Pedro Nuno Santos assinala silêncio da direita sobre dimensão do resgate na SATA

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2024

"Até hoje não houve um único ano em que a SATA tenha dado lucro. Mas a TAP dá lucro desde 2022. A diferença é que aqui somos nós e nos Açores é a direita toda junta”, disse o secretário-geral do PS.

O secretário-geral do PS prometeu esta terça-feira não perder “nem mais um segundo” sobre a escolha da localização do novo aeroporto de Lisboa e considerou que a direita está em silêncio sobre a dimensão do resgate na SATA. Estas posições foram transmitidas por Pedro Nuno Santos no final de um almoço com a Confederação do Turismo de Portugal (CFP), em Lisboa, após a intervenção de abertura do presidente desta entidade, Francisco Calheiros.

Francisco Calheiros disse que Pedro Nuno Santos, enquanto ministro das Infraestruturas, “teve razão” quando em 2022 fez publicar contra a vontade do primeiro-ministro, António Costa, uma portaria em que numa primeira fase se avançava para a construção de uma solução aeroportuária no Montijo e, depois, a médio e longo prazos, em Alcochete.

O secretário-geral do PS não se debruçou de forma desenvolvida sobre esse episódio que marcou a sua presença no Ministério das Infraestruturas, mas advertiu que nenhuma solução para o futuro aeroporto de Lisboa terá um apoio maioritário e que gerará sempre contestação.

Temos um aeroporto com uma pista esgotada, já tivemos 50 anos de debates com 19 localizações diferentes estudadas. Do que é que Portugal está à espera. Fiz uma tentativa que se frustrou e com a certeza que não vou perder nem mais um segundo, por duas razões: a primeira é a de que precisamos mesmo de avançar sobre o novo aeroporto o quanto antes; e a segunda é simbólica, porque precisamos de passar a mensagem que o país tem de avançar, não pode ter medo de decidir”, declarou.

A seguir, referiu-se a um dos temas do frente-a-frente que na segunda-feira à noite travou na SIC com o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, que atacou a despesa efetuada pelo Estado com a intervenção financeira na TAP em conjuntura de pandemia da covid-19. Pedro Nuno Santos observou que esse tema foi levantado tipo “metralhadora” por Rui Rocha na fase final do debate, quando já não dispunha de tempo para lhe responder.

Perante os empresários do turismo, voltou a defender o resgate então efetuado na TAP, apesar de ter reconhecido que esse processo “teve erros e falhas” e que “é uma mochila que vai carregar às suas costas”.

Assinalou porém que a TAP, antes da pandemia, quando a gestão era privada, dava 100 milhões de euros de prejuízo por ano, contrapondo que transportadora aérea nacional se salvou com a intervenção, que agora dá lucro (200 milhões nos primeiros nove meses do ano em 2023), faz encomendas junto de empresas nacionais num valor de 1,3 mil milhões de euros e é responsável por trazer para Portugal os turistas que mais tempo permanecem no país.

Mas avançou também com um novo argumento, depois de se queixar que a política portuguesa se caracteriza por vezes pela “incoerência e dualismo”. O secretário-geral do PS observou então que a SATA também foi resgatada e a dimensão da intervenção do Governo Regional dos Açores do PSD, CDS e PPM, então também suportado no parlamento pela IL e Chega, correspondeu a 10% do PIB da região autónoma, enquanto no caso da TAP rondou os 1,5% do PIB nacional.

Não estou a criticar a intervenção pública na SATA, mas nunca ouvi nenhum criticar essa operação. Nunca ouvi ninguém queixar-se. E até hoje não houve um único ano em que a SATA tenha dado lucro. Mas a TAP dá lucro desde 2022. A diferença é que aqui somos nós e nos Açores é a direita toda junta”, declarou.

Pedro Nuno Santos sustenta que Luís Montenegro “não tem forma de governar”

O secretário-geral do PS assinalou ainda que o presidente do PSD tem assegurado que não governa com o Chega se ficar em segundo nas eleições, o que indica que Luís Montenegro “não tem forma de governar”.

Na intervenção inicial do almoço, o presidente da CFT disse ter ficado satisfeito quando o PS obteve maioria absoluta nas legislativas de janeiro de 2022, porque esse resultado indiciava mais de quatro anos de estabilidade politica e o tempo necessário para fazer reformas de fundo no país.

Já no que respeita às perspetivas para as eleições legislativas antecipadas de 10 de março, Francisco Calheiros manifestou-se apreensivo com um resultado que provoque instabilidade, tendo nesse contexto criticado a solução “Gerigonça” de 2015, “com partidos adversários do turismo” na esfera do poder. Pedro Nuno Santos defendeu a seguir a solução política “Geringonça” de 2015, mas pronunciou-se principalmente sobre o que está em causa nas eleições de 10 de março.

“Acredito que só teremos um Governo com estabilidade em Portugal se o PS tiver uma grande vitória nas eleições legislativas. Não é credível ao dia de hoje que qualquer partido tenha maioria absoluta”, começou por observar, antes de procurar associar o PSD à ingovernabilidade. “O meu principal adversário diz que não governa se ficar em segundo e diz que não governa com o Chega. Então, não tem forma de governar”, apontou.

Depois, vincou a sua tese sobre a importância de o PS ter condições para formar Governo. “Tenho dito ao longo do tempo e continuarei a dizer: Não sabemos qual a configuração parlamentar que sairá das eleições de 10 de março, mas sabemos que o Governo será mais estável – falo por mim – quanto mais força tiver o PS. A nossa concentração é ter um resultado que garanta a Portugal um Governo com estabilidade, liderado pelo PS”, insistiu.

Em relação aos executivos minoritários de António Costa, que foram suportados no parlamento pelo PCP, Bloco de Esquerda e PEV, o líder socialista contrariou a posição de Francisco Calheiros.

