Contrapartida chinesa é baixa? Analistas dizem que EDP vale ainda menos

A média dos preços-alvo atribuídos pelos analistas à EDP é de 2,97 euros por ação. O preço oferecido pela China Three Gorges é quase 10% mais elevado.

A China Three Gorges lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP. O grupo chinês oferece 3,26 euros por ação da elétrica portuguesa, um preço que os pequenos investidores já consideraram ser baixo e que até fica aquém do que os chineses pagaram aquando da privatização da EDP. Mas os analistas entendem que a empresa vale ainda menos.

O valor que a China Three Gorges oferece pela EDP fica acima quer da cotação atual, quer da cotação média dos últimos seis meses. O preço oferecido representa um prémio de 4,8% relativamente à cotação da EDP na sexta-feira, de 3,11 euros por ação, antes de ter sido lançada a OPA. E representa um prémio mais elevado, de 10,8%, face ao preço médio ponderado nos últimos seis meses, de 2,94 euros por ação. Pode ainda considerar-se que o prémio é de 17,9%, se se levar em conta o preço médio ponderado ajustado (isto é, descontando a remuneração acionista) das ações nos últimos seis meses, de 2,77 euros.

Preço da OPA dá prémio de 5% face à última cotação

Mesmo assim, os pequenos investidores consideram que “o preço não reflete as expectativas do que entendiam ser o justo valor para sair” da empresa. E esperam, por isso, que seja lançada uma oferta concorrente, para que os valores oferecidos possam ser revistos em alta.

Por outro lado, os 3,26 euros por ação que estão a ser oferecidos ficam aquém do que a China Three Gorges pagou em 2011, aquando da reprivatização da EDP. Na altura, o grupo chinês comprou 21,35% da empresa por 3,45 euros por ação.

Certo é que os analistas veem hoje uma empresa menos valiosa e apontam para um preço ainda mais baixo do que aquele que é oferecido pelos chineses. Olhando para as avaliações feitas nos últimos 12 meses por 19 analistas que acompanham a EDP, a média dos preços-alvo atribuídos para os 12 meses seguintes é de 2,97 euros por ação. O preço oferecido pela China Three Gorges é 9,82% mais elevado do que este.

Entre os 19 analistas que acompanham a EDP, há apenas três que têm preços-alvo acima da contrapartida apresentada pela China Three Gorges: JB Capital, Natixis e Kepler Cheuvreux são os bancos de investimento mais otimistas. A grande maioria, contudo, aposta num preço-alvo mais baixo do que aquele é oferecido pelos chineses, com o mais baixo a vir do Citi, de 2,30 euros por ação.

Analistas veem ações da EDP a valer 2,97 euros

No caso da EDP Renováveis, o cenário é outro. Se a operação de compra da EDP for bem-sucedida, o grupo chinês passará a controlar também a EDP Renováveis, ficando obrigado lançar uma OPA sobre a empresa de energias limpas. E, aqui, o preço oferecido fica abaixo quer do valor atual da empresa, quer do preço-alvo definido pelos analistas.

Os 19 analistas que acompanham a empresa liderada por João Manso Neto atribuem-lhe um preço-alvo médio para os próximos 12 meses de 7,75 euros por ação. Na sexta-feira, a EDP Renováveis fechou a negociar nos 7,84 euros por ação. A China Three Gorges está a oferecer 7,33 euros por ação.

Preço oferecido pela EDP Renováveis abaixo do mercado

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OPA tem “ponto forte: o projeto para a EDP”. Preço? “Não há ninguém que aceite”, diz Marques Mendes

A China Three Gorges lançou uma OPA à EDP, uma operação que, diz Marques Mendes, era "inevitável". Defende o projeto para a elétrica nacional, mas não a este preço. E diz que Costa foi "precipitado".

A China Three Gorges, maior acionista da EDP, lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a totalidade do capital da elétrica portuguesa. A OPA era “inevitável”, diz Luís Marques Mendes, salientado que os chineses anteciparam-se a outros interessados com uma proposta que tem como “ponto forte” o projeto apresentado para a elétrica nacional. Mas o preço não convence. Vão “ter de ter um Plano B”, diz.

No habitual espaço de comentário na SIC, Luís Marques Mendes diz que a China Three Gorges fizeram uma “jogada de antecipação”, isto porque “na Europa estão a ocorrer varias operações” de concentração entre grandes grupos energéticos. E é uma “jogada com sentido estratégico. Par os chineses a EDP não é dividendos, é fazer crescer EDP como porta de entrada para a Europa e EUA”, nota.

Esta OPA tem um “ponto muito forte: o projeto que apresentam”, salienta Marques Mendes.Querem que a EDP seja PT, autónoma, com sede e estrutura em Portugal. Querem uma EDP mais forte e competitiva, querem incorporar na EDP outras posições [que têm no setor], e querem EDP cotada em bolsa”. “Tudo isso é bom”, diz.

