Santa Casa investiu meio milhão de euros em projeto de NFT que caiu por terra

  • ECO
  • 3 Maio 2024

Vendas e montantes "irrisórios" ditaram o encerramento da Artentik, plataforma digital onde a instituição pôs à venda réplicas virtuais das suas obras de arte.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) investiu cerca de 500 mil euros num projeto de non-fungible token (NFT) lançado no final de 2021. Porém, a plataforma em que a instituição pôs à venda réplicas virtuais das suas obras de arte no mundo digital viria a revelar-se um fracasso ano e meio depois do lançamento, noticia esta sexta-feira o Jornal Económico (acesso pago).

O projeto tinha um orçamento inicial de 870 mil euros para o primeiro ano de atividade, 2022, sendo que a meta de investimento ascendia a quatro milhões de euros. No entanto, um ano e meio de “vendas e montantes irrisórios” ditaram o encerramento da Artentik, o nome da marca com que a Santa Casa atuava neste mercado.

A entrada da instituição no universo dos NFT foi anunciada pelo antigo provedor Edmundo Martinho na Web Summit de 2021 como “uma nova fonte de receitas”. Este negócio junta-se agora aos investimentos na internacionalização dos jogos no Brasil, que poderá ter causado prejuízos de 50 milhões de euros.

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Anterior Governo “navegou sempre à vista”, critica ministro da Agricultura

  • ECO
  • 3 Maio 2024

“O Governo de António Costa não tinha projetos prontos para que os investimentos [na área da agricultura] estivessem executados e pagos até ao fim de 2026”, critica José Manuel Fernandes.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, denuncia que o anterior Governo “não tinha projetos prontos para que os investimentos nesta área [agricultura] estivessem executados e pagos até ao fim de 2026”, prazo limite para a execução dos programas. O Executivo de António Costa “não planeou, navegou sempre à vista”, critica, em declarações ao Expresso (acesso pago), notando que a antecessora nem sequer fez articulou ou tentou fazer sinergias entre o PT2030 e o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Hoje há ações no PRR que poderiam estar no PT2030 e investimentos, necessários, que não cabem no PT2030, mas cabiam no PRR. A prova da falta de planeamento do Governo socialista é a má execução no PRR e uma execução nula no PT2030“, sublinha o novo titular da pasta da Agricultura, que aponta que os pagamentos deste último “estão próximos do zero”.

Segundo o ex-eurodeputado, Portugal “não quis utilizar 8.300 milhões de euros” na vertente dos empréstimos do PRR, recordando que o prazo para manifestar interesse na sua utilização terminou em agosto do ano passado. Parte deste montante resolveria o financiamento para a execução de um plano nacional de armazenamento e abastecimento eficiente de água, exemplifica.

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Diretor demissionário do SNS recusou elaborar plano para o verão pedido pelo Governo

  • ECO
  • 3 Maio 2024

A ministra da Saúde pediu ao diretor demissionário do SNS para elaborar um plano para o verão, mas este recusou. Governo promete mecanismos para garantir que período decorre "com normalidade”.

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, pediu a Fernando Araújo, o diretor executivo demissionário do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para elaborar o plano de verão 2024 para o SNS, um período tradicionalmente complexo devido às férias dos profissionais de saúde. Mas, como já não estará em funções na altura — uma vez que apresentou a demissão no dia 22 de abril, já aceite pela tutela, ficando apenas dependente da entrega do relatório que lhe tinha sido anteriormente pedido –, Fernando Araújo recusou, avança o Público (acesso condicionado).

Fernando Araújo terá ficado surpreendido com o pedido da governante, visto que a atual equipa da Direção Executiva do SNS pretende deixar funções até ao final de maio, após entregar o relatório de atividades que lhe foi “exigido pela tutela”, como escreveu o responsável no comunicado em que anunciou o pedido de demissão. Embora lhe tenham sido dados 60 dias para a entrega do documento, Fernando Araújo não tenciona esgotar esse prazo e quer terminá-lo ainda este mês.

Já o Governo, em reação à recusa do diretor demissionário do SNS, promete encontrar “mecanismos” para garantir que o verão decorre “com normalidade”, apesar de admitir que tinha “fundadas expectativas” de que este plano pudesse ser disponibilizado pela atual direção executiva, uma vez que “é um planeamento que se faz com vários meses de antecedência”.

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Hoje nas notícias: SNS, agricultura e IRS

  • ECO
  • 3 Maio 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A ministra da Saúde pediu ao diretor demissionário do SNS para elaborar um plano para o verão, mas este recusou. O ministro da Agricultura critica falta de planeamento do anterior Governo em projetos para o setor. A SEDES propõe uma reforma fiscal com cinco escalões de IRS e a eliminação da maioria dos benefícios fiscais. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

Diretor demissionário do SNS recusou elaborar plano para o verão pedido pelo Governo

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, convocou Fernando Araújo, o demissionário diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), para uma reunião na terça-feira, tendo-lhe pedido para elaborar o Plano de Verão 2024 para o SNS, um período tradicionalmente complexo devido às férias dos profissionais de saúde. Uma vez que já não estará em funções na altura — Fernando Araújo apresentou a demissão no dia 22 de abril, já aceite pela tutela, ficando apenas dependente da entrega do relatório que lhe tinha sido anteriormente pedido —, o responsável recusou.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Anterior Governo “navegou sempre à vista”, critica ministro da Agricultura

O novo ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, denuncia que o Governo anterior “não tinha projetos prontos para que os investimentos nesta área [da agricultura] estivessem executados e pagos até ao fim de 2026”, data limite para a execução dos planeamentos. O executivo de António Costa “não planeou, navegou sempre à vista”, critica, em declarações ao Expresso, notando ainda que o anterior Governo nem sequer fez a articulação e a procura de sinergias entre o PT2030 e o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

SEDES quer IRS com cinco escalões, tributação universal e eliminar maioria dos benefícios fiscais

A Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) propõe reduzir para cinco o número de escalões de IRS, tributação universal, eliminar a maioria dos benefícios fiscais e uma conta poupança “Primeira Casa”. As propostas constam do documento “Por uma verdadeira Reforma Fiscal”, no qual a SEDES critica a complexidade do sistema fiscal português, que considera um desincentivo à poupança.

