registo de cliente e número de passageiro frequente”, adiantou a TAP no documento “Aviso Importante aos Clientes”, apelando aos clientes para que “se mantenham cautelosos” e procedam à “verificação das condições de segurança” no acesso à respetiva área reservada.

Questionada pela Lusa sobre a informação divulgada pelo Expresso de que o grupo que atacou a companhia aérea em agosto publicou dados de 1,5 milhões de clientes e diz continuar a ter acesso remoto a sistemas da TAP, a companhia sublinhou que tem estado em todo o processo a trabalhar com o Centro Nacional de Cibersegurança, a Polícia Judiciária e a Microsoft.

Também na quarta-feira a presidente da comissão executiva da TAP, Christine Ourmiéres-Widener, divulgou um vídeo no qual pediu “sinceras desculpas” aos clientes que viram os seus dados pessoais exfiltrados no ataque informático e garantiu que a companhia aérea está a “reforçar ativamente as medidas de segurança”. Por outro lado, recusou qualquer cedência ou compromisso com os cibercriminosos.

“Nós não queremos negociar e não estamos dispostos a recompensar este comportamento de maneira alguma e esperemos que nos apoiem nesta atitude ética”, disse Christine Ourmiéres-Widener, concluindo: “O risco de ciberataques está a aumentar e é um perigo que a nossa sociedade irá enfrentar mais e mais no futuro”.

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Immunefi com investimento de 24 milhões para caçar erros na Web3

Fundada pelo luso-descendente Mitchell Amador, startup com escritório em Lisboa pretende tornar a indústria das criptomoedas mais segura contra piratas informáticos.

Immunefi, startup com escritório em Lisboa que recompensa os programadores que detetam falhas de segurança em contratos digitais na área financeira, recebeu um investimento de 24 milhões de dólares em série A, numa ronda liderada pela sociedade de capital de risco Framework Ventures.

“Os projetos de cripto estão a perceber rapidamente que é melhor usar a Immunefi do que implorar publicamente a hackers para devolverem fundos ou pagar um resgate. Estamos a usar este financiamento para aumentar a nossa equipa de modo a dar resposta a esta enorme procura“, destaca Mitchel Amador, fundador e líder da startup, nascida em dezembro de 2020 em Singapura e com escritório em Lisboa.

Mitchell Amador, fundador e presidente executivo da ImmunefiDR

Desde a fundação, a solução de bug bounty para a Web3 já salvou mais de 25 mil milhões de dólares em fundos de utilizadores, bloqueados em contratos digitais autoexecutáveis (smart contracts). Nesses contratos, a tecnologia descentralizada blockchain garante que os acordos firmados serão cumpridos.

Desde dezembro de 2020, foram pagos 60 milhões de dólares em recompensas aos programadores que revejam código e que descubram falhas de segurança, conhecidos como white hat.

Esta foi a segunda ronda de investimento angariada pela Immunefi em menos de um ano: em outubro de 2021, a empresa tinha arrecadado 5,5 milhões de dólares. Depois da série A, liderada pela Framework Ventures e onde participaram outras nove capitais de risco internacionais, a startup já obteve 29,5 milhões de dólares junto dos investidores.

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Mais de metade dos portugueses confiam nos media tradicionais

Portugal é dos países das Europa em mais confia nos media tradicionais. Os dados são do estudo Marco Research: Post Covid Consumer Behavior, desenvolvido pela agência em seis mercados,

Portugal é dos países das Europa em que mais se confia nos media tradicionais. De acordo com o estudo Marco Research: Post Covid Consumer Behavior, desenvolvido pela agência Marco — e que, na Europa, analisa Portugal, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Espanha –, 61% dos portugueses confiam nas notícias de televisão, a mesma percentagem que confia na rádio, enquanto 57% e 53% confiam nas notícias da imprensa escrita e online, respetivamente. A seguir a Portugal, Reino unido, Alemanha e França são os países nos quais a população mais confia na televisão, com Espanha e Itália já, ainda que por uma margem mínima, em terreno negativo no que toca a este indicador.

Portugal surge também na primeira posição na confiança em imprensa online, imprensa em papel e rádio. Nas redes sociais, o país ocupa a primeira posição no LinkedIn, com 22%. 18% dos portugueses confiam nas notícias partilhadas via WhatsApp, 17% via podcast, 14% via Instagram e Twitter respetivamente, e 12% nas publicadas no Facebook.