Percebo as críticas que o presidente da CFT fez sobre a solução encontrada em 2015, mas aposto que aqui não há nenhum empresário que, entre 2025 e 2019, não tenha visto a situação da sua empresa a melhorar. Até admito situações excecionais, mas foram quatro anos de crescimento, de recuperação. As empresas ganharam mais, não saíram em 2019 a perder face a 2015. Houve receios que não se confirmaram”, sustentou.

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Estudantes organizam cimeira para debater desafios do ensino português

  • Trabalho
  • 6 Fevereiro 2024

Rui Rio, Pedro Santana Lopes, Marisa Matias, Pedro Siza Vieira, Susana Peralta e Rui Tavares são alguns dos nomes que participarão na cimeira organizada pelos estudantes da FEP em torno do ensino.

Afinal, como se resolve a crise do alojamento dos estudantes? E devem as propinas continuar a descer? Estes são dois dos temas que vão ser discutidos na II Cimeira do Ensino, que terá lugar na Faculdade de Economia do Porto (FEP), no dia 15 de fevereiro. Neste ciclo de conferências são participantes, nomeadamente, o ex-ministro Pedro Siza Vieira, a eurodeputada Marisa Matias e o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.

“Depois da primeira edição no ano passado, a II Cimeira do Ensino aspira a estimular o debate de ideias sobre o ensino, através das vozes de forças vivas da sociedade portuguesa, como políticos, especialistas, docentes e estudantes, tornando a FEP o centro deste debate, essencial para o futuro do país“, anunciou a associação de estudantes dessa faculdade, que está a organizar este evento.

Esta cimeira acontece numa altura em que o país vive um período de pré-campanha eleitoral e os estudantes apelam a que o tema do ensino não seja esquecido pelos partidos, já que acreditam “na centralidade da educação, seja ela pré-primária, primária, secundária ou superior”.

“Lembramos a centralidade da educação para um crescimento sustentado da nossa economia e, essencialmente, para a prossecução da justiça de oportunidades vital para qualquer democracia saudável”, sublinha a associação de estudantes.

O programa já pode ser consultado online, sendo que a abertura ficará a cargo do ex-Presidente da Câmara Municipal do Porto e do PSD, Rui Rio. “No encerramento, teremos a honra de ouvir o Presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, e o atual Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz e ex-primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes”, destacam os estudantes.

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Governo está a fazer “todos os esforços” para comprar pintura de Domingos Sequeira

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2024

A secretária de Estado da Cultura fez saber que o assunto foi entregue à Museus e Monumentos de Portugal e "aguardam-se desenvolvimentos para muito breve".

A secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, assegurou aos signatários da carta aberta sobre a exportação da pintura “Descida da Cruz” estarem em curso “todos os esforços” para conhecer as “eventuais condições de compra” da obra.

Numa carta de resposta à missiva assinada por 12 especialistas em museus e património manifestando indignação pela “exportação indevida” da pintura, que consideram “gravemente lesiva do património português”, a secretária de Estado fez saber que o assunto foi entregue à Museus e Monumentos de Portugal (MMP) e “aguardam-se desenvolvimentos para muito breve”.

“O Governo averiguou o sucedido, e procurando recentrar o assunto pediu à MMP, entidade agora com as atribuições relacionadas com a aquisição e circulação de obras de arte, que envidasse todos os esforços junto dos proprietários para aferir as eventuais condições de compra da obra ‘Descida da Cruz’, de Domingos Sequeira”, lê-se na carta de resposta, a que a agência Lusa teve acesso.

Na mensagem, Isabel Cordeiro agradece a “preocupação expressa por todos os signatários relativamente a este assunto” e acrescenta que o conselho de administração da MMP “prossegue os contactos necessários para que possa ser efetivamente equacionada a apresentação desta obra no Museu Nacional de Arte Antiga, nunca proposta”.

Aguardam-se desenvolvimentos para muito breve sobre os quais daremos notícia”, conclui, na missiva enviada aos subscritores da carta aberta, no mesmo dia em que foi publicamente divulgada, na qual pediam “todos os esforços” para a aquisição do quadro.

A mensagem, enviada sábado ao ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e à secretária de Estado da Cultura, era assinada por historiadores de arte, museólogos, arqueólogos e outros especialistas da área do património, como Raquel Henriques da Silva, Luís Raposo e Vítor Serrão, que manifestaram “profunda indignação” por “esta ocorrência indigna e gravemente lesiva do património português”.

O quadro a óleo é da autoria de Domingos Sequeira (1768-1837), um pintor português que, devido ao seu talento, conseguiu proteção aristocrática e uma bolsa para se aperfeiçoar em Roma, onde privou com vários mestres e conquistou diversos prémios académicos. O seu trabalho situa-se entre o Classicismo e o Romantismo, de um modo similar ao espanhol Francisco de Goya (1746-1828).

A saída da “Descida da Cruz” do país foi avançada a 26 de janeiro pelo semanário Expresso, indicando que estaria à venda em Madrid, “apesar dos pareceres negativos sobre a sua saída de Portugal”, após uma autorização de saída, no ano passado, segundo a notícia, por parte dos responsáveis da então Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), justificada pela “inexistência de qualquer ónus jurídico”.

O requerimento para “exportação temporária” e “eventual venda” da obra “A Descida da Cruz”, de Domingos Sequeira, na posse do descendente do duque de Palmela Alexandre de Souza e Holstein, tinha como destino a Galeria Colnaghi, de Madrid, pelo prazo de um ano, a contar do dia 2 de novembro de 2023, sendo o valor atribuído de 1,2 milhões de euros, segundo o semanário.

Na altura, o diretor do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), Joaquim Caetano, tinha emitido um parecer negativo a este pedido de venda, defendendo a necessidade de se iniciar “de imediato, o processo de classificação da pintura como Bem de Interesse Nacional, impedindo a sua saída de território nacional”.

