Banco Montepio sem lucros em 2023 penalizado por venda em Angola

CEO do banco deseja dar dividendos no próximo ano, mas Associação Mutualista está a perspetivar lucro próximo de zero devido ao impacto negativo da venda do Finibanco Angola.

O Banco Montepio chegou a meio do ano com prejuízos de quase 50 milhões de euros, mas deverá evitar que as contas de 2023 fechem no vermelho. O resultado deverá ser positivo, mas ficará próximo de zero, de acordo com o que o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) transmitiu numa reunião recente com os conselheiros da instituição. Se isto significa que o banco vai conseguir anular o impacto da venda do negócio em Angola, também não terá grandes lucros para distribuir pelos acionistas. Em contraste com os lucros expressivos do setor.

O CEO do banco, Pedro Leitão, adiantou em entrevista ao Expresso (acesso pago) que conta pagar dividendos no próximo ano. “O nosso desejo é que, com base nos resultados deste ano, possamos, a partir do próximo ano [2024], retomar uma prática saudável”, referiu. “Não há nenhum acionista racional que esteja disponível a investir se não tiver um retorno”, frisou o gestor que lidera o Banco Montepio desde 2020.

Porém, enquanto a generalidade da banca está a registar resultados milionários por conta da subida das taxas de juro, as perspetivas para o Banco Montepio para este ano são diferentes.

Numa assembleia de representantes, que teve lugar no final do mês passado, o presidente da AMMG fez um ponto de situação sobre os vários negócios da mutualista e, quando abordou o desempenho do banco, adiantou que o resultado deste ano vai permitir compensar os prejuízos relacionados com a venda do Finibanco Angola, que teve um impacto de mais de 100 milhões de euros no resultado do banco, segundo relataram ao ECO. Isto para depois dar conta aos conselheiros de que o banco terminará o ano com um resultado praticamente nulo, mas sem apresentar prejuízos.

O Banco Montepio apresenta brevemente as contas relativas aos primeiros nove meses do ano. O primeiro semestre cifrou-se em prejuízos de 48,3 milhões de euros devido à alienação da operação angolana aos nigerianos do Access Bank. Sem essa transação, o resultado recorrente foi positivo em 67,8 milhões de euros, com o banco a beneficiar da subida da margem financeira à boleia do aumento das taxas de juro.

Questionado pelo ECO sobre os resultados do banco e se espera dividendos no próximo ano, a AMMG referiu que questões relacionadas com a atividade do banco devem ser colocadas ao banco, mas sublinhou que “os acionistas esperam e desejam sempre dividendos” e que “o percurso que o banco tem vindo a fazer permite suportar essas expectativas”. O Banco Montepio não respondeu até à publicação deste artigo.

A AMMG controla mais de 99% do banco, mas a estrutura acionista conta com mais 37 pequenos acionistas da economia social, como a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e outras misericórdias e associações de todo o país, que detêm uma participação “simbólica” de 0,007%.

Malparado com interessados

O Banco Montepio continua numa profunda reestruturação, razão pela qual está atrasado na recuperação da rentabilidade face ao mercado. O processo de ajustamento de pessoal terminou no final de setembro, tendo resultado em cerca de 650 saídas em três anos, como avançou o ECO em primeira mão. Por outro lado, as vendas do Finibanco Angola e da licença bancária do Banco Empresas Montepio (BEM) – esta última ainda em curso – inserem-se neste plano de redução e simplificação de estrutura que Pedro Leitão idealiza para o futuro do banco.

Paralelamente, o banco continua num esforço para limpar o balanço e colocou recentemente no mercado uma carteira de malparado de cerca de 230 milhões. O “Projeto Côa” já atraiu interessados, como a CRC, a Bain, a Bracebridge e a Davidson Kempner (esta última já está afastada do processo), segundo adiantaram fontes do mercado ao ECO.

Em causa está um portefólio dividido em quatro tranches, incluindo dívida going concern (60 milhões de euros relativos a créditos de empresas em risco), cash in court (50 milhões em depósitos de empresas falidas que se encontram em contas dos tribunais) e ainda dívida secured (75 milhões) e unsecured (50 milhões de crédito em incumprimento sem garantias).

Segundo revelou o banco nas suas contas semestrais, as exposições não produtivas (NPE, na sigla em inglês) totalizavam já os 531 milhões de euros no final de junho, traduzindo uma redução de 400 milhões de euros num ano. Neste período, o rácio de NPE baixou dos 7,5% para 4,5%, abaixo já do número “mágico” de 5%.

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Banco Montepio e sindicatos acordam aumentos de 4,5%

Banco e sindicatos chegaram a acordo para reforçar o aumento salarial de 3% para 4,5% este ano e alargá-lo também às pensões e cláusulas de expressão pecuniária.

O Banco Montepio chegou a um acordo com os sindicatos para aumentos de 4,5% este ano, com efeito retroativo a janeiro. Parte deste aumento já tinha sido promovido “unilateralmente” pelo banco para os trabalhadores no ativo, mas a Comissão Executiva aceitou agora reforçá-lo e alargá-lo às pensões, assim como às “cláusulas de expressão pecuniária”.