Fonte: Marco

Apesar de os níveis de confiança nas redes sociais serem mais baixos do que nos media tradicionais, estas são uma das fontes de informação mais utilizadas. Para 65% dos portugueses, o WhatsApp é o canal consultado mais frequentemente para aceder a informação, seguido pelo Instagram (51%) e pelo Facebook (48%).

A televisão surge também com 65%, imprensa digital com 48% e a rádio com 47%. A imprensa escrita é apenas consultada por 9% dos portugueses, estando Portugal no fim da tabela quanto a este meio.

Fonte: Marco

Estas são conclusões chave uma vez que evidenciam como a paisagem mediática Portuguesa e Europeia se estão a adaptar às mudanças e como os media tradicionais se continuam a reinventar. Isto reflete-se no facto de serem as fontes de informação mais confiáveis pelos portugueses para informação de qualidade”, refere Diana Castilho, country & brands lead da Marco Lisboa, citada em comunicado.

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Moedas anuncia pacote de medidas anti-inflação para Lisboa

  • Lusa
  • 22 Setembro 2022

Presidente da Câmara de Lisboa propôs 22 medidas de combate à inflação na cidade, destacando-se um montante de 12 milhões de euros para apoiar empresas com dívida Covid-19.

O presidente da Câmara de Lisboa propôs 22 medidas de combate à inflação na cidade — algumas coincidem com as apresentadas pelos vereadores da oposição –, destacando-se um montante de 12 milhões de euros para apoiar empresas com dívida Covid-19.

A proposta de Carlos Moedas, para “aprovar um conjunto de medidas de combate à inflação destinadas a apoiar as famílias e as empresas da cidade”, vai ser discutida esta quinta-feira numa reunião extraordinária, em que estão também em cima da mesa iniciativas apresentadas pelo BE, vereadora do Cidadãos por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre), Livre e PCP. O PS foi o único partido da oposição à liderança PSD/CDS-PP que decidiu “não apresentar qualquer proposta sem conhecer o envelope financeiro que Carlos Moedas está disposto a locar ao programa de apoio”.

Entre as medidas no pacote anti-inflação proposto por Carlos Moedas estão a criação de um programa de apoio ao relançamento da atividade económica de empresas com dívida Covid-19, no valor de 12 milhões de euros, e a implementação de um programa de apoio à transição energética nas empresas, com uma dotação de 300 mil euros. Esse programa é dirigido à promoção de medidas concretas a fundo perdido, orientadas para a poupança de energia, como a aquisição de lâmpadas de baixo consumo, redutores de consumo de água, substituição de ar condicionado, substituição de reclames luminosos, células fotoelétricas sensíveis ao movimento e reciclagem.

No apoio às famílias, o presidente da câmara sugere a criação do Cabaz Bebé, “com uma dotação de 120.000 euros, destinado a apoiar a aquisição de um cabaz mensal contendo produtos alimentares e de higiene no valor de 20 euros por criança até aos 18 meses, a entregar aos respetivos pais ou tutores residentes no concelho de Lisboa, que sejam beneficiários do Rendimento Social de Inserção”.

O pacote de medidas de combate à inflação inclui também a criação de um Gabinete de Apoio às Famílias Sobreendividadas, com dotação estimada em 150 mil euros, para “informar, aconselhar e acompanhar as pessoas nesta situação, incluindo ao nível da reestruturação dos seus créditos e organização de ações de sensibilização para uma adequada gestão do orçamento familiar e para a poupança, nomeadamente energética”.

A Câmara de Lisboa propõe ainda a dinamização da Rede Social de Lisboa, com o objetivo de contribuir para o esforço de erradicação ou atenuação da pobreza e exclusão social e promoção do desenvolvimento social na cidade, procurando encontrar soluções sociais articuladas entre os diferentes agentes.

Assumindo o compromisso já anunciado e também defendido pelos vereadores da oposição, Carlos Moedas inscreve na proposta “o não aumento do valor das rendas da habitação municipal em 2023 (com impacto ao nível de perda de receita estimada em 650 mil euros)”, assim como o não aumento das rendas municipais para as instituições de caráter social, cultural e desportivo e para os estabelecimentos comerciais instalados em bairros municipais, até final do próximo ano.

