Cristina Dias sabia da nomeação para AMT antes de pedir para sair da CP com indemnização de 80 mil euros

  • ECO
  • 6 Junho 2024

Atual secretária de Estado da Mobilidade já sabia que ia ser nomeada administradora da Autoridade da Mobilidade dos Transportes quando pediu para sair da CP com uma indemnização de quase 80 mil euros.

Uma semana antes de renunciar ao cargo de vice-presidente da CP e sair com uma indemnização de quase 80 mil euros, a atual secretária de Estado da Mobilidade já sabia que ia ser nomeada administradora da Autoridade da Mobilidade dos Transportes (AMT). De acordo com o Correio da Manhã, Cristina Dias saiu da empresa a 22 de julho de 2015, mas sete dias antes o Governo já tinha comunicado ao Parlamento que seria uma das personalidades a designar para o regulador.

Segundo o Público, que cita uma carta com a data do último dia de trabalho de Cristina Dias na CP – a então vice-presidente da empresa nunca referiu que a saída era motivada pelo convite para a AMT. Escreve o mesmo jornal que, em apenas 24 horas, a atual governante fez o pedido para sair da CP no âmbito de um programa de rescisões por mútuo acordo, viu-o aprovado, obteve o cálculo da indemnização e obteve dispensa do tempo de serviço para a renúncia.

Na quarta-feira, Sérgio Monteiro, que tutelava o setor das infraestruturas na altura em que a agora secretária de Estado da Mobilidade saiu da CP, garantiu no Parlamento que desconhecia a indemnização a Cristina Dias e que não houve qualquer aprovação da sua parte. Considerou ainda que o debate sobre esta mudança para a AMT passou das questões da legalidade para as da ética, que “ficam no juízo de cada um”, mas, acrescentou, “não são menos importantes”.

A 29 de maio, ouvido também pelos deputados na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, a pedido do Chega, o antigo presidente do conselho de administração da CP, Manuel Queiró, negou igualmente ter tido conhecimento prévio da ida da então administradora para a AMT. “Dizer que há transferência de um cargo de gestão pública para outro cargo de gestão pública não é verdade e põe-se aqui outro problema: […] não houve conhecimento antecipado [da ida para AMT]”, afirmou no Parlamento.

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Aliança Democrática ultrapassa PS em nova sondagem para as eleições europeias

  • ECO
  • 6 Junho 2024

Barómetro da Intercampus prevê que a AD ultrapasse o PS nas intenções de voto para as europeias. Ainda assim, o empate técnico mantém-se. Chega sofre queda acentuada, mas continua no terceiro lugar.

A Aliança Democrática (24,8%) ultrapassou o PS (24,1%) nas intenções de voto para as eleições europeias marcadas para domingo em Portugal, ainda que o empate técnico se mantenha, de acordo com o barómetro da Intercampus para o Jornal de Negócios, Correio da Manhã e CMTV.

Apesar de o Chega se manter no terceiro lugar, a lista encabeçada por António Tânger Corrêa regista uma queda acentuada, recolhendo 12% das intenções de voto (no mês passado tinha 17,4%). Segue-se a Iniciativa Liberal (9,1%), o Bloco de Esquerda (5,8%), o Livre (4,5%), o PAN (3,1%) e a CDU (2,5%).

Estes resultados permitiriam uma representação portuguesa bastante diferente no Parlamento Europeu, passando a contar com representantes do Chega, da Iniciativa Liberal e, eventualmente, do Livre, não sendo certo que o PCP e o PAN mantenham os seus eurodeputados. A margem de erro da sondagem — decorreu entre 29 de maio e 4 de junho — é de 4% e, assinala este barómetro, há ainda uma significativa fatia de indecisos.

 

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Hoje nas notícias: imigração, europeias e CP

  • ECO
  • 6 Junho 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Vai ser criado um novo tribunal especializado em questões relacionadas com a imigração e asilo. A Aliança Democrática ultrapassou o PS nas intenções de voto para as eleições europeias, mas o empate técnico mantém-se. Afinal, a secretária de Estado da Mobilidade soube que iria ser nomeada administradora da Autoridade da Mobilidade dos Transportes (AMT) uma semana antes de renunciar ao cargo de vice-presidente da CP. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta quinta-feira.

Novo tribunal vai tratar em exclusivo de processos de imigração e asilo

O Governo aceitou a proposta do Conselho Superior da Magistratura (CSM) para criar um tribunal especializado em questões relacionadas com a imigração e asilo. O nome proposto é Tribunal da Imigração e Asilo. Será criado em Lisboa e, possivelmente, noutra cidade mais tarde, confirmou Tiago Pereira, vogal do CSM.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

AD ultrapassa PS em nova sondagem para as europeias

A Aliança Democrática (24,8%) ultrapassou o PS (24,1%) nas intenções de voto para as eleições europeias, marcadas para domingo, ainda que o empate técnico se mantenha, de acordo com o mais recente barómetro da Intercampus. Apesar de o Chega se manter no terceiro lugar, a lista encabeçada por António Tânger Corrêa está a perder gás. Recolhe 12% das intenções de voto e vê aproximar-se João Cotrim de Figueiredo (Iniciativa Liberal).

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Governante soube da nomeação sete dias antes da saída com indemnização da CP

Afinal, a atual secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, soube que iria ser nomeada administradora da Autoridade da Mobilidade dos Transportes (AMT) uma semana antes de renunciar ao cargo de vice-presidente da CP, de onde saiu com uma indemnização de quase 80 mil euros.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Fundo de Resolução perdeu dois dos três litígios contra o Novobanco

O Fundo de Resolução ganhou a arbitragem relativa à provisão para operações descontinuadas em Espanha, mas perdeu os litígios relacionados com a aplicação, pelo Novobanco, no final de 2020, da opção dinâmica do regime transitório da IFRS 9 e a relacionada com a avaliação das unidades de participação nos fundos de reestruturação. Na quarta-feira, a entidade liderada por Máximo dos Santos explicou ao ECO que comprou 4,14% do Novobanco por 128,67 milhões de euros porque os capitais próprios do banco serão superiores aos 3.100 milhões de euros de valorização implícita na operação.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso livre).

Governos de Costa adjudicaram 2 milhões ao grupo que colaborou no plano da saúde

Durante a governação de António Costa foram celebrados três contratos entre a IQVIA Solutions e entidades públicas, num montante que ascende a 198 mil euros. A estes somam-se outros 51 contratos, celebrados com a IASIST Portugal, do mesmo grupo da IQVIA Solutions, num total de 1,9 milhões de euros. Pedro Nuno Santos levantou dúvidas sobre a atuação desta consultora, que ajudou a elaborar o plano de emergência para a Saúde, levando o Governo a esclarecer que a empresa tem trabalhado com o Ministério da Saúde nos últimos anos, e não apenas com o Governo da AD.