“Com o acordo obtido, o aumento para 2023 será de 4,5%, para a tabela salarial e de pensões, assim como para as cláusulas de expressão pecuniária”, lê-se num comunicado interno a que o ECO teve acesso. A gestão do banco lembra que “já tinha feito, unilateralmente e a título extraordinário, uma antecipação em 3% do referido aumento, com efeitos retroativos a 1 de janeiro de 2023, para todos os colaboradores ativos”.

“A aplicação destas alterações ocorrerá com o processamento de novembro de 2023″, pois o processamento de outubro já está em curso. A informação sobre os aumentos no Montepio também já foi confirmada oficialmente pelos sindicatos.

Num comunicado conjunto, o Sindicato do Setor Financeiro (Mais), o Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN) destacam que, “depois de inúmeras reuniões e muita argumentação dos sindicatos da UGT, o Montepio compreendeu a necessidade urgente da revisão de salários e pensões, em prol da paz social”.

Já o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos (SNQTB) ressalva, noutro comunicado, que, “confrontado, em maio último, com a hipótese de uma manifestação de protesto”, o Montepio cedeu “após vários meses de impasse”. O anterior aumento de 3%, diz, “era um valor que desbloqueava as negociações, mas que era ainda muito insuficiente para se alcançar um compromisso”.

“Perante a persistência do SNQTB, que nunca aceitou as referidas propostas minimalistas, o Montepio Geral acabou por ir ao encontro daquilo que era uma solução equilibrada e razoável e que de acordo com SNQTB teria sido possível alcançar muito mais cedo”, ressalva, saudando a Comissão Executiva por esta decisão.

Na nota interna enviada aos trabalhadores, a gestão do banco refere que este acordo “representa um esforço significativo do grupo Banco Montepio, sem colocar em causa a sua estratégia e trajetória de recuperação e ajustamento, caminho que tem vindo a ser prosseguido com a participação empenhada de todos”.

(Notícia atualizada pela última vez às 9h50)

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Banco Montepio conclui reestruturação de pessoal com 650 saídas em três anos

Banco liderado por Pedro Leitão colocou um ponto final ao programa de ajustamento de quadros que iniciou há três anos e no âmbito do qual saíram 650 trabalhadores. Mais de 90 balcões foram encerrados.

Há três anos, o ECO noticiou em primeira mão que o Banco Montepio estava a preparar um plano de ajustamento de pessoal de larga escala, prevendo a saída de centenas de trabalhadores. Três anos depois, este processo terminou e as contas (ainda provisórias, mas praticamente fechadas) são estas: saíram 645 trabalhadores no âmbito do plano, dos quais 332 através de rescisões por mútuo acordo, 311 através de reformas antecipadas e dois por suspensão de prestação de trabalho.

Sobre estes números, que foram transmitidos pela administração e pelo departamento de recursos humanos numa reunião com a comissão de trabalhadores que teve lugar no final do mês passado, o banco não quis se pronunciar quando foi contactado esta semana pelo ECO.

Ainda assim, o número de saídas superou a meta mínima que estava prevista – o programa apontava para 600 e 900 saídas –, o que permitiu uma redução da massa salarial dentro das expectativas da comissão executiva liderada por Pedro Leitão, segundo a informação que a administradora Helena Soares de Moura transmitiu à comissão de trabalhadores durante esse encontro.

As contas do banco confirmam uma redução expressiva nos custos com o pessoal da banca comercial de retalho, que foi a área mais afetada pela redução dos quadros, neste período. Até junho deste ano, os encargos com os trabalhadores da área comercial de retalho ascenderam a cerca de 29 milhões de euros, de acordo com o relatório e contas do primeiro semestre, praticamente metade do que o banco gastou com a mesma rubrica nos primeiros seis meses de 2020 (56,7 milhões).

O Banco Montepio chegou ao final de junho com 3.119 trabalhadores, menos 843 trabalhadores do que em junho de 2020, o que representa uma redução de mais de 20% dos quadros no espaço de três anos. Isto significa que houve mais pessoal a sair fora do âmbito do programa de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas.

Segundo adiantou a comissão de trabalhadores liderada por João Figueiredo ao ECO, a comissão executiva não prevê que um plano tão abrangente se repita no futuro, mas “deixou claro que analisará situações pontuais para trabalhadores que pretendam sair por rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas”.

No mesmo período, a rede comercial foi reduzida em 92 agências, com o banco a explorar atualmente uma rede de 243 balcões.

Uma das queixas que a comissão de trabalhadores apresentou à administradora na reunião de setembro teve a ver com o facto de um número significativo de balcões estar atualmente a funcionar com um quadro de trabalhadores reduzido, devido ao programa de saídas que terminou agora. Da administradora obteve a garantia de que estaria para breve a regularização do quadro dos balcões com problemas.