Na área da habitação, o presidente da câmara quer “o reforço, para o dobro, do orçamento do Subsídio Municipal ao Arrendamento Acessível (para que possa ser substancialmente alargado o número de agregados familiares apoiados pela medida (1.000 famílias), com dotação acrescida de 714 mil euros)”.

No âmbito do arrendamento municipal é proposto ainda o não aumento do valor das rendas nos mercados municipais em 2023 (com impacto ao nível de perda de receita estimada em 80 mil euros) e o não aumento do valor de taxas e serviços municipais em mercados, feiras e espaço público (com impacto ao nível de perda de receita estimada em 300 mil euros).

A implementação do mecanismo de acesso automático à tarifa social da água é outra das medidas inscritas no pacote anti-inflação, assim como a proposta do PCP para “a alteração das condições de acesso ao Fundo de Emergência Social (FES), na vertente de apoio a agregados familiares (FES Famílias), para os beneficiários do apoio que tenham um rendimento mensal per capita superior a 70% da Remuneração Mínima Mensal Garantida [705 euros]”, de forma a possibilitar que seja considerada a dedução de 30%, ao invés dos atuais 20%, por elemento do agregado, do valor das despesas referentes a rendas, aquisição de medicamentos, serviços básicos e prestação de alimentos a filhos e dependentes.

Carlos Moedas incluiu também as propostas do PCP para a retoma da componente do Fundo de Emergência Social – Apoio ao Movimento Associativo Popular para apoio nas despesas de água, luz, gás, renda e deslocações, até final do primeiro semestre de 2023 e para a redução da comparticipação a suportar pelas famílias referente à frequência das Atividades de Animação e de Apoio à Família e da Componente de Apoio à Família para os escalões A (redução de 60%, passando de cinco euros para dois euros), B (redução de 33,33%, passando de 15 euros para 10 euros) e escalão C (redução de 20%, passando de 25 euros para 20 euros), durante o ano letivo 2022/2023, com correspondente reforço das transferências para as juntas de freguesia ou para a entidade responsável pela gestão destas atividades.

Na área da cultura, o pacote anti-inflação prevê o alargamento da gratuitidade do acesso aos equipamentos culturais do universo municipal aos jovens até 23 anos, inclusive, (com impacto ao nível de perda de receita estimada em 250 mil euros) e o não aumento do preço de entrada nos equipamentos culturais da cidade (com impacto ao nível de perda de receita estimada em 250 mil euros).

A implementação da gratuitidade do sistema Gira, de bicicletas partilhadas, para as pessoas que residam em Lisboa, analisando-se a possibilidade de esta medida ser alargada aos que estudem ou trabalhem na capital, é a única medida na área da mobilidade proposta por Carlos Moedas, que coincide em parte com a do PCP.

O pacote anti-inflação inclui ainda o não aumento da Taxa de Resíduos Urbanos (com impacto ao nível de perda de receita estimada variável entre nove e 24 milhões de euros); a dinamização das Comunidades de Energia Renovável, para promover a implementação de projetos de geração descentralizada de energia solar fotovoltaica; a redução do prazo de pagamento dos apoios já estabelecidos e contratualizados no âmbito do Regulamento de Atribuição de Apoios pelo município de Lisboa; e a elaboração e concretização, no prazo máximo de 45 dias, de um plano de alargamento do programa das hortas municipais (a novos locais/lotes e novos beneficiários, considerando uma redução de 20% no valor da comparticipação anual por estes últimos).

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Ponte da Barca critica Governo por transferir escolas “degradadas” sem apoios

  • Lusa
  • 22 Setembro 2022

Ponte da Barca critica Governo por transferir escolas “degradadas” sem os apoios financeiros necessários, no âmbito do processo de descentralização de competências na área da educação.

O presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca, Augusto Marinho, critica o Governo por transferir escolas “degradadas” para as autarquias sem o envelope financeiro necessário para a sua requalificação e por “não financiar algumas intervenções nos espaços escolares”.