Leia a notícia completa no Observador (acesso pago).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 6 de junho

  • ECO
  • 6 Junho 2024

Ao longo desta quinta-feira, 6 de junho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Grupo Baskonia-Alavés subscreve o Acordo Climático de Vitoria

  • Servimedia
  • 6 Junho 2024

O Deportivo Alavés é o único clube da LALIGA EA SPORTS desta temporada a subscrever este acordo, que também foi assinado pelo recém-promovido Real Valladolid.

O Grupo Baskonia-Alavés é uma das entidades que, coincidindo com o Dia Mundial do Meio Ambiente, aderiu ao Acordo Climático de Vitoria-Gasteiz. A entidade vitoriana torna-se pioneira com a assinatura deste acordo, juntamente com outras quatro entidades do território, no caminho conjunto para alcançar os desafios de neutralidade climática estabelecidos para o ano 2030.

O clube albiazul é também, juntamente com o Real Valladolid, o único clube de todo o futebol profissional a aderir a uma iniciativa semelhante. Os compromissos contidos nestas adesões ao Acordo Climático Vitória-Gasteiz identificam as iniciativas que as partes signatárias pretendem levar a cabo como medidas de colaboração para alcançar a neutralidade climática até 2030.

O Acordo Climático de Vitoria-Gasteiz tem os seus primeiros cinco signatários após a assinatura da Presidente da Câmara, Maider Etxebarria, e dos representantes do Grupo Alavés-Baskonia, da Fundação Mobility Lab Vitoria-Gasteiz, da Fundação Tecnalia de Investigação e Inovação, do Parque Tecnológico de Alava e da Universidade do País Basco (UPV/EHU).

“Estas cinco entidades são as pioneiras na assinatura do nosso Acordo Climático, que visa recolher os compromissos das partes signatárias para alcançar a neutralidade climática nas suas próprias organizações e no município como um todo até 2030”, bem como capitalizar a aprendizagem da experiência adquirida e melhorar a sua replicabilidade noutros ambientes territoriais e áreas de ação, como afirmou a Presidente da Câmara Municipal de Vitoria-Gasteiz, Maider Etxebarria.

O evento teve lugar esta tarde na Sala de Receção da Câmara Municipal e contou com a presença de Alfonso Fernández de Trocóniz, como representante do Grupo Alavés-Baskonia, do Deputado para a Governação Jone Berriozabal em nome da Fundação Mobility Lab, do diretor de energia, clima e transição urbana da Fundação Tecnalia, José Luis Elejalde, da gestora do Parque Tecnológico de Alava, Miren Bilbao, e do vice-reitor do Campus Araba da UPV/EHU, Manoli Igartua.

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Condenação ou absolvição? Pinho e Salgado conhecem decisão no caso EDP

O Ministério Público (MP) pediu uma pena não inferior a nove anos de prisão para o ex-ministro da Economia Manuel Pinho. Para Ricardo Salgado, pediu seis a sete anos de pena de prisão efetiva.

Ricardo Salgado, Manuel Pinho e Alexandra Pinho vão saber esta quinta-feira se vão ou não ser condenados no processo EDP. A leitura do acórdão está marcada para as 11h00.

Nas alegações finais, o Ministério Público (MP) pediu uma pena não inferior a nove anos de prisão para o ex-ministro da Economia Manuel Pinho. Para o antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, o MP pediu seis a sete anos de pena de prisão efetiva, enquanto para a mulher do ex-governante, Alexandra Pinho, foi defendida a aplicação de uma pena de quatro anos, suspensa na execução. Já as defesas dos três arguidos pediram a absolvição dos seus clientes.

A defesa de Manuel Pinho considerou que “esta acusação é uma galinha moribunda à espera de que um tribunal justo lhe dê a estocada final”, disse Ricardo Sá Fernandes. “O senhor procurador olha para esta acusação e vê um cisne branco a voar, mas é uma galinha moribunda e temos de a enterrar”, disse o advogado.

Para o MP, “uma pena final não inferior a nove anos de prisão será adequada à censura dos crimes“. A moldura penal final foi definida após o procurador indicar as penas parcelares para cada um dos crimes imputados, designadamente, seis anos de prisão por corrupção (de titular de cargo político), três anos pelo outro crime de corrupção, dois anos de pena por fraude fiscal e, finalmente, três a quatro anos por branqueamento de capitais.

Manuel Pinho, em prisão domiciliária desde dezembro de 2021, está a ser julgado no caso EDP por corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal.

A sua mulher, Alexandra Pinho, responde por branqueamento e fraude fiscal – em coautoria material com o marido -, enquanto o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, responde por corrupção ativa para ato ilícito, corrupção ativa e branqueamento.

A defesa do ex-banqueiro Ricardo Salgado garantiu que não existem provas que justifiquem uma condenação no julgamento do Caso EDP, lembrando ainda que o seu cliente não é a mesma pessoa devido à doença de Alzheimer.

“Não há um facto, uma prova que possa condenar Ricardo Salgado pelos crimes de que é acusado. Estar neste julgamento foi um passeio no parque para mim”, afirmou o advogado Francisco Proença de Carvalho, nas alegações finais realizadas no Juízo Central Criminal de Lisboa, face às imputações dos crimes de corrupção ativa e branqueamento. “Nunca tinha visto uma corrupção escrita. (…) A corrupção é uma invenção”, disse, em alusão ao acordo assinado entre o seu cliente e Manuel Pinho em 2004, quando o ex-ministro cessou funções executivas no grupo e que o MP apontou como génese do alegado pacto corruptivo.

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Face ao protecionismo dos EUA e à ameaça russa, a Defesa da UE deve passar pelo Reino Unido

  • Joana Abrantes Gomes
  • 6 Junho 2024

À procura de desenvolver a indústria de Defesa e, assim, dinamizar a economia europeia, Bruxelas vê com bons olhos o alargamento da cooperação com o Reino Unido.

Mais de três décadas depois do lançamento do mercado único, os equipamentos militares são os únicos bens que continuam sob a esfera exclusiva dos Estados-membros da União Europeia (UE). Porém, a invasão russa da Ucrânia tornou inadiável o debate sobre uma Política Comum de Defesa, para a qual é imperativo agilizar a produção e comercialização destes produtos intra-UE. Face aos diferentes interesses próprios entre os 27 nesta matéria e às políticas protecionistas dos EUA e da China, a chave pode estar num novo acordo com o Reino Unido.

Não é possível fazer uma Política Comum de Defesa sem ter o Reino Unido como um parceiro privilegiado“, defende Ana Santos Pinto, ex-secretária de Estado da Defesa Nacional, em declarações ao ECO. Segundo a investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa (IPRI-UNL), quer Bruxelas, quer o antigo membro do bloco comunitário já perceberam que alargar a cooperação entre ambos à área da Defesa será “inevitável” e “mutuamente benéfico”. Mas porquê?