Leia a notícia completa na Rádio Renascença (acesso livre)

Casais e Secil investem 15 milhões em nova fábrica

A joint venture criada pelos grupos Casais e Secil vai investir 15 milhões de euros numa fábrica em Estarreja. O projeto, destinado à construção industrializada de estruturas de edifícios, irá ocupar uma área de 30 mil metros quadrados e criar 51 postos de trabalho. Dos 30 mil metros quadrados de terreno onde está a ser construída a nova unidade, dez mil serão dedicados à produção — 60% são para uma linha automatizada, semelhante ao que acontece na indústria automóvel, e 40% dedicados à parte de arquitetura e criatividade — e os restantes 20 mil metros quadrados são para um segundo momento de expansão.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Santa Casa investe meio milhão em projeto de NFT que caiu por terra

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) investiu cerca de 500 mil euros num projeto de non-fungible token (NFT) lançado no final de 2021. Porém, a plataforma em que a SCML pôs à venda réplicas virtuais das suas obras de arte no mundo digital viria a revelar-se um fracasso ano e meio depois do lançamento, com as vendas praticamente paradas. O projeto tinha um orçamento inicial de 870 mil euros para o primeiro ano de atividade (2022), mas a meta de investimento ascendia a quatro milhões de euros.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

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O dia em direto nos mercados e na economia – 3 de maio

  • ECO
  • 3 Maio 2024

Ao longo desta sexta-feira, 3 de maio, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Intelcia expande para o Brasil com apoio da equipa portuguesa

Intelcia está a expandir negócio para o Brasil, num processo que está sob a responsabilidade da equipa de gestão portuguesa. Empresa inaugurou também recentemente nova sede em Lisboa.

Já está presente em 18 países, e vai agora chegar a mais um: a Intelcia, empresa de outsourcing a operar em Portugal desde 2018, está a expandir o seu negócio para o Brasil, adiantou a empresa em primeira mão ao ECO. O processo está sob a responsabilidade da equipa de gestão portuguesa.

“Temos o desafio de expandir as nossas operações para o Brasil, um mercado particularmente maduro e de grande dimensão. Este mercado está sob a responsabilidade da equipa de gestão portuguesa e está a ser desenvolvido com as equipas operacionais do nosso país“, explicou ao ECO a CEO do ramo português da Intelcia, Carla Marques.

De acordo com a responsável, a aposta neste mercado vem dar resposta à necessidade já expressa pelos clientes internacionais, que dinamizam projetos globais, “em diversos países e em diversas línguas”.

Carla Marques é CEO da Intelcia Portugal.

“O Brasil era um país que não ainda estava no nosso scope e, com toda a dimensão e potencial de presença de empresas multinacionais, fazia todo o sentido investir neste mercado e, assim, corresponder às expectativas dos nossos clientes”, adianta Carla Marques.

Questionada sobre o investimento implicado nesta expansão, a CEO não revela números, mas indica que foram deslocados profissionais seniores das equipas portuguesas para o Brasil, que estão a apoiar esta fase de arranque a acompanhar as novas operações, com o contributo de um parceiro local. “São um elemento realmente diferenciador, para garantirmos o sucesso que ambicionamos para esta operação”, realça a responsável.

Por outro lado, recentemente a Intelcia inaugurou uma nova sede em Lisboa (na Alameda dos Oceanos) e Carla Marques sublinha que tal é o resultado do percurso feito desde 2019, ano em que a empresa arrancou a sua operação em Portugal.

“Hoje, cinco anos depois, com quase 7.000 colaboradores, de 41 nacionalidades, 13 sites próprios, onde prestamos serviço em sete idiomas, estamos já no top três das empresas de outsourcing em Portugal“, destaca a responsável.

A nova sede tem quatro mil metros quadrados e capacidade para 500 posições de atendimento, o que cria “condições para crescimento das operações em Portugal”.

A propósito, a CEO revela que a Intelcia pretende continuar a recrutar em Portugal. No fim do último ano, esta empresa contratou 800 trabalhadores, conforme escreveu o ECO.

“Continuaremos a recrutar a nível nacional, para dar resposta aos diversos projetos que desenvolvemos e acompanhar a exigência de qualidade que imprimimos em cada projeto. Com o turnover normal do setor, acrescido do crescimento em novos e atuais projetos, o nosso volume de recrutamentos mensal é de aproximadamente 300 novos trainees“, assinala a mesma.

Ainda assim, convém notar que tem havido contestação dentro desta empresa. Em março, os trabalhadores ameaçaram levar a cabo mais greves, caso continue a não ser aplicado o contrato coletivo de trabalho da Altice (empresa à qual a Intelcia presta serviços). Questionada, Carla Marques garante estar alinhada com a Associação Portuguesa dos Contact Centers, “no sentido de começar a trabalhar num acordo que abranja as empresas do setor”.

“Continuamos focados no bem-estar das nossas equipas e a nova sede é o reflexo das nossas preocupações. Mudámos de instalações também com o intuito de melhorarmos a experiência e as condições diárias dos colaboradores, sabendo que esses fatores são fundamentais para sua motivação”, assegura a CEO.

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Teixeira Duarte corta 800 empregos. Portugal volta a pesar mais de 50% na construção

Quebras no Brasil, Angola e Kuwait reforçam quota nacional na construção, que vale dois terços do negócio. Grupo reduz exposição no Qatar, batalha por recompensa na Venezuela e vende hotel em Sines.

A Teixeira Duarte cortou 800 postos de trabalho durante o ano passado, no qual registou prejuízos de três milhões de euros. Agora com um total de 8.689 trabalhadores de 42 nacionalidades, dos quais 27% em Portugal e quase metade (48%) na construção – o peso desta atividade no emprego caiu seis pontos percentuais face ao final de 2022 –, o grupo sublinha que para esta redução no efetivo “contribuiu maioritariamente” o setor da construção no Brasil, “fruto da respetiva redução da atividade durante o exercício”.