Os chineses “querem uma EDP unida, não desmantelada”. A “iniciativa é boa”, melhor do que se a EDP fosse comprada por outra empresas concorrente na Europa. “Será melhor para PT controlada pelos chineses que europeia. Corria-se risco de a sede sair e de ser desmantelada”, salienta no comentário semanal na SIC.

Apesar de todos estes pontos positivos, há um “ponto fraco: o preço”, diz Marques Mendes. Na oferta preliminar que deu entrada na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a China Three Gorges definiu uma contrapartida de 3,26 euros. A proposta representa um prémio de 5%, sendo que no caso da EDP Renováveis a contrapartida é inferior à atual cotação de mercado.

“Não há ninguém que aceite”, diz Marques Mendes. A China Three Gorges “comprou mais de 20%, há seis anos, por um valor superior, E agora pelo controlo” apresenta um valor inferior. “Vão ter de ter Plano B” para conseguirem convencer os acionistas a aceitarem a sua proposta. E mesmo que consigam convencer, esta OPA será um “processo longo”. “Pode haver problemas sérios em termos de regulação, nomeadamente nos EUA, com Trump, e na Europa, em termos de concorrência”.

António Costa “não esteve bem”

Assim que foi lançada a OPA por parte da China Three Gorges sobre a EDP, António Costa foi rápido a reagir à oferta. “O Governo não tem nada a opor” relativamente à compra da elétrica nacional pela companhia estatal chinesa, acrescentando que “os investidores chineses têm sido bons investidores em Portugal”.

Marques Mendes critica a atuação do primeiro-ministro. “Não esteve bem. Foi imprudente e precipitado. António Costa veio logo dizer que não problema nenhum”. O Estado não é acionista da EDP, pelo que “Costa não tem de se pronunciar”. É o que ele próprio costuma dizer: “à economia o que é da economia” e à esfera privada o que é privado.

O comentador mostra-se contra a atuação do primeiro-ministro neste processo, salientando, no entanto, que é “claro que os chineses falaram antes com António Costa”, tal como já tinha sido avançado pelo Expresso. Recorde-se que a China Three Gorges põe como uma das condições da oferta a não oposição do Governo à operação.

(Notícia atualizada às 21h39 com mais informação)

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OPA à EDP tem de superar 16 obstáculos para ser um sucesso

A China Three Gorges lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP. O anúncio preliminar está feito, mas ainda falta superar várias barreiras até ser bem-sucedida. Conheça-as.

A OPA já foi anunciada. A China Three Gorges apresentou uma proposta para comprar a totalidade das ações que não detém da EDP, mas garante que basta-lhe ficar com 50% do capital mais uma ação. Até lá, no entanto, há várias barreiras que têm de ser superadas para que a OPA seja, efetivamente, um sucesso.

Para começar, a China Three Gorges ainda só fez o anúncio preliminar da oferta, apresentando aos investidores uma contrapartida de 3,26 euros por cada título que não detém da EDP. Feito este anúncio, a companhia chinesa precisa ainda da “obtenção do registo prévio da Oferta junto da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários”, a CMVM.

Mas não só. A maior acionista da EDP sujeita a oferta à “alteração dos estatutos da EDP, ainda que condicionada ao sucesso da oferta, de forma a remover qualquer limite à contagem de votos emitidos por um só acionista (…) e a isentar a oferente e quaisquer entidades que, direta ou indiretamente, atual ou futuramente, venham a controlar a oferente, ou a ser controladas por esta, de serem consideradas concorrentes” da EDP.

Depois destas duas barreiras vem a verdadeira “prova de fogo”, com a China Three Gorges a sujeitar a operação “ao deferimento de todas as aprovações e autorizações administrativas necessárias de acordo com a lei portuguesa, ou de acordo com quaisquer normas de direito estrangeiro aplicáveis, para a aquisição das ações e, indiretamente, das ações detidas pela EDP e as ações e ativos detidos pelas subsidiárias”.

Estas são as 16 barreiras que terão de ser superadas:

Ok da Concorrência (ou da Comissão Europeia)

A China Three Gorges pretende que sejam deferidas “decisões relativas a procedimentos de controlo de concentrações de empresas aplicáveis, designadamente uma decisão da Autoridade da Concorrência”, ou uma decisão da Comissão Europeia, ou da Autoridade da Concorrência ou da Comissão Europeia declarando a compatibilidade da transação com a Lei da Concorrência ou com o Regulamento das Concentrações Comunitárias, “ou a ausência de uma decisão da Autoridade da Concorrência ou da Comissão Europeia dentro do prazo consagrado pela Lei da Concorrência ou pelo Regulamento das Concentrações Comunitárias para o efeito”.