Quando apresentou, em março, a Estratégia Industrial Europeia de Defesa, acompanhada de uma proposta para um Programa Europeu para a Indústria da Defesa, a Comissão Europeia deu o primeiro passo para a construção de uma Política Comum de Segurança e Defesa. O objetivo não é adquirir armamento para a UE, mas antes incentivar e facilitar os contratos de compra conjunta de equipamento militar entre os Estados-membros não só a países terceiros, como também dentro do bloco, pois é a única forma de o Executivo comunitário retirar da esfera exclusiva dos 27 a componente da Defesa sem precisar de mexer nos Tratados – em que se depararia com a resistência de vários líderes europeus.

Assim, se, até aqui, os instrumentos existentes no âmbito da política de Defesa da UE têm financiado apenas o lado prático de missões civis e operações militares (através do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz) e a componente de investigação e desenvolvimento, em universidades ou em parceria destas com as Forças Armadas, de protótipos de equipamentos ou software para uso civil e militar (através do FED – Fundo Europeu de Defesa), o que esta nova estratégia vem fazer é colocar o ónus do financiamento europeu na produção e comercialização de produtos militares, aplicando-lhes os mecanismos de livre circulação do mercado único que já existem para outros bens e serviços.

São cinco, seis Estados europeus que estão entre os 100 maiores do mundo [em termos de indústria de Defesa]. Os restantes não têm escala, até agora, para beneficiar no retorno às suas economias na mesma dimensão. Ou seja, vão ser essencialmente compradores e não produtores e vendedores. E, para isto ser verdadeiramente comum e haver um benefício alargado, vai ser necessário criar mecanismos de equilíbrio e de equidade de participação de todos os Estados-membros

Ana Santos Pinto

Ex-secretária de Estado da Defesa Nacional e investigadora no IPRI-NOVA

A intenção da Comissão Europeia começou a ser visível ainda antes da apresentação da estratégia industrial, quando, em janeiro de 2021, criou a Direção-Geral da Indústria da Defesa e do Espaço, colocando-a sob a tutela do comissário do mercado único. A isso acresce a sugestão de Ursula von der Leyen – que concorre a um segundo mandato em Bruxelas – para criar uma pasta dedicada à Defesa no Executivo comunitário, de forma a robustecer ainda mais as competências deste nesta área.

Isto representará uma “deslocação das matérias de Defesa e até do próprio processo de decisão do Conselho para a Comissão”, considera Liliana Reis, deputada do PSD que é vice-presidente da comissão parlamentar de Defesa Nacional. Mas, para a antiga professora universitária de Relações Internacionais, é “revelador de algo mais profundo”, que é a regra da unanimidade, contemplada nos Tratados para esta área, poder ser posta em causa em detrimento da regra da maioria qualificada.

Com o entendimento de que a indústria de Defesa é uma das áreas em que a UE pode alavancar a reindustrialização da sua economia, tanto na componente estritamente militar como na componente dupla (ou seja, civil e militar), a aposta da França, outrora reticente em colocar os equipamentos militares no mercado comum, tem sido neste sentido. Aliás, é também a isto que se refere Emmanuel Macron quando fala na “autonomia estratégica” da União, para fazer frente às políticas protecionistas dos Estados Unidos e da China e à ameaça da Rússia.

Mas, para esta reindustrialização ter retorno na economia europeia, Ana Santos Pinto chama a atenção para o cumprimento de “dois critérios”: por um lado, os produtos de Defesa “têm de ser produzidos pelas indústrias dos países da UE” e, por outro, têm de resultar de projetos “conjuntos” entre Estados-membros. “É a única maneira de o financiamento comunitário comum ter uma capacidade de regresso às economias” dos 27, como acontece nos EUA, em vez de “beneficiar e alimentar outras economias”, justifica a investigadora do IPRI-UNL.

O relatório do antigo primeiro-ministro italiano Enrico Letta sobre o futuro do mercado interno da UE, apresentado em abril, dá argumentos para esta solução. No entender da também investigadora do Instituto da Defesa Nacional (IDN), a proposta de Letta confere “a base de suporte de conhecimento técnico”, defendendo que “colocar os produtos de Defesa no mercado único é a boa maneira de o bloco comunitário criar critérios de aquisição e de comercialização conjuntos e, ao mesmo tempo, criar formas de financiamento desta indústria” – o que também estará em discussão na próxima legislatura.

Fragmentação do PE e interesses dos 27 podem dificultar “luz verde”

Fazer aprovar o programa de 1,5 mil milhões de euros proposto pela Comissão Europeia, no entanto, poderá não ser assim tão fácil. Desde logo pela maior fragmentação dos grupos políticos no Parlamento Europeu que deverá resultar das eleições europeias, se se confirmarem as sondagens que antecipam um crescimento da extrema-direita e uma menor votação nos partidos que formam a “grande coligação”.

Por outro lado, é preciso ter em conta a “geometria variável” da União Europeia, segundo a qual, como refere Liliana Reis ao ECO, os 27 Estados-membros não têm todos as mesmas necessidades, nem a mesma perceção de ameaça e nem a mesma capacidade de produção industrial no setor da Defesa.

Ana Santos Pinto realça a diferença de escala entre os cinco países da UE que têm empresas de armamento entre as 100 maiores do mundo e as restantes duas dezenas de Estados cuja indústria de Defesa não tem a mesma dimensão, não podendo, por isso, beneficiar de um retorno económico tão grande neste setor.

De acordo com os mais recentes dados do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), relativos a 2022, a italiana Leonardo é a maior empresa de armamento na UE – mas, a nível mundial, está em 13.º lugar –, seguida da transeuropeia Airbus e depois pelas francesas Thales, Dassault e Naval Group. Do ponto de vista das despesas militares, o SIPRI destaca a Polónia com um aumento dos gastos de 75% face a 2022, para quase 30 mil milhões de euros.

Com a indústria de Defesa do bloco comunitário concentrada em Itália, França, Alemanha, Suécia e Espanha, os restantes países “vão ser essencialmente compradores e não produtores e vendedores”, assinala Ana Santos Pinto. Por isso, defende que, para a política de Defesa ser “verdadeiramente comum” e existir um “benefício alargado”, será necessário criar “mecanismos de equilíbrio e de equidade de participação de todos os Estados-membros”.

A título de exemplo, a antiga secretária de Estado sugere mecanismos como a “discriminação positiva de Estados com nanoempresas” – como é o caso de Portugal, em que cerca de 90,6% do tecido empresarial da Defesa é composto por pequenas e médias empresas – ou a “majoração a projetos que tenham um número mais alargado de Estados com diferentes desenvolvimentos do ponto de vista da indústria“.

É precisamente aqui que pode entrar o Reino Unido. “Quando o Reino Unido saiu da União Europeia nós não perdemos apenas um Estado-membro; nós perdemos um membro permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e perdemos um Estado com capacidade nuclear, pelo que ficámos apenas com a França“, lembra a deputada Liliana Reis, sublinhando a importância dos britânicos em matéria de Defesa para além da sua indústria e das suas capacidades militares.