O histórico grupo liderado por Manuel Teixeira Duarte, que opera em 21 países e concentra em Angola, Portugal e Brasil 85% dos trabalhadores, que têm uma idade média de 39 anos, justifica os prejuízos com o nível de impostos apurados (26 milhões de euros) e a evolução da posição financeira, que atribuiu sobretudo à desvalorização do kwanza. As vendas e prestações de serviços baixaram 8% em termos homólogos, para 767 milhões de euros, com a construção a valer dois terços do total, após uma quebra de 3,5% a nível global.

Nesta que é a atividade de referência do grupo, o principal destaque vai para o incremento de 20,3% das obras em Portugal, “devido essencialmente ao contributo do setor privado”, como explica no relatório e contas. O mercado português volta assim a pesar mais de metade (52,8%) na faturação do ramo da construção, depois da quota relativa dos mercados externos baixar de 57,8% em 2022 para 47,5% em 2023. Resultado da diminuição homóloga de 63,7 milhões de euros no estrangeiro, pressionada por perdas no Brasil, em Angola e pela conclusão da mega empreitada no Kuwait, onde construiu 98 estruturas e edifícios para uma estação de tratamento de águas residuais.

Estação de Tratamento de Águas Residuais de Umm Al Hayman (Kuwait)

Com a carteira de encomendas na construção a ascender a um valor global de 1.079,7 milhões de euros a 31 de dezembro de 2023, tem novas empreitadas já contratadas no início deste ano no valor de 91 milhões, como adianta no documento enviado à CMVM. E como o ECO noticiou em março, ficou à frente dos espanhóis no concurso para as obras do IP3, com a Acciona e a Ferrovial, tal como a portuguesa ABB, a contestarem o resultado preliminar do concurso de 130 milhões para o troço entre Santa Comba Dão e Viseu.

Apesar de recear os “impactos da conjuntura inflacionista e de eventuais variações cambiais nos países em que opera, com especial destaque para Angola”, o grupo prevê atingir em 2024 rendimentos operacionais consolidados de cerca de 800 milhões de euros. E uma fatia relevante poderá vir das obras ferroviárias, em que diz ter uma “expectativa de melhoria” com a participação em grandes concursos, em cima do “ótimo ano” que passou. Em janeiro, após o lançamento do primeiro concurso para o TGV, a Teixeira Duarte duplicou de valor em bolsa.

Neste segmento, a atuação do grupo foi “fortemente impulsionada” pelas obras do programa Ferrovia 2020, lançado pela Infraestruturas de Portugal (IP), em particular as empreitadas da Linha da Beira Alta, do troço Cerdeira/Vilar Formoso e do troço de Évora/Elvas, descrito como a maior obra ferroviária de via nova no país nos últimos 100 anos. E no final de 2023, adianta no relatório, a IP adjudicou ao consórcio que a Somafel lidera (participação de 36,5%) novos contratos de manutenção nos lotes que representam 70% da rede ferroviária nacional, com um prazo de três anos, renovável por mais dois, num valor total de 133,6 milhões de euros.

 

Nova linha ferroviária de Évora (troço Évora Norte – Freixo), do Corredor Internacional Sul.NUNO VEIGA/LUSA 12 janeiro, 2024

Ainda em Portugal e no setor da construção, voltou a aumentar a atividade nas chamadas obras subterrâneas, inclusive com novos contratos. Na Mina de Neves Corvo assinou um novo contrato com a Somincor para trabalhos de desenvolvimento da infraestrutura mineira, transporte e aplicação de betão projetado, que entrou em vigor a 1 de novembro e tem um prazo de 36 meses. Já com a Almina e ao abrigo do contrato para trabalhos de escavação, contenção e transporte nas Minas de Aljustrel, celebrado em novembro de 2022, revela que adicionou no ano passado a execução de uma nova rampa para infraestrutura mineira a partir da superfície e alargou o prazo inicial do contrato de 14 para 32 meses.

Se no Brasil viu o grupo de mineração AngloGold Ashanti rescindir unilateralmente o contrato para a Mina de Cuiabá, o único que tinha em curso nesta geografia no âmbito das obras subterrâneas, em Espanha, onde já tinha em execução dois contratos de manutenção na Mina de Aguas Teñidas, em Huelva – um para equipamentos mineiros e outro para manutenção de camiões, ambos válidos até outubro de 2025 – , a Teixeira Duarte assinou já este ano um contrato com a Geoalcali para duas rampas e várias infraestruturas subterrâneas no projeto mineiro Muga-Vipasca Potash, na região de Pamplona. Fê-lo em partes iguais com uma empresa espanhola e através de um agrupamento liderado pela EPOS, à qual cabem 24 milhões de euros, detalha.

Em África, enquanto na Argélia a maior parte das empreitadas está suspensa, com exceção de uma obra marítima, e continua a negociar com as autoridades locais o “encerramento dos dossiês em aberto por forma a acautelar os interesses das partes”, em Cabo Verde, o consórcio liderado pela Teixeira Duarte e que integra também a Alves Ribeiro já começou a modernizar sete aeroportos. Antevê “boas perspetivas (…) através de outras oportunidades associadas a novos projetos” com a concessionária detida pela Vinci e pela ANA – Aeroportos de Portugal, e da “angariação de projetos cujo lançamento a concurso se prevê que venha a ocorrer num curto e médio prazo, na área de obras de infraestruturas marítimas”.

Da exposição financeira no Qatar às compensações na Venezuela

Depois da construção, é no ramo de concessões e serviços que o grupo emprega mais gente (17% do total), tendo começado a operar nesta área em 1984 através de uma participação na CPM – Companhia de Parques de Macau, que ainda mantém – e à qual somou outras em dez países e em áreas que vão desde a educação em Angola às pequenas centrais hidroelétricas no Brasil. No entanto, a principal atividade é na gestão e manutenção técnica de instalações, em que opera com a marca TDGI, e ganhou clientes como a farmacêutica MSD, o ManpowerGroup ou a Fujitsu. Renovou contrato com o Novobanco e viu a Tabaqueira entregar-lhe a manutenção das lojas IQOS em Portugal.