“Descida da Cruz” faz parte de um grupo de quatro pinturas tardias de Domingos Sequeira – com “Ascensão”, “Juízo Final” e “Adoração dos Magos”, esta última já na posse do MNAA por adquisição através de uma campanha pública – feitas durante os seus últimos anos de vida, em Roma, onde morreu em 1837. Pelo menos um grande estudo preparatório da obra, na posse do MNAA, está classificado como bem de interesse nacional. Joaquim Caetano defendia a classificação das outras duas pinturas da mesma série, que se encontram na posse da família Holstein.

Na carta aberta enviada segunda-feira à Lusa, especialistas como Adília Alarcão, António Filipe Pimentel, Aurora Carapinha, Jorge Custódio e José Alberto Seabra Carvalho manifestavam ainda “profunda indignação pelo comportamento do ex-diretor-geral do Património Cultural [João Carlos dos Santos] e por via dele de toda a DGPC, que, além de manifestar grave ignorância cultural, não cumpre, nem justifica o não cumprimento das claras disposições e orientações da Lei de Bases dos Museus Portugueses no que se relaciona com a exportação de bens museológicos de excecional valor cultural”.

O ministro da Cultura já veio a público comentar a “lamentável falha” dos serviços da DGPC e indicar que estão em curso diligências para conhecer as condições de uma eventual compra, por proposta da Comissão de Aquisição de Bens Culturais, entidade à qual compete identificar e sinalizar as obras de arte e apresentar propostas fundamentadas. A Lusa pediu segunda-feira uma reação ao instituto Património Cultural, presidido por João Carlos dos Santos, e à Museus e Monumentos de Portugal – as duas entidades resultantes da reorganização da DGPC -, e aguarda resposta.

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Autorizado investimento de 7,5 milhões no troço Caldas da Rainha – Louriçal da Linha do Oeste

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2024

Este projeto representa um investimento de 7,5 milhões de euros que, segundo o despacho, será repartido em tranches a aplicar em cada um dos anos, com exceção de 2028.

A autorização para a repartição de encargos para a eletrificação e modernização do troço Caldas da Rainha-Louriçal, na Linha do Oeste, no valor de 7,5 milhões de euros, foi esta terça-feira publicada em Diário da República.

O despacho, emitido pela Infraestruturas de Portugal (IP) autoriza a assunção de encargos plurianuais entre os anos de 2025 e 2030 para a contratualização da empreitada “Linha do Oeste – Eletrificação e Modernização do Troço Caldas da Rainha-Louriçal – Projeto de Execução”, prevista no Plano Nacional de Investimentos 2030.

O projeto representa um investimento de 7,5 milhões de euros que, segundo o despacho, será repartido em tranches a aplicar em cada um dos anos, com exceção de 2028, que não tem qualquer valor atribuído.

A repartição determina uma verba de 3.588.438,00 euros para o ano de 2025, duas tranches de 1.393.281,00 euros para os anos de 2026 e 2027, 375.000,00 euros para 2029 e 750.000,00 euros para 2030.

Seis meses depois tudo está na mesma e não há concurso aberto e, muito menos, linha modernizada e eletrificada, verificando-se atrasos em cima de atrasos; promessas em cima de promessas, atirando cada vez para mais tarde a modernização e a eletrificação de toda a Linha do Oeste.

Comissão para a Defesa da Linha do Oeste (CPDLO)

A IP deliberou igualmente lançar o procedimento pré-contratual necessário à contratação da execução da “Linha do Oeste – Eletrificação e Modernização do Troço Caldas da Rainha-Louriçal“, o qual será integrado “em futura candidatura no âmbito do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027”, é referido no despacho.

A publicação ocorre um dia depois de a Comissão para a Defesa da Linha do Oeste (CPDLO) ter considerado “inaceitável” o atraso na abertura do concurso para a modernização e eletrificação do troço Caldas da Rainha/Louriçal, anunciada pela IP em junho de 2023. “Seis meses depois tudo está na mesma e não há concurso aberto e, muito menos, linha modernizada e eletrificada, verificando-se atrasos em cima de atrasos; promessas em cima de promessas, atirando cada vez para mais tarde a modernização e a eletrificação de toda a Linha do Oeste, com todos os prejuízos que daí decorrem”, referiu a CPDLO em comunicado.

Na nota, a comissão manifestava “sérias dúvidas” de que a modernização e eletrificação do troço entre Meleças e Caldas da Rainha fiquem concluídas no primeiro semestre deste ano, data com que “o Governo se comprometeu perante esta comissão, na pessoa do secretário de Estado das Infraestruturas”.

O cumprimento do prazo “não irá ser possível se o ritmo das obras não aumentar significativamente”, lia-se no comunicado.

O projeto de modernização da Linha do Oeste (Sintra/Figueira da Foz) está dividido em duas empreitadas, sendo a primeira a de eletrificação e modernização do troço entre Mira Sintra-Meleças (Sintra) e Torres Vedras, num investimento de 61,7 milhões de euros.

A segunda consiste na modernização e eletrificação do troço entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, orçada em 40 milhões de euros. Já o investimento global é de 160 milhões de euros, incluindo expropriações, de acordo com a empresa.

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Yunit Consulting aposta em Andreia Jotta para liderar direção de desenvolvimento de negócio

  • + M
  • 6 Fevereiro 2024

Andreia Jotta já desempenhava o cargo de diretora de marketing e parcerias da consultora, que aposta agora na convergência entre estratégia de negócio e de marketing.

A direção de desenvolvimento de negócio da Yunit Consulting – departamento que inclui as equipas de marketing e comercial – passa a ser assumida por Andreia Jotta, que já desempenhava desde 2021 o cargo de diretora de marketing e parcerias da consultora. A Yunit Consulting aposta assim na convergência entre estratégia de negócio e de marketing.

