Já vai longa a lista de interessados na EDP. Será desta?

Depois da E.On, da Gas Natural Fenosa, da Enel e da Engie, é a vez do Estado Chinês. Nos últimos anos a elétrica tem atraído o interesse de vários gigantes do setor.

Usam-se todos os dedos de uma mão para contar o número de empresas que foram apontadas como potenciais interessadas na EDP nos últimos anos. E.On, Gas Natural Fenosa, Enel, Engie e, esta sexta-feira, um consórcio chinês que inclui a China Three Gorges poderá mesmo avançar com uma OPA para ficar com a maioria do capital da maior elétrica nacional. A empresa liderada por António Mexia é considerada um dos ativos mais apetecíveis da Europa. Será desta, com os chineses, que vai haver uma OPA?

E.On: derrotada pelos chineses na corrida à privatização de 21% da EDP

Em dezembro de 2011, a revista alemã Der Spiegel avançava que alemã E.On teria feito chegar a Portugal uma oferta para compra da participação do Estado português na EDP, empresa na altura avaliada em 8,5 mil milhões de euros.

A participação da E.ON na EDP era encarada como parte da estratégia da maior empresa alemã para investir mais em energias renováveis, nomeadamente na energia eólica e energia solar. Com a aquisição da EDP, a E.On poderia tornar-se líder do mercado mundial no setor das renováveis.

Segundo a Der Spiegel, a transação deveria estar concluída nesse mesmo ano. No entanto, a operação não avançou. A alemã foi derrotada pelos chineses da Three Gorges Gorges, que detém atualmente (direta e indiretamente) 28,25% da elétrica portuguesa. “A aquisição de uma participação na EDP teria sido favorável para a E.On e para a EDP. No entanto, não conseguimos oferecer mais [do que os 2,5 mil milhões de euros] do que podíamos justificar como um valor apropriado tendo em conta a criação de valor“, afirmou na altura, em comunicado, o presidente da E.On, Johannes Teyssen

Gas Natural Fenosa: Fusão? Afinal não

Recuemos a 3 julho do ano passado, quando a Reuters noticiou que a Gas Natural Fenosa (GNF) tinha abordado António Costa sobre a possibilidade de uma fusão com a EDP. De acordo com a agência de notícias, a energética espanhola procurava um parceiro estratégico para criar um gigante ibérico, colocando a empresa de António Mexia como uma hipótese.

Uns dias depois, o ECO noticiou que Isidro Fainé, presidente da GNF, tinha-se reunido com o primeiro-ministro em Lisboa, com o objetivo de convencer o governo português das virtudes de uma fusão entre as duas companhias.

Contudo, um dia depois de ter sido noticiado pela Reuters o contacto entre ambas, a EDP negou a existência de negociações com a Gas Natural Fenosa. Em comunicado enviado ao mercado, a EDP informou: “No seguimento da notícia difundida ontem, dia 3 de julho, pela agência Reuters com o título ‘Gas Natural aproxima-se da EDP com vista a fusão’, a EDP vem por este meio negar a existência de negociações entre as duas entidades sobre este tema”.

Enel: Analisar oportunidades não é estar interessado nelas

Cerca de dois meses mais tarde, em novembro, o jornal Expansión escrevia que a EDP poderia estar na lista de potenciais alvos da italiana Enel, que estaria a estudar a hipótese de adquirir a energética portuguesa, para além das alemãs Innogy e RWE. De acordo com a EFE, a Enel pretendia investir 5.000 milhões de euros na Península Ibérica entre 2018 e 2020.

No entanto, essa possibilidade veio também a descartar-se, uma vez que a italiana explicou ao Expansión que analisar as “oportunidades identificadas pelos intermediários” é diferente de estar interessado nelas, escreveu na altura o Jornal de Negócios.

Não tardaram os comentários dos analistas do Haitong, face às notícias de potenciais interessados na energética nacional, explicando que “o possível interesse de grandes empresas europeias não é novo”, dado o tamanho da EDP, o que a tornava num “bom alvo”. No entanto, diziam ter “algumas dúvidas” quanto ao facto de a EDP ser do interesse da Enel: “Assim, não consideramos que esteja no topo da lista dos possíveis interessados na EDP“, diziam.

Engie: Nem com os franceses

No início de abril deste ano, foi a vez de os franceses demonstrarem interesse na empresa de António Mexia. De acordo com o francês o jornal BFM, o grupo Engie, o segundo maior grupo energético do mundo, estaria interessado na aquisição da elétrica. Segundo o mesmo jornal, Isabelle Kocher, líder do grupo francês, e António Mexia estiveram em contacto.

O jornal francês citou fontes próximas da empresa francesa para afirmar que a operação estaria a ser estudada há algumas semanas, sendo que nenhuma decisão seria tomada até à tomada de posse do novo presidente da Engie, Jean Pierre Clamadieu, a 18 de maio.

O patrão da EDP parece estar à procura de uma parceira industrial para controlar os apetites do seu principal acionista“, escrevia ainda o BFM, referindo-se ao grupo China Three Gorges. “Este teme que assumam o controlo do grupo. O Governo português também gostaria de evitar a compra por parte dos chineses”.

No entanto, foi tudo pelo mesmo caminho. A EDP, contactada pelo ECO, começou por recusar qualquer comentário, para depois negar o interesse. “Face ao artigo hoje publicado no site de notícias Francês BFM Business, com o título ‘Engie lorgne Energias de Portugal’, a EDP vem esclarecer o mercado de que não foram estabelecidos quaisquer contactos, nem mantidas quaisquer negociações com vista a operações de consolidação”, apontou a elétrica em comunicado, publicado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Será que à quinta é de vez?