Na indústria, renovou em 2023 o contrato para a operação e manutenção da central de amoníaco da gigante Upfield, e finalizou o chamado “Projeto SIDUL” para a histórica empresa portuguesa integrada desde 2010 no líder mundial ASR Group, que envolveu a conceção, instalação e montagem de uma nova linha de abastecimento de açúcar na fábrica de Santa Iria da Azóia (Vila Franca de Xira). Por outro lado, decidiu sair deste mercado na Bélgica e no Luxemburgo, para se focar “noutros mercados de maior potencial”.

É o caso do Qatar, em que atua através de uma empresa de direito local detida em conjunto com a Petroserv, que tem um contrato com a Qatar Foundation para a manutenção do Sidra Medical & Research Centre e das instalações do centro hípico Al Shaqab. Revela que quer “diminuir a sua participação e exposição do ponto de vista financeiro, mas manter uma atividade nas suas áreas de atuação, cuja eficiência operacional e rentabilidade se acredita que poderão melhorar e continuar a merecer a aposta da Teixeira Duarte”.

Nicolás Maduro, presidente da VenezuelaKremlin

Mais complicada continua a situação na Venezuela, onde há três anos, “em flagrante violação clara aos acordos bilaterais vigentes e aos direitos e expectativas da Teixeira Duarte”, viu a Bolipuertos avançar com a “rescisão unilateral e extemporânea” do contrato de concessão por 20 anos que tinha assinado, em 2017, para a comercialização, conservação, operação, administração, construção e aproveitamento de um terminal especializado de contentores do Puerto de la Guaira. “Depois das reações havidas logo após a rescisão e as demais concretizadas em 2022, durante o ano 2023 [prosseguimos] com diligências visando o ressarcimento dos impactos gerados por tal rescisão ilícita”, escreve no relatório e contas.

Vende hotel em Sines e procura hotel de negócios no Porto

Finalmente, enquanto no setor imobiliário viu a faturação encolher 63,2% em 2023 face ao ano anterior – embora em Portugal até tenha atingido 17,9 milhões de euros, mais 13,5 milhões do que no ano anterior “fruto das vendas do edifício River Plaza, em Vila Nova de Gaia” –, na hotelaria registou um acréscimo de 12,3%, com os rendimentos operacionais provenientes de nove unidades (duas em Portugal, quatro em Angola e três em Moçambique), a operarem sob a insígnia TD Hotels e com um total de 2.688 camas, a ascenderem a 51,7 milhões de euros.

A grande novidade, concretizada na segunda metade do ano passado e “aproveitando uma boa oportunidade de negócio”, foi a venda da sociedade que explorava o hotel Sinerama, em Sines, ao grupo AP Hotels & Resorts, a quem a Teixeira Duarte já havia alienado outras unidades no passado. Os novos donos vão convertê-lo numa unidade de quatro estrelas, a inaugurar no próximo ano, passando dos atuais 105 para 135 quartos.

Lagoas Park Hotel, em OeirasFacebook Lagoas Park

O único ativo hoteleiro da Teixeira Duarte em Portugal passou a ser o Lagoas Park Hotel, um quatro estrelas com 182 quartos no concelho de Oeiras, que registou em 2023 o “melhor ano de sempre a nível de volume de negócios”. Porém, adianta o grupo, “otimizando as mais-valias operacionais e as já dezenas de anos de experiência” de gestão neste setor, nomeadamente no segmento de negócios, o grupo fala na “continuidade dos estudos relacionados com novas oportunidades de negócio na cidade do Porto”.

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Novobanco “apaga” prejuízos de 3 mil milhões do passado para abrir a porta dos dividendos

Banco teve prejuízos de quase três mil milhões de euros nos últimos anos e quer limpar a folha através de uma redução do capital social, para abrir a porta ao pagamento de dividendos.

Mark Bourke, CEO do Novo Banco, em entrevista ao ECO - 02FEV24
Mark Bourke, CEO do Novobanco, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

O Novobanco continua a desbravar caminho rumo a uma venda, que pode passar pela bolsa. Esta quinta-feira, o CEO Mark Bourke admitiu junto dos analistas que o IPO se mantém bloqueado pelo acordo de capital contingente. A circunstância de não poder distribuir resultados pelos acionistas até final de 2025 não é o melhor cartão de visita para convencer os investidores a interessarem-se pela operação, argumentou o gestor irlandês, pelo que o fim antecipado do chamado CCA seria o cenário mais desejável: “Seria bom para todos: banco e acionistas”.

Mas o acordo de capital contingente não é o único fator que está a bloquear os dividendos do Novobanco. Embora venha registando lucros trimestre após trimestre desde 2021, que permitiria a distribuição de resultados mesmo num cenário sem o CCA, a instituição que nasceu das cinzas do BES há uma década traz uma bagagem pesada de prejuízos que acumulou nos últimos anos por conta do esforço de limpeza do balanço. Situação que impede o pagamento dos dividendos.

O banco continua na senda de reparação do seu balanço, para estar pronto para o IPO quando a oportunidade surgir. É nesse contexto que se prepara agora para “apagar” os prejuízos passados na ordem dos 2,8 mil milhões de euros, através de uma redução do seu capital social, de acordo com uma proposta que será votada na assembleia geral extraordinária de acionistas marcada para daqui a um mês.

Em concreto, Lone Star, Fundo de Resolução e Estado irão deliberar sobre uma redução do capital social no montante de 3,35 mil milhões de euros, dos atuais 6,57 mil milhões para 3,22 mil milhões, sendo que 481 milhões servirão para o reforço das reservas legais.

Contactado pelo ECO, o banco não quis fazer qualquer comentário sobre esta operação.

Recentemente, BCP e Banco Montepio também reduziram o seu capital social para cobertura de prejuízos acumulados, no sentido de poderem distribuir dividendos, que é o que vão fazer este ano: 257 milhões no primeiro caso e seis milhões no segundo.

Ao mesmo tempo que vai reduzir o capital para quase metade, o Novobanco também vai aumentar o seu capital de cerca de 130 milhões de euros por conta a conversão dos direitos de conversão atribuídos ao Estado no âmbito do regime dos ativos por impostos diferidos. O Fundo de Resolução tem até dia 4 de junho para comprar estes direitos e evitar que o Estado, através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), se torne no segundo maior acionistas do banco.