Contactado pela agência Lusa, a propósito da abertura do concurso público para a requalificação das escolas básica e secundária Diogo Bernardes, pelo valor base de 832,699.47 euros, Augusto Marinho congratulou-se com o início do processo de reabilitação “urgente das cantinas, sem condições de trabalho e higiene alimentar”. Lamentou, contudo, que o Estado transfira os equipamentos para os municípios “sem atribuir as verbas necessárias para as requalificar, nem financiar todas as intervenções necessárias”.

“Neste momento, nem atribuiu as verbas necessárias para a intervenção, nem todas as intervenções necessárias estão contempladas”, frisou, sublinhando, contudo, ter ficado “muito contente” com o concurso para a beneficiação das duas escolas do concelho, com mais de 30 anos de existência.

Segundo Augusto Marinho, o anúncio da abertura do concurso publicado em Diário da República (DR) para a reabilitação das escolas básica e secundária Diogo Bernardes, com cerca de 1.200 alunos, tem o preço base de 832,699.47 euros, mais IVA (6%) e receberá uma comparticipação do Estado de 400 mil euros.

“Estas intervenções são, algumas delas, em equipamentos que recebemos agora do Estado. É isso que nas transferências de competências deve atender: recebemos equipamentos muito degradados, a necessitar de intervenção”, frisou.

Augusto Marinho defendeu que “só há duas maneiras de se fazer de uma forma rigorosa estas transferências. Ou o Estado faz a intervenção e atribui as verbas para o funcionamento ou, então, dá as verbas para nós [municípios] fazermos as intervenções que são necessárias”, especificou.

A empreitada prevê a “beneficiação e conservação das cozinhas, refeitórios, polivalentes, mobilidade do recreio exterior e proteção lateral do recreio coberto”, tendo um prazo de execução de 180 dias. “As cantinas estavam a necessitar de uma intervenção já há muito tempo. Estamos a falar de condições de trabalho, higiene alimentar. Portanto, são obras extremamente importantes que temos batalhado muito para as conseguir”, realçou.

Augusto Marinho apontou ainda que, “além destas obras, “há também um conjunto de intervenções em outros espaços da escola, que, infelizmente, não se consegue candidatar”. Logo, seja, explicou, “não se consegue financiamento e, portanto, a Câmara vai suportar este investimento. São medidas de autoproteção, ou seja, um conjunto de sinalética e indicação de forma a proteger o funcionamento em caso de emergência de todo aquele espaço escolar, com muitos jovens”.

As obras visam ainda melhorar “o comportamento acústico e energético daqueles espaços, de modo a potenciar a sua eficiência, bem como ao nível da iluminação interior e mobiliário de apoio”. Vão também ser feitas intervenções nas áreas complementares, tais como sala de pessoal da cozinha e respetivos vestiários. Previstas estão ainda obras de conservação e manutenção dos espaços exteriores de ambas as escolas.

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Banco de Inglaterra sobe taxas de juro em 50 pontos base

Banco de Inglaterra voltou a subir esta quinta-feira as taxas de juro em 50 pontos base, num esforço para conter a escalada da inflação, "deverá continuar acima dos 10% nos próximos meses".

O Banco de Inglaterra voltou a subir as taxas de juro em 50 pontos base, colocando em 2,25%, de acordo com o comunicado divulgado esta quinta-feira pela instituição liderada por Andrew Bailey. O banco central avisa que a inflação “deverá continuar acima dos 10% nos próximos meses”, mas representa uma revisão em baixa face ao estimado na anterior reunião.

No encontro de política monetária que se realizou na quarta-feira, “cinco membros votaram para aumentar a taxa de juro em 0,50 pontos percentuais”, ao passo que outros três membros defenderam um aumento de 0,75 pontos percentuais para 2,5%. Apenas um membro considerava necessário um aumento de apenas 0,25 pontos percentuais, para 2%.

A decisão é justificada tendo em vista conter a escalada da inflação, que apesar de ter abrandado ligeiramente de 10,1% em julho, para 9,9% em agosto, “deverá continuar acima dos 10% nos próximos meses, antes de começar a recuar”, dado que se prevê que os preços da energia continuem a subir.

Nesse sentido, o Banco de Inglaterra garante que está comprometido em atingir o objetivo de 2% da taxa de inflação “de forma sustentável” e a “médio prazo”, referindo que “tomará as medidas necessárias” para atingir esta meta e sublinha que “a escala, o ritmo e o momento” de mudanças nas taxas de juro serão decididos com base nas perspetivas económicas e nas pressões inflacionistas.