A notícia mais recente chega da China, esta sexta-feira, em que o Expresso avança que consórcio chinês que inclui a China Three Gorges está a preparar o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP. Contactada pelo ECO, a EDP não comenta esta informação.

A informação do semanário vem confirmar uma possibilidade que já é falada no mercado há algumas semanas. No mês passado, tal como escreveu o ECO, quando António Mexia estava prestes a ser reconduzido como presidente executivo da EDP, o cenário de uma OPA lançada pela China Three Gorges já era discutido nos corredores.

Atualmente, o Estado chinês já detém 28,25% da EDP, através da China Three Gorges (que controla 23,27% da elétrica) e da empresa estatal CNIC (que detém os restantes 4,98%). O Expresso refere que o Governo português não deverá opor-se a que a China aumente esta posição de controlo, devendo mesmo apoiar a operação.

Nos últimos meses, a China Three Gorges já tinha manifestado disponibilidade para reforçar no capital da EDP. Qualquer acionista que ultrapasse os 33,34% do capital de uma empresa é obrigado a lançar uma OPA sobre essa empresa.

Atualmente, a EDP é considerada um dos ativos mais apetecíveis na Europa, sobretudo porque tem uma posição relevante na área das energias renováveis e porque na Europa o momento é de consolidação do setor da energia. Fechou o ano de 2017 com lucros de 1.113 milhões de euros, um aumento de 0,16% face a 2016. Relativamente ao primeiro trimestre deste ano, reportou lucros de 166 milhões de euros, uma quebra de 23% face aos lucros de 215 milhões que tinha alcançado em igual período do ano passado.

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Comprar 100% da EDP custa cerca de oito mil milhões à China

Um consórcio chinês está a preparar-se para lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) à EDP. A China Three Gorges e a CNIC já têm 28%. Comprar o resto custará cerca de oito mil milhões.

A China Three Gorges e CNIC farão parte de um consórcio chinês que se prepara para lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Energias de Portugal (EDP). Juntos, já têm mais de 28% do capital da empresa liderada por António Mexia, sendo que ao preço atual de mercado a compra da totalidade das restantes ações poderá custar cerca de oito mil milhões de euros. E ainda mais com a EDP Renováveis.

A China Three Gorges detém 23,27% do capital da EDP. A CNIC tem mais 4,98%, tendo ambas as empresas estatais chinesas reforçado a sua posição no capital da elétrica durante o ano passado. Enquanto a CTG comprou mais 182 milhões de títulos a 2,9637 euros, cada, a CNIC elevou a participação de 3% para quase 5%, não se sabendo o valor de compra destes títulos.

Chineses têm 28% da EDP

Fonte: Relatório e Contas da EDP

Os 2,9637 euros serão o mínimo a pagar pelos títulos numa OPA à EDP, já que foi esse o valor pago no reforço. Entretanto, as ações da empresa têm valorizado, tendo encerrado a última sessão a valorizar 0,75% para 3,11 euros. Com esta cotação, a EDP está avaliada em bolsa num total de 11,37 mil milhões de euros.

Ações da EDP em alta

A participação chinesa está avaliada em 2,62 mil milhões de euros, sendo que comprar os restantes títulos ao atual preço de mercado obrigaria a um esforço financeiro de 8,16 mil milhões de euros. Comprando, este consórcio iria igualmente assumir o valor da dívida da EDP. No final do primeiro trimestre, a EDP apresentava uma dívida líquida de 13,8 mil milhões de euros.

Além dos cerca de oito mil milhões de euros para ficar com a restante participação no capital da EDP, o consórcio teria, sendo bem-sucedido, de pagar mais 983 milhões de euros pela EDP Renováveis. É que a elétrica detém 82,6% do capital da empresa liderada por Manso Neto, ficando a faltar 17,4% para os 100%. O Código de Valores Mobiliários obrigaria, depois, a uma OPA sobre o remanescente do capital da empresa de energias verdes perante a nova posição de controlo.

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CMVM suspende EDP e EDP Renováveis. Aguarda informação relevante após notícia de OPA

O regulador do mercado de capitais português decidiu suspender a negociação da EDP e da EDP Renováveis. A CMVM aguarda informação relevantes ao mercado.

A EDP e a EDP Renováveis negociaram normalmente nesta última sessão da semana, mas agora foram suspensas as transações com os títulos das duas empresas. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) travou os negócios por estar a aguardar a divulgação de informação relevante ao mercado, isto depois de ter sido revelado que um consórcio chinês se prepara para lançar uma OPA.

De acordo com a informação avançada pela Reuters, confirmada ao ECO, o regulador decidiu suspender a negociação dos títulos das duas cotadas. Se nesta sessão já não terá qualquer efeito, não havendo informação ao mercado até ao arranque da próxima semana a transação das ações da empresa liderada por António Mexia e da EDP Renováveis ficará bloqueada.

A decisão de Gabriela Figueiredo Dias surge depois de o Expresso avançar que um consórcio chinês que inclui a China Three Gorges está a preparar o lançamento de uma OPA sobre a EDP. O bloqueio das ações da EDP Renováveis explica-se com o facto de a elétrica deter 82,6% do capital da empresa liderada por Manso Neto. Lançando OPA à EDP, tendo sucesso, terá de comprar o remanescente das ações da empresa de energias verdes.

A informação do semanário vem confirmar uma possibilidade que já é falada no mercado há algumas semanas. No mês passado, tal como escreveu o ECO, quando António Mexia estava prestes a ser reconduzido como presidente executivo da EDP, o cenário de uma OPA lançada pela China Three Gorges já era discutido nos corredores.