“Acreditamos que este é o caminho que vai diferenciar-nos e posicionar-nos num ambiente cada vez mais competitivo. A nossa missão não é apenas apoiar as empresas na tomada de melhores decisões, mas também trabalhar conjuntamente em estratégias integradas e personalizadas, partilhando a responsabilidade pelo seu ciclo de vida. No fundo, criar um sentido de comunidade e propósito”, diz Andreia Jotta, citada em comunicado.

A agora responsável pela direção de desenvolvimento de negócio da Yunit Consulting acrescenta que com a criação desta nova área “pretendemos a curto prazo passar de um cenário em que o marketing já colabora com o departamento comercial no contacto com clientes e identificação de potenciais clientes, para uma convergência total de esforços, determinante para continuarmos a evoluir no mercado”.

Formada em relações internacionais, Andreia Jotta esteve durante quase uma década à frente do departamento de marketing e comunicação da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa. Passou ainda por instituições com a UNESCO e o Ministério das Finanças.

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Agricultores do Baixo Mondego dizem que reunião com ministra “correu bem”

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2024

À saída, os agricultores disseram que irão analisar, com o restante grupo, o que foi debatido na reunião, na qual foi "tudo devidamente esclarecido".

Os agricultores do Baixo Mondego consideraram esta terça-feira que a reunião com a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, correu bem, deixando ainda a garantia de que tudo foi devidamente conversado e esclarecido.

Foi uma reunião de muito trabalho, muito técnica. Uma reunião que correu bem”, disse João Monteiro Grilo, da Comissão Independente de Agricultores do Baixo Mondego.

A ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, reuniu-se esta manhã, na Direção Regional de Agricultura do Centro, em Coimbra, com a Comissão Independente de Agricultores do Baixo Mondego.

Os cinco elementos da comissão, que marcaram presença na reunião que durou mais de duas horas e meia, levaram consigo simbolicamente alguns sacos de arroz do Baixo Mondego.

À saída, os agricultores disseram ainda aos jornalistas que irão analisar, com o restante grupo, o que foi debatido na reunião, na qual foi “tudo devidamente esclarecido”. “Conversámos sobre tudo”, acrescentou João Monteiro Grilo.

Já a ministra da Agricultura escusou-se a fazer declarações, deixando apenas a indicação de que foi “uma reunião muito produtiva”.

Os agricultores do Baixo Mondego manifestaram-se a semana passada na Baixa da cidade de Coimbra, interrompendo o trânsito na avenida Fernão de Magalhães durante dois dias. A exigência de construção da nova barragem de Girabolhos, em Seia, foi uma das especificidades do protesto dos agricultores em Coimbra.

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Alentejo abre concurso para investimentos “verdes” nas empresas

Programa destina-se a micro, pequenas e médias empresas do Alentejo Litoral que invistam nos setores das energias renováveis, agroalimentar e turismo.

As micro, pequenas e médias empresas dos municípios de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines podem candidatar-se ao concurso “Investimento Empresarial Produtivo para uma Transição Justa”, lançado pelo Programa Alentejo 2030. O fundo tem uma dotação máxima de 20.000 euros e serão elegíveis investimentos produtivos enquadráveis nos setores das energias renováveis, agroalimentar e turismo.

Este programa tem como objetivo “apoiar o investimento empresarial em atividades inovadoras e qualificadas, e operações que conduzam à diversificação, modernização e reconversão económicas, com foco no reforço e expansão de novas indústrias e serviços tecnologicamente avançados dirigidos à transição climática e energética“, adianta a autoridade de gestão do Programa Regional do Alentejo 2030.

Dentro das ações elegíveis estão englobados projetos que visem a criação de um novo estabelecimento; o aumento da capacidade de um estabelecimento já existente, devendo esse aumento corresponder no mínimo a 20% da capacidade instalada em relação ao ano pré-projeto e a diversificação da produção de um estabelecimento para produtos não produzidos anteriormente no estabelecimento.

A taxa de financiamento das despesas elegíveis é obtida a partir da soma das parcelas seguintes até ao limite máximo de 60%. As despesas com construção de edifícios, obras de remodelação e outras construções são elegíveis até ao limite de 35% da totalidade das despesas elegíveis da operação enquadráveis nos setores das energias renováveis e agroalimentar e até ao limite de 60% da totalidade das despesas elegíveis da operação enquadráveis no setor do turismo.

Não são elegíveis as despesas relacionadas com empreendimentos turísticos/unidades de alojamento exploradas em regime de direito de habitação periódica, de natureza real ou obrigacional.

O período de candidaturas arrancou a 22 de janeiro e decorre em quatro fases, sendo que a data de encerramento de cada fase decorre a 12 de abril, 31 de julho, 18 de outubro e 16 de dezembro. As candidaturas são apresentadas online no Balcão dos Fundos e são analisadas 60 dias úteis após o fecho de cada fase e notificada ao candidato no prazo máximo de cinco dias, a contar da data da sua emissão, conjuntamente com o respetivo termo de aceitação.

O formulário de candidatura e documentos anexos, será analisada pelo Instituto do Turismo de Portugal para os projetos do setor do turismo e pela Agência para a Competitividade e Inovação para os restantes projetos. As listas de candidaturas aprovadas serão publicadas no site do Programa Regional Alentejo 2030 e no Portugal 2030.

Em relação aos pagamentos aos beneficiários serão efetuados a título de adiantamento (adiantamento inicial até 10%, adiantamento contra fatura e adiantamento contragarantia), reembolso e/ou pagamento final, nos termos definidos em norma da Autoridade de Pagamento.