Montepio vende Banco Empresas Montepio à Fintech Rauva - 08SET23
Pedro Leitão, CEO do Banco Montepio.Hugo Amaral/ECO

Apesar de o ajustamento do quadro de pessoal do banco ter terminado, a reestruturação da instituição financeira da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) continua sob a batuta do CEO Pedro Leitão. O banco continua à procura da rota dos lucros sustentáveis. Até junho registou prejuízos de cerca de 50 milhões de euros, quando o resto do setor está a apresentar lucros expressivos à boleia da alta das taxas de juro. A venda do Finibanco Angola pressionou os resultados – sem essa operação, o lucro do Banco Montepio teria sido de 60 milhões.

A alienação da instituição angolana faz parte da estratégia de simplificação da estrutura do banco que também acabou de fechar a venda da licença bancária do BEM à fintech Rauva por 35 milhões de euros, enquanto prossegue a limpeza do balanço com a venda de carteiras de malparado, como deu conta o ECO há duas semanas.

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Montepio conclui venda do banco em Angola por 17 milhões

  • ECO
  • 5 Julho 2023

Banco Montepio vendeu 51% do Finibanco Angola por 17,2 milhões. Desconsolidação tem impacto negativo de 105 milhões, compensados com os 100 milhões de lucro que obteve do banco angolano.

O Banco Montepio concluiu a venda de 51% do Finibanco Angola aos nigerianos do Access Bank por 17,2 milhões de euros, segundo anunciou esta quarta-feira ao mercado.

Com esta alienação, que havia sido anunciada em outubro do ano passado, o banco português deixa de ter controlo do Finibanco Angola, ainda que mantenha uma participação de 29,22% na instituição angolana.

A perda de controlo permitirá que totalidade da participação detida pelo Banco Montepio no banco angolano seja desconsolidada nas demonstrações financeiras consolidadas com referência a 30 de junho de 2023, mas terá um impacto negativo, sem afetar os capitais próprios. Quanto?

“A desconsolidação implica a reciclagem da reserva cambial negativa estimada em 116 milhões de euros para a rubrica Resultados de operações em descontinuação (com impacto global negativo estimado de 105 milhões de euros na demonstração de resultados consolidados, face aos valores divulgados com referência a 31 de março de 2023), não determinando, no entanto, qualquer alteração nos capitais próprios do Banco Montepio”, adianta no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O banco liderado por Pedro Leitão explica que “o valor da reserva cambial referida corresponde à variação acumulada da valorização desta participação entre 2011 e o momento da venda (inerente à flutuação cambial euro/kwanza) que, a par dos resultados estimados positivos apropriados pelo Banco Montepio num montante que ascende a 100 milhões de euros, já foram incorporados nos capitais próprios no processo de consolidação das demonstrações financeiras do grupo, tendo contribuído, em cada momento de reporte, para o cômputo dos rácios de capital que tem vindo a apurar e a divulgar ao mercado”.

O Banco Montepio estima que a venda desta participação tenha um efeito positivo nos rácios de capital de 16 pontos base, em linha com a comunicação divulgada em 4 de outubro de 2022.

Sobre participação de quase 30% que ainda mantém no Finibanco Angola, o banco da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) revela que o processo de venda “está em fase de finalização, dependendo da aprovação das entidades de supervisão e regulação, sendo expectável que seja concluído no decurso do segundo semestre de 2023”. O Finibanco Angola entrou no grupo Montepio em 2010, aquando da aquisição do Finibanco por 350 milhões de euros.

Em 2015, o então presidente do Montepio, Tomás Correia, anunciou um acordo para vender cerca de 30,57% da instituição angolana a “parceiros locais” por 26,3 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de euros). O negócio acabou por não ser bem-sucedido.

(Notícia atualizada às 20h46)

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Montepio vende Finibanco Angola este mês e admite saídas nas seguradoras

"Tudo está a correr bem" na venda do Finibanco Angola, que ficará fechada este mês, antecipou Virgílio Lima, admitindo ajustamentos de pessoal da área seguradora.

A venda do Finibanco Angola aos nigerianos do Access Bank ficará concluída este mês, antecipou o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), Virgílio Lima, que admitiu que, tal como aconteceu no seu banco, também o negócio segurador poderá passar por um processo de ajustamento do quadro de pessoal.

Sobre a alienação do banco angolano, iniciada no ano passado, Virgílio Lima indicou que “tudo está a correr bem” e há a expectativa de que o closing se possa fechar até final deste mês.

Mas, questionado sobre a confusão na estrutura acionista do Finibanco Angola, como o ECO revelou em primeira mão quando noticiou o acordo de venda o grupo nigeriano há um ano, Virgílio Lima não quis comentar. “A ideia é uma efetiva negociação, no sentido de deixarmos de acompanhar este ativo. A situação do negócio não permite responder” à pergunta sobre qual a participação do Montepio na instituição angolana.

A estrutura acionista do Finibanco Angola ainda não é clara, pelo menos à luz do que apontam os relatórios e contas da AMMG – que diz deter uma participação de 80,22% — e do banco angolano – que indica que o Montepio tem apenas 51% e que Mário Palhares, com 35% e outros acionistas detêm o restante capital, no âmbito do acordo feito em 2015 com Tomás Correia.