“Caso as perspetivas sugiram pressões inflacionistas mais persistentes, inclusivamente para uma procura mais forte, o comité responderá com força, conforme necessário“, lê-se na nota de imprensa. O Banco de Inglaterra destaca ainda que “a economia tem sido sujeita a uma sucessão de choques muito grande”.

Além da subida das taxas de juro, a instituição liderada por Andrew Bailey decidiu reduzir a carteira de dívida pública em 80 mil milhões de libras nos próximos 12 meses para 758 mil milhões.

Recorde-se que na quarta-feira, o comité de política monetária da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) anunciou o aumento das taxas de juro em 75 pontos base, pela terceira vez consecutiva.

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Então e o que faz um subscritor de Responsabilidade Civil? E qual a sua importância?

  • ECOSeguros + Innovarisk Underwriting
  • 22 Setembro 2022

Paulo Simão, subscritor de Responsabilidades & Specialties da Innovarisk Underwriting, fala do papel e da importância do subscritor quando se fala de Seguros de Responsabilidade Civil.

É comum, quando me questionam no que consiste o meu trabalho de subscritor de Responsabilidade Civil, existir grande desconhecimento sobre a matéria, seja porque não estão por dentro do ramo dos seguros, seja por desconhecimento da complexidade e multidisciplinaridade associada a esta função. Daí surge o objetivo deste artigo, em resumir a função de um subscritor de Responsabilidade Civil, do segmento Corporate e elencar o impacto que pode ter na vida das empresas.

Pode definir-se um subscritor como o técnico especializado de uma seguradora que avalia um determinado risco e define quais as condições de aceitação (a que preço, coberturas aplicáveis e franquias específicas). Para o ramo especializado de Responsabilidade Civil do segmento Corporate, entramos na esfera de grandes empresas e de riscos habitualmente de maior dimensão, onde estamos perante atividades mais complexas e Limites de Indemnização das apólices altos (podem ser vários milhões), daí a necessidade de existir um técnico especializado para esta análise e tarifação.

"Pode definir-se um subscritor como o técnico especializado de uma seguradora que avalia um determinado risco e define quais as condições de aceitação (a que preço, coberturas aplicáveis e franquias específicas).”

Paulo Simão, subscritor de Responsabilidades & Specialties da Innovarisk Underwriting

Sendo esta a função core do subscritor, existem outras funções que se interligam entre elas, sendo que vou elencar as principais.

Dependendo da estrutura de cada seguradora (com funções de desenvolvimento de produto em separado ou agregadas à subscrição), é responsabilidade do subscritor desenhar/apoiar o desenvolvimento de novos produtos, aprovação de clausulados, controlo do portfolio e definição de segmentos alvo a explorar. Hoje em dia, com o uso de grandes bases de dados, a gestão dos últimos pontos acima acaba por se tornar mais dinâmica, na medida em que se podem fazer leituras praticamente ao segundo.

Paulo Simão, subscritor de Responsabilidades & Specialties da Innovarisk Underwriting

Aliado a este perfil mais analista, surge a presença comercial, isto é, o contacto com a rede de mediação e corretagem de seguros surge igualmente como função do subscritor, diria mesmo uma função vital, não só para a adequação de determinadas regras de pricing e acompanhar as flutuações do mercado segurador. Numa outra vertente, o subscritor deve, além de conhecer o mercado, estar por dentro das novas tendências socioeconómicas mundiais, assim como estar atualizado perante novas disposições legais que possam surgir.

Esta exposição do subscritor ao mercado vai igualmente depender das políticas organizativas de cada seguradora, sendo, no entanto, uma função cada vez mais diferenciadora, especialmente se considerarmos a preocupação com a qualidade do serviço prestado.

Não devemos abordar a qualidade somente pelo timing de resposta, mas considerar igualmente a adequabilidade da solução apresentada, assim como outra componente cada vez mais valorizada no mercado segurador, a de consultoria. Refiro-me à capacidade do subscritor de propor alterações à apólice, destacar eventuais coberturas adicionais que podem ser contratadas, evidenciar quais os potenciais riscos que a empresa incorre e aconselhar eventuais melhorias na gestão de risco da empresa.