(Notícia atualizada às 17h22 com mais informação)

 

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CMEC: Governo corta 102 milhões às rendas a pagar à EDP pelos CMEC até 2027

  • Lusa e ECO
  • 30 Abril 2018

Governo homologou as contas do regulador sobre o valor a pagar à EDP pela manutenção do equilíbrio contratual (CMEC) até 2027.

O Governo homologou as contas do regulador sobre o valor a pagar à EDP pela manutenção do equilíbrio contratual (CMEC) até 2027, de 154,1 milhões de euros, menos 102 milhões de euros do que o reclamado pela elétrica.

Na decisão sobre o ajustamento final dos CMEC, a que a Lusa teve acesso, a proposta da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) tem ‘luz verde’, “ainda que com a reserva relativa ao que vier a ser apurado e decidido no âmbito dos procedimentos relativos à auditoria que foi efetuada a respeito do risco de sobrecompensação e à identificação e apuramento do efeito financeiro das situações consideradas inovatórias ponderadas nos CMEC, que não existiam nos CAE [contratos de aquisição de energia]”.

A ERSE estimou em setembro do ano passado em 154,1 milhões de euros os CMEC – apoio à produção de 16 centrais hídricas da EDP – até 2027, sendo que o grupo de trabalho constituído pela REN – Redes Energéticas Nacionais e pela EDP Produção chegou a um valor superior, de 256,5 milhões de euros.

O Governo aguarda ainda os resultados da auditoria a respeito do risco de sobrecompensação e à identificação e apuramento do efeito financeiro das situações consideradas inovatórias ponderadas nos CMEC, que não existiam nos CAE [contratos de aquisição de energia], que está a ser feito pela Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG), em articulação com a ERSE.

O objetivo, segundo o despacho de dezembro de 2017, é perceber “se foram ponderados, no cálculo dos CMEC e dos respetivos ajustamentos, aspetos inovatoriamente definidos nos acordos de cessação dos CAE, em termos que permitam aferir da validade dos atos administrativos praticados e, no caso de existir alguma invalidade, apurar o impacto financeiro que os mesmos tiveram”.

Isto é, o valor a pagar até 2027 poderá ser ainda inferior a 154,1 milhões de euros, se alguma das duas hipóteses em análise for verificada.

No parecer do consultor jurídico Gonçalo Capitão, a que o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, dá seguimento, lê-se que “a diferença de valores [apurados pela ERSE e pela EDP/REN] resulta na sua quase totalidade do método de cálculo utilizado para apurar o preço médio de mercado disponível dos últimos dez anos”, sendo que, refere, “a interpretação defendida e utilizada pela ERSE no apuramento do montante do ajustamento final tem pleno acolhimento na lei”.

Além do apuramento dos custos, a ERSE defendeu então que a alteração do quadro legal aplicável aos CMEC ou a sua clarificação poderá reduzir ainda mais o valor agora apurado e hoje comunicado ao Governo, podendo anular os 154 milhões de euros a pagar à EDP ou mesmo tornar este valor favorável aos consumidores.

No seguimento do Orçamento do Estado 2017, o apuramento dos CMEC passou a ser responsabilidade de uma unidade especializada da ERSE, em vez do grupo de trabalho REN e EDP.

Quando a ERSE divulgou as suas contas, em setembro, a EDP rejeitou a estimativa do regulador sobre a revisibilidade final dos CMEC de 154 milhões de euros até 2027, considerando que as variações propostas violam grosseiramente a lei, e prometeu tomar medidas.

OS CMEC estão a ser objeto de uma investigação do Ministério Público, que tem como arguido o antigo ministro da Economia Manuel Pinho e o presidente executivo da EDP, António Mexia, entre outros, que apura “o processo legislativo, bem como os procedimentos administrativos relativos à introdução no setor elétrico nacional dos CMEC”.

Os CMEC são uma compensação relativa à cessação antecipada dos CAE, o que aconteceu na sequência da transposição de legislação europeia no final de 2004, tendo depois sido revistos em 2007. Ainda assim, mantiveram-se dois CAE – Turbogás e Tejo Energia –, que são geridos pela REN Trading.

São atualmente abrangidos pelo regime dos CMEC 16 centrais hídricas da EDP, cujos contratos terminarão faseadamente até 2027 (Alto Lindoso, Touvedo, Venda Nova, Vilarinho das Furnas, Pocinho, Valeira, Vilar-Tabuaço, Régua, Carrapatelo, Torrão, Crestuma-Lever, Caldeirão, Aguieira, Raiva, Pracana, Fratel).

Numa nota enviada ao ECO, fonte oficial da EDP diz “desconhecer o documento referido” e adianta: “Assim que a [energética] tomar conhecimento do mesmo irá analisá-lo e tomará as medidas e decisões que achar adequadas.”

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Catroga: “EDP está a ser alvo de campanha negativa de um lobby organizado”

  • Juliana Nogueira Santos
  • 25 Abril 2018

Numa entrevista de despedida, Eduardo Catroga afirma que a EDP está a ser alvo de uma campanha negativa, sendo que as acusações que lhe são imputadas não têm "consistência técnica".

Quase um mês depois de deixar o Conselho Geral e de Supervisão da EDP para assumir um cargo no maior acionista da elétrica nacional, a China Three Gorges, Eduardo Catroga afirma que a empresa liderada por António Mexia tem sido alvo de “uma campanha mediática negativa por parte de um lobby organizado”.

Em entrevista à revista institucional da EDP, Catroga afirma que as polémicas que têm envolvido a empresa, nomeadamente a que diz respeito aos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), são um “conjunto de mitos” de um grupo organizado “com influência junto da opinião pública e de certos segmentos políticos e agentes de comunicação social”.