Atualmente, o fundo americano Lone Star detém 75% do Novobanco, enquanto o Fundo de Resolução detém 13,04% e a DGTF possui 11,96%.

A assembleia geral extraordinária do dia 7 de junho irá ainda deliberar sobre a mudança da sede do banco da Avenida de Liberdade para o Taguspark nos seus estatutos, alteração essa que já foi aprovada pelo conselho de administração liderado Mark Bourke.

O Novobanco registou lucros de 180 milhões de euros no primeiro trimestre, um aumento de 21,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

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Ministro versus ex-ministro. Défice de 600 milhões ou contas equilibradas?

Joaquim Miranda Sarmento alerta para saldo negativo e despesas excecionais de mil milhões só no primeiro trimestre. Mas Fernando Medina garante que é "totalmente compatível com o superávite de 0,7%".

O atual e antigo ministro das Finanças entraram numa discordância pública, depois de Joaquim Miranda Sarmento ter denunciado algumas “situações preocupantes” nas contas públicas e acusar o anterior Governo de ser “eleitoralista” e aprovar despesa após as eleições. Já Fernando Medina defende que as medidas foram dadas a conhecer na pasta de transição e que não comprometem o excedente que estava previsto para o ano, até porque não se devem confundir os saldos em contabilidade pública com os saldos em contabilidade nacional. Afinal, o que está aqui em causa?

O tópico veio à baila depois de ser conhecida a execução orçamental até março — que incide sobre o último mês de Medina ao leme das Finanças — e que mostrou que se passou de um excedente de 1.117 milhões, em janeiro, para um défice de cerca de 259 milhões de euros. Para o atual ministro das Finanças, a este saldo negativo deve ser somado o aumento dos pagamentos em atraso, de cerca de 300 milhões de euros, o que resulta num défice de quase 600 milhões de euros. Este saldo é em contabilidade pública, ou seja, numa lógica de caixa.

O ministro das Finanças aproveitou o Conselho de Ministros desta quinta-feira para afirmar que tinha encontrado “situações preocupantes” nas contas públicas. “Até 31 de março, o anterior Governo comprometeu parte substancial das reservas do Ministério das Finanças”, disse Miranda Sarmento na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, além de que “aprovou despesas excecionais de 1.080 milhões de euros, dos quais 950 milhões já depois das eleições”, apontou.

427 milhões de euros sem cabimento orçamental

O ministro identificou 108 resoluções de Conselho de Ministros aprovadas desde a demissão de António Costa, entre as quais três de “montante significativo” e que não têm cabimento orçamental: 100 milhões de euros de apoio aos agricultores para combate à seca no Algarve e Alentejo; 127 milhões de euros para a compra de vacinas contra a covid-19; e 200 milhões de euros para a recuperação do Parque Escolar”, apontou. No seu todo, estas três medidas perfazem 427 milhões de euros.

Para além disso, o ministro das Finanças referiu que ao défice de 259 milhões de euros se deveria somar “o aumento das dívidas a fornecedores, de 300 milhões de euros entre janeiro e março”. Tudo somado dá um saldo negativo “de quase 600 milhões”, sustentou Joaquim Miranda Sarmento.

Perante estas acusações, Medina passou ao contra-ataque e acusou Miranda Sarmento de “falsidade política” ou “inaptidão técnica” ao usar o défice do primeiro trimestre do ano, em contabilidade pública, para afirmar que “a situação orçamental é bastante pior do que o anterior Governo tinha anunciado”. E garantiu que o défice do primeiro trimestre não compromete o excedente de 0,7% para este ano que o ex-ministro estimou para este ano em politicas invariantes, isto é, sem novas medidas.

Medina esclareceu que não se deve comparar “o que não é comparável”, isto é, défice em contabilidade pública, em lógica de caixa, e saldo em contabilidade nacional, que é o referencial usado pela Comissão Europeia para apurar o saldo das contas públicas.

“O que está inscrito neste relatório da Direção-Geral do Orçamento (DGO) é totalmente compatível com os valores que apresentei ao novo Governo e que o ministro das Finanças teve oportunidade para analisar e de colocar no Programa de Estabilidade que entregou”, apontou Medina. O deputado socialista referia-se, por um lado, ao “superávite de 0,7%” que o anterior Governo indicou para este ano, em políticas invariantes, isto é, sem novas medidas, e, por outro lado, ao “excedente de 0,3%” que o próprio Miranda Sarmento apresentou. “E vem agora mostrar-se surpreendido com os dados da DGO, que são valores em contabilidade pública?”, atirou.

Para Medina, as conclusões de Miranda Sarmento ou são “fruto de inaptidão técnica” ou de “falsidade política”, porque tentou usar “dados em contabilidade pública para afirmar que Portugal tem um problema orçamental, quando não tem”.

IRS, pensões e apoio aos agricultores na origem do défice

O ex-governante explicou depois que o défice de 259 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, em contabilidade pública, resulta da “diminuição de impostos que o PS aprovou”. “A receita fiscal está a ser menor do que no primeiro trimestre de 2023 porque as retenções na fonte em sede de IRS foram menores, a despesa com pensões está a ser maior, porque, no ano passado, o suplemento adicional só foi pago no segundo semestre”, detalhou.

Medina enumerou ainda um conjunto de despesas assumidas pelo anterior Executivo, e que “não se irão repetir”, como “o pagamento do défice tarifário, de processos judiciais do Estado, e do apoio aos agricultores”.

Em relação às despesas realizadas quando o anterior Governo estava em gestão, Medina assegurou que tinham cabimento orçamental, mesmo aquelas que foram assumidas já depois das eleições, como os 100 milhões de euros para a Ucrânia. Para além disso, indicou que metade do défice no relatório da DGO vem do Governo Regional dos Açores. Segundo o relatório da execução orçamental, a Região Autónoma dos Açores registou um défice de 126,3 milhões de euros.