As interligações destas funções tornam o subscritor mais capacitado para desempenhar a sua função core, de avaliar/tarifar um determinado risco. Esta avaliação do risco compreende o cumprimento dos critérios e parâmetros de subscrição internos, assim como a análise criteriosa de toda a informação do risco, atividade e empresa.

Senão vejamos:

  • Imaginemos que temos 2 empresas, com atividades (fabrico de móveis) e Volume de Faturação iguais, mesma antiguidade e número de empregados.

Numa primeira análise, a inexperiência pode levar-nos a considerar que se trata de riscos semelhantes, logo com uma abordagem de subscrição similar em termos de cobertura e prémio.

Acontece que uma das empresas tem várias certificações, programas regulares de formação dos seus empregados, uma política de manutenção das suas máquinas trimestral e um processo de controlo de qualidade em todo o processo produtivo.

Por outro lado, a outra empresa não efetua nenhuma monitorização do seu processo produtivo nem é certificada.

Deixo a questão: Estes riscos devem ser tarifados e analisados de forma igual?

A importância do subscritor deriva desta capacidade de diferenciar cada risco e de conjugar o binómio “política de subscrição vs. pretensões do cliente”, especialmente em segmentos mais complexos.

Com a aposta em subscritores dotados de elevado conhecimento, know-how e anos de experiência na função que tenham a capacidade de avaliar cada caso e apresentar soluções diferenciadas para cada risco, as seguradoras têm a capacidade de protegerem os seus ativos e investimentos, ao mesmo tempo que dão soluções sustentadas aos seus clientes.

Texto por Paulo Simão, Subscritor de Responsabilidades & Specialties

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Indústria de plásticos antecipa “tempos muito difíceis” face à crise energética

  • Lusa
  • 22 Setembro 2022

O presidente da APIP alerta que o aumento dos custos energéticos está a pesar sobre o setor dos plásticos. Empresários já consideram paragens na produção e despedimentos.

O presidente da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) antecipa “tempos muito difíceis” para o setor na sequência do aumento dos preços da energia, alertando que a situação “torna as empresas inviáveis”.

“Afiguram-se tempos muito difíceis para esta indústria que necessite ou que vá ter preços de energia que, neste momento, são incomportáveis”, avisou Amaro Reis. Segundo Amaro Reis, toda a cadeia de valor dos plásticos que está a contas com o fim ou rescisão do contrato de energia “está a viver uma situação dramática”.

“Hoje, as empresas que ficam sem contrato de energia e têm de ir para o mercado livre vão pagar entre cinco a seis vezes mais do que o preço que tinham no passado, o que, em muitos casos, praticamente, torna as empresas inviáveis”, declarou Amaro Reis, administrador executivo da empresa Sacos 88, sediada no concelho de Leiria.

O presidente da APIP, que conta com cerca de 200 associados, referiu que as opções das empresas passam pelo aumento de preços, “mas depois podem não conseguir vender”, pela redução da sua atividade laboral, incluindo ‘lay-off’ (redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho), ou “tentar reestruturar a empresa para aquilo que conseguem vender”.

Considerando que a indústria do setor dos plásticos “sempre foi muito resiliente”, Amaro Reis disse que das empresas associadas nenhuma fechou, mas admitiu que “umas podem estar com redução de horários, outras poderão estar a trabalhar só em períodos em que a energia possa estar mais barata”.

Segundo o presidente da APIP, a única forma com que as empresas “podem atenuar um bocadinho isto, mas carece sempre de investimento, é continuar a reforçar – aquelas que já têm – a produção para autoconsumo de energia fotovoltaica” ou outras “acelerar os seus investimentos” em parques fotovoltaicos”.

“Mas, a maior parte da indústria do plástico trabalha por turnos e à noite não há sol. Por muito que se queira, não se consegue ter uma totalidade da necessidade de energia através das energias renováveis”, apontou, reconhecendo, contudo, que esta área requer investimento.

Esperando que “haja uma redução dos preços de energia o mais rápido possível”, o dirigente da APIP assinalou ainda que “o gás continua a ter uma importância muito grande na composição do preço” da eletricidade do mecanismo ibérico.