Perdas de quatro milhões com venda russa

Quanto ao negócio dos seguros, Virgílio Lima adiantou que, além da venda da exposição da Gazprom, a Lusitania Vida também já vendeu as obrigações da companhia estatal de metalomecânica Novolipetsk Steel. As duas exposições valiam 18 milhões.

“Vendemos com uma perda de cerca de quatro milhões, conseguimos libertar imparidades e deixamos de ter estes ativos”, referiu o presidente da mutualista na apresentação dos resultados consolidados do grupo, que atingiram os 91 milhões de euros.

Tanto a Lusitania Vida como a Lusitania – como todo o setor segurador mundial – passaram por momentos tensos no ano passado por conta da turbulência nas bolsas que se gerou com o início da guerra na Ucrânia e com as sanções aplicadas pelo Ocidente à Rússia.

Virgílio Lima revelou que, “à semelhança do banco”, também o negócio segurador está a fazer um “esforço de reestruturação da oferta, da distribuição, dos processos, tecnologias de informação, e naturalmente poderá haver algum ajustamento em termos de pessoas”.

As saídas ocorrerão “com a observação dos interesses recíprocos, saem se o desejarem fazer”, assinalou o gestor, observando que este tipo de ajustamentos são processos “genéricos e sistémicos” e necessários para garantir a concorrência e o emprego.

Licença do BEM atrai interessados, participações minoritárias à venda

Sobre a venda da licença bancária do Banco Empresa Montepio, que acabou de ser absorvido pelo Banco Montepio, Lima deu conta da existência de interessados no processo, mas escusou-se a adiantar mais detalhes.

Seguindo a estratégia de simplificação da estrutura do grupo, e depois da venda da posição de 27% na empresa de medicina no trabalho Sagies, o Montepio deverá vender as participações minoritárias noutras empresas associadas e consideradas não estratégicas. De acordo com o Montepio, a lista de associadas onde o grupo não tem posição maioritária inclui a Novacâmbios (30%), a Clínica CUF Belém (30,17%) ou a sociedade de capital de risco Bem Comum (32%).

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Banco Montepio aponta a mais de 200 saídas na última fase da reestruturação

Última fase do ajustamento anunciado no final de 2020 já arrancou. Banco liderado por Pedro Leitão prevê mais de 200 saídas com nova vaga de rescisões e reformas antecipadas.

Já arrancou a última fase do plano de ajustamento de pessoal anunciado pelo Banco Montepio no final de 2020. Não há números oficiais, mas várias fontes adiantaram ao ECO que esta derradeira vaga poderá levar à saída de mais de 200 trabalhadores através de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas. Informação que o banco não desmente.

O programa de saídas voluntárias, iniciado no último trimestre de 2020, apontava para uma redução de 600 a 900 trabalhadores ao longo de três anos. Desde então, o quadro de pessoal do banco liderado por Pedro Leitão já se reduziu em 527 trabalhadores, sendo que quase 90% (aproximadamente 460 saídas) da diminuição se deveu ao plano de ajustamento, segundo avançou a instituição ao ECO. O Banco Montepio fechou 2022 com 3.406 trabalhadores, tendo já emagrecido mais de 13% em termos de pessoal.

À luz destes números, há margem para o banco apontar para, pelo menos, mais 150 saídas e ao abrigo deste plano ao longo deste ano, isto para alcançar apenas o patamar mínimo que tinha previsto inicialmente. O ECO questionou o banco sobre qual a meta em cima da mesa, mas não respondeu diretamente a esta questão. Nem desmentiu ou confirmou as informações obtidas pelo ECO relativamente à perspetiva de alcançar mais de duas centenas de saídas com esta vaga final. O número final dependerá, ainda assim, do nível de aceitação junto dos trabalhadores.

Desde o passado dia 22 de fevereiro que os trabalhadores podem aceder ao programa de saídas, depois de a instituição ter comunicado internamente os termos para os acordos de rescisões ou reformas antecipadas.

Nas semanas que antecederam esse anúncio, o departamento de recursos humanos do banco teve várias interações com os sindicatos do setor a dar conta das suas intenções. Ainda assim, houve quem fosse apanhado de surpresa. Foi o caso dos sindicatos bancários afetados à UGT, Mais Sindicato, Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) e Sindicato dos Bancários do Centro (SBC), que assumiram “espanto” pelo facto de o Banco Montepio ter comunicado que os trabalhadores com mais de 55 anos continuariam a ter acesso ao SAMS, embora não haja qualquer protocolo assinado.

“A realidade é que neste momento não existe nenhum protocolo de manutenção do SAMS com o Mais, o SBC e o SBN, tendo o Montepio dado uma informação precipitada e sem qualquer preocupação pela verdade”, afirmaram os três sindicatos num comunicado conjunto, alertando os trabalhadores para não assinarem as rescisões sem antes confirmarem os seus direitos.