Aval do Governo à OPA

A companhia chinesa pretende também “a confirmação por parte do Governo de Portugal de que não irá opor-se à oferta tal como delineada no anúncio preliminar (e, por consequência, de que não irá opor-se ao lançamento da potencial oferta pública obrigatória de aquisição sobre as ações representativas do capital social da sociedade espanhola EDP Renováveis), quer através de uma decisão explícita, quer através da ausência de uma
decisão após o termo do prazo aplicável”. António Costa já disse que o Governo não se opõe.

Luz verde do comité de investimentos dos EUA

A empresa chinesa quer também uma “aprovação pela Comissão de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos (Committee on Foreign Investment in the United States) que não seja sujeita a remédios ou condições (mitigation measures), salvo se tais medidas forem aceites pela oferente”.

Regulador da energia dos EUA tem de validar

No anúncio preliminar, a China Three Gorges quer a “emissão de uma ordem final por parte da Comissão Federal Reguladora de Energia dos Estados Unidos da América (Federal Energy Regulatory Commission of the United States of America) autorizando a aquisição, tal como proposta no presente Anúncio Preliminar e sem quaisquer modificações”.

Polónia chamada a autorizar a operação…

A OPA fica também sujeita à autorização por parte do Presidente do Departamento de Regulação Energética da Polónia (Prezes Urzędu Regulacji Energetyki), ou confirmação por parte desse mesmo presidente de que tal autorização não é necessária”.

…França também…

Os chineses pretendem a “emissão de um rescrit (uma decisão escrita), pelo ministro da Economia e das Finanças francês, confirmando que a oferta não está sujeita a aprovação de acordo com os regulamentos de investimento estrangeiro francês e, se estiver sujeita a tais regulamentos, a emissão de uma autorização por parte do ministro da Economia e das Finanças francês para que a oferta possa prosseguir”.

…e até a Roménia

E uma “autorização para o prosseguimento da oferta por parte do Conselho Supremo de Defesa Nacional da Roménia (o CSDNR), ou confirmação do CSDNR de que tal autorização não é necessária”.

Até a Autoridade Portuária de Gijón…

A China Three Gorges pretende a “autorização por parte da Autoridade Portuária de Gijón para a Oferta vis-à-vis a alteração indireta da estrutura de controlo da Hidroeléctrica del Cantábrico em ligação com as concessões de domínio público aprovadas por essa autoridade, ou confirmação da Autoridade Portuária de que tal autorização não é necessária”.

…e ainda de Avilés

A empresa procura igualmente a “autorização por parte da Autoridade Portuária de Avilés para a Oferta vis-à-vis a alteração indireta da estrutura de controlo da Hidroeléctrica del Cantábrico em ligação com as concessões de domínio público aprovadas por essa autoridade, ou confirmação da Autoridade Portuária de que tal autorização não é necessária”.

CADE não se pode opor no Brasil…

A China Three Gorges pretende a “não oposição à oferta por parte do Conselho Administrativo da Defesa Econômica do Brasil (o CADE), ou confirmação do CADE de que tal decisão não é necessária”.

…nem o regulador da energia brasileiro

E quer garantir a “não oposição à oferta por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica Brasileira (a ANEEL), ou confirmação da ANEEL de que tal decisão não é necessária”.

Canadá também tem uma palavra a dizer…

A OPA fica sujeita à “não rejeição, explícita ou tácita (tanto quanto permitida pela lei do Canadá), da oferta após realização da análise relevante pela Divisão de Análise de Investimentos do Canadá (Investment Review Division (Investment Canada)) sob a direção do Ministro da Inovação, da Ciência e do Desenvolvimento Económico do Canadá”.

…ou melhor, duas palavras

Não pode haver “oposição à oferta por parte do Departamento de Concorrência Federal do Canadá (Canadian Federal Competition Bureau) ou confirmação do FCB de que essa decisão não é necessária ou, em alternativa, a obtenção de um certificado de decisão antecipada do FCB declarando que não é necessária nenhuma submissão junto do FCB em relação à oferta”.

Na realidade, são três autorizações canadianas

Pretende a “não oposição à oferta por parte do Operador do Sistema Elétrico Independente Canadiano (Canadian Independent System Electricity Operator) ou confirmação do IESO de que tal decisão não é necessária”.

Garantia na transmissão das ações

A empresa pretende ainda garantir que obtém “quaisquer outras autorizações ou consentimentos necessários para assegurar a validade e a exequibilidade da transmissão das ações”.

CMVM não pode obrigar a OPA subsequente

Finalmente, a China Three Gorges pretende uma declaração da CMVM confirmando que a oferente e quaisquer entidades relacionadas com a oferente (…) estão isentas do dever de lançar uma oferta pública de aquisição subsequente obrigatória, em resultado da aquisição das ações no âmbito da oferta”.