O Programa Regional Alentejo 2030 é um dos principais instrumentos financeiros colocado à disposição do Alentejo para promover a competitividade da economia, a sustentabilidade ambiental e a valorização do território e das pessoas na região.

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“As empresas portuguesas colaboram pouco entre si”, critica Augusto Mateus

O ex-ministro Augusto Mateus considera que para aumentar a competitividade e a produtividade é crucial uma maior colaboração das empresas, mas também uma política económica construtiva e ambiciosa.

Portugal enfrenta há largos anos um problema de baixos níveis de produtividade e de competitividade, que tem sido acompanhado por uma queda do investimento público, particularmente nos últimos anos.

Para Augusto Mateus, ex-ministro da Economia e ex-professor do ISEG, grande parte desse quadro é justificado pela ausência de uma política económica capaz de promover uma colaboração eficaz entre o setor público e o privado, e entre as próprias empresas, como mostra o estudo “O Comércio e Serviços na Competitividade e Internacionalização da Economia Portugal”, desenvolvido pelo ex-governante com o apoio da Confederação do Comércio e Serviços, que foi apresentado esta terça-feira em Lisboa.

Para contornar este quadro pouco recomendável para a economia nacional, Augusto Mateus recomenda, por exemplo, “a valorização económica e a gestão integrada e sustentável de fileiras de produção e cadeias de valor, combinando bens e serviços baseados em recursos endógenos e ativos específicos, localizados e não transferíveis”, lê-se no estudo.

Para o ex-governante, a promoção da competitividade da economia nacional requer assim a “construção de plataformas colaborativas geradoras de sinergias”, tanto no plano empresarial, através de colaborações entre empresas nacionais, como “no plano do relacionamento entre o setor público e o setor privado”, defendeu durante a sua apresentação para uma plateia de duas centenas de pessoas.

Além disso, Augusto Mateus chamou a atenção para os baixos níveis de servitização da produção, fazendo com que grande parte das empresas deixe de lado o potencial de valorizarem a sua operação adicionando à venda dos seus produtos ou serviços outros serviços.

Augusto Mateus explica que isso acontece não por uma decisão unilateral das empresas, mas “porque os fatores competitivos são pouco desenvolvidos, insuficientemente importantes”.

O ex-governante defende assim um alongamento e aprofundamento das cadeias de valor por forma a haver “uma maior articulação entre a produção de bens e serviços e a produção de serviços”, para que as empresas possam oferecer um maior valor acrescentando à sua operação.

Se os desafios colocados às empresas são muitos, Augusto Mateus salienta que nada será verdadeiramente eficaz sem o papel do Governo através de uma política económica construtiva e ambiciosa que, segundo considera, tem sido esquecida, como é visível pela “situação calamitosa do investimento”, destacando a passagem de um investimento público equivalente a 3,6% do PIB entre 2004-2008 para um nível de investimento de 1,9% entre 2014 e 2018.

“Não chega melhorar as empresas, é preciso melhorar a política económica”, defendeu Augusto Mateus no decorrer da sua apresentação, apontando o dedo ao facto de “Portugal continuar com dificuldade em financiar aquilo que é o seu Estado social, aquilo que é a ambição da sua população, aquilo que são as possibilidades dos seus recursos”.

E também não deixa de criticar o discurso político de “contas certas” que tanto se tem ouvido por parte do Governo, notando que “as contas certas fazem-se com investimento, não é sem investimento” e que “as contas certas fazem-se com serviços públicos melhores, não é com serviços públicos piores”.

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Mais de um terço dos portugueses gasta mais de 30% do rendimento com a casa

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2024

Em novembro, houve uma diminuição de 4,5 pontos percentuais dos portugueses que dedicam 31% a 50% do seu rendimento a gastos com renda ou prestações da casa em relação a julho.

Mais de um terço (36,4%) dos inquiridos num estudo do Observatório da Sociedade Portuguesa refere gastar mais de 30% do rendimento do agregado familiar com arrendamento ou pagamento de prestações de casa.

O estudo decorreu entre julho e novembro de 2023 e teve como objetivo avaliar as perceções dos portugueses relativamente a temas atuais, entre os quais a crise na habitação.

Comparando estes resultados aos obtidos em julho de 2023, verificou-se em novembro do ano passado uma diminuição de 4,5 pontos percentuais (p.p.) dos inquiridos cujo agregado familiar dedica 31% a 50% do seu rendimento a gastos com renda ou prestações da casa.

Por outro lado, aumentou ligeiramente tanto o número de participantes que dizem alocar 0% dos seus rendimentos como os que dizem destinar entre 11% a 20% do rendimento do seu agregado familiar a este tipo de gasto (+1,3 p.p. e +3,4 p.p., respetivamente).

A análise do Observatório de Sociedade Portuguesa da Católica-Lisbon refere também que 16,2% dos inquiridos indica não ter qualquer encargo com renda ou prestações de crédito à habitação.

“Verifica-se, portanto, uma diminuição da taxa de esforço dos agregados familiares portugueses entre julho de 2023 e novembro de 2023, que poderá ser explicada por diferentes apoios estabelecidos pelo Estado, como por exemplo o apoio extraordinário à renda, a moratória do crédito à habitação ou a bonificação temporária de juros”, salienta.

Questionados se os preços das habitações na localidade de residência subiram no último ano, 95,4% consideram que sim, com 30,6% a afirmarem que aumentaram bastante e 64,8% a dizer que aumentaram muito.

Apenas 0,1% dos inquiridos consideram que os preços não têm aumentado, aponta o estudo, assinalando ainda um aumento de 1,8 pontos percentuais em novembro de 2023 dos que consideram que os preços na sua localidade aumentaram muito no último ano.

A grande maioria (91,1%) revela preocupação com a situação habitacional em Portugal, enquanto 59,9% dos inquiridos demonstram estar muito preocupados e 3,7% pouco ou nada preocupados.