Por seu turno, o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) irá promover esta terça-feira uma sessão online de esclarecimento junto dos seus associados, “recordando que nenhum trabalhador é obrigado a aceitar uma rescisão de contrato de trabalho por mútuo acordo ou reforma antecipada, sendo que a decisão deve ser livre, ponderada e informada”.

Lucros de 34 milhões e dividendos à vista

Ao contrário dos outros bancos portugueses, que já concluíram os seus processos de ajustamento, o Banco Montepio ainda procura recuperar terreno na arrumação da sua casa e tem agora a oportunidade do novo ciclo dos juros para concretizar a reestruturação. O ano passado já trouxe uma subida dos lucros para 33,8 milhões de euros, mas a rentabilidade continua em níveis pobres em função do capital investido.

Ainda assim, com a subida dos juros a potenciar o negócio do banco, o acionista já olha para dividendos futuros. Foi uma das razões para a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) ter aprovado a redução de capital do banco para metade no mês passado. A operação “teve lugar porque o Banco Montepio entrou num ciclo consistente de resultados positivos”, adiantou a AMMG ao ECO.

“Neste quadro, a operação realizada permitirá, observados os necessários requisitos exigíveis, a oportuna distribuição de dividendos aos acionistas”, acrescentou a instituição liderada por Virgílio Lima.

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Acionistas do Montepio aprovam redução do capital por unanimidade

  • Mariana Marques Tiago
  • 10 Fevereiro 2023

Montepio aprovou em assembleia geral a redução do capital social do banco em 1,2 mil milhões de euros. Até aqui o seu capital social era de 2.420 milhões. A decisão foi aprovada por unanimidade.

O Montepio aprovou esta sexta-feira a redução do capital social do banco em 1.210.000.000,00 de euros. A redução foi aprovada por unanimidade em assembleia geral (AG), após o anúncio feito pelos acionistas no início do ano.

Há um mês, os acionistas do Montepio avançaram que iam decidir sobre esta redução em AG, que teria como ponto único apreciar a redução do capital do banco em 1,2 mil milhões de euros. O objetivo era o “reforço dos fundos suscetíveis de qualificação regulatória”, cobrindo, assim, os “resultados transitados negativos”, lia-se na nota publicada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Esta sexta-feira, em comunicado ao mercado através do mesmo site, soube-se que a decisão foi aprovada na reunião, na qual estiveram presentes os acionistas titulares de 99,997% do respetivo capital social.

A redução aprovada por unanimidade não envolve “alteração do número de ações existentes” nem a “alteração
do valor total da situação líquida”, lê-se ainda no documento. Antes da decisão comunicada, o capital social do banco era de 2.420 milhões de euros, segundo a informação disponível no site.

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Banco Montepio: resultados históricos e “a sombra” da consolidação

CEO alertou trabalhadores para perda de quota no crédito à habitação. Pedro Leitão disse que banco não pode baixar dos 6%, sob pena de ficar à mercê de um mercado pressionado para consolidar.

Pedro Leitão, CEO do Banco Montepio.DR

O Banco Montepio prepara-se para anunciar resultados históricos relativos a 2022, mas a perda de quota de mercado no crédito à habitação no segundo semestre do ano passado fez disparar as “sirenes” junto de Pedro Leitão. Numa mensagem interna, a que o ECO teve acesso, o presidente do banco alertou os trabalhadores para não se cruzar uma “linha vermelha” de quota abaixo dos 6%, pois deixaria a instituição à mercê de um mercado em que as autoridades estão a pressionar intensamente para consolidar.

Numa comunicação em que fazia um balanço do ano passado, Pedro Leitão falou numa “distração” em relação à perda de quota de mercado que tem de ser corrigida rapidamente e que todos têm de contribuir – de resto, a instituição acabou de recuperar uma campanha de crédito da casa que teve sucesso no passado, apresentando agora o spread mínimo mais competitivo do setor, de apenas 0,8%, como resposta à concorrência e no sentido de reforçar a sua posição no mercado, que se situará à volta dos 6,5%. Em Portugal, o mercado é dominado por cinco bancos: Caixa, BCP, Santander, Novobanco e BPI detêm mais de 70% de quota.

Pedro Leitão considerou inaceitável que apenas um terço dos 239 balcões tenha acrescentado à carteira de crédito à habitação. E estabeleceu de seguida “uma linha vermelha” que o banco não pode ultrapassar: “Num mercado maduro, onde a escala é muito importante, quotas de mercado abaixo dos 6% são sirenes e linhas vermelhas que não nos podem deixar indiferentes”, afirmou.

O “reparo” foi depois enquadrado no seio do que tem sido dito, publicamente, por altos responsáveis dos reguladores da banca quanto à necessidade de o setor europeu consolidar, com os bancos grandes a absorverem os mais pequenos. Por cá, foi o próprio governador do Banco de Portugal quem trouxe o tema à baila. Mário Centeno vê a consolidação da banca portuguesa como “absolutamente crucial”, sendo “inevitável que mercado tenha consciência disso”, segundo afirmou em entrevista à agência Reuters no final do ano passado.