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OPA à EDP era “esperada”. “Era ótimo uma oferta concorrente”, dizem os pequenos investidores

  • Lusa
  • 12 Maio 2018

A ATM, que representa os pequenos investidores, diz que a OPA já era esperada, mas o preço falha as expectativas. Daí que diga que era bom surgir uma oferta concorrente pela EDP.

O presidente da associação de pequenos investidores ATM considera que a OPA da China Three Gorges à EDP “é natural”, mas falta informação sobre as contrapartidas oferecidas, nomeadamente o que acontecerá aos acionistas que decidirem continuar na elétrica.

“Achamos que a oferta pública de aquisição (OPA) era natural. Acaba por ir de encontro do que reclamamos [em 2012] e mostra que muitas vezes as próprias sociedades são mais rápidas do que a justiça”, disse à Lusa Octávio Viana, presidente da Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM).

Segundo o responsável, aquando da reprivatização, há seis anos, a ATM defendeu que a China Three Gorges devia lançar uma OPA sobre a EDP, porque embora não tivesse os 33% que fazia presumir controlo sobre a sociedade, a forma como se comportava em assembleias-gerais e as decisões tomadas implicava um controlo efetivo da empresa, pelo que puseram uma ação no Tribunal de Comércio nesse sentido.

Contudo, acrescentou, acabaram por desistir da ação porque só a notificar a justiça demorou dois anos.

"Achamos que a oferta pública de aquisição (OPA) era natural. Acaba por ir de encontro do que reclamamos [em 2012] e mostra que muitas vezes as próprias sociedades são mais rápidas do que a justiça.”

Octávio Viana

Presidente da ATM

Na sexta-feira à noite a China Three Gorges (que já é o maior acionista da EDP, com 23,27% do capital social) lançou uma Oferta Pública de Aquisição voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada ação, mais 4,82% face ao fecho do mercado na sexta-feira, de 3,11 euros.

Questionado sobre o preço oferecido para os restantes acionistas da EDP aceitarem vender as suas ações da EDP, Octávio Viana disse que a ATM não tem uma posição formal, mas que “o feedback que tem tido de investidores, mesmo de institucionais, é de que o preço não reflete as expectativas do que entendiam ser o justo-valor para sair” da empresa.

Ainda assim, afirmou, o preço não é a única contrapartida a considerar e há “outras variáveis” importantes a saber nesta OPA, nomeadamente “saber o plano” da CTG para a EDP, de como “a empresa dominante pretende criar valor para os acionistas numa perspetiva futura”.

“Sabemos o preço para quem quer sair. E para quem quer ficar, é preciso ver o valor. Se eu não entregar hoje as ações que valor a empresa vai criar para mim?”, questionou, reforçando que também isso é necessário acontecer caso a CTG fique com capital bem superior a 50%, o objetivo mínimo definido.

"Era ótimo que houvesse uma OPA concorrente e na nossa perspetiva existem outras sociedades para quem faz sentido.”

Octávio Viana

Presidente da ATM

Sobre a possibilidade de outras empresas contra-atacarem esta operação, fazendo contra-OPA, Octávio Viana disse que a Associação de Pequenos Investidores considera que “existem outros players no setor” que podem estar interessados, considerando que alguns até conseguiriam mais sinergias, tendo o controlo da EDP, do que o grupo chinês.

“Era ótimo que houvesse uma OPA concorrente e na nossa perspetiva existem outras sociedades para quem faz sentido”, afirmou, considerando que o mercado das elétricas é muito interessante para as empresas.

O representante desta associação de pequenos investidores recordou o que se passa no Brasil, onde duas grandes energéticas europeias, a italiana Enel e a espanhola Iberdrola, disputam o controlo da Eletropaulo.

Quanto a possíveis entraves ao negócio por a EDP (empresa de distribuição de energia) poder vir a ser controlada pelo Estado chinês, uma vez que a China Three Gorges é pública, quando este já tem o controlo da REN (redes nacionais de transporte de energia), através da empresa pública State Grid, Octávio Viana afirmou que essa é uma questão importante e que o prospeto da OPA tem de referir “os riscos e alterações, nomeadamente de o último beneficiário ser o Estado chinês”.

“É importante quando os acionistas tomam as decisões saberem os riscos e como vão ser acautelados”, vincou.

Por fim, o presidente da ATM considerou que, em recentes processos de OPA, os pequenos acionistas não têm sido bem tratados, recordando o caso do BPI e da Brisa, temendo que o mesmo se passe na EDP.

“Os acionistas minoritários nas OPA não têm sido respeitados e os tribunais não estão preparados, demoram muito tempo”, queixou-se.

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Cortar dividendos da EDP? China Three Gorges quer, no mínimo, 19 cêntimos por ação

A China Three Gorges é a principal beneficiária da política de remuneração acionista da EDP. Fica com a maior fatia dos lucros distribuídos e, por isso, quer, no mínimo, manter os dividendos.