O economista alega que “a realidade é que os supostos favorecimentos à EDP (…) que estão na origem das queixas desse lobby apresentadas a Bruxelas não têm, no fundo, consistência técnica como a própria Comissão Europeia já sentenciou.”

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos concluiu que, na última década, a EDP ganhou indevidamente 510 milhões de euros com os CMEC, pelo que quer retirar 167,1 milhões de euros às rendas pagas. A energética já questionou as contas da ERSE e diz que está até a perder com os CMEC, mais concretamente, 240 milhões de euros.

“Há uma mistura de grande incompetência técnica de alguns detratores, com a demagogia política de outros, e a falta de estudo da matéria de tantos outros”, acusou ainda Eduardo Catroga.

“Não vou deixar recomendações para o meu sucessor”

Foi a lei que determinou que o economista não pudesse renovar o seu mandato enquanto presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, tendo este ocupado o lugar desde 2012. O nome escolhido para o seguir foi o de Luís Amado, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de José Sócrates.

Quando questionado se queria deixar uma mensagem ao seu sucessor, Catroga afirma que não vai “claro, deixar recomendações para a atuação” de Amado. “Cada um tem o seu estilo e a sua filosofia de gestão quanto ao modo como entende as competências estatutárias”, apontou Catroga, que agora vai trabalhar para a China Three Gorges.

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Mexia: “A EDP controla o seu próprio destino”

  • ECO e Lusa
  • 12 Abril 2018

"Estamos a controlar o nosso destino. Não preciso de mais ninguém para controlar o nosso destino, precisamos apenas da confiança dos nossos acionistas", disse António Mexia.

António Mexia garante que “não há nenhuma conversa” da EDP com a francesa Engie, que alegadamente terá manifestado interesse em adquirir a elétrica nacional. Em entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago) nos Estados Unidos, onde se encontra para a Cimeira Elétrica internacional, o CEO da EDP sublinhou que a empresa deve ter “uma história independente de outras histórias” e que a sua “prioridade é que a companhia controlasse o seu próprio destino”.

“Temos uma história para contar que tem valor e que é distintiva, essa sempre foi a prioridade. Este setor está em profunda mudança e o que nós estivemos a discutir em Washington DC foi justamente a velocidade da mudança do setor. Antecipámos essa revolução, e portanto estamos a controlar o nosso destino. Não preciso de mais ninguém para controlar o nosso destino, precisamos apenas da confiança dos nossos acionistas, parceiros, colaboradores e clientes. É dessa confiança que nós precisamos.

Já na entrevista à agência Lusa, o presidente executivo da EDP apelidou de “histórias” e “realidade virtual” as notícias sobre negociações com a francesa Engie, garantindo que “não existe nada” e que “a EDP controla o seu próprio destino”. “É uma realidade virtual e uma realidade virtual tem esta facilidade de se juntarem personagens. É mais difícil arranjar pessoas reais”, acrescentou.

Questionado sobre a possibilidade de a China Three Gorges (CTG), o maior acionista da elétrica, responder ao crescente interesse na EDP com um novo aumento de capital e eventual Oferta Pública de Aquisição (OPA), António Mexia recusou comentar “decisões acionistas”, referindo que “é bom que os acionistas queiram mais entrar do que sair”. “Nunca comento decisões acionistas. É bom que os nossos acionistas queiram mais entrar do que sair. Aliás, as ações sobem quando há mais gente a querer entrar do que a querer sair”, concluiu.

“A CTG é um parceiro importante”, garante já que “tem suportado toda a estratégia [de crescimento]. Reforçou recentemente, e aproxima-se do limite, de 25%, que existem nos estatutos da EDP, e a única coisa que este reforço demonstra é o valor que atribui à companhia”, afirmou. Ao Negócios explicou ainda que a CTG tem sido “importante para o crescimento no Brasil, importante para a entrada em novos mercados como o caso do Peru e eventualmente do mercado colombiano, embora sejam marginais e relativamente pequenos, mas que criam novas opções”.

EDP começa a vender eletricidade no Texas em 2018

E nestas novas opções está a “estratégia clara de diversificação nos EUA”, revelou António Mexia na entrevista à Lusa. A EDP está a investir no solar e a preparar-se para desenvolver eólica ‘offshore’ (no mar) e ainda este ano começa a vender eletricidade ao consumidor final no estado do Texas.

“Os EUA têm sido o nosso principal motor de crescimento e vão continuar a sê-lo”, afirmou o presidente executivo da EDP, realçando que a Administração de Donald Trump decidiu manter as políticas para as renováveis o que “permite hoje olhar até ao final da década e mesmo até ao início da década seguinte com enorme serenidade em relação aos EUA”.

Depois do investimento em centrais eólicas, contando atualmente com 45 parques eólicos, a EDP Renováveis – subsidiária da EDP – está a apostar no solar, primeiro na Califórnia e a agora no Indiana, previsto para 2022, e quer desenvolver projetos eólicos ‘offshore’ na costa leste, em águas pouco profundas, e na costa oeste, onde as águas são mais profundas, a tecnologia eólica flutuante ‘Windfloat’ que foi testada em Portugal e que está em fase pré-comercial.

Entretanto, ainda em 2018, a EDP vai dar início à comercialização de energia no estado do Texas: “Vamos começar no mercado ‘business to business’ [segmento empresarial] e ‘business to consumer’ (segmento residencial) ainda em 2018, transformando-se assim no quarto mercado onde e elétrica comercializa energia (depois de Portugal, Espanha e Brasil).

As condições estruturais do mercado das renováveis nos Estados Unidos é muito sólido. Os EUA têm uma coisa de que gosto particularmente que é o facto de o passado não ser incerto, ou seja, quando as regras mudam, mudam para o futuro. Não se põe em causa regras que existiam, o que é muito importante para qualquer setor, mas essencialmente para os de capital intensivo, como o da energia e das infraestruturas”, acrescentou.