O ex-ministro das Finanças sublinhou ainda que a previsão de superávite de 0,7% para este ano “não tem ainda em conta os mais de 4.100 milhões de euros de saldos transitados, que são o conjunto das disponibilidades do Estado”.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 3 Maio 2024

No dia em que arrancam as negociações entre Governo e professores, é apresentado o novo canal da Medialivre e há dados económicos.

O início do processo negocial entre o novo Executivo e os sindicatos dos professores para a recuperação do tempo de serviço e a apresentação do novo canal de informação NewsNOW marcam a agenda esta sexta-feira. É ainda de destacar a assembleia geral de acionistas da Altri, que vai votar a distribuição de dividendos, bem como a divulgação de dados económicos, nomeadamente do desemprego, pelo Eurostat, e das taxas de juro dos depósitos, pelo Banco de Portugal.

Negociações para a recuperação do tempo de serviço dos professores

As negociações entre o novo Governo e os sindicatos para a recuperação do tempo de serviço dos professores arrancam formalmente esta sexta-feira. Durante a manhã, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, reúne-se com 12 estruturas representativas do setor, que incluem a Fenprof e a Federação Nacional da Educação (FNE). A proposta do Executivo prevê começar a devolução do tempo de serviço ainda este ano e os restantes 80% nos próximos quatro anos da legislatura.

Desemprego na Zona Euro e na UE

Também esta sexta-feira, o Eurostat divulga os dados do desemprego na Zona Euro e na União Europeia (UE) referentes ao mês de março. Em fevereiro, a taxa de desemprego recuou para 6,5% na área da moeda única e manteve-se estável nos 6% no conjunto dos 27 países do bloco comunitário. Entre as 13,2 milhões de pessoas desempregadas na UE nesse mês, 11,1 milhões pertenciam à Zona Euro.

Acionistas da Altri votam distribuição de dividendos

Os acionistas da Altri irão votar, em assembleia geral, os resultados financeiros da empresa relativos ao ano passado e a distribuição de mais de 51 milhões de euros em dividendos. A papeleira liderada por José Soares de Pina propõe um dividendo bruto de 0,25 euros por ação.

Apresentação do novo canal NewsNow

Depois de ter recebido ‘luz verde’ da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) em 18 de abril, o canal de informação NewsNow é apresentado esta sexta-feira, num evento que conta com a presença do Presidente da República e do ministro dos Assuntos Parlamentares. O novo canal pertence à Medialivre, empresa que comprou os títulos da Cofina Media, incluindo o Correio da Manhã, a CMTV, o Jornal de Negócios, o Record e a revista Sábado.

Juros dos depósitos e do crédito à habitação

O Banco de Portugal divulga as estatísticas sobre taxas de juro e montantes de novos empréstimos e depósitos relativas a março. Em fevereiro, a taxa de juro média dos novos depósitos de particulares aumentou pelo segundo mês consecutivo, fixando-se em 2,81%, enquanto a taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação baixou pelo quinto mês consecutivo, para 3,91%.

 

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Manifesto de 50 nomes sonantes exige “reforma da justiça”, critica PGR e diz que Ministério Público tem “poder sem controlo”

O documento critica a PGR e diz ser "inconcebível" que o MP nem se tenha "dignado" a informar António Costa sobre o objeto do inquérito nas suspeitas da Operação Influencer.

Uma “verdadeira reforma da Justiça”, com a recondução do Ministério Público (MP) a uma estrutura hierárquica para evitar o que chamam de atual “poder sem controlo” do mesmo, um escrutínio externo e avaliação independente aos tribunais e magistrados. Estas são algumas das ideias e conclusões do manifesto assinado por 50 nomes sonantes da sociedade civil e de quadrantes políticos distintos, que critica o sistema de Justiça em Portugal e apela à iniciativa política a uma “atitude pró-ativa”, dando prioridade à separação dos dois poderes — judicial e político.

Leonor Beleza, Rui Rio, Augusto Santos Silva, Daniel Proença de Carvalho, Teresa Pizarro Beleza, Maria de Lourdes Rodrigues, Isabel Soares, David Justino, Eduardo Ferro Rodrigues, Fernando Negrão, Vítor Constâncio, António Vitorino, José Pacheco Pereira, Maria Manuel Leitão Marques, Paulo Mota Pinto, Vital Moreira, António Barreto, João Caupers, Correia de Campos, Álvaro Beleza, António Monteiro, Diogo Feio, Mota Amaral, Sobrinho Simões, entre outros, subscrevem um manifesto que insta “o Presidente da República, a Assembleia da República e o Governo, bem como todos os partidos políticos nacionais, a tomarem as iniciativas necessárias para a concretização de uma reforma no setor da Justiça” (ver lista abaixo).

Esta reforma deve ser assumida como “inequívoca prioridade na defesa do Estado de Direito democrático”, o qual, segundo os subscritores, está verdadeiramente em causa por “ser o setor do poder público que mais problemas tem vindo a evidenciar”. As “falhas” da justiça que são enumeradas ao longo dos dez pontos do manifesto “em nada são compatíveis com o Estado de Direito Democrático”, nem com “a eficiente gestão dos avultados recursos públicos a ela afetos (que comparam bem com outros países europeus)”, nem com “o respeito pelos direitos e interesses dos destinatários do sistema de justiça”.

Para além das “recorrentes quebras do segredo de justiça” que “boicotam a investigação e atropelam de forma grosseira os mais elementares direitos de muitos cidadãos”, o manifesto denuncia também “graves abusos na utilização de medidas restritivas dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos”. Em causa está “a proliferação de escutas telefónicas prolongadas, de buscas domiciliárias injustificadas e, mesmo, de detenções preventivas precipitadas e de duvidosa legalidade”.

O Manifesto dos 50 denuncia que “a montagem do já habitual espetáculo mediático nas intervenções do Ministério Público contra agentes políticos”, a par da colocação cirúrgica de notícias sobre as investigações em curso, têm “formatado a opinião pública para a ideia de que todos os titulares de cargos públicos são iguais e que todos são corruptos até prova em contrário”. Para os subscritores, trata-se de uma “forma perversa de atuar”, com “contornos mais políticos do que judiciários”, que tem produzido um óbvio desgaste no regime e aberto “as portas ao populismo” e à demagogia. A perversidade é tanto maior quanto “os resultados práticos do combate à corrupção em Portugal se reduzem normalmente a um preocupante insucesso e a uma manifesta incapacidade de combater tão grave fenómeno”, sublinham.