As conclusões do estudo apontam ainda que 62,6% dos inquiridos indicam residir em casa própria, 27,1% em casa arrendada e 10,3% estão noutra situação.

A amostra contou com a participação de 1.000 inquiridos, com idades entre os 20 e os 75 anos, que, em comparação com proporções nacionais recolhidas no Censos 2021, “está bastante semelhante, apenas com uma proporção superior de indivíduos entre 50 e 59 anos e uma proporção inferior de adultos entre 60 e 69 anos, dadas as características de recolha do painel de estudos online“.

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Turismo do Algarve vai formar 1.800 profissionais do setor

Com o objetivo de capacitar os profissionais do setor, o Turismo do Algarve e o Turismo de Portugal lançaram o Programa “Competências do Futuro Algarve.

O Turismo do Algarve e o Turismo de Portugal apresentaram um programa de formação para os profissionais do setor para fazer frente aos desafios da indústria, nomeadamente a escassez de mão-de-obra e do reforço de competências. O programa “Competências do Futuro Algarve” contempla 440 horas de formação e envolve 1.800 profissionais.

Serão 440 horas de formação online, com recurso às escolas de Hotelaria e Turismo de Faro, Portimão e Vila Real de Santo António, nas áreas de liderança e gestão de equipas, competências de gestão, marketing e literacia digital, serviço de excelência no setor turístico, além de gestão sustentável dos recursos e eficiência hídrica.

“Este programa surge como resposta às necessidades identificadas pelas principais associações setoriais e tem como objetivo primordial apoiar os empresários do turismo na sua atividade, proporcionando um conjunto abrangente de ações de capacitação em áreas cruciais para o setor”, explicou o presidente do Turismo do Algarve, André Gomes, durante o lançamento do programa, na sede da Região de Turismo do Algarve (RTA).

“A excelência no serviço prestado é um compromisso inegociável para o Algarve, e a capacitação dos profissionais é um pilar essencial para alcançar esse desiderato neste setor fundamental para a economia regional”, completou.

Em comunicado, o Turismo do Algarve detalha que o programa “Competências do Futuro Algarve” contemplará dois intakes, a decorrer de fevereiro a maio e de outubro a dezembro – fora da época alta de atividade turística –, e quatro bootcamps presenciais nas escolas de Hotelaria e Turismo de Faro, Portimão e Vila Real de Santo António, um por cada área temática. No final das ações online decorrerá uma sessão presencial envolvendo todos os participantes.

Perante os desafios da personalização, da escassez de recursos humanos, do desajustamento das competências face ao mercado e da sustentabilidade, o Turismo do Algarve avançou com o levantamento das necessidades de formação junto do setor empresarial para identificar as áreas de competência prioritárias, tendo sido também analisadas as tendências no setor.

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Relação anula medidas de coação de Armando Pereira e arrasa decisão de Carlos Alexandre

Decisão da Relação defende que a decisão de Carlos Alexandre, de julho de 2023, "é, de todo, absoluta e rigorosamente nada". Agora, a questão será de novo decidida por outro juiz do chamado Ticão.

O Tribunal da Relação anulou o despacho do (à data) juiz de instrução criminal, Carlos Alexandre, que aplicou a prisão domiciliária, ou, em alternativa, o pagamento de uma caução de dez milhões de euros, ao cofundador da Altice, Armando Pereira.

“Importa afastar qualquer equívoco, pelo que é fundamental, ao aplicar uma medida de coação, que o juiz de instrução criminal o faça por decisão sua e não por se ter deixado ‘arrastar’ pelo requerimento do Ministério Público nesse sentido. É essencial que a decisão surja aos olhos do cidadão, efetivamente, como uma decisão pessoal do juiz”, diz a juíza relatora do acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL).

Armando Pereira está indiciado pelo Ministério Público de 11 crimes, entre os quais seis de corrupção ativa e um de corrupção passiva no setor privado, além de quatro de branqueamento de capitais e crimes não quantificados de falsificação de documentos na Operação Picoas. Neste processo está em causa uma “viciação decisória do grupo Altice em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência” que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva e para crimes de fraude fiscal e branqueamento. Os investigadores suspeitam que, a nível fiscal, o Estado terá sido defraudado numa verba superior a 100 milhões de euros.

Armando Pereira esteve em prisão domiciliária desde julho – sem qualquer vigilância, eletrónica ou policial – até outubro. A 30 de outubro pagou uma caução de dez milhões de euros (a mais alta de sempre aplicada a um arguido) e ficou em liberdade. Agora, os juízes desembargadores da Relação deram razão ao arguido e a questão terá de baixar de novo ao chamado Ticão, para aplicação de novas medidas de coação.

“Cremos resultar evidente, ostensivo mesmo, que o que aqui consta, desde logo reportado ao arguido Armando Pereira, em termos de enunciação dos elementos do processo que indiciam os factos imputados, não tem a virtualidade de poder integrar, ainda que de forma imperfeita e insuficiente, a noção contida na lei”, diz o acórdão a que o ECO teve acesso. “O que aqui consta – mais que decisivamente insuficiente em termos de satisfazer a mencionada exigência legal – é, de todo, absoluta e rigorosamente nada”, escreve a juíza relatora. E acrescenta que “nem se diga que a este propósito, em sede de matéria de facto, se faz a remissão para a promoção do MP, (que não se faz, de resto) sendo certo, contudo, que também ela diz rigorosamente o mesmo. Nada mais.”

Relembrando ainda que se exige e compete ao juiz de instrução nesta fase de inquérito uma apreciação, tendo como base o despacho do MP, sobre a existência de suficientes ou de fortes indícios, da prática pelo detido dos factos que lhe são imputados, para afinal concluir, ou não, pela verificação dos pressupostos de que depende a aplicação de uma medida de coação. Ao invés, diz o acórdão, este despacho de Carlos Alexandre é, em suma, um mero “comprovar a decisão do MP de lhe submeter o arguido detido para interrogatório e para aplicação de medida de coação”.