"Num mercado maduro, onde a escala é muito importante, quotas de mercado abaixo dos 6% são sirenes e linhas vermelhas que não nos podem deixar indiferentes.”

Pedro Leitão

CEO do Banco Montepio

“É público como agentes do BCE e com responsabilidades na relação da banca europeia dizem que ficariam mais tranquilos se houvesse bancos maiores e, portanto, maior consolidação no setor. A consolidação para um banco com 6% ou 7% de quota de mercado, enfim… Temos capacidade de ir a jogo. Abaixo disso tudo fica mais difícil, abaixo disso estamos na linha vermelha”, sinalizou o presidente executivo do banco detido pela Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), cujos estatutos protegem a instituição financeira de abordagens da concorrência. Ainda assim, a consolidação não deixa de ser um “tema de sombras” para Pedro Leitão.

No fim, Pedro Leitão instou a sua equipa a lutar para “inverter a tendência de queda de quota de mercado, essencialmente no crédito à habitação”.

Sobre estas declarações de Pedro Leitão, o banco, que está a concluir um processo de saídas de centenas de trabalhadores, diz oficialmente que: “Apesar de a banca ser um setor com uma pressão regulatória externa para a consolidação, com a nossa dimensão, penetração de mercado e relevância nos segmentos onde operamos, esse [consolidação] é um cenário que não se coloca”.

Banco na perspetiva de resultado histórico

Fonte: Banco Montepio

Por outro lado, rejeitou fazer qualquer observação sobre os resultados históricos obtidos no ano passado. “Serão comunicados brevemente”, responde fonte oficial.

Nos primeiros nove meses do ano, o Banco Montepio teve um lucro de 23,9 milhões de euros, beneficiando em grande medida das menores dotações para imparidades e provisões, apesar do impacto negativo da venda do Finibanco Angola. Bastava fechar o ano com o resultado obtido até setembro para ter os maiores lucros da década – apenas superado pelos 45 milhões em 2011.

Redução de capital levanta dúvidas

O banco tem agendado para o próximo dia 10 uma assembleia geral para aprovar a redução de capital em 1,2 mil milhões de euros. Cada ação de um euro passará a valer 0,50 euros.

A operação foi aprovada no final do ano pela assembleia de representantes da AMMG, a acionista do banco, mas alguns membros saíram da sala no momento de votação em protesto contra aquela decisão.

“Recusámos participar na votação por entendermos que, por razões jurídicas, éticas e de defesa do mutualismo, os atuais dirigentes da AMMG devem explicar de uma forma detalhada aos associados o que implicam estas perdas de 1,325 mil milhões de euros“, adiantam os representantes eleitos pela Lista C nas últimas eleições, que pretendiam que a proposta fosse votada em assembleia geral de associados. O comunicado é assinado por Ana Drago, Josué Caldeira, Carlos Areal, Marta Silva e Viriato Silva.

Segundo afirmam, “a operação de engenharia financeira” vai reduzir para cerca de metade o valor do capital social do Banco Montepio, “composto pelas poupanças dos associados que foram aplicadas no banco” e visa “‘limpar’ os enormes prejuízos acumulados em “resultados transitados” em anos anteriores. Alegam ainda que vai abrir portas à distribuição de prémios de gestão aos administradores do banco, enquanto “se esfumam as poupanças dos associados”.

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Fitch melhora rating do Banco Montepio face à redução do malparado

  • ECO
  • 19 Dezembro 2022

Redução do ativos problemáticos e melhoria da eficiência operacional justificam subida do rating do Banco Montepio por parte da agência Fitch, mantendo-se, ainda assim, na categoria “lixo”.

A Fitch melhorou o rating de longo prazo do Banco Montepio em um nível, de “B-“ para “B”, mantendo-se na categoria considerada investimento especulativo ou “lixo”, com a agência de notação financeira a justificar essa decisão com a redução do crédito malparado e a melhoria da eficiência operacional.

“A melhoria reflete principalmente a redução bem-sucedida da sua exposição ao risco de incumprimento (exposições não produtivas ou NPE, conforme definido pela Autoridade Bancária Europeia)”, salientam os analistas da Fitch numa nota publicada esta segunda-feira e onde atribui perspetivas de evolução (outlook) positivas, preanunciando uma nova subida do rating nos próximos 12 meses.

A Fitch estima que o rácio de ativos tóxicos do Banco Montepio tenha caído para cerca de 10,2% no final de setembro, acima, contudo, da média dos bancos do Sul da Europa, que se situava nos 6,9%.

Além da redução dos ativos problemáticos, incluindo malparado, fundos de reestruturação, entre outros, a Fitch destaca a “melhoria da eficiência operacional do banco” liderado por Pedro Leitão e ainda, como fator externo, a “resiliência da economia portuguesa em 2023, apesar das crescentes incertezas económicas”.