Sobre as outras condicionantes favoráveis ao investimento nos EUA, António Mexia realçou que 29 estados norte-americanos têm ‘Renewable Portfolio Standards’ (RPS), isto é, metas de energia limpa que têm que cumprir, sendo penalizados os que não cumprirem esses objetivos de energia limpa.

Depois há ainda apoios fiscais à produção eólica (PTCs – Production Tax Credits), que vão desaparecer até 2021, e incentivos fiscais ao investimento em energia solar (ITCs – Investment Tax Credits), que se traduzem em cerca de 30% do investimento inicial. No caso da produção eólica, os EUA beneficiam ainda de fatores de utilização (‘load factor’) “muito maiores, em média, do que a Europa”: “Falamos tipicamente de 35, 40 ou mais de 40%, quando na Europa falar de 25% já é muito”, acrescentou.

Neste momento, a EDP Renováveis está a construir a sexta fase do Meadow Lake Wind Farm, no noroeste do estado do Indiana, com 200 Megawatts (MW) de capacidade instalada, o que elevará a capacidade deste parque eólico para 1.000 MW de potência e fará dele o maior do grupo.

“Aquele parque que vimos [Meadow Lake Wind Farm] vai atingir [no final deste ano] 1.000 MW que é quase tanto como temos em Portugal [1.100MW]. O que vemos é essa discussão permanente sobre o futuro, sobre o que vai funcionar, mas não se põe em causa nunca o sistema”, acrescentou.

António Mexia adiantou que o parque, que se estende ao longo de 250 quilómetros quadrados de campos agrícolas (a sua maioria alugadas aos agricultores), será “o maior projeto da EDP nos EUA e no mundo”. Entretanto, a EDP Renováveis já fechou contratos para a venda da energia que será produzida na nova extensão do parque, suficiente para abastecer 52.000 famílias.

“Não acho que exista crispação com Governo”

O presidente executivo da EDP, António Mexia, rejeita a existência de crispação com o Governo, referindo que “em Portugal a energia está do lado da solução”, mas reiterou que as regras fixadas no passado têm que ser respeitadas.

“Não acho que exista crispação (…) com o Governo. Acho que pura e simplesmente tem que se trabalhar no contexto de encontrar soluções”, defendeu António Mexia, à Lusa, referindo que não pode aceitar que “regras que foram fixadas em 1995, confirmadas na privatização de 1997, que são objeto de lei em 2014 e que presidiram a tudo que tem a ver com a venda de ações do Estado” sejam mudadas.

Em causa estão, neste caso, os Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), criados em 2004 e recebidos pela EDP desde julho de 2007, devido à cessação antecipada de vários contratos de aquisição de energia (CAE) que a empresa tinha em cerca de três dezenas de centrais elétricas, e que estão a ser objeto de uma investigação do Ministério Público.

Além do processo de investigação, está em causa um diferendo entre a elétrica e a estimativa do regulador que considera que a EDP ganhou mais 510 milhões de euros com este regime nos últimos dez anos, e que propõe um ajustamento final de 154 milhões de euros até 2027, enquanto o grupo de trabalho técnico EDP/REN – Redes Energéticas Nacionais apurou um valor de ajustamento final de 256 milhões de euros, para o mesmo período, de 01 de julho de 2017 até 31 de dezembro de 2027.

A EDP limitou-se a cumprir legislação de 2004, não houve nada depois disso. Limitámo-nos a respeitar os contratos e a lei. São os deveres fiduciários”, declarou. Segundo o líder da elétrica, que na semana passada foi reconduzido para um novo mandato de três anos, “em Portugal a energia está do lado da solução”, dizendo estar otimista em relação a estes diferendos, uma vez que “quem cumpre o seu dever está sempre otimista”.

Não temos problemas em discutir tudo que tem a ver com realidade, com o respeito da lei, dos contratos, da regulação, da criação de condições semelhantes para todos os operadores. Essa é uma questão com a qual nos sentimos confortáveis. Não gostamos e não podemos aceitar quando se alteram regras de jogo, quando coisas temporárias deixaram de ser, quando era suposto que parte das receitas fossem para diminuir as tarifas e não foram”, disse, referindo-se à Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energética (CESE), que vem sendo paga pelas empresas do setor desde 2014.

Questionado sobre as declarações do novo presidente do Conselho Geral e de Supervisão (CGS), Luís Amado, sobre um novo ciclo na elétrica, considerando que problemas que causam “algum ruído” têm que ser resolvidos com “espírito de diálogo”, Mexia disse que “o que foi afirmado pelo novo presidente do CGS é uma determinada vontade de estabelecer pontos e equilíbrios”. Mas, sublinhou, “é indispensável basearmo-nos em factos, em realidade e não em perceções e cada um faça o que tem que fazer”.

O ex-ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros Luís Amado foi eleito na passada quinta-feira, em assembleia-geral de acionistas, presidente do CGS da EDP para o próximo triénio, em substituição de Eduardo Catroga, que continua a integrar este órgão, como um dos representantes da maior acionista, a China Three Gorges (CTG).

Tudo a postos para o verão

Já na entrevista que deu à rádio TSF, António Mexia deu a garantia de que está tudo a postos para o verão, voltando a frisar que rejeita qualquer responsabilidade da empresa pelos trágicos incêndios do verão passado.

“Nós limpamos mais de 7500 quilómetros todos os anos respeitando aquilo que são faixas de 7,5 metros para cada lado e a única coisa que não se pode limpar são as espécies protegidas. Utilizamos hoje tecnologias como helicópteros e drones”, garantiu.