Amaro Reis considerou, por outro lado, a propósito do anúncio do Governo na semana passada que “todas as medidas são bem-vindas”, admitindo que o Estado “não pode dar tudo”, e que “as linhas de crédito disponibilizadas são importantes e têm de ser ajustadas às necessidades das empresas e com juros bonificados.

Ao executivo, sugeriu que o “custo acrescido que as empresas têm [agora] com a energia pudesse ser, no futuro, deduzido através de benefícios fiscais”.

O responsável da APIP defendeu também que o Governo deve olhar para as empresas que, na área da reciclagem de plástico, contribuem para a economia circular, redução dos resíduos e valorização destes, mas “estão a ser afetadas, enormemente, pelo aumento de custos energéticos”.

“Não sei até que ponto, também, este tipo de empresas podia ter algum benefício”, dado o seu compromisso ambiental relativamente à reciclagem, referiu, lembrando que há países na Europa que “estão a subsidiar os custos de energia destas empresas”.

De acordo com a APIP, o setor dos plásticos tem, em Portugal, 43 mil trabalhadores distribuídos por 1.150 empresas. O volume de negócios é de oito mil milhões de euros, cerca de 4% do Produto Interno Bruto.

Empresários do setor dos plásticos alertam para perda de competitividade

Empresários do setor dos plásticos alertaram para a perda de competitividade devido ao aumento dos custos da energia, que impede o crescimento das empresas e pode originar desemprego.

“Afeta muito a competitividade das empresas”, disse à agência Lusa o presidente do Conselho de Administração da Vizelpas, sediada em Vizela (Braga), que se dedica à produção de filmes técnicos flexíveis para as áreas alimentar e médico-cirúrgica, entre outras.

Segundo Modesto Araújo, em agosto do ano passado a fatura de eletricidade oscilava entre os 70 e os 80 mil euros. “Em agosto de 2022, passou para cerca de 300 mil euros”, declarou.

O empresário esclareceu que a Vizelpas tinha a possibilidade de no início do ano fazer “um contrato a oito ou a 10 anos a 0,85 euros o megawatt”, quando o preço então era de 0,50 euros. “Éramos para fechar o negócio, mas a operadora veio dizer em fevereiro ou março que era melhor não o fazermos, porque o Governo estava a negociar uma redução no preço da energia e ia pôr um teto para o gás que iria condicionar o preço da eletricidade e era melhor aguardarmos até agosto”, referiu.

Modesto Araújo esclareceu que a empresa esperou até final de junho e, “qual espanto, a fatura de julho é quase 250 mil euros”.

“Os nossos governantes negociaram um teto para o gás, mas meteram um mecanismo de ajuste que é pago pelas empresas, ao contrário de Espanha”, esclareceu, reconhecendo que se tivesse feito o contrato em fevereiro “a energia estava mais barata”.

O empresário equaciona “parar uma ou duas linhas de produção porque há produtos que deixam de ser competitivos”, admitindo: “Se calhar vamos parar e mandar pessoas para o desemprego”.

A Vizelpas, com 24 anos de existência, tem 210 funcionários e exporta 65% da produção.

“Tínhamos um projeto para outro concelho que vamos ponderar”, adiantou, salientando ainda que também iniciou a compra de terrenos para instalar energia renovável, mas a burocracia inerente é “um trinta e um”.

Modesto Araújo lembrou que “nunca na história da empresa se elaborou um orçamento que esteja sujeito à sorte, isto é, à variação do preço de energia”, pedindo ao Governo que olhe para a situação, porque é “preciso que haja uma uniformidade de preço” para todas as empresas.

“Estamos na União Europeia e, por isso, devemos ter regras similares para todos, não é uns terem energia a oito e outros a oitenta. Têm de ser tomadas medidas nesta área para haver mais equidade na competitividade das empresas”, defendeu.

No caso da RCDPLAS, de Vale de Cambra (Aveiro), empresa especializada na reciclagem de plásticos, em julho de 2021 a fatura da eletricidade era de 34 mil euros, passando para 88 mil euros em julho último.

“Em termos da estrutura de negócio, face aos preços de venda e ao volume de vendas, o negócio deixou de ser viável. Passamos a ter um prejuízo todos os meses”, afirmou o sócio-gerente Rui Carvalho, quando questionado sobre os impactos do aumento do custo da energia.