Perfil corporativo do MP e uma “assumida desresponsabilização” da PGR

A “prolongada passividade” do país político levou ao “penoso limite de ver a ação do Ministério Público produzir a queda de duas maiorias parlamentares resultantes de eleições recentes, apesar de, em ambos os casos, logo na sua primeira intervenção, os tribunais não terem dado provimento e terem mesmo contrariado a narrativa do acusador”. Os 50 subscritores consideram “inconcebível” que, mesmo tendo decorrido “longos cinco meses” entre o primeiro-ministro se ter demitido na sequência do comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) e a sua cessação de funções, o Ministério Público nem sequer se tenha dignado a informá-lo sobre o objeto do inquérito, nem o tenha convocado para qualquer diligência processual, referindo-se à Operação Influencer.

“Além de consubstanciarem uma indevida interferência no poder político, estes episódios também não são conformes às exigências do Estado de Direito democrático”, afirmam os subscritores. Apesar da gravidade do sucedido, registam que não houve qualquer consequência interna na condução das investigações e dos atos processuais “por força de um funcionamento e de uma cultura de perfil corporativo que manifestamente predomina no Ministério Público”.

Desta cultura corporativa, bem como “da assumida desresponsabilização da Procuradora-Geral da República pelas investigações”, decorre que a política criminal, em vez de ser definida pelo poder político como está previsto na Constituição, é, na prática, executada por magistrados do Ministério Público “sem qualquer mandato constitucional”, os quais exercem “um poder sem controlo” externo ou interno.

Apesar desta “perigosa realidade”, o manifesto dos 50 constata que “nem qualquer órgão de soberania, nem qualquer partido político relevante têm mostrado a necessária vontade e coragem políticas para encetar uma verdadeira reforma da Justiça”. Por isso, apelam a “um sobressalto cívico” da sociedade no ano em que a democracia portuguesa acaba de celebrar os seus 50 anos, impelindo “os responsáveis políticos a assumirem as suas responsabilidades” e a levarem a cabo uma reforma que, “respeitando integralmente a independência dos tribunais, a autonomia do Ministério Público e as garantias de defesa judicial”, resolva os “estrangulamentos e as disfunções” que minam a sua eficácia e a sua legitimação pública.

Efetiva separação entre o poder político e a justiça

O Manifesto dos 50 apela também a que reforma pedida “não seja desenhada à medida dos interesses corporativos dos diversos operadores do sistema”, mas que, pelo contrário, tenha o cidadão e a defesa do Estado de Direito Democrático como eixos centrais das suas preocupações. Nesse sentido, a primeira prioridade deve ser “garantir uma efetiva separação entre o poder político e a justiça”, seguindo-se a “transparência” no funcionamento das instituições judiciais e a capacidade dos órgãos democraticamente eleitos “definirem a política criminal” e “controlarem a sua execução”.

Nas outras prioridades avançadas pelo manifesto, duas dirigem-se diretamente às magistraturas: “Reconduzir o Ministério Público ao modelo constitucional do seu funcionamento hierárquico, tendo como vértice o PGR, responsabilizando cada nível da hierarquia pela legalidade e qualidade do trabalho profissional das equipas”; e “reforçar os meios de avaliação efetiva e independente no seio do sistema judiciário e implementar mecanismos de escrutínio democrático externo”, designadamente pela Assembleia da República.

Os 50 subscritores exigem também “ponderação, rigor, proporcionalidade e concreta fundamentação, quer na abertura da investigação penal, quer no uso dos meios de investigação especialmente intrusivos como as escutas e as buscas domiciliárias”, fazendo “prevalecer desde o início o princípio constitucional da presunção de inocência”. Fazer “cumprir efetivamente o segredo de justiça”, assim como “reduzir drasticamente a morosidade dos processos judiciais”, são outras prioridades.

O manifesto termina afirmando que “a melhor e mais nobre comemoração que podemos assumir nos 50 anos da democracia portuguesa é reconhecer de forma digna e leal o que a está a fragilizar e, honrando o nome dos que por ela lutaram, ter a coragem e a vontade de mudar”.

A lista completa dos 50 nomes

  • Agostinho Abade
  • Alberto Costa
  • Álvaro Beleza
  • André Coelho Lima
  • António Barbas Homem
  • António Barreto
  • António Correia de Campos
  • António Monteiro
  • António Vitorino
  • Augusto Santos Silva
  • Carla Castro
  • Daniel Oliveira
  • Daniel Proença de Carvalho
  • David Justino
  • Diogo Feio
  • Eduardo Ferro Rodrigues
  • Fernando Melo Gomes
  • Fernando Negrão
  • Francisco Porto Fernandes
  • Francisco Rodrigues dos Santos
  • Germano Marques da Silva
  • Isabel Soares
  • João Bosco Mota Amaral
  • João Caupers
  • Jorge Marrão
  • José António Pinto Ribeiro
  • José Francisco de Faria Costa
  • José Luís Pinto Ramalho
  • José Mário Ferreira de Almeida
  • José Pacheco Pereira
  • José Vieira da Silva
  • Karin Wall
  • Leonor Beleza
  • Lucinda Dâmaso
  • Luísa Meireles
  • Manuel Sobrinho Simões
  • Maria de Lurdes Rodrigues
  • Maria Elisa Domingues
  • Maria João Antunes
  • Maria Manuel Leitão Marques
  • Miguel Sousa Tavares
  • Mónica Quintela
  • Paulo Mota Pinto
  • Renato Daniel
  • Rui Rio
  • Sónia Fertuzinhos
  • Teresa Pizarro Beleza
  • Teresa de Sousa
  • Vital Moreira
  • Vítor Constâncio

Governo sem maioria é oportunidade para “entendimento pluripartidário”, defende Santos Silva

Augusto Santos Silva, um dos 50 subscritores do manifesto, vê na falta de um Governo de maioria absoluta uma “oportunidade” para chegar a um “entendimento pluripartidário” numa reforma do setor judicial. Em declarações à RTP3, na manhã desta sexta-feira, o ex-presidente da Assembleia da República considera que os partidos “devem dar o primeiro passo” nesse sentido.