Carlos AlexandreLusa

O que diz então a decisão da Relação de Lisboa?

  • “A questão aqui não está na remissão para o despacho da acusação mas sim em saber se perante a reprodução do que nele consta, a remissão efetuada primeiro pelo MP e depois pelo juiz, não para um documento, não para uma pasta de documentos, não para um apenso – o que já seria, porventura, problemático – mas sim para a prova dos autos, em que o destinatário terá de adivinhar o que releva, qual a leitura e interpretação feita pelo juiz”;
  • “A aplicação das medidas de coação não está motivada nem fundamentada, neste preciso e concreto segmento, de modo a permitir ao arguido, primeiro, suscitar e a este Tribunal, depois, efetuar, a sua efetiva defesa em recurso”;
  • E, “não se trata de motivação concisa e sintética, ainda assim, completa. Nem de sumária fundamentação. Trata-se de absoluta omissão de fundamentação”;
  • “O dever de fundamentação das decisões judiciais é a forma conseguida pelo legislador de fazer sobrepor a lógica e a verdade decisórias ao capricho e ao arbítrio do seu autor, constituindo, assim, um instrumento de racionalização técnica da atividade decisória do tribunal”;
  • “Importa afastar qualquer equívoco, pelo que é fundamental, ao aplicar uma medida de coação, que o juiz de instrução o faça por decisão sua e não por se ter deixado ‘arrastar’ pelo requerimento do MP, nesse sentido”;
  • “É essencial que a decisão surja aos olhos do cidadão, efetivamente, como uma decisão pessoal do juiz.”;
  • “Doutra forma, fica uma fundamentação em abstrato que apenas em abstrato pode ser combatida e que apenas em abstrato este tribunal pode apreciar, avaliar e julgar”;
  • Neste contexto “o arguido não beneficiou, muto longe disso, de resto, de uma mínima concretização quanto à identificação das provas que o juiz de instrução teve presentes, na afirmação indiciária dos factos que lhe imputa. Aliás aquele forma de expressão “volumes 1 a 26, apensos listados de fls. 11.729 a 11.736 e apensos bancários nas caixas 3 a 10”, deixa transparecer, mesmo, a ideia de que nada disto, afinal, foi consultado pelo juiz de instrução” Carlos Alexandre;
  • “Do que foi feito, seguramente – e este é que é o ponto – não é possível, a ninguém ficar a saber, a perceber, a entender, a compreender, de todo e muito menos, com a suficiência e clareza exigidas, que meios de prova, que meios de obtenção de prova, de entre as espécies enumeradas, sustentam a afirmação dos fortes indícios”;
  • E, assim, pode-se afirmar, com total segurança, que a decisão recorrida assenta em elementos probatórios que não lhe foram comunicados”;
  • “Nem o arguido conhece os elementos do processo que indiciam os factos indiciariamente imputados – apenas tem a noção de que se trata da prova dos autos. Nem o Tribunal de recurso, os conhece e tão pouco, de forma alguma a eles pode ter acesso. Donde o despacho é inequívoca e incontornavelmente nulo por falta do apontado requisito de fundamentação de facto”;

Armando Pereira, cofundador da Altice, pagou dez milhões de euros de caução e ficou assim em liberdade, deixando de estar em prisão domiciliária em outubro. A caução foi paga através de um depósito bancário. Dinheiro esse que teve de ser transferido do estrangeiro para Portugal antes de ser entregue à Justiça. A caução foi prestada numa conta da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Armando Pereira, cofundador da AlticeHenrique Casinhas/ECO

O responsável ficou também proibido de contactar os outros arguidos do processo e colaboradores de empresas ligadas ao também arguido Hernâni Antunes (conhecido como braço direito de Armando Pereira) e o grupo Altice, bem como de viajar para o estrangeiro sem autorização.

Até aqui, o primeiro lugar de cauções elevadas pertencia a Manuel Pinho, com o valor de seis milhões. Porém, o ex-ministro não conseguiu pagar esse valor e, por isso, ficou em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica.

Meses antes – em 2021 – foram aplicadas a dois dos arguidos mais mediáticos da história recente da Justiça portuguesa — o ex-presidente do SL Benfica, Luís Filipe Vieira e o empresário madeirense, Joe Berardo — o pagamento de cauções de três milhões e cinco milhões de euros, respetivamente.

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Jornalismo nos EUA enfrenta “tempestade” com centenas de despedimentos desde o início do ano

Os media norte-americanos têm enfrentado um início de ano complicado, com sucessivas vagas de despedimentos. Só em janeiro foram 528 os postos de trabalho cortados na indústria do jornalismo.

A crise do jornalismo – que levou os jornalistas portugueses a juntarem-se em congresso e que encontrou o seu “expoente máximo” na crise que tem assolado a Global Media – não é exclusiva a Portugal. Do outro lado do Atlântico, também os Estados Unidos da América (EUA) se deparam com um setor marcado pela instabilidade e despedimentos.

O panorama, que já não estava favorável, tem sido catastrófico para os meios de comunicação nos EUA na entrada em 2024, com sucessivas vagas de despedimentos, greves e manifestações de trabalhadores. Só em janeiro foram 528 os postos de trabalho cortados na indústria do jornalismo norte-americana, segundo um relatório da Challenger, Gray and Christmas.

O jornal digital The Messenger foi um dos mais recentes órgãos de comunicação norte-americanos vítima desta crise, com os seus trabalhadores a serem apanhados no meio das sucessivas ondas de despedimento desde o início do ano.