Para os britânicos, o interesse em alargar a cooperação com a UE à área da Defesa é a possibilidade de conseguirem um “acesso privilegiado” à compra conjunta de equipamentos militares no mercado único europeu. “Porque sabem que não conseguem competir com os Estados Unidos, onde se encontram as cinco maiores empresas do mundo neste setor”, nota Ana Santos Pinto, alertando, no entanto, para as consequências que este acordo pode ter nas relações transatlânticas.

Ao mesmo tempo, o Reino Unido era também o elo de ligação da UE aos EUA. “Londres era quem tinha o telefone direto de Washington para a UE. A sua saída do bloco também tornou a visão da Europa mais continental, com o domínio da Alemanha e da França“, acrescenta Liliana Reis, que, nesta lógica, vê também a Noruega e a Islândia como parceiros da UE no âmbito de uma comunidade mais alargada de Defesa.

O Estado mais importante neste momento é o Reino Unido. É crucial, para além da sua indústria, para além da sua capacidade de Defesa, é sobretudo por causa do elemento. Quando o Reino Unido saiu da União Europeia nós não perdemos apenas um Estado-membro, nós perdemos um membro permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e perdemos um Estado com capacidade nuclear, pelo que ficámos apenas com a França.

Liliana Reis

Deputada do PSD e vice-presidente da comissão parlamentar de Defesa Nacional

Concretizando-se esta transferência para a esfera comunitária de competências na Defesa, a investigadora Ana Santos Pinto antevê que pode levar a uma revisão das ameaças e dos riscos definidos na Bússola Estratégica. Tendo em conta que foi aprovada cerca de um mês depois do início da invasão russa da Ucrânia e hoje as circunstâncias são diferentes, os Estados-membros precisam de “ajustar as prioridades” e “verificar se não há lacunas por preencher”.

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IA, chips e nova legislação. Os desafios digitais da UE na próxima meia década

Os próximos eurodeputados, e a Comissão Europeia, terão pela frente muitos desafios digitais, alguns dos quais poderão ainda nem ser conhecidos. Saiba os temas que vão marcar a próxima legislatura.

Garantir a soberania na região, explorar melhor a economia dos dados e aplicar a nova regulamentação existente serão alguns dos temas que irão marcar a próxima legislatura no Parlamento Europeu e na Comissão Europeia nos planos tecnológico e digital, segundo especialistas contactados pelo ECO.

No dia 21 de maio, a pouco mais de duas semanas das eleições europeias, o Conselho da União Europeia (UE) deu aprovação final à lei europeia da inteligência artificial (AI). A lei contempla um período de dois anos para a sua implementação e é pioneira a nível mundial, pelo que só mais tarde será possível avaliar os seus resultados.

Além disso, já estão em vigor dois dos pacotes legislativos que mais marcaram a atual legislatura, a Lei dos Serviços Digitais e a Lei dos Mercados Digitais. A primeira visa criar um espaço digital mais seguro para consumidores e empresas, enquanto a segunda pretende garantir condições iguais para todas as empresas digitais num setor dominado por gigantes.

“Diria que temos, por um lado, desafios significativos ao nível da implementação dos principais atos legislativos que foram aprovados nesta legislatura no que diz respeito à transição digital e, por outro, há um conjunto de desafios novos, de novas linhas de política pública a abrir”, defende Tiago Antunes, que até ao passado mês de abril era secretário de Estado dos Assuntos Europeus no Governo de António Costa.

A vice-presidente da Comissão Europeia, Margrethe Vestager, que tem comandado a regulamentação do digital na UE nos últimos anosPiaras Ó Mídheach/Web Summit via Sportsfile

Da cibersegurança ao imbróglio da Huawei

Entre os “desafios novos” estarão, por exemplo, todas as matérias relacionadas com a soberania digital da UE. A próxima Comissão Europeia e os eurodeputados que serão eleitos neste fim de semana terão de encontrar respostas para problemas como o aumento do número de ciberataques no contexto das duas guerras em curso às portas do bloco, ou a dependência externa para obtenção de componentes críticos, como os semicondutores.

“A cibersegurança, infelizmente, está pior e a tendência é para piorar. Há cada vez mais atores interessados em explorar vulnerabilidades e as vulnerabilidades continuam a existir”, nota Luís Antunes, professor catedrático do Departamento de Ciência de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Neste capítulo, levanta-se a sensível questão do papel que empresas estrangeiras como a Huawei podem ou não desempenhar no desenvolvimento das redes 5G na Europa. Nos últimos meses, a Comissão tem tido menos pudor em sugerir que a tecnologia desenvolvida por esta empresa chinesa acarreta riscos de segurança para os cidadãos e empresas da UE, como alerta há anos a diplomacia norte-americana, mas a própria refuta.

À luz das recomendações da Comissão, apresentadas em 2020, um organismo do Estado português decidiu em maio de 2023 proibir as operadoras de telecomunicações de recorrerem a estes fornecedores (a ZTE, outra empresa chinesa, também estará incluída), que são considerados de “risco elevado”.

Mas nem todos os países estão convencidos e muitos ainda não implementaram nenhuma deliberação sobre o assunto, ou já disseram que nem o planeiam fazer (por exemplo, Espanha). Em junho do ano passado, no rescaldo da decisão portuguesa — vista no setor como uma das mais restritivas do bloco, por abranger todas as partes da rede e não permitir exceções — o Financial Times noticiou que a Comissão poderá vir a decidir tornar obrigatório o que, atualmente, são apenas recomendações.

A Huawei “tem algumas partes de equipamento que não têm qualquer problema, mas outras podem ter algum problema”, admitiu em setembro de 2023 o comissário europeu Thierry BretonLusa

Saciar o apetite europeu por chips

Ademais, “a Europa perdeu toda a cadeia de produção de hardware“, diz o professor Luís Antunes. Será, por isso, necessário assegurar que o Regulamento Circuitos Integrados, que entrou em vigor em setembro, produz os efeitos desejados. A UE irá mobilizar mais de 43 mil milhões de euros de fundos públicos e privados para, em conjunto com os Estados-membros e parceiros, “preparar, antecipar e responder rapidamente a eventuais perturbações da cadeia de abastecimento”, como indica um texto informativo da Comissão.

“A chamada soberania digital vai estar na agenda, entendida num sentido mais amplo. A Europa tem de ser o mais autossuficiente possível em termos de produção da sua tecnologia. O eclodir da pandemia expôs as fragilidades em cadeias de abastecimento e percebemos como estamos dependentes de microchips e de outros itens. Vai haver uma tentativa de a Europa ser mais autossuficiente”, vaticina José Guimarães, especialista em assuntos digitais no Direito da UE, baseado em Bruxelas.

O abastecimento desses componentes críticos, maioritariamente produzidos em Taiwan, um território particularmente exposto às tensões geopolíticas com a China, é determinante para a UE garantir que não perde a onda da IA, vista globalmente como um fator determinante de competitividade. Mas engana-se quem acredita que, com a entrada em vigor da nova Lei da IA, o trabalho da UE está feito nesta matéria.