No entanto, assume que o Governo também tem um papel essencial na execução dessa reforma. Lembrando que a nova ministra da Justiça iniciou um processo de auscultação aos partidos com assento parlamentar sobre o combate à corrupção, Santos Silva defende que se acrescentem “mais pontos” nessas conversas.

“O Presidente da República também tem um papel importante, (…) porque quando duas maiorias parlamentares [o Governo da República e o Governo regional da Madeira] caem por consequência direta de iniciativas judiciais que na primeira vez que vão a tribunal são fragilizadas de tal forma por esse mesmo tribunal, então é preciso ponderar se o regular funcionamento das instituições não necessita de uma intervenção sua“, argumenta.

Questionado se a reforma a que apela não podia ter sido feita antes, quando o Partido Socialista tinha maioria absoluta no Parlamento, Augusto Santos Silva reconhece que “houve momentos em que podia ter sido feita e não foi feita“. O manifesto nasce, por isso, “de pessoas com experiência profissional e pública muito diversa”, mas “que não estão hoje investidas de funções políticas”.

“Assim, podemos ajudar os legisladores com a nossa opinião, as nossas ideias e o nosso apoio”, sustenta o antigo presidente do Parlamento, reiterando que o objetivo “não é atacar a Justiça ou o Ministério Público, é defender a Justiça e o Ministério Público”.

(Notícia atualizada às 11h14 de sexta-feira com declarações de Augusto Santos Silva)

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Primeiro-ministro são-tomense afasta “reparação” pela colonização portuguesa

  • Lusa
  • 2 Maio 2024

Patrice Trovoada corrigiu, horas depois, as declarações da sua ministra da Educação que admitiu o pedido de reparações pela colonização. "Há dias maus, acho que não era um bom dia para ela", disse.

O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, corrigiu esta quinta-feira a sua ministra da Educação, sublinhando que “não está e não vai estar na agenda do Governo” do seu executivo a questão das reparações de Portugal pelo seu passado colonial. “Nós estamos virados para o futuro, é uma questão que foi levantada cá em Portugal, mas que, honestamente, não nos preocupa, não faz parte das nossas prioridades e não faz parte da nossa agenda”, afirmou em declarações à Lusa o chefe do Governo são-tomense, que tomou conhecimento hoje em Lisboa, onde se encontra, das afirmações da sua ministra da Educação, Cultura e Ciência.

Isabel Abreu afirmou hoje aos jornalistas que o Governo são-tomense vai pedir a Portugal a reparação dos danos morais da colonização, adiantando que o assunto seria discutido na reunião do Conselho de Ministros. “São danos morais causados pela colonização durante todos esses anos e se Portugal concorda e aceita a reparação dos danos, o Governo está a trabalhar nesse aspeto”, referiu Isabel Abreu, interpelada pela Lusa à margem do V encontro das Agências Reguladoras do Ensino Superior da CPLP, que se iniciou esta quinta na capital são-tomense.

Patrice Trovoada interpretou estas declarações como resultado da “pressão” dos jornalistas, considerando que Isabel Abreu esteve num “dia mau”. “Eu acho que a ministra não… Há dias maus, acho que não era um bom dia para ela”, disse à Lusa o chefe do executivo são-tomense. “Em São Tomé, evidentemente, algumas pessoas… É uma questão de opinião de cada um, algumas pessoas em São Tomé começaram a reagir favoravelmente às ideias do Presidente Marcelo [Rebelo de Sousa], e os jornalistas estavam a insistir com ela e ela não… Encontrou a pior maneira de sair dessa insistência”, considerou.

“São questões de opinião, mas não é a posição do Governo”, acrescentou o governante. Quanto a Isabel Abreu, o caso não passará daqui, disse Trovoada. “Não há nenhuma polémica com a ministra, eu acho que a ministra saiu-se mal de uma pergunta, de uma pressão feita pelos jornalistas, e acabou-se”.

“Agora, é preciso dizer qual é a posição do Governo e eu é que tenho que dizer que a posição do Governo é que não está na agenda e não vai estar na agenda do Governo essa questão”, fez questão de reiterar.

Questionado sobre a posição assumida pelo Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, na semana passada em reação às declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, que reconheceu a responsabilidade de Portugal na reparação pelo seu passado colonial junto das suas ex-colónias, Patrice Trovoada fez questão de sublinhar que a condução da política externa são-tomense cabe ao Governo, não ao chefe de Estado. “O Presidente Carlos Vila Nova tem uma opinião, mas o que eu quero dizer é que o Governo de São Tomé e Príncipe é que define a política externa do país, e, em relação a Portugal, nós não temos de facto essa questão na agenda”, afirmou.

“A descolonização pode estar resolvida, mas os atos de maus tratos, de violência e outros que aconteceram não estão resolvidos, portanto eu vejo isso [as declarações do Presidente de Portugal] com normalidade até porque ao nível de outras potências colonizadoras esse processo já está um bocado avançado, já está em discussão”, disse na semana passada Carlos Vila Nova em declarações aos jornalistas.

Patrice Trovoada fez questão de sublinhar que as relações bilaterais entre São Tomé e Príncipe e Portugal têm outro foco: estão voltadas para o “futuro”. “Para nós, não é uma questão que nos preocupa, nós, em relação a Portugal, não estamos interessados nessa questão, estamos virados para o futuro com Portugal e com os portugueses e temos muitas coisas a construir em conjunto”, acrescentou Patrice Trovoada.

“Por conseguinte, com Portugal é amizade, é solidariedade, é procurarmos estabelecer pontes sobre as questões que preocupam não só Portugal, mas São Tomé e Príncipe, e [sobre] outras questões que preocupam toda a gente, como o clima, como a paz, como a democracia”, disse ainda. Quanto às questões levantadas por Marcelo Rebelo de Sousa na semana passada, “não fazem parte da preocupação e da agenda do Governo são-tomense”. “Isso tem que ficar claro e assim, pelo menos, passamos a outra coisa”, concluiu.

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