Depois de terem sido investidos cerca de 50 milhões de dólares (46,6 milhões de euros), o The Messenger fechou abruptamente na semana passada após apenas oito meses de operação. A notícia foi dada aos funcionários pelo próprio fundador Jimmy Finkelstein através de email, onde anunciou a paralisação imediata da empresa e o despedimento dos cerca de 300 trabalhadores, incluindo jornalistas experientes que vieram de publicações como a Reuters, Politico ou NBC News, refere o The New York Times.

Também no início deste mês de fevereiro, o The Wall Street Journal restruturou a sua redação em Washington, demitindo cerca de 20 funcionários, segundo a Axios. Poucos dias antes, no final de janeiro, o The New York Daily News e a Forbes viram a sua estrutura abanada depois dos seus trabalhadores terem abandonado os seus postos de trabalho e saído à rua em protesto.

Ambas as paralisações foram históricas, tendo sido a primeira em mais de um século da revista e a primeira em mais de três décadas do jornal sediado em Nova Iorque.

A 23 de janeiro foi o jornal Los Angeles Times (LAT) que anunciou que ia despedir mais de um quinto da sua redação depois de perdas anuais de 30 milhões a 40 milhões de dólares, implicando o despedimento de pelo menos 115 jornalistas. Já em junho de 2023 tinham sido eliminados 70 postos de trabalho no jornal californiano que soma 51 Prémios Pulitzer.

No mesmo dia, também a revista Time anunciou o despedimento de cerca de 15% da sua força de trabalho, afetando cerca de 30 trabalhadores de diferentes departamentos da empresa, entre os quais se encontravam 13 jornalistas, segundo a publicação na rede social X (ex-Twitter) de uma das jornalistas afetadas.

Ainda no dia 23 de janeiro, 400 jornalistas e trabalhadores do grupo Condé Nast (que integra a Vanity Fair, Vogue ou GQ) fizeram uma greve de 24 horas em protesto contra as condições de um plano de despedimentos no grupo, que previa inicialmente um corte em 5% da sua força de trabalho. Este plano foi depois revisto pela empresa, que divulgou então que iria demitir 94 trabalhadores.

Poucos dias depois, a Business Insider também comunicou o despedimento de 8% dos seus trabalhadores, afetando cerca de 50 colaboradores. Em abril do ano passado a Business Insider já tinha comunicado aos trabalhadores que iria dispensar cerca de 10% dos funcionários.

Antes destes, outro anúncio chocante e simbólico aconteceu junto do jornalismo desportivo norte-americano, com o anúncio do despedimento da maioria da redação da revista Sports Illustrated pela sua editora, Arena Group.

Enquanto alguns dos trabalhadores receberam um email a dar conta do seu despedimento imediato, muitos dos trabalhadores que ficaram estão também sem saber o que os espera, na medida em que lhes foi dito que iriam manter os seus empregos por “pelo menos 90 dias”, referia o The New York Times. À data dos despedimentos, a Sports Illustrated contava com cerca de 100 jornalistas.

No início de janeiro, também foi revelado que a NBC News ia despedir entre 50 a 100 dos seus funcionários, segundo o Deadline.

A imprensa norte-americana encontra-se assim num momento “catastrófico” para o setor, com vagas de despedimentos a sucederem-se e a afetar centenas de trabalhadores, numa tendência que parece que se tem vindo a agravar nos últimos anos.

Ainda segundo um outro relatório divulgado no início de dezembro pela Challenger, Gray and Christmas, foram suprimidos 2.681 empregos nas redações norte-americanas em 2023, depois de 1.808 em 2022 e 1.511 em 2021.

E as dificuldades parecem afetar também os meios de comunicação que já foram pensados para um mundo totalmente digital e com uma forma de organização “supostamente adequada às novas vigências do jornalismo”, tal como sublinhou a ex-diretora da Visão Mafalda Anjos na Conversas +M – Jornalismo, as notícias e o negócio.

Exemplo disso – além do já referido The Messenger, são a Vice que declarou falência em maio passado, e o BuzzFeed que anunciou em abril o fecho do seu site BuzzFeed News, despedindo 15% da sua força de trabalho, ou seja 60 pessoas.

No meio da tempestade ainda é possível vislumbrar alguns raios de sol

Ainda assim, nem tudo é negativo e ainda é possível vislumbrar alguns raios de sol no meio da tempestade que afeta o setor. Depois de um jornal semanário publicado em Engene, cidade do estado de Oregon, ter sido obrigado a despedir a redação inteira, uma angariação de fundos e o apoio da comunidade vai permitir o relançamento do jornal.

O Eugene Weekly foi obrigado a despedir a totalidade dos seus 10 funcionários funcionários depois dos seus fundos terem sido desviados por um ex-trabalhador. No entanto, seis semanas após o desfalque, o semanário vai conseguir voltar às bancas no dia 8 de fevereiro com uma tiragem de 25 mil exemplares, graças a campanhas de angariação de fundos e de contribuições por parte da comunidade, refere a Fortune.

O semanário foi fundado em 1982 e é distribuído gratuitamente numa das maiores cidades norte-americanas do estado de Oregon. Pouco antes do Natal, foi descoberto que um ex-trabalhador tinha desviado cerca de 90 mil dólares e que o jornal devia cerca de 100 mil dólares.

Desde dezembro até ao final de janeiro, o Eugene Weekly conseguiu recolher cerca de 150 mil dólares, com grande parte do montante a ter origem numa campanha online através da plataforma GoFundMe, onde já alcançou mais de 90 mil dólares. Parte do apoio financeiro também surgiu de empresas, artistas e leitores locais.

Depois de deixar de sair para as bancas, o website do jornal ainda continuou a funcionar através de trabalho voluntário, em particular através do trabalho de estudantes de jornalismo da universidade local e de jornalistas freelancers que ofereceram histórias ao jornal.

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