Apesar da boa notícia, a Fitch dá conta das vulnerabilidades do Banco Montepio, incluindo o rácio de capital, o facto de ser um pequeno banco no mercado português com “diversificação limitada”, que tem impacto depois na baixa rentabilidade que apresenta.

Além do rating de longo prazo, também foram revistos em alta os ratings dos Depósitos de longo prazo (de B para B+), Rating intrínseco do emitente (de b- para b); Dívida sénior não garantida (de CCC+ para B-) e da Dívida sénior não preferencial e Dívida subordinada (de CCC para CCC+).

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Montepio vende participação em empresa de saúde à CUF por 1 milhão

Mutualista Montepio vende participação de 27% que tem na empresa de segurança e saúde do trabalho Sagies ao grupo CUF – que já controla 70% – por cerca de um milhão de euros.

A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) vai vender a participação de 27% que detém na empresa de medicina do trabalho Sagies ao grupo de saúde CUF por um valor superior a um milhão de euros, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.

Com 30 anos de atividade na área da segurança e saúde do trabalho, a Sagies faz parte da CUF, que já detém 70,5% da empresa de saúde e prepara agora a compra da participação da mutualista por 1,05 milhões de euros. O grupo que gere uma rede de 20 hospitais e clínicas em todo o país vai passar a controlar 97,5% da Sagies, enquanto outros 2,5% estão nas mãos da Cruz Vermelha.

A operação ainda será sujeita a apreciação na assembleia de representantes da mutualista – que substituiu o conselho geral da instituição, mas com poderes reforçados, como aprovar e chumbar orçamentos e contas e decidir a venda de participações do grupo, entre outras competências –, que se reunirá de forma extraordinária no próximo dia 27. Questionada pelo ECO sobre esta transação, a mutualista não quis fazer comentários.

Regulador dá luz verde à extinção da Montepio Seguros

A mesma assembleia de representantes extraordinária tem outro ponto na ordem de trabalhos: discutir a reorganização do sub-grupo segurador, na sequência da extinção da holding Montepio Seguros SGPS, que já teve inclusivamente luz verde do regulador, e ainda o reforço da estrutura de capital da Lusitânia e Lusitânia Vida.

Com a extinção daquela holding, aprovada pela Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) no final do mês passado e que visou simplificar a estrutura societária e alcançar poupanças, as duas companhias de seguro passam a ser detidas diretamente pela mutualista liderada por Virgílio Lima.

Em relação ao reforço de capital, o ECO avançou no final de setembro que a AMMG teve de injetar 7,5 milhões de euros na Lusitânia, numa operação que visou reforçar o seu rácio de solvência e assim cumprir as exigências do regulador, depois das perdas registadas na bolsa este ano por conta da turbulência nos mercados financeiros. Parte das perdas estão relacionadas com a exposição a títulos de empresas russas, como o ECO revelou em primeira mão.

Na altura, fonte oficial da instituição adiantou ao ECO que o montante seria suficiente para “garantir rácios de conforto adequados”, mas deixou em aberto a necessidade de ter de voltar a apoiar a sua seguradora: “A futura evolução dos mercados financeiros, com particular destaque no mercado obrigacionista, determinará a necessidade de ação futura”.

Com mais de 600 mil associados, a AMMG é a maior mutualista do país, tendo registado lucros de 13 milhões de euros no primeiro semestre, tendo no Banco Montepio o seu principal ativo.

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Montepio vende Finibanco Angola a banco da Nigéria

Depois de falhado o negócio com Mário Palhares, o Banco Montepio tem agora um acordo para vender o Finibanco Angola ao nigeriano Access Bank, sem revelar ainda o impacto da transação.

O Banco Montepio chegou a um acordo para vender o Finibanco Angola ao Access Bank, da Nigéria, confirmando o nome já avançado pelo ECO em junho, isto depois de falhado o negócio com Mário Palhares.

Sem revelar ainda o impacto do negócio nas suas contas, enquanto aguarda pelo aval dos reguladores e pelo desfecho do processo, o banco português adianta apenas que o valor da venda terá como referência a proporção que lhe é atribuível nos capitais próprios do Finibanco Angola, os quais totalizavam os 70 milhões de euros, e “os ajustamentos que vierem a ser apurados no âmbito de uma auditoria” que estará concluída no segundo trimestre de 2023.

Mas qual é a participação que o Banco Montepio detém no Finibanco Angola? Há dois valores divergentes atribuídos ao Montepio, uma situação que o banco liderado por Pedro Leitão terá de resolver.

Nas contas de 2021, a instituição angolana revelava que o Montepio, através da sociedade Montepio Holding, detinha apenas 51% das ações, enquanto Mário Palhares, dono do BNI e ex-vice-presidente do BNA, era detentor de 35%, estando o restante capital distribuído por um conjunto de cinco acionistas, incluindo Francisco Simão Júnior, João Avelino dos Santos e a Iberpartners.

Por seu turno, o Montepio diz ser dono de mais de 80%, depois de ter passado a consolidar novamente o Finibanco Angola no ano passado, quando deixou de ser considerado um ativo em descontinuação para efeitos contabilísticos.