O presidente da EDP queixa-se que a empresa tem sido perseguida: “Percebemos que às vezes seja tentador procurar bodes expiatórios mas acho que ficou claro para todos que a EDP não teve nada a ver com o antes, porque estava tudo limpo, mas tem a ver com a capacidade de resposta no restabelecimento da energia”.

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O que têm em comum Engie e a EDP? Os grandes fundos de investimento

BlackRock e o Capital Group, que têm 4,95% e 4,36%, respetivamente, do capital da Engie, estão também no capital da empresa portuguesa. O Capital Group tem 12% da EDP.

A energia está ao rubro, com as renováveis a serem o “motor” da consolidação. Há vários negócios que estão a mudar o panorama do setor europeu, daí que não possa ser vista como uma surpresa uma eventual investida por parte da Engie na EDP. Mas será só isso, a atração pelo negócio das renováveis da EDP, que fará mover a gigante francesa? Pode haver outra explicação. A resposta poderá estar nos acionistas de ambas as empresas.

Tem havido vários negócios na indústria, mas o da E.On com a RWE é, de longe, aquele que mais se destaca. As duas empresas fundiram-se num contexto em que o foco passa a ser o negócio das energias renováveis. Esse mesmo propósito explica o interesse da segunda maior elétrica do mundo na elétrica de António Mexia.

O portefólio da EDP, com cerca de 73% da capacidade instalada em energias renováveis (hidro, eólica e solar), é o principal fator de interesse, num enquadramento de mercado em que as energias renováveis são cada vez mais preferenciais face à produção convencional”, diz o BiG Research. “A EDP também apresenta uma presença geográfica atrativa, com destaque para o Brasil e os EUA”, remata, em declarações ao ECO.

A EDP tem uma carteira que a torna atrativa para vários players, mas no caso da Engie poderemos estar também perante um casamento de interesses dos investidores. É que quem investe na gigante francesa também aposta muito dinheiro na cotada portuguesa. E que investidores são esses? Grandes fundos de investimento internacionais.

Estrutura acionista da Engie

Fonte: Reuters

A Engie tem como principal acionista o Estado francês, mas mais abaixo na lista de acionistas estão a BlackRock e o Capital Group, que têm 4,95% e 4,36%, respetivamente, do capital da empresa liderada por Isabelle Kocher. Estes fundos estão também no capital da empresa portuguesa, sendo o Capital Group um dos principais acionistas.

Enquanto os norte-americanos da BlackRock contam com 5% do capital, o Capital Group tem 12%, apenas menos que os 23,27% da China Three Gorges. São ambos norte-americanos, sendo que, por definição, estes fundos procuram sempre as melhores soluções para rentabilizarem o dinheiro que os seus investidores lhes confiaram.

Estrutura acionista da EDP

A EDP é uma empresa bastante generosa com os seus acionistas, entregando anualmente quase 700 milhões de euros através de dividendos. Mas a compra da elétrica portuguesa por parte da Engie poderia ser ainda mais rentável, gerando elevados ganhos potenciais para esses investidores que, ao mesmo tempo, manteriam exposição à cotada francesa e aos ativos renováveis da EDP.

Esta dupla aposta destes dois fundos poderá, no entanto, esbarrar nos interesses da China Three Gorges que estão numa postura compradora, mais do que vendedora. Fontes de mercado garantem que a possibilidade de os chineses da CTG lançarem uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) é real e efetiva.

“Os chineses não gostam de iniciativas que podem ser consideradas hostis, mas percebem que as sucessivas afrontas que sofreram nos últimos meses, e que os levou a São Bento para recordar ao Governo o acordo que assinaram com o Estado português, ainda com Passos Coelho, têm de ter uma solução”, refere uma fonte que conhece a posição da China Three Gorges.

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Francesa Engie interessada na EDP. Ações avançam 8%

O segundo maior grupo energético mundial, Engie, estará interessado na aquisição da elétrica nacional liderada por António Mexia. Ações da EDP sobem quase 8%.

O segundo maior grupo energético mundial, Engie, estará interessado na aquisição da elétrica nacional liderada por António Mexia, avança esta manhã de segunda-feira o jornal francês BFM. Segundo este, Isabelle Kocher, líder do grupo francês, e António Mexia já estiveram em contacto.

O jornal francês cita fontes próximas da empresa francesa para afirmar que a operação está a ser estudada há algumas semanas, sendo que nenhuma decisão será tomada até à tomada de posse do novo presidente da Engie, Jean Pierre Clamadieu, a 18 de maio.

“O patrão da EDP parece estar à procura de uma parceira industrial para controlar os apetites do seu principal acionista“, escreve ainda o BFM, referindo-se ao grupo China Three Gorges, que detém 28,25% da elétrica “Este teme que assumam o controlo do grupo. O Governo português também gostaria de evitar a compra por parte dos chineses”.

Ações da EDP em alta

A notícia fez disparar as ações da EDP, que abriu a sessão desta segunda-feira a valorizar quase 8%, o que representa máximos de mais de meio ano. Entretanto, a cotada liderada por António Mexia aliviou face ao disparo do arranque da sessão, com as suas ações a avançarem, neste momento, 4,47%, para os 3,225 euros EDP 0,73% . Já em França, as ações da potencial interessada caem 0,14% para 14,02 euros. Confrontada com a notícia, a elétrica francesa recusou comentar, avança a Reuters.