A EDP é generosa com os seus acionistas. Anualmente, tem entregue mais de 600 milhões de euros em dividendos, sendo que grande parte deste “bolo” tem viajado para a China. Agora, com a OPA da China Three Gorges, o que irá acontecer à política de remuneração da empresa liderada por António Mexia? No mínimo, os chineses querem os 19 cêntimos por ação.

No anúncio preliminar da oferta pública de aquisição (OPA) apresentada pela China Three Gorges, a empresa não deixa margem para especulações em torno dos dividendos da EDP. A “oferente procurará manter uma política de dividendos estável, não abaixo do que foi divulgado no último plano de negócios da sociedade visada“, diz.

Evolução dos dividendos da EDP

A elétrica portuguesa pagou, este ano, um dividendo de 19 cêntimos por ação, valor idêntico ao que já tinha pago no ano passado com base nas contas de 2016. Nessa altura, a remuneração tinha subida face aos 18,5 cêntimos que a empresa pagou desde 2011, ano em que a China Three Gorges entrou no capital da EDP.

Na última fase da privatização, a empresa estatal chinesa comprou mais de 20% do capital da EDP, percentagem pela qual pagou pouco mais de dois mil milhões de euros. Desde então, com os dividendos pagos pela EDP, já recuperou cerca de metade desse montante, garantido com a OPA que a elétrica nacional continuará a ser generosa com os investidores. Os 19 cêntimos serão o mínimo a pagar anualmente.

António Mexia, presidente executivo da EDP, também já tinha afirmado, após as contas de 2017, que não tinha qualquer intenção em cortar os dividendos.Estamos muito confiantes de que no futuro vamos manter a política de dividendos com uma base de 19 cêntimos, isto não é para ser questionado”, disse, admitindo mesmo subir esse valor. “Vamos aumentá-lo assim que tal fizer sentido”, acrescentou António Mexia.

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Chineses têm até ao final de maio para registar OPA à EDP

  • Lusa
  • 12 Maio 2018

O grupo chinês tem agora 20 dias para fazer a entrega do prospeto da OPA no regulador dos mercados financeiros, com o pedido de registo da operação.

A China Three Gorges (CTG) tem até final de maio para fazer o pedido de registo da Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a EDP junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), segundo a lei.

A China Three Gorges (que já é o maior acionista da EDP com 23% do capital) anunciou hoje o lançamento de uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada ação.

Segundo o código de valores mobiliários, o grupo tem agora 20 dias para fazer a entrega do prospeto da OPA no regulador dos mercados financeiros, com o pedido de registo da operação.

A CMVM tem, então, oito dias (seguidos) para o conceder ou recusar, podendo o prazo ser prorrogado caso haja pedidos de informação complementares, o que muitas vezes acontece.

Quanto à empresa que é alvo da OPA, a EDP, a sua administração tem de, no prazo de oito dias após receber o projeto de prospeto, de divulgar um documento sobre “a oportunidade e as condições da oferta”.

A administração liderada por António Mexia poderá vir a considerar esta uma OPA hostil.

Quanto ao prospeto da oferta, esse só pode ser divulgado após aprovação pela CMVM.

A oferta tem, pela lei, um prazo que pode variar entre duas e 10 semanas.

A OPA pode ainda vir a ser revista nos seus termos, desde logo a contrapartida oferecida, antes do fim do prazo da oferta.

O grupo chinês CTG anunciou hoje também uma OPA sobre o capital da EDP Renováveis, oferecendo uma contrapartida de 7,33 euros por cada ação, mas fez essa operação depender do sucesso da OPA sobre a EDP.

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“Temos o mesmo objetivo: liderar nas renováveis”. China Three Gorges explica em vídeo a oferta à EDP

A CTG lançou uma OPA à EDP. Em vídeo, o CFO do grupo chinês explica os motivos da operação, garantindo que o objetivo é manter a sede da energética em Lisboa. E as ações no PSI-20.

A China Three Gorges lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a totalidade do capital da energética portuguesa. Numa mensagem em vídeo, o CFO do grupo chinês explica a operação, garantindo que a CTG e a EDP caminham na mesma direção. Salienta o facto de ambas as empresas quererem ser líderes nas energias renováveis.

“A CTG e a EDP têm a mesma visão e estratégia: serem líderes globais nas energias renováveis”, afirma Yang Ya, administrador financeiro do grupo, procurando explicar a lógica por detrás da OPA em que oferece 3,26 euros por cada ação da elétrica nacional. Ao mesmo tempo, a China Three Gorges apresentou também uma oferta sobre a EDP Renováveis, propondo pagar 7,33 euros por cada título.

“A CTG é um parceiro de longo prazo da EDP”, nota Yang Ya, explicando que esta “oferta é, por isso, um passo natural depois de seis anos de parceria bem-sucedida”, refere. Foi em 2011 que a CTG entrou no capital da EDP, numa operação que tinha como objetivo servir de porta de entrada para o grupo na Europa.