Segundo José Guimarães, “algo que tem passado bastante despercebido” é “uma segunda proposta de diretiva”, publicada em setembro de 2022, para “lidar com a questão da responsabilidade” na IA. O objetivo da Comissão será garantir que qualquer cidadão lesado por um sistema inteligente tem o mesmo nível de proteção que um cidadão prejudicado por outras tecnologias (por exemplo, quem é responsável quando um carro autónomo é envolvido num atropelamento).

“Passamos de um plano, diria, legislativo para o plano do enforcement e da aplicação de uma série de novos poderes que a Comissão ganha”, resume Tiago Antunes, para quem “achar que se aprovaram estes atos legislativos e já está feito seria, obviamente, um erro e uma ilusão”. O ex-secretário de Estado prevê também “grandes desafios neste contexto geopolítico mais inseguro, incerto e instável, em termos de cibersegurança e de soberania digital”.

Dados aos dados

Depois, desde 2018 que a UE tem regras harmonizadas (e apertadas) ao nível da proteção de dados pessoais, com a entrada em vigor do Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD). Mas os dados são um ingrediente essencial da IA. Sobre este dilema aparente, Luís Antunes explica que não é necessário ter acesso aos dados para se retirar proveito deles. Assim, a economia dos dados estará em destaque na UE ao longo dos próximos anos, sem que o RGPD inviabilize essa aposta.

“O mais premente para mim, e se calhar mais interessante, é o Espaço Europeu de Dados de Saúde. É uma primeira iteração de espaços de dados de saúde de algo muito mais abrangente”, aponta o professor catedrático do Porto. “O desafio é criarmos tecnologia que consiga tirar valor destes dados sem termos acesso a eles, cumprindo o regulamento legal e respeitando os direitos europeus. O benefício é podermos trabalhar com os dados de toda a população europeia, e podermos ter modelos de IA com base não só em dados portugueses, por exemplo, do cancro do estômago, que tem algumas componentes locais, e podermos começar a fazer estes algoritmos de IA com base em toda a população europeia”, salienta o especialista.

Com as eleições ao virar da esquina, têm ressurgido as preocupações com o flagelo da desinformação e da alegada interferência externa por parte de países hostis, como a Rússia. Para dar resposta a isso, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, prometeu este ano lançar o chamado “Escudo Europeu da Democracia” caso consiga conquistar um segundo mandato à frente da Comissão (o que está longe de garantido). “Vai olhar para a desinformação da perspetiva da ingerência estrangeira”, explica José Guimarães, e “ver de que forma poderão ser criados mecanismos de coordenação com vista a melhorar a resiliência europeia”, acrescenta.

Há muito para fazer com base naquilo que foi aprovado. E depois há áreas ainda futuras, de desenvolvimento, que diria que têm muito a ver com as tecnologias de desenvolvimento mais acelerado, como por exemplo a IA e com as áreas em que o mercado europeu ainda está fragmentado e carece de soluções únicas.

Tiago Antunes

Ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus

A estes pontos juntam-se muitos outros, do papel da tecnologia nos planos da UE para a descarbonização à proteção da propriedade intelectual. Tiago Antunes aponta para o recém-apresentado Relatório Letta, elaborado pelo ex-primeiro-ministro italiano Enrico Letta, sobre o futuro do mercado único, para dizer que espera desenvolvimentos na criação de uma “quarta liberdade europeia, que seria a liberdade do conhecimento e da inovação”; avanços na união do mercado de capitais, nomeadamente para melhorar as condições de financiamento para ajudar startups tecnológicas a escalarem; e na redução da fragmentação do mercado das comunicações eletrónicas.

Por sua vez, Luís Antunes recorda os desafios que surgirão com os avanços na computação quântica, que tem “potencial para mudar drasticamente toda a componente do digital” e que poderá exigir respostas da Comissão e do Parlamento Europeu; assim como da chamada Internet das Coisas (IoT) aplicada ao setor industrial e à gestão da vida nas cidades; bem como a massificação da condução autónoma.

Já José Guimarães destaca o desafio da “segurança das infraestruturas em geral, que vai permanecer um tema central”, acredita. O especialista lembra que a Comissão publicou em fevereiro um livro branco sobre o assunto, e lançou uma consulta pública, com vista a definir “medidas legislativas” que garantam infraestruturas digitais seguras e estáveis, que são um pilar do programa Década Digital da UE.

Mas, em meia década, muita coisa pode acontecer. Logo, alguns dos desafios que poderão ocupar os responsáveis europeus nos próximos cinco anos podem nem sequer ser ainda conhecidos, conclui Luís Antunes: “Vão ter de aparecer. Eles existem e vão ter que ser definidos, e acho que terá de ser a nível de Comissão Europeia.” E essa incerteza, que resulta da transformação digital acelerada em que vivemos, será, ela própria, um desafio.

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O que defendem os candidatos às europeias para as regras orçamentais?

A poucos dias das eleições europeias, os oito candidatos às europeias respondem ao ECO sobre cinco temas que vão marcar a próxima legislatura. O que pensam os candidatos sobre regras orçamentais?

  • Ao longo desta semana, o ECO vai publicar “O que defendem os candidatos às europeias?”, série na qual publicamos as respostas dos cabeças de lista (dos partidos com assento parlamentar) às eleições europeias, de 9 de junho, a cinco temas que vão marcar a próxima legislatura: imigração, defesa, alargamento, regras orçamentais e recursos próprios.

O que defendem os candidatos às europeias para as regras orçamentais?

“A Aliança Democrática quer uma Europa preparada para uma economia moderna, assente na dupla transição ecológica e digital e no respeito pelos direitos sociais. Assumimos três prioridades:

  • Flexibilidade para os Estados aplicarem os planos orçamentais-estruturais de médio prazo que definirem com investimento público de qualidade;
  • Responsabilidade no compromisso com a sustentabilidade da dívida pública;
  • Solidariedade entre Estados no cumprimento dos objetivos da UE e para responder a situações imprevisíveis.”

“Foi assumido como fundamental impedir o regresso das regras orçamentais precedentes, que eram complexas, pró-cíclicas e ineficazes. Tal só foi possível com a adoção de novas regras durante o mandato no Parlamento Europeu que agora cessa. As novas regras representam um avanço significativo, concedendo aos Estados mais flexibilidade para investir. Pela primeira vez, as políticas sociais têm ainda lugar nas regras orçamentais, podendo atenuar desvios nas metas da despesa, tendo sido assegurada maior participação dos parlamentos nacionais e parceiros sociais no processo.”