A EDP, contactada pelo ECO, começou por recusar qualquer comentário, para depois negar o interesse. “Face ao artigo hoje publicado no site de notícias Francês BFM Business, com o título ‘Engie lorgne Energias de Portugal’, a EDP vem esclarecer o mercado de que não foram estabelecidos quaisquer contactos, nem mantidas quaisquer negociações com vista a operações de consolidação“, apontou a elétrica em comunicado, publicado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

O interesse da Engie pela EDP não é inédito na Europa. Recorde-se que houve uma investida da Gas Natural, mas também da Enel/Endesa que sinalizou o interesse em comprar a operação da EDP em Portugal, para uma fusão ibérica. Contudo, neste caso, a operação internacional ficaria nas mãos dos chineses. “Seria uma solução pior do que a que sucedeu com a Cimpor, a EDP seria destruída”, disse uma fonte ao ECO, sem desmentir, ainda assim, estas discussões.

Na semana passada, António Mexia foi reconduzido para o Conselho de Administração da elétrica, com uma maioria de 99,70%, algo que, segundo o gestor atesta “a confiança dos acionistas e da equipa” e confirma o “alinhamento de visões”.

A EDP é considerada um dos ativos mais procurados na Europa, sobretudo porque tem uma posição relevante na área das energias renováveis, e porque na Europa o momento é de consolidação do setor da energia. Fechou o ano de 2017 com lucros de 1.113 milhões de euros, um aumento de 0,16% face a 2016.

(Notícia atualizada pela última vez às 10h42 com a resposta da EDP)

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Miguel Stilwell de Andrade é o novo administrador financeiro da EDP

A elétrica já escolheu o nome que vai substituir o histórico Nuno Alves no lugar de administrador financeiro.

A assembleia-geral da Energias de Portugal (EDP) desta quinta-feira deu luz verde à continuação da nova administração liderada por António Mexia.

Agora chegou a altura de distribuição dos pelouros e o ECO apurou que Miguel Stilwell de Andrade foi o escolhido para ficar com o cargo de CFO, um dos mais sensíveis e importantes na administração.

Miguel Stilwell de Andrade transitou da administração anterior e, na altura, ocupava o cargo de presidente da EDP Comercial. Agora vai para o lugar de Nuno Alves que acumulava o cargo de administrador financeiro e representante para as relações com o mercado e com a CMVM. Nuno Alves sai da maior elétrica nacional para se dedicar a projetos pessoais.

Os acionistas da EDP aprovaram a nova administração da empresa liderada por António Mexia com 99,7% dos votos. Estes são os outros nomes que vão fazer parte da gestão da elétrica:

  • João Manuel Manso Neto
  • António Fernando Melo Martins da Costa
  • João Manuel Veríssimo Marques da Cruz
  • Miguel Nuno Simões Nunes Ferreira Setas
  • Rui Manuel Rodrigues Lopes Teixeira
  • Maria Teresa Isabel Pereira
  • Vera Pinto Pereira

O Conselho Geral e de Supervisão será presidido por Luís Amado, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo socialista de José Sócrates. Amado ocupará o cargo até agora de Eduardo Catroga que continuará neste órgão como representante do maior acionista da EDP, os chineses da China Three Gorges.

(Notícia atualizada às 12h44)

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Calotes de clientes à EDP já vão em quase 1.500 milhões

O saldo em dívida por parte dos consumidores particulares engordou em quase 30 milhões para 408,9 milhões de euros. O das empresas disparou para 600 milhões. No total, são 1,48 mil milhões por cobrar.

Há cada vez mais famílias que deixam de pagar a conta da luz. A EDP, o maior comercializador de energia em Portugal, vai somando calotes atrás de calotes, sendo a fatura em falta por parte dos clientes particulares já de várias centenas de milhões de euros. São, ao todo, 409 milhões de euros em falta, de acordo com as contas da empresa liderada por António Mexia. Com as empresas, mas também o Estado, as dívidas ascendem a quase 1,5 mil milhões. Mas as imparidades reconhecidas pela elétrica são menores: 367 milhões.

Se entre 2015 e 2016 o valor das dívidas dos particulares até encolheu, passando de 382 para 379,7 milhões de euros, no ano passado voltou a registar-se um agravamento. No Relatório e Contas de 2017, a elétrica revela que o saldo em dívida por parte dos consumidores particulares engordou em quase 30 milhões para 408,9 milhões de euros. Aumentou em 7,7%.

“No que respeita aos valores a receber de clientes particulares, resultantes da atividade corrente do Grupo EDP, o risco de crédito resulta essencialmente de incumprimento por parte de clientes, cuja exposição está limitada ao fornecimento a ocorrer até à data possível de interrupção de fornecimento“, refere a EDP.

“Uma criteriosa análise do risco de crédito de clientes na fase de contratação, associada ao elevado número de clientes e sua diversidade em termos de setor de atividade são alguns dos principais fatores que mitigam o risco de concentração de crédito em contrapartes”, acrescenta a empresa liderada por António Mexia, explicando assim aos seus acionistas o que é necessário fazer para evitar estes calotes.

Empresas engordam dívida em 200 milhões

Se as famílias devem mais de 400 milhões, só as empresas engordaram, no ano passado, em 200 milhões de euros o valor da eletricidade consumida que não pagaram. Disparou em mais de 40% o saldo em dívida dos clientes empresariais, sendo estes os que mais pesam nas dívidas por cobrar por parte da EDP.

A fatura em atraso por parte das empresas chega já aos 670 milhões de euros, à frente dos clientes particulares. Mas há mais devedores no setor empresarial. A EDP contabiliza ainda 122 milhões de dívida de “outros”, a que se juntam quase 100 milhões de euros referentes a faturas em falta por parte de outros comercializadores.

Estado também pesa nas contas… por pagar

Não há só valores a receber de particulares e empresas. Também o Estado não paga a fatura da luz a tempo e horas, de acordo com os dados apresentados pela EDP no Relatório e Contas. No entanto, o saldo já foi bem maior do que era no final de 2016. Segundo a elétrica, os clientes do setor público devem 185 milhões de euros. Mas é uma dívida que não preocupa tanto António Mexia.