"A oferta [sobre a EDP] é um passo natural depois de seis anos de parceria bem-sucedida.”

Yang Ya

CFO da China Three Gorges

Com esta OPA sobre 100% do capital, mas que será um sucesso com apenas 50% mais uma ação, a CTG diz que pretende “ajudar a EDP a crescer rapidamente e a reforçar a sua posição no mercado nacional”, mas também nos restantes países de língua portuguesa.

E o CFO garante que mesmo passando a controlar a empresa liderada por António Mexia, a EDP manterá a sua autonomia. A sede ficará em Lisboa, e as ações irão continuar “cotadas na bolsa de Lisboa”.

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4,8%, 10,8% ou 17,9%. Afinal, qual é o prémio na OPA à EDP?

A China Three Gorges, que pagou 3,45 euros por cada ação em 2011, apresenta agora uma contrapartida de 3,26 euros. É um prémio pequeno ou grande? Depende,

A China Three Gorges avançou com uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP, bem como sobre a EDP Renováveis. Se no caso da empresa liderada por Manso Neto apresenta um valor aquém daquele a que as ações estão a negociar em bolsa, na EDP há um prémio para quem aceitar a proposta. Pequeno ou grande? Depende da perspetiva.

A contrapartida oferecida é de 3,26 euros por ação, deduzido de qualquer montante (ilíquido) que venha a ser atribuído a cada ação, seja a título de dividendos, de adiantamento sobre lucros de exercício ou de distribuição de reservas, fazendo-se tal dedução a partir do momento em que o direito ao montante em questão tenha sido destacado das ações e se esse momento ocorrer antes da liquidação financeira da oferta”, refere a empresa chinesa.

Ações da EDP estão a cotar nos 3,11 euros

Este valor, apresentado no anúncio preliminar de OPA enviado à CMVM, está acima daquela que era a cotação na sessão anterior ao lançamento desta proposta. A EDP fechou a sessão de sexta-feira, 11 de maio, a cotar nos 3,11 euros, pelo que os 3,26 euros representam um prémio de 4,8% para os acionistas que aceitarem vender os seus títulos. A oferta é sobre todo o capital, mas o sucesso da operação garante-se com 50% mais uma ação.

"A contrapartida oferecida é de 3,26 euros por ação, deduzido de qualquer montante (ilíquido) que venha a ser atribuído a cada ação, seja a título de dividendos, de adiantamento sobre lucros de exercício ou de distribuição de reservas.”

China Three Gorges

A China Three Gorges sublinha que a “contrapartida oferecida cumpre os critérios” previstos no Código de Valores Mobiliários, e defende o valor que apresenta pelos títulos com outros prémios mais elevados do que aquele que resulta da comparação com a cotação atual em bolsa. Apresenta mais dois prémios, um de 10,8% e outro de 17,9%.

A empresa nota, no anúncio preliminar de OPA, que a sua contrapartida de 3,26 euros apresenta “um prémio de cerca de 10,8% em relação ao preço médio ponderado das ações no mercado regulamentado Euronext Lisbon nos seis meses anteriores à presente data, o qual é de cerca de 2,94 euros por ação”.

O prémio é ainda maior, de 17,9%, “em relação ao preço médio ponderado ajustado das ações no mercado regulamentado Euronext Lisbon nos seis meses anteriores à presente data”, diz a China Three Gorges. Ou seja, considerando o valor das ações da elétrica descontando a remuneração acionista, “o qual é de cerca de 2,77 euros por ação”, remata a empresa.

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Depois da OPA, CMVM levanta suspensão da EDP e EDPR

A CMVM suspendeu a negociação da EDP e da EDP Renováveis à espera de informação relevante. Lançada a OPA, acabou a suspensão. As ações voltam a negociar no arranque da semana.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) travou a negociação das ações, mas rapidamente levantou a suspensão. Lançada a OPA da China Three Gorges sobre a EDP e a EDP Renováveis, o regulador do mercado de capitais português anunciou que a suspensão terminou, permitindo a transação dos títulos logo no arranque da semana.

A CMVM “deliberou o levantamento da suspensão da negociação das ações EDP e EDP Renováveis, na sequência da divulgação do anúncio preliminar de lançamento de oferta pública de aquisição de ações da EDP e da EDP Renováveis”, revela o regulador através de uma nota publicada esta sexta-feira.

Assim que o Expresso avançou que estava a ser preparada a OPA, a CMVM suspendeu a negociação. A suspensão já não afetou a normal negociação em bolsa nesta última sessão da semana, mas poderia travar as transações na próxima semana caso até lá não houvesse qualquer comunicação ao mercado.

Esse facto relevante foi publicado no site da CMVM. A China Three Gorges apresentou uma OPA sobre a EDP a um valor de 3,26 euros por ação, sendo que ao mesmo tempo apresentou uma proposta de compra sobre as ações da EDP Renováveis a 7,33 euros.