“As novas regras orçamentais foram aprovadas apenas no mês passado e visam um regresso ao cenário pré-covid, coisa que a extrema-esquerda e algumas organizações globalistas não queriam. O Chega é a favor do rigor orçamental, mas entende que não podemos voltar ‘tout-court’ a um cenário de austeridade total, sobretudo nos países da coesão, porque as famílias estão endividadas e perderam muito poder de compra por causa da inflação, taxas de juro altas e feitos diretos e indiretos da guerra na Ucrânia. Um pouco por toda a Europa, pior por cá. Os governos dos Estados-Membros terão de manter os défices orçamentais abaixo dos 3% do PIB, o que deixa vários países com um défice de financiamento público. Vamos acompanhar de perto este dossier em Bruxelas e em Estrasburgo. Estaremos vigilantes.”

“A Iniciativa Liberal é ambiciona uma Europa onde os europeus tenham amplo poder de compra, qualidade de vida e perspectivas de futuro. Uma Europa geradora de oportunidades para todos, onde seja possível oferecer bons empregos, e manter baixo custo de vida. Ambicionamos uma Europa de qualidade de vida e bem-estar, onde seja possível gozar de segurança económica, equilíbrio vida-trabalho, uma vida comunitária estimulante.”

“As novas regras de governação económica da União Europeia são, afinal, as velhas regras em formato ainda mais austeritário e autoritário. Impor regras de contenção da despesa e do investimento é atacar os salários três vezes: atacar as carreiras públicas, atacar os serviços públicos e atacar o crescimento e o emprego decente. Precisamos de uma mudança das regras económicas a sério, para investir nos serviços públicos e salvar o planeta.”

“A reforma do Pacto de Estabilidade e da Governação Económica da UE acentua constrangimentos hoje existentes, acrescentando à ditadura do défice e da dívida o foco directo na contenção ou redução da despesa pública. Os baixos salários, a degradação dos serviços e do investimento públicos, a estagnação económica, as crescentes injustiças na distribuição da riqueza, são inseparáveis de crescentes constrangimentos que têm sido impostos. Em vez do Pacto de Estabilidade que arrasa direitos e atrasa o país, a CDU propõe um Pacto de Progresso Social e pelo Emprego. Aumento dos salários, mais produção nacional, diversificação da actividade económica, investimento nos serviços públicos, mais justiça fiscal, soberania, é esse o caminho que se impõe.”

“O Livre foi fundado como alternativa a visões austeritárias, em Portugal e na Europa. O investimento público é necessário à transição energética justa e ao combate efetivo e programado às alterações climáticas. A coesão entre países da UE não pode estar em causa pelos critérios de Maastricht, que põem as economias do sul da Europa sob constantes ameaças de procedimentos por défice excessivo. Defendemos uma revisão das regras orçamentais, à luz do que ocorreu durante a pandemia.”

“A visão económica da União Europeia tem de mudar: é urgente apostarmos em políticas de investimento no futuro. Para o PAN, é urgente redirecionar os fundos dos combustíveis fósseis, para garantir uma transição verde socialmente justa. É também essencial criar um fundo da UE para apoiar a transição verde e social e proporcionar financiamento sustentável em conformidade com as obrigações da UE ao abrigo do Acordo de Paris. A reforma do Pacto de Estabilidade e Crescimento é crucial para os Estados-Membros investirem na transição verde, criarem empregos verdes e, ao mesmo tempo, reforçarem os investimentos na Educação, na Saúde, na Justiça e nas Infraestruturas.”

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Festivais de verão receberam em 2023 mais de meio milhão para serem mais “verdes”. Governo está a “rever instrumento”

Sê-lo Verde permitiu apoiar grandes eventos como festivais de musica com 553 mil euros para a adoção de práticas sustentáveis, mas o novo Governo não se compromete com a continuidade do programa.

O Vodafone Paredes de Coura, Rock in Rio Lisboa e o Meo Kalorama foram alguns dos beneficiários do programa Sê-lo Verde, do Fundo Ambiental, que visa apoiar os eventos de grande dimensão a adotarem práticas mais “verdes”. Ao todo, foram distribuídos no ano passado — quando o anterior Governo ainda estava em funções — verbas superiores a meio milhão de euros ao abrigo desta iniciativa, mas este ano o novo Executivo não garante a sua “continuidade”.

Ao ECO, o Ministério do Ambiente diz que está a “rever” e a “introduzir alterações” a este programa, “de modo a assegurar que as suas verbas são devidamente aplicadas em prol das políticas públicas de ambiente, ação climática e eficiência no uso dos recursos”. “A continuidade da presente medida e/ou os eventuais futuros contornos da mesma estão a ser avaliados num quadro mais amplo”, explica o ministério de Maria Graça Carvalho ao ECO. Este ano, não foram abertas candidaturas ao Sê-lo Verde.

Mas esta revisão será transversal a todo o Fundo Ambiental. Fonte oficial do Ministério do Ambiente revela ao ECO que o gabinete encontra-se atualmente a “avaliar em profundidade” este fundo – “incluindo os seus resultados” – para que possam “proceder às alterações que se venham a revelar necessárias para uma maior eficácia e transparência”. Estas alterações passam, desde logo, por “uma revisão e um reforço dos critérios de afetação de receitas e de controlo”, “monitorização e avaliação dos resultados” e, por outro lado, no sentido de dar uma maior visibilidade aos concursos e avisos lançados, divulgar os seus “benefícios e de resultados”.

Promotoras interessadas em (re)candidatar-se

Nascido em 2016, o Programa “Sê-lo Verde” é uma iniciativa do Ministério do Ambiente e do Fundo Ambiental, que pretende, entre outros objetivos, incentivar a adoção de critérios ambientais que contribuam, de modo efetivo, para uma redução dos impactes ambientais dos eventos e aumentem a utilização mais eficiente de recursos materiais e energéticos, nomeadamente festivais de música.

O Vodafone Paredes de Coura e o Meo Kalorama foram alguns dos eventos que beneficiaram deste programa que apoiou, em 2023, um total de 25 eventos, pelos quais foram distribuídos 553.943,60 euros. E, embora não esteja, para já, em cima da mesa a sua renovação, as promotoras destes festivais garantem que voltarão a recorrer dele assim que forem abertas as candidaturas.

“O Vodafone Paredes de Coura tem um compromisso com a sustentabilidade e o ambiente. Um princípio crucial e natural, tendo em conta o sítio magnífico e a paisagem natural onde o festival decorre”, respondem a Ritmos e Batidas ao ECO/Capital Verde, que revela ter concorrido a outras iniciativas internacionais semelhantes ao Sê-lo Verde que lhes permite tornar o festival mais “verde”.

epa10124535 Festival-goers during Paredes de Coura music festival, in Paredes de Coura, northern Portugal, 16 August 2022. The festival runs until 20 August. EPA/JOSE COELHOEPA/JOSE COELHO

A promotora recebeu um cheque de 40 mil euros do Fundo Ambiental, em 2023, que lhes permitiu implementar “19 medidas de sustentabilidade”, entre elas ecopontos de reciclagem, venda de copos reutilizáveis, e outras “medidas inovadoras” como um minimercado sem plástico ou um tapete de separação de resíduos. Ademais, criaram um manual de boas práticas, e doravante terão uma equipa no terreno de sensibilização ambiental e outra de apoio ao campista.