“Os valores a receber de clientes do setor público incluem valores a receber de dívida protocolada que, pelo facto de a contraparte ser uma entidade pública e ter já reconhecido o crédito através de protocolos de pagamento, apresentam um risco mais reduzido. Esta dívida apresenta igualmente dívida não protocolada que decorre da normal atividade de fornecimento de energia semelhante ao descrito para o setor empresarial e particular”, refere.

Imparidades avultadas, mas caíram

Havia, no final do ano passado, um total de 1,48 mil milhões de euros de valores por cobrar a clientes particulares, empresariais e do setor público, valor que cresceu face ao final de 2016. Aumentou em 19%, face aos 1,24 mil milhões. É um valor avultado, mas nem tudo é assumido como perda por parte da EDP. Contactada pelo ECO, não foi possível obter esclarecimentos por parte da EDP.

Na descrição das dívidas vencidas, a EDP aponta como havendo 373,8 milhões de euros em valores a cobrar sem imparidade, montante a que se somam 367,8 milhões em imparidade. “O Grupo EDP regista imparidade com base em análises económicas caso a caso, consoante as características dos clientes”, explica a elétrica.

Há ainda um outro valor, ainda maior, de 1,11 mil milhões de euros que a empresa empresa inclui nas dívidas não vencidas e sem imparidade, ou seja, que não vão afetar as contas. Esta “dívida de clientes não vencida e sem imparidade inclui dívida de clientes com acordos ou protocolos de pagamento”, remata.

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Governo não pode mudar “destino de uma empresa que cumpre as regras”

António Mexia, reeleito CEO da EDP, e Luís Amado, o novo presidente da comissão de supervisão, reforçam a importância da empresa para a economia nacional enquanto pedem "regras do jogo" equilibradas.

No rescaldo da assembleia geral que decorreu esta quinta-feira, António Mexia e Luís Amado, na qualidade de CEO da EDP e presidente da comissão de supervisão, respetivamente, respondem sobre os desafios da elétrica para o próximo triénio. Mexia apela a que os contratos sejam respeitados e a que se equilibrem as “regras do jogo” entre operadores, enquanto Amado pede “espírito de diálogo e concertação”.

Confrontado com as tensões têm afastado a EDP do Governo e da Entidade Reguladora dos dos Serviços Energéticos, Mexia relembra a missão da empresa e a relevância que esta tem para o país. “Eu estou há 12 anos no setor. Já houve muitos presidentes, governos e reguladores. O essencial é o seguinte: a companhia tem sabido fazer aquilo que lhe compete”, defende.

Não deixaremos que ninguém, sobretudo alguém que não tem ações desta companhia, possa mudar o destino de uma empresa que cumpre as regras todas“, afirma o CEO, que segue agora para o quinto mandato à frente da elétrica.

O que é necessário é “respeitar os contratos” e “manter as mesmas regras do jogo para companhias que estão a operar dentro do mesmo mercado, nomeadamente o mercado ibérico”, refere, pois “só assim é que as companhias conseguem verdadeiramente dar todo o seu contributo” para a economia.

Luís Amado sublinha a importância da estabilidade da empresa para o país, pela qual pretende zelar. “O grupo é demasiado importante para a economia portuguesa para que estes temas não sejam tratados com espírito de diálogo e concertação“. O recém-eleito presidente do Conselho Geral de Supervisão afirma que, como “maior grupo português”, a estabilidade da EDP “é fundamental”. “É bom que trabalhemos nessa perspetiva”, defende.

O presidente “não acredita” que a sua chegada, por si só, seja garantia desta estabilidade e de uma diminuição das tensões com o Governo — Luís Amado é um ex-ministro socialista, que substitui Eduardo Catroga no cargo. Contudo, assume a responsabilidade de zelar pela estabilidade entre todos os stakeholders e fala de uma “nova vontade de resolver os problemas”.

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Mexia e Amado já têm ok dos acionistas. Presidente da EDP consegue 99,7% dos votos

António Mexia foi aprovado com uma maioria de 99,7% para liderar a EDP. Luís Amado assume a presidência do Conselho Geral de Supervisão, com uma taxa de aprovação de 95,44%.

O último ponto da assembleia-geral da EDP, a decorrer esta quinta-feira, foi fechado com um largo consenso. António Mexia é reconduzido para o Conselho de Administração da elétrica com quase 100%. Já Luís Amado foi eleito presidente do Conselho Geral de Supervisão, também com uma elevada taxa de aprovação.

Entre os nomes escolhidos para liderar a EDP no triénio 2018-2020 está, novamente, o de António Mexia, que se mantém Conselho de Administração da elétrica, aprovado com uma maioria de 99,70%. Luís Amado entra para o Conselho Geral de Supervisão com uma taxa de aprovação de 95,44%.

Para António Mexia, a Assembleia Geral atesta “a confiança dos acionistas e da equipa” e confirma o “alinhamento de visões” em relação ao presidente e o futuro.

Luís Amado reafirma uma “grande convergência de interesses entre os grandes acionistas mas também entre os pequenos acionistas”. Assinala que foi uma oportunidade para todos se manifestarem acerca de temas “de complexidade conhecida”.

Os restantes órgãos votados também reuniram grande aprovação, com o revisor oficial de contas a ser eleito com 99,8% dos votos, o Conselho de Sustentabilidade com 99,73%. Os membros da Comissão de Vencimentos foram aprovados com uma taxa de 93,67% e a remuneração da comissão de vencimentos conseguiu uma maioria de 99,97%.

(Notícia atualizada às 19h17)

 

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