A confusão na estrutura acionista do Finibanco Angola surge na sequência do processo de tentativa de venda da instituição iniciado em 2015, quando o então presidente do Montepio, Tomás Correia, anunciou um acordo para vender cerca de 30,57% da instituição angolana a “parceiros locais” por 26,3 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de euros). Ficou então decidido que os compradores pagariam depois, embora ficassem imediatamente com “os direitos associados à detenção das ações ficaram na posse do grupo, incluindo o direito de voto e o direito ao dividendo”.

Contudo, a transação acabou por não ser bem-sucedida. A mutualista acabou por receber apenas cerca de 1,2 milhões dos 26 milhões até 2020, por cerca de 1,35% das ações do Finibanco Angola.

O Finibanco Angola entrou no grupo Montepio em 2010, aquando da aquisição do Finibanco por 350 milhões de euros, 100 milhões acima do valor de mercado.

Em comunicado enviado esta terça-feira ao mercado, o Banco Montepio diz que, não sendo possível “estimar com exatidão o impacto em resultados”, espera que a transação venha a ter um efeito no rácio de capital total “tendencialmente neutro a positivo, compreendido entre 1 a 18 pontos base, que será reconhecido no final do processo”. Acrescenta que o desreconhecimento contabilístico da participação financeira no Finibanco Angola se deverá a verificar no segundo trimestre de 2023.

O banco tem em curso um profundo plano de reestruturação, que abrange a saída de centenas de trabalhadores e a reformulação de alguns negócios, como a saída de Angola e a absorção do Banco Empresas Montepio.

Sobre o Access Bank, o Montepio adianta que se trata de “um banco comercial com sede em Lagos, na Nigéria, com uma expressiva presença no continente africano”.

(Notícia atualizada às 20h46)

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Banco Montepio passa de prejuízo a lucros de 23,3 milhões no semestre

Melhor resultado líquido na primeira metade do ano está relacionado com a subida da margem financeira e das receitas com comissões e a redução das provisões e dos custos.

O Banco Montepio alcançou lucros de 23,3 milhões de euros no primeiro semestre do ano, um resultado líquido consolidado que compara “favoravelmente” com os prejuízos de 33 milhões registados na primeira metade do ano passado. A informação foi comunicada esta segunda-feira à CMVM.

A instituição bancária justifica a melhoria com “o progresso registado pelo produto bancário, com destaque para a margem financeira e para as comissões, pela redução dos custos operacionais” e “pelas menores dotações para imparidades e provisões, em particular as relacionadas com o risco de crédito”.

A margem financeira do banco nesse período ascendeu a 120,6 milhões de euros, o que compara com os 114,3 milhões no semestre homólogo. A evolução reflete “o aumento dos proveitos nas aplicações em títulos e tomadas de fundos, parcialmente mitigado pelo menor contributo da margem financeira comercial”.

As comissões renderam 59,6 milhões, mais 4,7 milhões do que no primeiro semestre de 2021. O crescimento é justificado pelos “maiores proveitos” com operações de crédito (um acréscimo de 2,6 milhões de euros), manutenção e gestão de contas (mais 900 mil euros) e serviços de pagamento (500 mil euros).

No agregado, o produto bancário melhorou 6,5% face à primeira metade de 2021. Mas, no sentido inverso, os resultados foram penalizados pelo “acréscimo das contribuições extraordinárias sobre o setor bancário, para o Fundo de Resolução e para o Fundo de Garantia de Depósitos, de, no agregado, 3,2 milhões de euros, para 25,9 milhões no semestre, face aos 22,7 milhões nos mesmos seis meses do ano passado.

Na vertente operacional, o crédito a clientes (bruto) totalizou 12,4 mil milhões de euros, um aumento de 246 milhões, ou 2%, face a 31 de dezembro de 2021, “para o que contribuiu o aumento do crédito a empresas em 195 milhões”, refere a empresa. Os depósitos de clientes totalizavam cerca de 13,04 mil milhões de euros em 30 de junho, mais 3,3% em termos homólogos e 1,9% em cadeia.

Montepio com menos 192 trabalhadores

O Banco Montepio conseguiu também fazer encolher os custos operacionais na primeira metade de 2022. Os gastos caíram de 129,3 milhões para 121,4 milhões, “evidenciando uma redução de oito milhões de euros consubstanciada na redução dos custos com pessoal em 6,8 milhões de euros (-8,5%)”.

Isto é explicado pela “implementação do plano de ajustamento do quadro de colaboradores”, e o banco vai mais adiante: “No âmbito da implementação do processo de ajustamento operacional, o total de colaboradores do Grupo Banco Montepio e de balcões de atividade em Portugal diminuiu, respetivamente, em 192 e em 17 face ao final de junho de 2021.”

Com este plano, o banco já reduziu os quadros em 413 funcionários (-11%) e 74 “balcões geograficamente redundantes” (-23%).

(Notícia atualizada às 8h44 com mais informação)

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