Rui Carvalho explicou que “a subida de preços que se tem de fazer e caso não haja aceitação dos clientes, a empresa deixa de ter mercado e em três, quatro meses, deixa de ter fundo de maneio para suportar os custos de energia e outros tantos custos”.

De acordo com este sócio-gerente, a empresa, que tem no estrangeiro o destino de 40% da produção, deixará de ter competitividade, pois “não consegue sequer concorrer” com empresas do mercado nacional.

“Há empresas que não estão a pagar o mecanismo de ajuste e têm metade do custo da energia que nós temos, porque têm contratos mais antigos”, declarou, assumindo “não ser fácil concorrer com estas empresas que não têm culpa desta situação”.

Diogo Mourão, também sócio-gerente da RCDPLAS, empresa com quatro anos e meio de existência e 20 funcionários, salientou que esta “vinha a ter um caminho sustentável”, apesar de a pandemia de covid-19 ter trazido mais dificuldades.

Reconhecendo que o aumento do preço da energia “põe em causa planos de crescimento e desenvolvimento da empresa” ou “até pagar melhor aos colaboradores”, Diogo Mourão concretizou: “A empresa fica estrangulada e a trabalhar para pagar uma fatura da eletricidade”.

“Ou seja, uma empresa que gerava um ‘cash-flow’ positivo, tinha visão e dinheiro para investir, boa carteira de clientes internacionais, de repente vai trabalhar para pagar a fatura de eletricidade”, lamentou.

Ao executivo, Diogo Mourão pede “um apoio que seja direcionado em concreto à diminuição da fatura da eletricidade”, porque o resto a RCDPLAS tem: “Uma boa gestão, um plano, pessoas e clientes”.

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Um dia por semana sem carros poupa 3% a 5% de combustíveis em meio urbano

  • Lusa
  • 22 Setembro 2022

Associação Zero defende que um dia sem carros por semana seria fundamental para a poupança energética e poderia ter um papel determinante na mitigação dos efeitos da crise atual.

Um dia por semana sem carros poupará o equivalente a 3% a 5% do gasóleo e gasolina consumidos em meio urbano, indica um estudo citado esta quinta-feira pela associação ambientalista Zero.

A propósito do Dia Mundial Sem Carros, e também Dia Europeu sem Carros, que se assinala esta quinta-feira, destinado a sensibilizar para a necessidade de reduzir o tráfego rodoviário nas cidades, a associação diz que um novo estudo revela que 62% das pessoas em cidades europeias apoiam a ideia de um dia sem carros por semana. O estudo foi feito no âmbito da Campanha Cidades Limpas, um consórcio europeu que a Zero integra.

A associação lembra a atual crise energética na Europa para dizer que “é urgente reduzir a dependência do continente em relação ao petróleo e gás”, e acrescenta que um dia sem carros por semana seria fundamental para a poupança energética e poderia ter um papel determinante na mitigação dos efeitos da crise atual.

O estudo “revela que um único dia semanal sem carros nas principais cidades europeias poderá poupar entre 541 e 945 mil barris de petróleo em cada dia em que é implementado (dependendo do dia da semana) – ou seja, o equivalente a 3-5% de todo o consumo de gasóleo e gasolina em meio urbano na Europa (que representa cerca de 23% das emissões e uso de energia), ou o equivalente a cerca de 40% de todo o consumo anual de petróleo em Portugal ou o consumo inteiro de petróleo de países como a Estónia, Letónia e Lituânia”, diz a Zero em comunicado.

Dias sem carros, refere a Zero, não obrigam a novas infraestruturas, a regulamentos complexos ou grandes despesas, e permitem também uma melhoria do ar.

A associação recomenda que as cidades devem, generalizadamente, adotar dias semanais sem carros e promover o transporte público, com o apoio do Governo, que deve melhorar e densificar o transporte público.

Esta quinta-feira, para assinalar a efeméride, no dia em que termina a semana europeia da mobilidade, o ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, convidou os membros do Governo a deslocarem-se para o Conselho de Ministros utilizando meios sustentáveis de mobilidade.

E várias cidades do país vão assinalar o Dia Europeu sem Carros, com ações de sensibilização e promoção de atividades desportivas, incluindo as caminhadas e o uso da bicicleta.

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