Se no caso da EDP houve um prémio de 5% face aos 3,11 euros a que as ações encerraram a sessão, o que deixa antever uma reação positiva das ações no arranque da semana, no caso da EDP Renováveis a OPA é feita a um preço abaixo do mercado. Os títulos estão a valer 7,845 euros em bolsa, podendo reagir em queda.

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Chineses lançam OPA à EDP. Dão 3,26 euros por ação

A China Three Gorges lançou uma OPA sobre a EDP, oferendo 3,26 euros pelas ações. Os chineses também avançam com uma oferta sobre a EDP Renováveis, propondo-se a pagar 7,33 euros por ação.

A China Three Gorges, maior acionista da EDP, lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a totalidade do capital da elétrica portuguesa. O prospeto preliminar já deu entrada na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), tendo sido definida uma contrapartida de 3,26 euros. A proposta representa um prémio de 5%, sendo que no caso da EDP Renováveis a contrapartida é inferior à atual cotação de mercado.

A contrapartida oferecida é de 3,26 euros por ação, deduzido de qualquer montante (ilíquido) que venha a ser atribuído a cada ação, seja a título de dividendos, de adiantamento sobre lucros de exercício ou de distribuição de reservas, fazendo-se tal dedução a partir do momento em que o direito ao montante em questão tenha sido destacado das Ações e se esse momento ocorrer antes da liquidação financeira da oferta”, diz a empresa em comunicado enviado à CMVM.

Os chineses dizem que a contrapartida representa “um prémio de cerca de 10,8% em relação ao preço médio ponderado das ações […] nos seis meses anteriores à presente data, o qual é de cerca de 2,94 euros por ação”. Ações da EDP terminaram a última sessão antes do anúncio da oferta a ganhar 0,75% para os 3,11 euros, pelo que face a esta cotação o prémio é de apenas 5%.

A oferta é sobre a totalidade do capital, mas a empresa coloca como condição de sucesso da oferta a compra de 50% do capital da maior elétrica nacional, mais uma ação. E é perante a perspetiva de que passe a controlar a EDP que apresentou também uma OPA sobre a EDP Renováveis. Mas se a primeira é voluntária, a apresentada à empresa liderada por Manso Neto já é obrigatória. É que se for bem-sucedida com a EDP, passa a ter mais de um terço do capital da EDP Renováveis — já que a EDP tem 82,6% do capital da empresa de energias verdes.

"A contrapartida representa um prémio de cerca de 10,8% em relação ao preço médio ponderado das ações […] nos seis meses anteriores à presente data, o qual é de cerca de 2,94 euros por ação.”

China Three Gorges

Enquanto no caso da EDP, numa OPA voluntária, a China Three Gorges apresenta um prémio para tentar atrair os investidores, no caso da EDP Renováveis, sendo obrigatória, a proposta acabou por ser feita a um valor inferior ao do mercado.A contrapartida oferecida é de 7,33 euros por ação, deduzido de qualquer montante (ilíquido) que venha a ser atribuído a cada ação, seja a título de dividendos”, nota. As ações da EDP Renováveis encerraram a última sessão a valer 7,845 euros.

OPA quer fazer crescer EDP, manter estratégia da EDP Renováveis

Para justificar a oferta, a China Three Gorges diz que “é intenção da oferente continuar a contribuir para o desenvolvimento sustentável de longo prazo e para o crescimento da EDP, tal como tem vindo a fazer desde o seu investimento inicial em 2012”, na altura da privatização. E quer fazer da elétrica numa empresa ainda maior.

“A oferente pretende que a EDP venha a liderar as operações e a expansão do Grupo China Three Gorges Corporation na Europa, nas Américas e nos países lusófonos“, refere a empresa no anúncio preliminar de OPA. Se no caso da EDP há o objetivo de utilizá-la como veículo para a expansão do grupo chinês, no caso da EDP Renováveis a China Three Gorges garante que não irá fazer alterações à estratégia,

“É intenção da oferente manter a atividade da sociedade visada [a EDP Renováveis] e das suas subsidiárias. A aferente pretende manter o caráter autónomo da sociedade visada, bem como a sua orientação estratégica em relação ao negócio que desenvolve. Não são esperadas quaisquer alterações substanciais relativamente ao negócio e às atividades da sociedade visada“, refere a empresa.

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OPA chinesa à EDP. “Governo não tem nada a opor”, diz António Costa

O Governo não se opõe a uma OPA dos chineses à EDP. Foi o primeiro-ministro, António Costa, que o afirmou à Reuters perante a iminente oferta sobre a elétrica portuguesa.