Já o Rock in Rio Lisboa, que este ano assinala a 20ª edição, pretendia voltar a recorrer do apoio este ano dado que a última vez que foi possível fazê-lo foi em 2018. Ora, este festival, que acontece a cada dois anos em Lisboa, não pode usufruir do Sê-lo Verde, em 2020, uma vez que pandemia obrigou a que a iniciativa do Fundo Ambiental e o próprio festival fossem adiados.

“Estamos a aguardar a publicação da portaria que regula o programa, e assim que seja lançado iremos sim candidatar-nos”, indicam ao Capital Verde. Tal não deverá acontecer este ano, mas mesmo sem o recurso ao apoio do Fundo Ambiental, a promotora do Rock in Rio Lisboa diz manter-se fiel ao seu compromisso com a sustentabilidade desde a sua primeira edição.

Rock In RioWikimedia Commons

“Desde então temos evoluído e assumimos vários compromissos”, refere ao ECO/Capital Verde Dora Palma, head de sustentabilidade do Rock in Rio. Desde logo, na promoção da mobilidade sustentável, cálculo e compensação da pegada carbónica (todas os concertos são compensadas e os artistas recebem um certificado com essa garantia) e uma gestão de resíduos que os permite ser um “evento zero resíduos em aterro”. Mas não só.

Em parceria com a Refood, o festival de música com origem no Rio de Janeiro também promove a doação de sobras alimentares. Tudo isto, permitiu que o Rock in Rio Lisboa ganhasse a certificação ISO 2012.

Por seu turno, o Meo Kalorama revela que, através do apoio de 40 mil euros que recebeu em 2023, conseguiu desmaterializar parte da comunicação, substituindo os suportes físicos por digitais, como mupis digitais, e promover “boas práticas”, como o cálculo da pegada carbónica do festival que “subsequentemente” é compensada. Mas não se ficou por aqui. Desde a primeira edição que a promotora se comprometeu em atingir uma taxa de reciclagem acima de 60% e garantir que 70% da energia fosse fornecida pela rede, “o que reduziu em muito a utilização de gasóleo”.

Mas reconhecendo que ainda “há espaço para melhorar”, o Meo Kalorama recorreu do Sê-lo Verde para reduzir “ainda mais” a pegada carbónica do evento.

Visita ao recinto da 2.ª edição do MEO Kalorama, que decorre de 31 de agosto a 02 de setembro no Parque da Bela Vista em Lisboa. 30 de agosto de 2023. MIGUEL A. LOPES/LUSAMIGUEL A. LOPES/LUSA

“Existe um impacto que precisa de ser medido e compensado, e este financiamento permite aos promotores de eventos trabalharem mais as suas iniciativas ambientais, poluir menos e compensar o inevitável. Sendo o MEO Kalorama um evento da Last Tour, encaramos como muito positivo que os governos se disponibilizem a impulsionar as boas práticas, através de ferramentas como o Sê-Lo Verde”, diz Dora Palma, diretora de sustentabilidade do MEO Kalorama. “Sempre que existirem iniciativas como o Sê-Lo Verde iremos candidatar-nos”, garante.

Já a Everything is New, promotora do festival Nos Alive, embora nunca tivesse recorrido deste apoio, admite ter intenções de o fazer no futuro caso for renovado, “preferencialmente com tempo para desenvolvimento de novas medidas que possamos aplicar no festival”.

A promotora explica ao ECO que nas edições passadas, aquele que é considerado o maior festival de verão em Portugal, não teve oportunidade de se candidatar a este programa devido aos prazos e aos critérios definidos.

O aviso do programa foi lançado com o prazo de apenas um mês para desenvolvimento e apresentação da candidatura”, revela a Everything is New, admitindo ter tido “dificuldade em identificar medidas inovadoras”, para além das que já estavam a ser praticadas, “que fossem de relevo e de acordo com os requisitos do programa”.

Nos últimos 16 anos, o Nos Alive tem procurado adotar as melhores práticas, desde a gestão de resíduos, promovendo a reciclagem e a recolha de biorresíduos para a compostagem, reutilização de materiais e equipamentos e promovendo, também, a mobilidade sustentável através de parcerias com redes de transportes públicos, serviços de mobilidade suave e postos de carregadores.

Ademais, procurou-se reduzir o consumo de energia fóssil através da instalação de 5 postos de transformação fixos para aumento da utilização da energia elétrica da rede, sendo que, da energia consumida no festival, 90% já é rede pública.

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Corte das taxas de juro do BCE abre caminho para novas subidas na bolsa

O BCE deverá cortar as taxas de juro pela primeira vez mais de 4 anos. Apesar dos investidores estarem a antecipar a decisão, é expectável que os principais índices acionistas reajam positivamente.

A reunião do Conselho do Banco Central Europeu (BCE) desta quinta-feira está prestes a marcar uma viragem histórica na política monetária da Zona Euro dos últimos anos. Se as expectativas da grande maioria dos investidores e analistas confirmarem-se, o BCE deverá realizar o primeiro corte das taxas diretoras em quase cinco anos, após um ciclo de 10 subidas consecutivas do preço do euro em 450 pontos base, entre julho de 2022 e setembro de 2023.

A probabilidade implícita ao primeiro corte de juros pelo BCE já está cristalizada nas avaliações com que negoceiam os ativos europeus, com o mercado a atribuir 99% para um corte de 25 pontos base na sessão de 6 de junho próximo”, refere João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa, sublinhando que o “o tema agora é o discurso sobre os próximos movimentos em baixa e o programa de vendas de ativos porque tendem a afetar a oferta monetária na Zona Euro.”

Apesar disso, João Queiroz vaticina que os índices acionistas possam reagir positivamente ao corte das taxas de juro do BCE, “com mais um aumento das cotações das ações, atendendo que o mais baixo preço do dinheiro torna as ações mais atrativas relativamente a outros investimentos, como obrigações.”

Desde o início do ano, as 50 maiores empresas da Zona Euro presentes no índice Eurostoxx50 acumulam uma valorização de 14,3% e o Stoxx600 (que agrega 600 empresas de 17 países europeus) regista uma valorização de 11,4%.

Essa é também a visão dos analistas do Goldman Sachs, utilizando como proxy o mercado norte-americano após um corte de taxas da Fed e outras variáveis, dado o limitado histórico da política monetária do BCE (25 anos). “A reação imediata após um corte de taxas tende a ser positiva”, destacam os analistas do banco de investimento norte-americano numa nota enviada aos seus clientes a 31 de maio, sublinhando ainda que, “à medida que a situação financeira se atenua, os investidores tornam-se normalmente mais otimistas quanto ao crescimento” das empresas.