A EDP vai ser alvo de uma oferta pública de aquisição (OPA) por parte de um consórcio chinês do qual faz parte o seu maior acionista, a China Three Gorges. O Governo “não tem nada a opor”, diz António Costa, à Reuters. Remete a aceitação ou não da proposta para os acionistas da empresa liderada por António Mexia. Diz mesmo que os chineses “têm sido bons investidores em Portugal”.

O Estado chinês, através da China Three Gorges e da CNIC, já controla mais de 28% do capital da empresa portuguesa. Agora, vai avançar, num consórcio, com uma oferta pela totalidade do capital da EDP, sendo que o sucesso da oferta deverá ser alcançado caso consiga fechar o processo com 50% do capital.

“O Governo não tem nada a opor” neste negócio, diz o primeiro-ministro português, em declarações citadas pela agência noticiosa norte-americana. O Expresso, que avançou a informação, já afirmava que o Executivo não se iria opor a esta movimentação que pode deixar a elétrica portuguesa nas mãos do Estado chinês.

“Os investidores chineses têm sido bons investidores em Portugal”, diz. Para António Costa, esta é uma questão que é da responsabilidade dos acionistas da elétrica. “O que é importante é o que é que querem fazer com a empresa. Qual o futuro que vêm para a empresa”, diz o líder do Executivo, em declarações transmitidas pelas televisões.

Atrás dos chineses, a segunda maior acionista da empresa é um grupo chamado Capital Group Companies, que controla pelo menos 12% da energética portuguesa (considerando apenas as posições comunicadas à CMVM, isto é, as que são superiores a 2%).

 

A terceira maior acionista da EDP é a Oppidum Capital. Detém mais de 263 milhões de ações, comandando 7,19% dos direitos de voto da empresa portuguesa, imputáveis ao empresário Fernando Masaveu Herrero, um dos homens mais ricos de Espanha. A BlackRock vem logo a seguir, com 5% do capital.

O Governo de Abu Dhabi, através da empresa Mubadala Investment, controla 4,06% da EDP, o que faz dele o quinto maior acionista da EDP. Já o Fundo Soberano da Noruega, o Norges Bank, controla 2,75% da empresa de António Mexia e é o sexto maior acionista.

O grupo BCP — sobretudo o fundo de pensões do banco português — controla 2,44% da energética portuguesa. Ainda no patamar dos 2% está a posição de 2,38% da Sonatrach (a “maior empresa de extração de petróleo e gás de África”, detida pelo Governo da Argélia) e a da Qatar Investment Authority, com 2,27%.

(Notícia atualizada às 21h01 com mais informação)

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Os portugueses querem uma “nação autoritária“ a mandar na EDP? A pergunta é do FT

O Financial Times, na rubrica Lex, lembra que metade dos ativos da EDP Renováveis está nos EUA e diz que os americanos poderão ter uma palavra a dizer no negócio dos chineses para controlar a EDP.

A eventual oferta pública de aquisição (OPA) dos chineses sobre o capital da Energias de Portugal (EDP) já mereceu um comentário por parte da coluna Lex do jornal britânico Financial Times (acesso pago).

No artigo com com o sugestivo título “China/EDP: power to the people”, o FT recorda que a China depende, e muito da energia hídrica, e recorda o projeto da barragem da China Three Gorges, a maior do mundo, com capacidade para produzir 22,5 gigawatts de eletricidade.

Sobre a OPA à EDP, o FT diz que desde a crise financeira os chineses tornaram-se grandes investidores em Portugal e lembra o investimento da China State Grid na REN, a compra de 80% da Fidelidade pela Fosun, e o investimento da Sinopec no petróleo no Brasil, juntamente com a Galp Energia.

Uma “grande nação autoritária a desemprenhar este papel numa pequena democracia gera alguma desconfiança”, escreve a publicação britânica.

A China Three Gorges deverá lançar uma oferta para comprar os 77% que ainda não detêm da EDP, empresa que está avaliada em 30 mil milhões de euros (capitalização bolsista e dívida). E uma OPA, lembra o FT, levaria a China Three Gorges a ter de comprar a posição dos minoritários também na EDP Renováveis, empresa detida em 82,6% pela EDP.

A coluna Lex afirma que o Governo português viu com bons olhos o investimento dos chineses no difícil período da crise financeira, “mas temos que questionar se o povo português quer ver a sua utility controlada por uma entidade estrangeira?”

O FT levanta ainda uma outra questão sensível sobre este negócio: quase metade dos ativos da EDP Renováveis está nos EUA, o que quer dizer que “é muito provável” que o Committee on Foreign Investment analise a operação, acrescentando que esta entidade bloqueou recentemente muitos negócios com chineses.

Diz ainda que “a EDP não está a precisar de ajuda financeira. Libertou cash flow, mesmo depois dos dividendos, nos em quatro dos últimos cinco anos”. “Qualquer que seja o poder que a China teve sobre Portugal nos últimos anos, os problemas políticos podem comprometer este negócio”, conclui a análise da coluna Lex.

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