De acordo com cálculos de Guillaume Jaisson e de mais quatro analistas do Goldman Sachs com base em dados recolhidos desde a década de 1980, as ações europeias subiram, em média, 2% no mês seguinte a um corte da Fed, cerca do dobro do desempenho das ações num determinado mês.

Além disso, os analistas do banco de investimento destacam que as ações cíclicas têm, em média, um desempenho de 1% acima das ações defensivas, enquanto as ações dos bancos mantêm-se estáveis e os títulos das empresas de consumo registam uma correção na ordem de 1% após um corte das taxas de juro.

Efeito a política monetária no longo prazo

Alongando o horizonte, os cortes das taxas de juro têm um impacto ainda maior sobre a cotação das ações. Segundo cálculos de Christian Gattiker e de mais três analistas do Julius Baer, com base no comportamento dos mercados ao longo dos últimos 40 anos, o desempenho do S&P 500 nos 12 meses seguintes ao primeiro corte da taxa de juro da Fed é, em média, de 14,2%, superando o retorno médio anual do índice. “Isto sugere que, na ausência de uma recessão, os ciclos de corte de taxas tendem a ser acompanhados por fortes retornos em ações”, referem os analistas.

Contudo, cada ciclo é único e o contexto atual não é exceção. “O corte de 25 pontos base nas taxas de juro é mais do que esperado e não deverá ter impacto nos mercados”, vaticina Filipe Garcia, economista e presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros, destacando que “já o discurso de Lagarde acerca do futuro da política monetária poderá ter mais efeitos”.

Porém, Filipe Garcia refere também que não está “à espera de nada de muito diferente do que tem sido dito nas últimas semanas, ou seja, que poderá haver mais cortes ao longo do ano, mas dependentes dos dados económicos a divulgar”, levando o economista a considerar como cenário central a realização de corte de taxas em junho e outro em setembro, “e dúvidas sobre o que acontecerá em dezembro.”

Com implicações imediatas a qualquer movimentação das taxas de juro está o mercado cambial. O iene japonês, por exemplo, enfraqueceu com a recente mudança política do banco central, mas é expectável um fortalecimento da moeda nipónica, quando os bancos centrais ocidentais cortarem as suas taxas.

Enquanto a expectativa geral aponta para uma reação positiva nos mercados acionistas à decisão do BCE em cortar as taxas diretoras, especialmente para ações cíclicas, as nuances do contexto económico atual podem trazer surpresas.

Também o franco suíço enfraqueceu após o Banco Central da Suíça ter surpreendido os mercados com um corte das taxas, “mas acreditamos que o enfraquecimento adicional do franco a partir daqui é limitado”, consideram os analistas do Julius Baer, revelando ainda que “o lado positivo também é limitado, uma vez que a desvantagem da taxa de juros do franco deve permanecer praticamente inalterada este ano, com o Banco Central da Suíça e o BCE cortando as taxas mais ou menos em conjunto.”

A reunião do Conselho BCE desta quinta-feira promete ser um marco na política monetária da Zona Euro, potencialmente encerrando um ciclo de aumentos nas taxas de juro e iniciando uma nova fase de cortes. Com o mercado já a prever um corte de 25 pontos base, a atenção volta-se agora para os próximos passos da política monetária e para o discurso da presidente Christine Lagarde.

Enquanto a expectativa geral aponta para uma reação positiva nos mercados acionistas à decisão do BCE em cortar as taxas diretoras, especialmente para ações cíclicas, as nuances do contexto económico atual podem trazer surpresas.

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IEFP dá “luz verde” a 1.417 candidaturas ao cheque de formação digital

IEFP adianta ao ECO que foram aprovadas, até ao momento, 1.417 candidaturas ao cheque de formação digital. É o equivalente a 917 mil euros. Objetivo é atingir 25 mil trabalhadores, até 2025.

A meta era ter aprovadas duas mil candidaturas ao cheque de formação digital até ao fim de 2023, mas não foi cumprida e continua mesmo por concretizar, ainda que 2024 já leve cinco meses completos. De acordo com os dados disponibilizados ao ECO pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), até ao momento receberam “luz verde” 1.417 candidaturas, que correspondem a 917 mil euros de apoio.

O cheque de formação digital foi anunciado no verão do ano passado como uma medida para apoiar o “desenvolvimento de competências e qualificações no domínio digital dos trabalhadores“. Em causa está um apoio até 750 euros para os trabalhadores (independentemente do seu vínculo) que façam formação em áreas como a cibersegurança e o marketing digital.

As candidaturas arrancaram a 8 de setembro, e, segundo indicou o chefe da equipa de transição digital do IEFP, Luís Manuel Ribeiro, o objetivo era ter duas mil candidaturas aprovadas até ao final de dezembro, correspondentes a milhão e meio de euros.

Essa meta não chegou, contudo, a ser atingida. E continua mesmo por cumprir: o IEFP recebeu até 3 de junho 3.395 candidaturas, sendo que, destas, estão aprovadas 1.417, o correspondente a um valor de 917.385 euros, segundo foi adiantado ao ECO.

Esta medida está disponível até 30 de setembro de 2025 (data máxima para a conclusão da formação de acordo com o acordado com Bruxelas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência que financia a medida) e, nesse prazo, o objetivo é apoiar 25 mil portugueses. Ou seja, para cumprir essa meta, terão, então, de ser aprovadas mais de 23 mil candidaturas nos próximos 15 meses, o que implicaria uma aceleração significativa.

400 candidatos já receberam cheque

No balanço enviado ao ECO, fonte oficial do Instituto do Emprego e Formação Profissional acrescentou também que, das candidaturas aprovadas, 408 já foram concluídas e pagas aos candidatos, num valor de 253 mil euros.

Ainda que o candidato possa esperar pelo “sim” à sua candidatura para avançar efetivamente com a formação, o tal cheque até 750 euros só chega às suas mãos após a conclusão da ação. Tal como escreveu o ECO, esse modelo tem afastado alguns candidatos, isto é, demonstram interesse em fazer formação e contar com o apoio, mas quando percebem que têm de adiantar o investimento dão um passo atrás.

Tem havido procura, mas não se concretiza em cursos, porque é uma medida que tem algumas limitações, nomeadamente o participante ter de pagar antes a formação e só depois ser ressarcido. Isto afasta formandos”, chegou a explicar a presidente da direção da Associação Portuguesa de Entidades Formadoras, em conversa ao ECO.

Do lado do IEFP, numa conferência no final de outubro, Luís Manuel Ribeiro avisou os candidatos não precisam de correr qualquer risco, uma vez que podem apresentar uma candidatura para uma ação de formação ainda por iniciar e só avançar com ela quando tiverem o “sim”, que tem de ser dado até 30 dias após a apresentação da candidatura.

Também o então secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, realçou os riscos diminutos deste modelo e explicou que o Governo de António Costa escolheu não avançar com o pagamento prévio das ações uma vez que tal exigiria uma estrutura burocrática bem mais robusta.

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